Texto para Coluna do NRE-POLI na Revista Construção e Mercado Pini Outubro 2011



Documentos relacionados
Texto para Coluna do NRE-POLI na Revista Construção e Mercado Pini Setembro 2013

Texto para Coluna do NRE-POLI na Revista Construção e Mercado Pini Março 2013.

Texto para Coluna do NRE-POLI na Revista Construção e Mercado Pini

PROGRAMA NACIONAL DE HABITAÇÃO URBANA MINHA CASA MINHA VIDA SINDUSCON, 24/05/2009

Nota da reunião de 30 de abril de 2009 na qual foi debatido o Programa Habitacional do Governo Federal

Seminário Setorial de Construção Civil APIMEC SUL. Outubro de 2010

POLÍTICAS PERMANENTES DE HABITAÇÃO

ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRO MERCADO IMOBILIÁRIO

MINHA CASA MINHA VIDA 2 PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA

Esta apresentação foi realizada no âmbito do projeto Moradia é Central durante o seminário do projeto em Recife.

SEBRAEtec Diferenciação

Recursos e Fontes de Financiamento

Of. nº 1435/GP. Paço dos Açorianos, 27 de novembro de 2013.

CFIAe. CFIAe:Um sonho, um ideal, uma moradia digna 1

TÍTULO: PARÂMETROS PARA ESTIMATIVA DE CUSTO - PROJETOS DE INTERESSE SOCIAL

AQI EI ANÁLISE DA QUALIDADE DO INVESTIMENTO EM EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS. Núcleo de Real Estate da Escola Politécnica da USP

a) Buscar informações no site da Caixa Econômica Federal, ou

CAPÍTULO 2 MATEMÁTICA FINANCEIRA

O papel da CAIXA na viabilização dos Programas Habitacionais

Matemática Financeira. Aula 03 Taxa Real de Juros

República Federativa do Brasil Ministério da Fazenda PRECIFICAÇÃO DE TÍTULOS PÚBLICOS

Precificação de Títulos Públicos

NOTA TÉCNICA Nº 19/2015

PALESTRA CAIXA PMCMV 2. SR Rio de Janeiro Centro

Produtos Bancários CAIXA

PROGRAMAS HABITACIONAIS DESENVOLVIMENTO PARA OS MUNICIPIOS. Moradia para as famílias Renda para os trabalhadores Desenvolvimento para Alagoas

Cenários,Tendências e Desafios da Construção Civil no Brasil

Texto para Coluna do NRE-POLI na Revista Construção e Mercado Pini agosto 2015

Podemos encontrar uma figura interessante no PMBOK (Capítulo 7) sobre a necessidade de organizarmos o fluxo de caixa em um projeto.

SECOVI MINHA CASA, MINHA VIDA

Prévia Operacional 1º Trimestre de 2015

GUIA PRÁTICO COMO FINANCIAR SUA CASA PRÓPRIA PELO PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA

Texto para Coluna do NRE-POLI na Revista Construção e Mercado Pini Março de 2010

GUIA DE ORIENTAÇÕES CONSÓRCIO DE IMÓVEIS EMBRACON

MCMV 3 REUNIÃO COM EMPRESÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL 10/09/2015

METODOLOGIA PARA ANÁLISE DA REVISÃO ORDINÁRIA DA PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA FIRMADA ENTRE O MUNICÍPIO DE RIO CLARO E A FOZ DE RIO CLARO S/A.

PROCEDIMENTO DA QUALIDADE

Texto para Coluna do NRE-POLI na Revista Construção e Mercado Pini Junho 2008

Texto para Coluna do NRE-POLI na Revista Construção e Mercado Pini Agosto 2012

FINANCIAMENTO IMOBILIÁRIO

Programa Minha Casa, Minha Vida Entidades. Recursos FDS

Perfil de investimentos

PROGRAMAS HABITACIONAIS DE INTERESSE SOCIAL

SECRETARIA DE ESTADO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL - SEAS

Discutir a aplicação das ferramentas contábeisfinanceiras no dia-a-dia das empresas do mercado imobiliário.

Texto para Coluna do NRE-POLI na Revista Construção e Mercado Pini Dezembro 2013

Sciesp. Clipping A s s e s s o r i a d e I m p r e n s a i m p r e n s s c i e s p. c o m. b r ( 1 1 ) Página 1

PLANOS PERGUNTAS E RESPOSTAS DE PRODUTOS

Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão Secretaria do PAC. Nota de Resposta a Requerimento recebido via Lei de Acesso à Informação

CAP. 4b INFLUÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA

PDV: DE OLHO NA RENTABILIDADE

PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA 0-3 SM PODER PÚBLICO

O FGTS TRAZ BENEFÍCIOS PARA O TRABALHADOR?

SEMINÁRIOS TEMÁTICOS. Mesa 1: Produção Habitacional : programas de financiamento da habitação de interesse social

Crédito Imobiliário: Ação Governamental no Brasil

7 etapas para construir um Projeto Integrado de Negócios Sustentáveis de sucesso

Texto para Coluna do NRE-POLI na Revista Construção e Mercado Pini Julho 2009

PERGUNTAS MAIS FREQÜENTES SOBRE VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL)

SECRETARIA DA HABITAÇÃO PROGRAMA VILA DIGNIDADE

Seminário Energia + Limpa: conhecimento, sustentabilidade e integração. Linhas de financiamento para empresas e consumidores

04/08/2013. Custo. são os gastos com a obtenção de bens e serviços aplicados na produção ou na comercialização. Despesa

Os investimentos necessários para seguirmos crescendo : Setor Imobiliário Seminário FEBRABAN / BNDES de Economia 2010

MODELO PLANO DE NEGÓCIO

Texto para Coluna do NRE-POLI na Revista Construção e Mercado Pini Abril 2012

PDG Realty Apresentação Corporativa

Importância dos Fluxos de Caixa na Avaliação Econômica

PESQUISA DE JUROS. Estas reduções podem ser atribuídas aos fatores abaixo:

Minha Casa, Minha Vida

Construção Civil, Habitação e Programa Minha Casa Minha Vida

1 milhão de casas. Crédito, emprego, benefícios e esperança para os brasileiros.

20 de dezembro de Perguntas e Respostas

PRÉVIA DOS RESULTADOS OPERACIONAIS 3T15

ANEFAC Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade

INÊS MAGALHÃES. Secretária Nacional de Habitação Ministério das Cidades

Oficina dos principais desafios do Programa Minha Casa Minha Vida de junho de 2014

COMO CONTRATAR UM CONSTRUTOR. web. telefone

ANÁLISE DE PROJETO TÉCNICO SOCIAL APT MUNICÍPIO SANTANA DA BOA VISTA

Norwegian State Housing Bank Resumo de Atividades 2010

Balanço do Minha Casa, Minha Vida Perspectivas para 2014

Como organizar um processo de planejamento estratégico

Soluções para a construção da casa própria. Soluções para clientes de todas as faixas de renda

Em direção à. Lembre-se de que não é permitido financiar imóveis em áreas não urbanizadas, assim como chácaras e sítios.

POLÍTICA DE INVESTIMENTOS

CONDIÇÕES BÁSICAS DE FINANCIAMENTO DE LONGO PRAZO

Pesquisa sobre o Perfil dos Empreendedores e das Empresas Sul Mineiras

Minha Casa Minha Vida e a Qualidade das Construções

Contribuições metodológicas para o próximo ciclo tarifário

Unidade: Decisão de Investimento de Longo Prazo. Unidade I:

FAQ Perguntas Frequentes

TAXA INTERNA DE RETORNO - IRR

Agência Nacional de Energia Elétrica ANEEL. Procedimentos do Programa de Eficiência Energética PROPEE. Módulo 9 Avaliação dos Projetos e Programa

COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO URBANO. PROJETO DE LEI Nº 4.992, de 2005

BANRIDICAS FINANCEIRAS. A sua cartilha sobre Educação Financeira

Guia para RFP de Outsourcing

CARTILHA EDUCAÇÃO FINANCEIRA

O Feirão DA SUA CASA.

OBJETIVO prioridade da agenda política.

Rossi Residencial S/A Reunião Apimec SP 23 de novembro de Praça Capital - Campinas

ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE HABITAÇÃO - SEHAB

CPC 25 Provisões, Passivos e Ativos Contingentes

Transcrição:

Texto para Coluna do NRE-POLI na Revista Construção e Mercado Pini Outubro 2011 Minha Casa Minha Vida 2 Discussão sobre a Atratividade dos Empreendimentos Voltados à Faixa de 0 a 3 SM Profa. Dra. Carolina Gregório Com objetivo de facilitar o acesso à casa própria para famílias com renda de até 10 Salários Mínimos (SM) foi criado em julho de 2009 (Lei 11.977/09) o Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV). Em junho deste ano (Lei 12.424), o programa foi alterado com intuito de ampliar os benefícios oferecidos na primeira fase. As principais alterações do MCMV II visam: [i] aumentar o volume de investimentos para habitação de interesse social, [ii] ampliar o número de unidades contratadas, [iii] ampliar as faixas de renda beneficiadas e [iv] criar algumas novas medidas para aprovação de projetos, que propiciam melhores condições de moradia aos beneficiários (como a ampliação da área construída por unidade e distâncias máximas dos empreendimentos a equipamentos urbanos, como escolas). Até dezembro de 2010, 571.321 unidades foram contratadas na primeira fase do programa para a faixa de 0-3 SM, o que representou 57% do total de unidades. As unidades destinadas à faixa de 3-6 SM representaram 28%, e de 6-10 SM representaram 15% do total de unidades contratadas (fonte: Sinduscon-RJ). O MCMV II tem a classe de 0-3 SM como preferencial, representando 60% do número esperado de unidades a serem contratadas nesta segunda fase do programa (total de 2 milhões de unidades até 2014).

2 Os valores máximos das unidades de acordo com a faixa de renda e região, também foram alterados no MCMV II. Para a faixa de 0-3 SM, por exemplo, o valor máximo passou de R$ 52 mil (apartamento) para R$ 65 mil, nas regiões metropolitanas dos Estados de São Paulo, Jundiaí, São José dos Campos, Jacareí e DF. Na faixa de renda de 0-3 SM as únicas variáveis abertas para avaliação da atratividade destes empreendimentos são: (1) custo de construção, (2) inflação setorial (INCC), (3) preço do terreno, uma vez que o preço das unidades é fixo e não há risco de mercado (a Caixa Econômica Federal - CEF em parceria com os governos estaduais e municipais cadastram as famílias que serão atendidas). Estas características assemelham este tipo de empreendimento às obras contratadas em regime de empreitada por preço global, portanto, é mais voltado às empresas empreiteiras, do que aos empreendedores do mercado de real estate residencial 1. Este texto apresenta uma leitura de como deveria se situar as fronteiras de custo de construção e preço de terreno nas novas condições oferecidas no MCMV II, para que a atratividade de construir para a faixa de 0-3 SM seja validada por empresas empreiteiras ou empreendedores. A atratividade é avaliada pela MARGEM DE RESULTADO (MR) e TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR), ambos analisados em faixa de valores, para representar uma amostra de empreendedores que decidem investir nestas fronteiras. A análise aqui apresentada é conduzida com uso de um empreendimento protótipo, valendo-se de parâmetros fornecidos por uma empresa 1 Um mercado aquecido dificilmente faria os empreendedores desviarem o foco para empreendimentos desta natureza, no entanto, mercados em desaceleração e/ou muito competitivos podem aguçar o interesse dos empreendedores para diversificar seus negócios também nesta faixa de renda.

3 com atuação representativa nesta faixa de renda 2. Para a construção de unidades de 0-3 SM pelo MCMV II devem ser atendidas as seguintes principais condições: [i] preço máximo das unidades (função da região), [ii] valor do terreno repassado à vista pela CEF, limitado a 10% do preço total das unidades, [iii] recebimento do preço das unidades por meio de desembolsos pela CEF de acordo com a produção (nas parcelas dos desembolsos é descontado o percentual do terreno, que já foi pago), [iv] retenção de 5% nos desembolsos, liberados apenas no habite-se; [v] não há correção dos desembolsos; e [vi] os impostos devidos sobre a receita são cobrados de acordo com o Regime Especial de Tributação (RET) para habitação de interesse social no valor de 1% (alíquota válida para unidades de até R$ 75 mil). A melhor forma para aquisição do terreno para empreendimentos voltados à faixa de 0-3 SM ocorre de forma triangular entre CEF, empresa construtora e proprietário do terreno. A empresa faz um contrato de opção de compra do terreno, com prazo determinado, para que a empresa tenha tempo hábil de desenvolver o projeto e encaminhar a CEF para enquadramento do empreendimento no MCMV II. Com a aprovação do empreendimento pela CEF é feita a aquisição do terreno diretamente entre CEF e proprietário do terreno, evitando impostos e custos cartoriais. De acordo com estas premissas e condições do MCMV II o empreendimento protótipo é desenhado com parâmetros que buscam representar uma amostra de empreendimentos desta tipologia: 2 Os dados foram fornecidos pela YPS Construções e Incorporações, que desenvolveu até o presente momento mais de 9.000 mil unidades habitacionais de interesse social.

4 [i] total de unidades: 1.000 (com 45 m² cada); [ii] preço da unidade (preço máximo para esta faixa de renda): R$ 65 mil da data base da análise (agosto de 2011), que resulta em uma receita total de R$ 65.000 mil; [iii] custo de construção: representa aproximadamente 75% do preço da unidade (R$ 48,75 mil/un.), com aproximadamente 2% deste valor gasto em despesas préoperacionais (estudos preliminares, projetos, aprovações); [iv] terreno: representa de 5% a 10% do preço da unidade (R$ 4,55 6,50 mil/un.), adquirido diretamente pela CEF; [v] duração da obra: 18 meses (com curva de obra semelhante a outros empreendimentos desta tipologia: método construtivo tradicional, alto volume de produção e pouca diferenciação). Com base nestas premissas, e respeitadas as condições atuais do MCMV II para esta faixa de renda, é possível calcular os indicadores para o empreendimento protótipo, que servirá de referência para outros empreendimentos semelhantes. Como este tipo de negócio se assemelha às obras sob regime de empreitada global, a alavancagem é alta, ou seja, o empreendedor investe uma pequena parcela do custeio total da obra. Por isso, em geral, a TIR resultante é mais alta e mais sensível a desvios de comportamento, relativamente aos empreendimentos destinados às outras classes de renda. Portanto, é importante analisar também a MR. Ambos indicadores são avaliados para o cenário referencial, e para cenários estressados (com desvios em variáveis que causam maior impacto aos indicadores, como o custo de construção). O quadro apresenta, conforme cenário referencial, os valores de TIR, Resultado e MR para diferentes valores de terreno (em % do preço da unidade). A MR se situa na faixa de 8.307 5.293 (R$ mil da data base) para uma variação de 5% a 10% do valor do

5 terreno sobre o preço da unidade. Para terrenos na ordem de 10% do preço da unidade, que é o valor máximo pago pela CEF, a MR já se situa abaixo de 10% para um custo de construção de 75% sobre o preço da unidade. O encaixe do preço ocorre de acordo com a produção sem correção das parcelas, portanto, há uma perda inflacionária em função do preço contratado ser fixo até o último desembolso da CEF (o INCC considerado na análise é de 6,5% ao ano). Principais Indicadores - Empreendimento Protótipo Variação % Valor do Terreno (sobre Preço da Unidade) 5,0% 6,0% 7,0% 8,0% 9,0% 10,0% Investimento (empreendedor)- em R$ mil da data base 3.399 3.399 3.399 3.399 3.399 3.399 Resultado - em R$ mil da data base 8.307 7.704 7.101 6.499 5.896 5.293 TIR -% a.a equivalente efetiva acima do INCC 381% 345% 310% 276% 244% 213% % MR (Resultado/Receita, calculados em R$ da data base) Receita = Total dos Desembolsos da CEF 14,4% 13,5% 12,5% 11,6% 10,6% 9,7% Valores para Custo de Construção equivalente a 75% do Preço da Unidade: R$ 48,75 mil/un. No próximo gráfico é possível verificar as parcelas de MR, Custo de Construção, Impostos, Terreno e Perda Inflacionária por unidade habitacional (de R$ 65 mil) para que a MR atinja o mínimo de 10% até 15% (os valores apresentados correspondem a um preço de terreno avaliado em 10% do preço da unidade). Para que o empreendedor atinja a MR de 15% para um terreno avaliado em 10% sobre o preço da unidade (R$ 6.500/un.) o custo máximo de construção deve ser de 70,5% sobre o preço da unidade (R$ 45.825/un.). É importante notar que a perda inflacionária tem um peso representativo sobre a receita que o empreendedor recebe por meio dos desembolsos da CEF (R$ 3.710/un., que equivale a 5,7% do preço).

6 67.500 90% Composição Preço da Unidade (R$ 65mil) Valoresem R$ da data base (agosto/2011) 60.000 52.500 45.000 37.500 30.000 22.500 15.000 7.500-5.479 6.027 6.575 7.123 7.671 8.219 3.710 3.710 3.710 3.710 3.710 3.710 747 747 747 747 747 747 74,7% 73,9% 73,0% 72,2% 71,3% 70,5% 48.564 48.016 47.468 46.920 46.372 45.825 6.500 6.500 6.500 6.500 6.500 6.500 85% 80% 75% 70% 65% 60% 55% 50% 10,0% 11,0% 12,0% 13,0% 14,0% 15,0% % MR (Resultado/Receita Total -ambos em R$ da data base) Terreno/un. Custo de Construção (Total)/un. (Impostos + Tarifas CEF)/un. Perda Inflacionária/un. Resultado/un. % Custo de Construção/un. Uma decisão adequada de investimento não é feita sem avaliar os efeitos dos riscos de comportamento nos indicadores frente a desvios em variáveis chaves do empreendimento (como o custo de construção). Para avaliar os efeitos dos riscos de comportamento na variável custo de construção são analisados para diferentes faixas de distorção do custo os impactos na TIR e MR do empreendimento protótipo. Os custos de construção são encontrados de forma randômica dentro das faixas apresentadas no quadro a seguir. A partir das distorções são construídas amostras de laboratório, com intuito de encontrar com alto grau de confiabilidade (90%) as fronteiras nas quais os indicadores poderiam se situar para cada uma das faixas de distorção analisada. Para uma distorção de apenas [0 a +5%] no custo de construção, a MR já estaria, com

7 90% de confiabilidade, no intervalo de [10,7% - 10,9%], mesmo com um intervalo para a TIR ainda elevado [240%-246%] a.a efetiva acima do INCC. Isso justifica a importância de analisar a TIR em conjunto com MR. Impacto nos Indicadores TIR, Resultado e MR para desvios de comportamento no custo de construção Faixas de Distorção: Principais Indicadores: TIR (% a.a efetiva acima do INCC) Inferior 0 a + 5% 0 a + 10% 0 a + 15% 0 a + 17% Superior 240,3% 246,8% Inferior Superior Inferior Superior Inferior 116,5% 125,1% 27,1% 35,8% 3,9% Superior 11,0% % MR 10,7% 10,9% 6,2% 6,5% 1,9% 2,4% 0,1% 0,7% Resultado (em R$ mil da data base) 5.847 5.955 3.396 3.585 1.020 1.321 72 Valores para Cenário Referencial: * Custo de Construção equivalente a 70,5% do preço da unidade (R$ 45.825/un. de 45 m², ou seja, R$ 1.018/m²) * Terreno equivalente a 10% do preço da unidade (R$ 6.500/un.) * MR = 15 % (R$ 8.218 mil da data base, que equivale a R$ 8.218/un.) * TIR = 391 % (a.a efetiva acima do INCC) A análise de risco demonstra a alta sensibilidade das variáveis em cenários estressados (desvios no custo de construção) para este tipo de empreendimento. A distorção de [0 a +10%] no custo já levaria a MR para o intervalo de apenas [6,2% - 6,5%], valores estes próximos à retenção dos desembolsos da CEF (5% do preço contratado), pagos somente no habite-se da obra. Nesta situação a parcela do preço referente à MR do empreendedor só aconteceria ao final do ciclo de produção. A distorção na faixa de [0 a +17%] no custo já consumiria quase integralmente a MR do empreendedor. A análise aqui apresentada permite concluir que construir para esta faixa de renda, nos moldes atuais do MCMV II e conforme parâmetros médios de mercado, não somente traz resultados apertados para a atratividade do investimento, mas também requer muita cautela para escolha do terreno e engenharia do produto como um todo, que inclui: planejamento do canteiro, definição de método construtivo adequado, métodos 389

8 rigorosos de monitoramento da produção e custos, entre outras formas de mitigar riscos durante a execução da obra, para que os empreendedores não amarguem perdas irreversíveis de resultados.