ORIENTAÇÃO E MOBILIDADE PARA ALUNOS DEFICIENTES VISUAIS:EM FOCO A FORMAÇÃO DOCENTE. Amauri de Oliveira¹, Adenilson Argolo¹, Marilene Pereira¹. ¹Universidade do Estado da Bahia Campus XV Educação e trabalho docente: formação, remuneração, carreira e condições de trabalho; amauri.olliveira@yahoo.com.br O tema inclusão escolar, tem sido amplamente debatido na tentativa de fazer com que o processo inclusivo ocorra de maneira decente e respeitando não somente a condição do aluno especial, mas também a condição do professor frente aos desafios que serão alavancados. Quanto a alfabetização de crianças cegas nas series iniciais do ensino fundamental existe um conjunto de fatores que impede o desenvolvimento de praticas educacionais pertinentes a esse processo. Estamos tratando de escolas que não são adaptadas com pista tátil e sinalização em Braille, indisponibilidade de recursos pedagógicos específicos e a não qualificação de professores, direção e pessoal de apoio para lidar com as demandas. Segundo Oliveira (2002): Preocupa nos o fato de a educação inclusiva ser encarada como um movimento reducionista, limitado à inserção de alunos com deficiência no contexto comum da educação e ao atendimento às necessidades educacionais de qualquer aluno. É preciso ter cautela e insistir, repetidamente, no caráter mobilizador e transformador dos fundamentos e princípios inclusionistas. Indiscutivelmente ao falar de inclusão estamos, justamente, demarcando mais uma vez, o caráter segregativo, discriminatório e opressor da escola, uma vez que ela deveria ser digna, sem adjetivações, por que deveria ser de qualidade e inclusiva em sua essência. (OLIVEIRA, 2002, p. 304). O processo de formação do professor deve ser continuo. A formação inicial não consegue suprir a necessidade de atender a todas as demandas que são postas constantemente no cotidiano das salas de aulas e por isso a busca de cursos posteriores e de conhecimentos intermediários devem ser uma constante no sentido de que as práticas pedagógicas sejam repensadas, aperfeiçoadas e adaptadas de acordo com as situações. Baumel (1990): A Formação dos Professores dos deficientes visuais deve ser repensada como permanente e transformadora, em um contexto objetivo de consideração dos referenciais formais dos Programas ou Intervenções da área, ou seja, no plano da capacitação e ações técnicas e, também, nos referenciais da clientela (sociais, comportamentais, psicológicas e acadêmicas). (BAUMEL, 1990, p. 99).
Quanto a Orientação e Mobilidade de alunos deficientes visuais é necessário que o educador esteja plenamente consciente de que é preciso dominar as técnicas necessárias para guiar seu aluno dentro da escola, de que existem formas corretas de abordar oralmente e fisicamente o indivíduo com cegueira. E esta proposta de oficina vem justamente no sentido de proporcionar aos professores em formação (que participarão do 34º ENEPe) contato com um conjunto de elementos necessários a aquisição da independência dentro do ambiente escolar por alunos com deficiência visual, pois entende-se que com um professor qualificado e com o domínio de saberes conexos para fazer as intervenções necessárias será garantido ao aluno especial o desenvolvimento social e cognitivo e, ao professor, a aquisição de uma postura segura quanto aos métodos que serão utilizados. Para sustentar essa premissa, Wallon (1995, p.43), a escola é um meio fundamental para o desenvolvimento do aluno e professor, portanto deve haver maior interatividade entre as partes, uma vez que a aprendizagem da criança se dá na interação com o meio e com seus pares. OBJETIVO Desenvolver habilidades básicas de como trabalhar com o deficiente visual em sala de aula utilizando a Orientação e Mobilidade como princípios norteadores. Para tanto, nos voltaremos no sentido de compreender os conceitos de cegueira e estabelecer contato com técnicas básicas de Orientação e Mobilidade, sem perder de vista o contexto escolar. METODOLOGIA Esta oficina terá como princípios básicos o dialogo e a construção coletiva, onde buscaremos ampliar a discussão sobre o deficiente visual no contexto escolar e desenvolver habilidades básicas a partir de conceitos e experimentação que assegure ao professor conhecimento necessário a orientação dos seus alunos deficientes visuais quanto a dominação do espaço físico ao qual está inserido. Para tal fim realizaremos uma roda de conversa a fim de levantar os saberes prévios dos participantes, bem como provocar uma discussão acerca dos conceitos de cegueira e os desafios enfrentados pelo professor frente ao deficiente visual inserido na classe regular. Posteriormente conheceremos e praticaremos algumas técnicas de Orientação e Mobilidade (OM) que são extremamente necessárias para que o deficiente visual conquiste sua independência dentro da estrutura física da escola e para que professores, direção, pessoal de apoio e todo corpo discente possam interagir e fazer abordagens de forma correta. Serão trabalhadas as seguintes técnicas: Pesquisa de objetos e ambientes, abertura e fechamento de portas, proteção superior e proteção inferior, guia vidente, subida e descida de escadas. Todas as técnicas terão uma abordagem teórica e posteriormente serão praticadas pelos participantes que deverão estar com os olhos vendados. DISCUSSÃO É imprescindível deixar posto alguns conceitos que facilitarão a compreensão das atividades que serão desenvolvidas durante a oficina. Para tanto recorremos a alguns teóricos como: Vygotsky e Elizabet de Sá.
Quanto ao conceito de cegueira, entende-se por deficientes visuais, as pessoas que apresentam impedimento total ou parcial da visão, decorrente de imperfeição do sistema visual. Convencionalmente, diferencia-se a deficiência visual em parcial, também designada de baixa visão e cegueira, quando a deficiência visual é total. Elizabet de Sá (2007) Ainda de acordo com a mesma autora: A cegueira é uma alteração grave ou total de uma ou mais das funções elementares da visão que afeta de modo irremediável a capacidade de perceber cor, tamanho, distancia forma, posição ou movimento em um campo mais ou mentos abrangente. (SÁ, 2007, p. 15). A definição de baixa visão traduz-se numa redução do rol de informações que o individuo recebe do ambiente, restringindo a grande quantidade de dados que este oferece e que são importantes para a construção do conhecimento sobre o mundo exterior. Em outras palavras, o individuo pode ter um conhecimento restrito do que o rodeia. (SÁ, 2007, P. 17). Sob a ótica educacional, podemos afirmar que a cegueira representa a perda total ou o resíduo mínimo da visão, o que deixa o indivíduo na condição de necessitar do método Braille como meio de leitura e escrita, além de outros recursos didáticos e equipamentos especiais para a sua educação. A alfabetização de uma criança cega é em termos gerais idêntica a de uma criança vidente, por isso é necessário levar em consideração o desenvolvimento de algumas habilidades básicas para que este processo flua da melhor maneira possível. Vygotsky (2001) afirma que: CONCLUSÃO [...] a aprendizagem deve orientar-se nos ciclos já percorridos de desenvolvimento, no limiar inferior da aprendizagem [...] As possibilidades de aprendizagem são determinadas de maneira mais imediata pela zona de seu desenvolvimento imediato. (Vygotsky, 2001, p. 332). Somente será possível obter conclusões concretas a despeito dos resultados desta oficina após a sua realização. No entanto, é extremamente notório a partir dos autores consultados a necessidade de aquisição de habilidades especificas frente as demandas da educação inclusiva de alunos com deficiência visual. Trata-se de métodos pouco abordados na dinâmica de formação docente, mas que quando adquiridas e utilizadas de forma correta trazem contribuição imprescindível para a efetivação de práticas pedagógicas conscientes e que levem o aluno especial a conquistar efetivamente a sua liberdade de ir e vir (com independência) dentro do ambiente escolar.
REFERÊNCIAS BAUMEL, R.C. Formação do professor de deficientes visuais atuais perspectivas e restrições. In: Anais do I Congresso Brasileiro de Prevenção da Cegueira. Salvador, nov. 1990.Disponível em:<http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/perspectiva/article/viewpdfinterstitial/9129/10 681>. Acesso em 18. Dez. 2013. BRASIL, Ministério da Educação e Cultura. Orientação e mobilidade: conhecimentos básicospara a inclusão da pessoa com deficiência visual. Brasília: MEC/SEESP, 2003. GALVÃO, Izabel. Henri Wallon: Uma Concepção Dialética do Desenvolvimento Infantil. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995. OLIVEIRA, A.A.S. Formas de organização escolar: desafios na construção de uma escola inclusiva. In: OMOTE, Sadao (org). Inclusão: intenção e realidade. Marília: Fundepe, 2004. p. 77 112. SÁ, Elizabet Dias de ; CAMPOS, Izilda Maria de; SILVA, Myriam Beatriz Campolina. Atendimento Educacional Especializado: Deficiência Visual. Gráfica e Editora Cromos: Brasília, 2007. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/aee_dv.pdf. Acesso em: 18 de Dez. de 2013. VIGOTSKI, L. S. A Construção do Pensamento e da Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2001.