GÊNEROS TEXTUAIS E INTERGENERECIDADE INTERGÊNEROS: CONTRIBUIÇÕES PARA A FORMAÇÃO DO LEITOR Rodolfo Venancio Da Silva (G UENP/ Câmpus Jac.) Luiz Antonio Xavier Dias (Orientador UENP/ Câmpus Jac.) Os gêneros textuais, como práticas sóciocomunicativas, são dinâmicos e sofrem variações na sua construção, que, em muitas ocasiões resultam em outros, novos gêneros. A exemplo, po-se citar um anúncio publicitário que po ser veiculado ao formato receita, mas com a função informar, persuadir o leitor, ou ainda, uma Tira Histórias em Quadrinhos com a função anúncio publicitário, querendo persuadir o leitor, fazendo-o adquirir um produto. Nesse artigo trabalharemos a intergenericida intergêneros sob a óptica Koch & Elias (2007) e Marcuschi (2009) e traremos contribuições para a formação do leitor. Com esse pressuposto, ao observarmos os textos abaixo, pomos notar que muitas são as possíveis similaridas e semelhanças entre eles. Registra-se, por exemplo, que se trata anúncios publicitários stacados exemplares diversos da Revista Veja. Mais stacável, porém, e mais importante vido à seu papel como objetivo sse estudo, é a ocorrência intergenericida intergêneros em cada um dos textos apresentados. Estudaremos como e on ocorre esse fenômeno linguístico e qual a real relevância sse conhecimento nas relações sóciocomunicativas e para a formação um leitor competente. Uma vez que a intergenerecida intergêneros é um acontecimento linguístico excepcional, em que um gênero função outro gênero ntro um propósito assume a comunicacional, precisamos primeiramente finir a concepção gênero, para então,
termos uma base teórica sólida para prosseguir com a análise da existência da intergenerecida nos textos acima. Bakhtin (1992, p. 301-302) afirma que: Para falar, utilizamo-nos sempre dos gêneros do discurso, em outras palavras, todos os nossos enunciados dispõem uma forma padrão e relativamente estável estruturação um todo, Possuímos um rico repertório dos gêneros do discurso orais (e escritos). Na prática, usamo-los com segurança e streza, mas pomos ignorar totalmente a sua existência teórica [...] (grifos do autor). Ou seja, ntro do processo leitura e construção sentido dos textos, quer no ato da fala, quer no ato da escrita, utilizamonos constantemente formas relativamente estáveis, padronizadas estruturação. Quando fazemos uso ou nos paramos com cartas, anúncios, bilhetes, recados, notícias, tirinhas, piadas, artigos, resumos, poesias, listas, convites, e- mails, entre tantos outros exemplos, estamos diante ssas formas mais ou menos cristalizadas pelo uso corrente em nosso cotidiano: essas formas são o que pomos nominar gênero. Quando um texto é produzido há, invariavelmente, a intenção do produtor em transmitir alguma informação que possa ser entendida, recebida com clareza, por quem o ouve, ou lê. Os gêneros textuais, ntro sse contexto situacional, em que o texto surge como um dos modos uso da linguagem, com a finalida sempenhar um terminado papel, manifestam-se como instâncias discursivas que, mesmo possuindo formas relativamente fixas composição, conteúdo e estilo, apresentam alto grau flexibilida, dinamismo e aquação diante do que a circunstância comunicacional exigir. Bronckhart (1999, p. 103 ) afirma que a apropriação dos gêneros é um mecanismo fundamental socialização, inserção prática nas atividas comunicativas humanas. Temos então os gêneros como entidas dinâmicas, especialmente por sua função como forma legitimação do discurso e como práticas sóciointercomunicativas,
realização efetiva na interação das atividas humanas uso da linguagem. Embora apresentem certo grau estabilida e padronização, os gêneros não se tratam elementos estáticos, que não aceitam variações e adaptações em sua constituição: ao contrário, os gêneros, formas uso do discurso vinculados a terminadas situações sócias, acabam passando por processos transformação contínua, penndo da atuação e das necessidas dos falantes que les se apropriam, bem como do momento histórico- social em que cada um sses gêneros é utilizado em alguma forma específica interação discursiva. É assim que os gêneros empregados com a intenção atingir um certo objetivo, criar esta ou aquela impressão imediata em quem recebe a informação e muito aplicados em nossa socieda, tais como o gêneros diário, carta, recado sofreram transformações, nesse caso em especial, vido ao advento da morna tecnologia na área das comunicações, ram espaço aos blogs, e-mails e scraps Orkut, práticas discursivas que possuem seu próprio propósito dialógico e que nasceram outros gêneros, num processo também chamado hibridização, tornando-se novas modalidas interacionais. Graças ao que Koch (2004) nomina competência metagenérica, quer dizer a capacida subjetiva que cada indivíduo possui, mesmo sconhecendo totalmente a existência teórica terminado gênero, ser capaz produzir, compreenr e dominar tais gêneros textuais forma rápida e senvolta na prática dialógica rotineira, é que pomos interagir forma conveniente, quer quando produzimos um texto, quer quando recebemo-los. De maneira implícita, Bakhtin (1992, p. 301-302) discorre sobre tal competência, afirmando que:
Na conversa mais senvolta, moldamos nossa fala às formas precisas gêneros, às vezes padronizados e estereotipados, às vezes mais maleáveis, mais plásticos e mais criativos. [...] Aprenmos a moldar nossa fala às formas do gênero e, ao ouvir a fala do outro, sabemos imediato, bem nas primeiras palavras, pressentir-lhe o gênero, adivinhar-lhe o volume (a extensão aproximada do todo discursivo), a dada estrutura composicional, prever-lhe o fim, ou seja, s o início, somos sensíveis ao todo discursivo que, em seguida, no processo da fala, evinciará suas diferenciações. Se não existissem os gêneros do discurso e se não os dominássemos, se tivéssemos criá-los pela primeira vez no processo da fala, se tivéssemos construir cada um nossos enunciados, a comunicação verbal seria quase impossível. Bakhtin staca assim que cada um dos gêneros possui uma maneira ser expressado, exercendo uma terminada função, que são naturalmente associados pelos indivíduos numa atuação discursiva. Logo, os gêneros são elementos fundamentais nas práticas sóciocomunicativas e que possuem características intrínsecas forma composicional, conteúdo temático e estilo (Bakhtin, 1992), e por isso escolhidos para sanar uma necessida temática e enunciativa específica, combinando indissoluvelmente tais peculiaridas. Contudo, voltamos a stacar a dinamicida e flexibilida dos gêneros, não em sua esfera formal, mas antes em sua esfera funcional: uma vez que os gêneros são finidos por sua função nas instâncias comunicativas como modo realizar linguisticamente objetivos específicos acordo com uma situação elocucional particular, e não por sua forma (prestando essa, antes, ao reconhecimento cada gênero), um gênero po assumir a função outro, criando uma mistura, uma mescla gêneros que, segundo Marcusch (2002) te nominada intertextualida intergêneros. Chegando com o comentário acima ao objetivo principal sse estudo, temos a intertextualida (intergenericida) intergêneros como o fenômeno em que um gênero assume a forma outro gênero, num processo hibridização, sem que tal gênero acabe por sfigurar-se e tendo como propósito um exercício específico interação comunicativa.
Para tornar tal fenômeno mais compreensível, recorremos aos textos explicitados no início sse trabalho, a fim analisar e fundamentar como ocorre a intergenericida intergêneros, e como esse fenômeno se insere como mecanismo socialização nas atividas humanas comunicação. Vejamos: Quando observamos a figura 1 (logo abaixo) em primeira instância, temos a impressão estarmos diante uma carta. Nossa capacida metagenérica, entretanto, nos permite dizer que este texto cumpre a função anúncio publicitário (algumas análises do texto em seus aspectos verbais e não-verbais, tais como o meio veiculação sse texto em uma revista divulgação a nível nacional/internacional e formadora opiniões comprova essa observância). Figura 1. Revista Veja 14/09/2002, página 15
O conteúdo do texto em sua parte stacada diz: Sou índio da nação xerente e tenho orgulho disso. Não acreditei quando vi no mapa das páginas 14 e 15 da revista Abril ( A saga dos velhos brasileiros ) um time futebol formados por índios xerente do Tocantins, on fica a querida alia on morei e on ainda vivem meu irmão e minha irmã. Aqui vai meu enreço caso algum leitor da revista queira me escrever: Manoel Moreno Watothery Carvalho Caixa Postal 10874 CEP 70300980 Brasília, DF., sendo esse texto escrito numa folha que traz lembrança uma folha papel, comumente usada na escrita cartas. A iia da utilização do gênero carta nesse texto torna-se mais esclarecida com os dizeres Carta recebida pela Revista Nova Escola, como está registrado logo abaixo da folha papel. Apesar ssas consirações, notamos na parte direita inferior da página, o logotipo da empresa Abril, seguido do texto Faz parte sua vida, que acaba por ressaltar a intenção publicitária do texto evinciar a importância e dimensão dos trabalhos da editora Abril. Sendo assim, comprova-se a existência intergenericida nesse, que mesmo possuindo traços característicos e formalizados do gênero carta acaba por exercer a função anúncio publicitário. Na figura 2 (abaixo) graças à nossa competência metagenérica e também à composição, conteúdo, estilo, propósito comunicacional e modo veiculação do texto (presença dos dizeres Cruzadas, Horizontais, Verticais, existência um diagrama, a título exemplo) conseguimos svendar particularidas do gênero palavras cruzadas.
Figura 2. Revista Veja- 17/06/2003, página 87 Todavia, o texto presente na parte inferior direita da página: Po imaginar. Aqui tem., seguido do logotipo da empresa virtual Submarino, acompanhado do site www.submarino.com.br, chama a nossa atenção para a manifestação intergenericida intergêneros, on o gênero palavras cruzadas exerce a função anúncio publicitário (verifica-se também a participação do gênero enigma, uma vez que o texto exige do leitor a capacida scobrir e substituir as lacunas do texto, em que aparecem pequenos logotipos da empresa SUBMARINO, por palavras implícitas,que servirão resposta para completar o diagrama). Ao analisar a figura 3 (abaixo), observamos do lado esquerdo o escrito: Patroa, ta pensando que eu sou a Embratel?, que remete instantaneamente ao texto do lado direito, que por seus aspectos
não-verbais ( o tipo papel em que está redigido, o fato estar pendurado por um ímã em forma estrela) e por seus dizeres, constituindo os aspectos verbais: Maria, favor arrumar a casa, lavar a louça, levar as crianças para a escola, dar o remédio do vovô, pegar aquela receita na internet, pintar o muro, consertar o carro, e fazer um upgra no computador. O resto, eu ligo mais tar para dizer, nos submetem ao gênero recado. Entretanto, a presença da marca Embratel, o texto da parte inferior da página à esquerda dizendo : Quem mais tem tudo que você precisa? Seja qual for a sua necessida em matéria telecomunicações, procure a Embratel [...] Quer mais? A Embratel tem. Ligue 0800 90 21 00 e scubra tudo o que ela po fazer por você ou sua empresa, e o lema na parte inferior da página à direita: Na Embratel você fala com quem conhece, seguido do logo ssa empresa, comprova e caracteriza a intergenericida intergêneros, em que o gênero recado executa a função anúncio publicitário, com a intenção fazer-crer que apenas a Embratel po fazer e trazer tudo o que o consumidor serviços telecomunicativos precisa, seja quais forem as necessidas. Figura 3. Revista Veja- 01/08/2001, páginas 78 e 79.
O texto 4 (abaixo) trata-se do gênero convite: Seus pais Banco Itaú convidam para o casamento Você e R$ 10.000.000,00 A realizar-se em todas as agências do Banco Itaú, como po ser visto na figura à página hibridização,conforme esquerda. intificado Contudo, na faz-se continuação do presente texto, a on encontramos: No mês das noivas faça um Super PIC Itaú. Você e R$10 milhões, felizes para sempre. O Super PIC 10 milhões é um plano capitalização em que você faz uma única aplicação R$1.000,00 e, durante 36 meses, concorre a superprêmios no total R$10 milhões [...] Faça logo o seu nas Agências do Itaú ou pelo Itaubankline www.itau.com.br. Ou ligue 0800 55 8055 [...] Super PIC 10 milhões. Mais uma maneira superemocionante guardar dinheiro. Ora, a intenção sse artigo publicitário induzir o leitor a fazer um Super PIC Itaú, pondo assim casar-se com 10 milhões reais torna-se mais atraente e apelativa ao ser apresentada em forma do gênero convite, como se tratasse mesmo uma possível cerimônia real. Nesse caso, logo, temos o gênero convite realizando a função anúncio publicitário. Figura 4. Revista Veja- 24/05/2000, páginas 76 e 77
Já a figura 5 logo abaixo, acordo com nossa competência metagenérica, nos permite intificar o gênero artigo jornal. Figura 5. Revista Veja- 01/08/2001, páginas 112 e 113 O texto recorre a uma tradicional cantiga ninar (têmse,pois, a presença do gênero cantiga, exercendo a função artigo jornal, o que já tornaria esse texto híbrido): Nana nenê que a cuca vem pegar papai foi pra roça e mamãe foi passear, que aparece no texto em forma manchete da notícia, como notícia efetiva, como comentário abaixo da manchete e abaixo da foto cada jogador e ainda ao lado, como possível resumo das notícias em staque nesse jornal fictício.
Trata-se um texto muito rico nos aspectos não-verbais (mãos que seguram o que apresenta-se como jornal, fotos, manchete, comentários,notas, numa página; a embalagem do Café Pilão, grãos café e uma xícara em outra) e verbais (realçados, especialmente pelo uso repetitivo da referida cantiga) e exibe a intergenericida intergêneros, como comprovado com os ditos: Tem horas que você precisa um Café Pilão. Pilão. O café forte do Brasil., presentes na página à direita, que nos permitem afirmar que aqui o gênero artigo jornalístico exerce a função artigo publicitário, ao transmitir a idéia que não existe sonolência e/ou cansaço que resista à um bom e forte Café Pilão, criando também um efeito humor que vem a chamar atenção possíveis consumidores. Ao fim ssa análise, retomamos o conceito que os textos apresentam formatos próprios, suportes específicos e propósitos específicos leitura/comunicação e que se é um texto com função comunicativa, possui um gênero. Quando estudamos a intergenericida intergêneros exploramos nossa capacida compreensão sses muitos, incontáveis gêneros, especialmente no que tange à finição dos mesmos por sua função na prática sóciocomunicativa e não exatamente por sua forma, e também enriquecemos a qualida nossa percepção e uso aquados dos gêneros, tanto no processo fala, quanto da escrita, ou quando se ouve ou se lê terminado texto Especificamente no caso dos textos escritos o entendimento da intergenericida permite que o leitor interprete apropriadamente as informações do texto, utilizando-se da capacida metagenérica com acerto e argúcia, a fim compreenr a escrita e tudo o que a constitui, aumentando assim em muito o grau competência e facilida em assimilar informações sse leitor. Portanto, o estudo dos gêneros em suas particularidas e dinamismo, que permite suas adaptações às mais diversas situações comunicacionais acordo com este ou aquele objetivo, faz-se
necessida ímpar, não somente para a efetivação um leitor competente, mas sim para todo um processo socialização e inserção nas atividas humanas ligadas ao uso da linguagem. Referências BAKHTIN. Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992. BRONCKART, Jean-Paul. Atividas Linguagem. Textos e Discursos. Por um Interacionismo Sócio -discursivo. São Paulo: Editora da PUC-SP, EDUC, 1999. DIAS, Luiz Antonio Xavier; FERNANDES, Ana Paula. Intergenericida: uma mistura que dá certo. VII Congresso Educação. Jacarezinho PR, CD ROOM, 2008. KOCH. Ingedore Villaça. ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreenr: os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2006. L.Péret. INTERGENERICIDADE E AGÊNCIA: QUANDO UM GÊNERO É MAIS DO QUE UM GÊNERO. Disponível em: <http://www3.unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagem/cd/port/112.pdf >Acesso em: 15-03 2008. MARCUSCH, Luiz Antônio. Anáfora indireta: o barco textual e suas âncoras. In: KOCH. Ingedore Villaça. ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreenr: os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2006.. Gêneros textuais no ensino língua. In: Produção textual, análise gêneros e compreensão. 3. ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.