GUILHERME COUTO DE CASTRO Desembargador Federal - relator

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Transcrição:

292 RELATOR : GUILHERME COUTO DE CASTRO APELANTE : CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRACAO - RJ ADVOGADO : ALESSANDRA CHRISTINA DE MACEDO APELADO : GE CELMA LTDA ADVOGADO : BRENO LADEIRA KINGMA ORLANDO ORIGEM : 32ª VARA FEDERAL DO RIO DE JANEIRO (00300049420134025101) EMENTA MANDADO DE SEGURANÇA. CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO. OFÍCIO COM EXIGÊNCIA DE APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS. MULTA PELA AUSÊNCIA DE RESPOSTA. ILEGALIDADE. É ilegal a Conselho fiscalizador impor multa a sociedades empresárias voltadas para fins precípuos desligados da órbita da autarquia. Ente fiscalizador que alega base em suposto poder de polícia, e identifica a infração da sociedade empresária como a de não prestar informações ao órgão de fiscalização profissional. Nos termos do extraído do artigo 5º, inciso II, da Lei Maior ninguém está obrigado a ficar respondendo a ofícios sobre suas atividades. O critério que define a obrigatoriedade de registro de sociedades empresárias, bem como sua sujeição à fiscalização dos conselhos, é a atividade básica desenvolvida, ou a natureza fundamental dos serviços prestados a terceiros. Impossibilidade de ampliação do espectro da Lei nº 4.769/65. Dia virá em que, no Brasil, será fundado o Conselho de Pensadores e serão enviados ofícios a milhões de pessoas, para que esclareçam se estão pensando. Quem não responder aos ofícios será multado. E isto será uma prova de algo que já se desconfia: poucos estão pensando. Apelação desprovida. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a 6ª Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, por unanimidade, na forma do voto do relator, negar provimento à apelação. Rio de Janeiro, 29 de setembro de 2014. GUILHERME COUTO DE CASTRO Desembargador Federal - relator 1 Documento No: 71169-71-0-292-1-706547 - consulta à autenticidade do documento através do site http://portal.trf2.jus.br/autenticidade

287 RELATOR APELANTE(S) ADVOGADO(S) APELADO(S) ADVOGADO(S) ORIGEM : DES.FED. GUILHERME COUTO DE CASTRO : CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRACAO - RJ : ALESSANDRA CHRISTINA DE MACEDO : GE CELMA LTDA : BRENO LADEIRA KINGMA ORLANDO : 32ª VARA FEDERAL DO RIO DE JANEIRO (00300049420134025101) R E L A T Ó R I O Trata-se de apelação interposta pelo CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO RIO DE JANEIRO (doravante CRA/RJ), atacando a sentença (fls. 108/111) que julgou procedente o pedido formulado pela GE CELMA LTDA. e concedeu a segurança. A GE CELMA LTDA impetrou o presente mandado de segurança postulando que "(a) seja determinado o cancelamento da multa aplicada por meio do Auto de Infração nº 2013.000604; (b) seja determinado que a autoridade coatora se abstenha de realizar novas cobranças a título de multas ou anuidades; (c) seja reconhecido o direito líquido e certo da Impetrante de não sofrer fiscalizações futuras do Conselho Regional de administração, nos termos da Lei 6.839/80." (fl. 16). A impetrante interpôs agravo de instrumento (processo nº 2013.02.01.015375-7 às fls. 175/184), atacando a decisão que indeferiu a liminar. O recurso foi provido (fls. 212/213). Informações prestadas pelo CRA/RJ às fls. 112/123. O juízo de primeiro grau assinalou que: "[...], a demandante desenvolve atividade de engenharia razão pela qual está subordinada ao registro junto ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro, consoante certidão acostada à fl. 92. Nesse contexto, não se justifica a fiscalização do Conselho Regional de Administração à empresa-impetrante, não há vinculo entre a referida autarquia profissional e a demandante capaz de autorizar a lavratura do Auto de Infração nº 2013.000604 (fl.41). Sendo assim, ante a falta de atribuição do Conselho-impetrado para fiscalização da atividade exercida pela impetrante, resta configurada a nulidade do auto de infração lavrado.". 1 Documento No: 71169-69-0-287-2-857145 - consulta à autenticidade do documento através do site http://portal.trf2.jus.br/autenticidade

288 Em suas razões, o CRA/RJ sustenta que instaurou processo de fiscalização do organograma e do quadro de funcionários da GE CELMA LTDA., no intuito de verificar se há profissionais trabalhando sem registro profissional ou pessoas desqualificadas ocupando cargos privativos de Administrador; que a impetrante deveria colaborar com a fiscalização e prestar as informações solicitadas, pois o resultado lhe será benéfico; que as ações do CRA/RJ beneficiam os funcionários da empresa fiscalizada, bem como a sociedade; que, caso o Poder Judiciário bloqueie a fiscalização, estará impedindo que o CRA/RJ exerça o poder de polícia; que a recusa injustificada da GE CELMA LTDA. em fornecer as informações requeridas não encontra amparo legal; que o CRA/RJ tem, como função precípua, fiscalizar as atividades profissionais afetas ao campo da Administração; que o CRA/RJ pode requisitar documentos, determinar a obrigatoriedade de registro de pessoas físicas e jurídicas, bem como aplicar multas. Requer a reforma da sentença (fls. 235/245). A impetrante apresentou resposta às fls. 257/266. O Ministério Público Federal manifestou-se pelo desprovimento do apelo (fls. 275/281). É o relatório. atz GUILHERME COUTO DE CASTRO Desembargador Federal - relator 2 Documento No: 71169-69-0-287-2-857145 - consulta à autenticidade do documento através do site http://portal.trf2.jus.br/autenticidade

289 RELATOR : GUILHERME COUTO DE CASTRO APELANTE(S) : CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRACAO - RJ ADVOGADO(S) : ALESSANDRA CHRISTINA DE MACEDO APELADO(S) : GE CELMA LTDA ADVOGADO(S) : BRENO LADEIRA KINGMA ORLANDO ORIGEM : 32ª VARA FEDERAL DO RIO DE JANEIRO (00300049420134025101) VOTO A apelação não merece ser provida. Deve a sentença ser mantida por seus próprios fundamentos, que passam a integrar o presente voto, evitando-se transcrição, e pelos que se lhe acrescem, na forma adiante alinhada. No caso, a GE CELMA LTDA foi autuada com fulcro na Lei nº 4.769/65, sob o argumento de não ter atendido à intimação para apresentar documentação necessária à instrução do processo administrativo nº 62.014836/2013, instaurado pelo CRA/RJ (fls. 80, 83 e 86). No cadastro nacional da pessoa jurídica - CNPJ, a atividade econômica principal da impetrante está descrita como: "Manutenção e reparação de aeronaves, exceto a manutenção na pista" e, como atividade secundária: "Manutenção de aeronaves na pista" e "Fabricação de turbinas, motores e outros componentes e peças para aeronaves" (fl. 21). E a décima alteração contratual traz, em sua cláusula terceira, como objeto social, atividades ligadas à fabricação, manutenção e comercialização de motores aeronáuticos (fls. 31/33). Assim, tendo em vista a atividade desenvolvida pela impetrante, está ela inscrita em outro Conselho e, em princípio, infensa às investidas do CRA/RJ, tudo nos exatos termos do artigo 1º da Lei 6.839/80, in verbis: Art. 1º - O registro de empresas e a anotação dos profissionais legalmente habilitados, delas encarregados, serão obrigatórios nas 1 Documento No: 71169-70-0-289-3-730610 - consulta à autenticidade do documento através do site http://portal.trf2.jus.br/autenticidade

290 entidades competentes para a fiscalização do exercício das diversas profissões em razão da atividade básica ou em relação àquela pela qual prestem serviços a terceiros." Em tal contexto, não há preceito legal que obrigue a demandada a responder a ofícios do CRA/RJ, tampouco existe disposição legal que a obrigue a apresentar documentos, sob pena de multa, e somente a conhecida sede de arrecadar pode explicar a autuação que a autarquia impõe. O artigo 15 da Lei nº 4.769/65 está longe de ter o alcance que o CRA/RJ lhe quer atribuir. Tal dispositivo é aplicável às empresas que administram ou exercem, primordialmente, atividades de administração, e não é este o caso. A impetrante tem as suas atividades preponderantes ligadas à engenharia. Tanto é assim que a GE CELMA LTDA. está inscrita no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro - CREA/RJ, conforme demonstra a certidão de registro de pessoa jurídica nº 62.385/2013 (fls. 92/98). A tese da autarquia não tem suporte. Nos termos do artigo 1º da Lei nº 6.839/80, o critério que define a obrigatoriedade do registro das empresas perante os conselhos de fiscalização profissional é a atividade básica desenvolvida ou a natureza dos serviços prestados a terceiros. Na hipótese, a atividade da executada não envolve a exploração de atividade própria de administrador, não estando ela, desse modo, obrigada a se inscrever no CRA/RJ, nem a apresentar documentação referente às suas atividades, ao seu organograma ou à composição do seu quadro de funcionários. Assim já decidiu esta Sexta Turma Especializada: "EXECUÇÃO. CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO. OFÍCIO COM EXIGÊNCIA DE APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS. MULTA PELA AUSÊNCIA DE RESPOSTA. ILEGALIDADE. 2 Documento No: 71169-70-0-289-3-730610 - consulta à autenticidade do documento através do site http://portal.trf2.jus.br/autenticidade

291 1- É ilegal impor multa a sociedade desligada do fim de Conselho fiscalizador, com base em suposto poder de polícia, e identificada a infração em não prestar informações ao órgão de fiscalização profissional. Nos termos do extraído do art. 5º, II, da Lei Maior ninguém está obrigado a ficar respondendo a ofícios sobre suas atividades. O critério que define a obrigatoriedade de registro de sociedades empresárias, bem como sua sujeição à fiscalização dos conselhos, é a atividade básica desenvolvida, ou a natureza fundamental dos serviços prestados a terceiros. Impossibilidade de ampliação do espectro da Lei nº 4.769/65. 2- Dia virá em que, no Brasil, será fundado o Conselho de Pensadores e serão enviados ofícios a milhões de pessoas, para esclarecerem se estão pensando. Quem não responder aos ofícios será multado. E isto será uma prova de algo que já se desconfia: poucos estão pensando. Apelação desprovida." (Relator Desembargador Federal Guilherme Couto - AC nº: 618.922/RJ - Processo nº: 2005.51.01.521074-8 - e-djf2r bloco nº: 27.312 - Data: 10/4/2014). No mais, inviável cobrar multa por falta de resposta a ofícios de Conselhos que investigam atividades, e apenas em sociedade muito fechada isto seria admissível. Repita-se o nosso temor: dia virá em que, no Brasil, será fundado o Conselho de Pensadores e serão enviados ofícios a milhões de pessoas, para esclarecerem se estão pensando. Quem não responder aos ofícios será multado. E este será apenas mais um órgão de palha, pois, no dia em que isto ocorrer, ninguém mais estará pensando. Do exposto, nega-se provimento à apelação. É o voto. atz GUILHERME COUTO DE CASTRO Desembargador Federal relator 3 Documento No: 71169-70-0-289-3-730610 - consulta à autenticidade do documento através do site http://portal.trf2.jus.br/autenticidade