DIFERENÇAS ENTRE NEUROLOGIA CANINA E FELINA



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Transcrição:

DIFERENÇAS ENTRE NEUROLOGIA CANINA E FELINA Ronaldo Casimiro da Costa, MV, MSc, PhD Diplomado ACVIM Neurologia College of Veterinary Medicine The Ohio State University, Columbus, Ohio, EUA Peculiaridades EN em Gatos Estado mental - dureza Exame locomoção e postura Criatividade e paciência! Nervos cranianos Reações posturais Posicionamento tátil Reflexos espinhais Reflexo extensor cruzado, RCT Reações Posturais - Propriocepção Quando não der propriocepção use posicionamento tátil (mas rápido) Diferenciais Ventroflexão Cervical Miastenia gravis Deficiência de Tiamina Polimiopatia hipocalêmica Polimiosite imunomediada Polimiopatia hipernatrêmica Polimiopatias genéticas (Burmês, Devon Rex) Polineuropatias Hipertireoidismo Intoxicação subaguda/crônica organofosforados Ponto-chave Ventroflexão cervical é um sinal sugestivo de doenças neuromusculares

Diferenças entre Miastenia no Cão e Gato Megaesôfago cães 75%, gatos 15% Massa mediastínica 3% cães, 25% gatos Gatos metimazole pode induzir MG Gatos Ventroflexão cervical Gatos muito sensíveis piridostigmine (anticolinesterásico) Diferenciais para Localização Cerebral Aguda AVC Trauma Meningoencefalites (bacteriana, criptococose) Crônica Neoplasias Meningoencefalites (PIF, toxoplasmose) Encefalopatia metabólicas (hepática/urêmica) Houston MRI Encefalopatia Isquêmica Felina Tumores Intracranianos Idade Idade média gatos 12 anos Idade média cães 9 anos Sexo Meningioma gatos - > fêmeas Meningioma cães - > machos Histórico Convulsões Cães - 47.5% (45-51%) Gatos 22.5% Gatos alterações comportamentais

Meningioma Cães 33-49% / Gatos 58% Convulsões e Epilepsia Tipo de crise Focal muito comum em gatos Generalizada Causa convulsões Extracranianas Intoxicações Intracranianas Epilepsia primária deve ser considerado um diagnóstico de exclusão em gatos Diagnósticos diferenciais Paraparesia/Paraplegia Aguda Trauma Extrusão disco intervertebral Mielopatia embólica (EFC e outras) Neuromiopatia isquêmica (tromboembolismo aórtico TAF) +/- Neoplasia espinhal Diagnósticos diferenciais - Paraparesia crônica Neoplasias espinhais Linfoma e outras Meningomielite Peritonite Infecciosa felina, toxoplasmose Protrusão do disco intervertebral Discoespondilite Polineuropatias Polineuropatia diabética DOENÇA DO DISCO INTERVERTEBRAL Incomum à rara em gatos Extrusão ou protrusão

Idade média 10 anos (7-17 anos) Comum L4-5 e região TL Sinais agudos ou crônicos Diagnóstico e tratamento - iguais para cães Tratamento Médico - DDIV Confinamento mínimo 3 semanas Antiinflamatórios Prednisona - 1mg/Kg SID 3 dias, 0.5mg/Kg SID 3 dias Faz paciente ficar mais ativo PODE PIORAR Compressão vesical mínimo 3 x dia Fisioterapia ativa e passiva Tratamento Cirúrgico DDIV Hemilaminectomia Pediculectomia Corpectomia Fenestração local LINFOMA ESPINHAL Neoplasia espinhal mais comum gatos Afeta gatos de 6 meses a 17 anos Idade média 4 anos Paraparesia é sinal mais comum Geralmente causam massa epidural Maioria positivo para FeLV (85-90%) Tipicamente doença multicêntrica ~70% Rins, medula óssea, fígado Abordagem diagnóstica - Linfoma Hemograma, sorologia FeLV Radiografias coluna Ultrassonografia abdominal Biopsia (aspirativa) massas abdominais Análise LCE linfoblastos 35% casos Biopsia medula óssea

Mielografia, Ressonância ou Tomografia Tratamento Linfoma espinhal Protocolo clássico COP o Ciclofosfamida 10 mg/kg PO o Vincristina 0,025 mg/kg IV o Prednisona 5 mg/kg q.12h PO COP + Doxorrubicina (1 mg/kg IV) triplica RC Lomustina (CCNU) 50-60 mg/m2 6/6 sem. Sobrevida o 3.5 meses quimioterapia COP o Cirurgia + quimioterapia aumenta sobrevida? POLINEUROPATIA DIABÉTICA Gatos com diabetes mellitus crônica (cães subclínica) Polineuropatia o Axonopatia e desmielinização o Porção distal nervos longos o Sensitivo e motora Sinais cínicos - Neuropatia diabética Sinais sistêmicos o Poliúria-polidipsia o Polifagia o Perda de peso Sinais neurológicos o Postura plantígrada (+/- palmígrada) o Paraparesia SEM ATAXIA o Propriocepção diminuída o Reflexos espinhais diminuídos Diagnóstico - PND Gatos machos obesos, geralm. >7 anos Sinais neurológicos compatíveis em gato com DM Hiperglicemia (cuidado com stress) Glicosúria Frutosamina

Tratamento - PND Tratamento direcionado ao controle glicêmico Insulina Dieta hipocalórica o Baixa caloria, alta proteína o Redução peso Prognóstico o Bom com euglicemia o Recuperação pode ser prolongada Ponto-Chave Em gatos com paraparesia observe bem a locomoção, a cauda, os reflexos e a palpação da coluna para definir se o problema é espinhal ou neuropático. Postura plantígrada pode ser observada com ambos. Terapêutica Anticonvulsivantes Fenobarbital 2.5 mg/kg correlação níveis Brometo de potássio Diazepam Antiinflamatórios Corticosteróides Meloxicam 0.1 mg/kg Conclusões Gatos apresentam diversas peculiaridades de importância clínica O exame neurológico tem que ser feito de maneira mais rápida e eficiente em gatos Lembre-se dos principais diferenciais e dos tratamentos que apresentam melhores resultados em gatos