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PROCESSO N. 654/04 PROTOCOLO N.º PARECER N.º 942/07 APROVADO EM 12/12/07

Transcrição:

Origem: PRT 2ª Região Interessado 1: MPE/SP Procuradoria Geral de Justiça Interessado 2: Centro Saneamento e Serviços Avançados Ltda Assunto: 1º Fraudes Trabalhistas 03-03.02 03.02.02 2º Temas Gerais 09.01. DESMEMBRAMENTO DE INVESTIGAÇÃO EM AUTOS DISTINTOS. OBJETOS INDISSOCIÁVEIS. Não se mostra possível o desmembramento, em duas investigações distintas, de objetos evidentemente conexos, como ocorre quando o modus operandi para produzir a fraude seja, em si, igualmente irregular. Reunião de investigações que se determina. AUDIÊNCIA ADMINISTRATIVA. FORMALIDADE DO ATO. OITIVA DO DENUNCIANTE. ATO PRIVATIVO DE PROCURADOR DO TRABALHO. A oitiva de testemunhas, denunciantes e investigados é providência a cargo do Procurador do Trabalho, a ser realizada, de regra, mediante atendimento de todas as formalidades próprias da audiência administrativa. A determinação à Secretaria de Apoio para inquirir pessoas mediante contato telefônico é medida não se presta a produzir prova válida. I RELATÓRIO Trata-se de notícia de fato originada do Ministério Público do Estado de São Paulo, que encaminhou ao MPT representação apresentada perante o parquet estadual afeita, em parte, à seara trabalhista. A representação de fls. 08/11 (assinada por seis exempregadas do CENTRO SANEAMENTO E SERVIÇOS AVANÇADOS LTDA) narra a prática

empresarial usual de forjar documentos a fim de caracterizar justa causa dos empregados. Desmembrada a denúncia em quatro notícias de fato autuadas separadamente (fl. 134 /135 do PP 8516), o presente feito foi autuado para investigar especificamente o tema 3.2.2, qual seja a coação sobre trabalhadores. Distribuídos os autos, adveio a apreciação prévia de fls. 144/146, em que a Exma. Procuradora oficiante considerou ser necessário um novo desmembramento da denúncia, qual seja a falsa imputação de justa causa, a ser cadastrado no tema 9.1, pelo que encaminhou cópias ao Coordenador de 1º Grau com sugestão de instauração de nova Notícia de Fato. Acatada a sugestão, foi autuada nova notícia de fato, distribuída a outro Procurador. Dando prosseguimento à investigação, a Exma. Procuradora oficiante determinou que a Secretaria diligenciasse junto às denunciantes a fim de obter o nome das coordenadoras que, sob coação, assinavam suspensões forjadas sob pena de também serem dispensadas (fls. 148). Cumprida a diligência conforme certidão de fl. 149, houve por bem a Exma. Procuradora oficiante promover seu arquivamento e determinar a vinda dos autos à Câmara para homologação. Registre-se que o Exmo. Procurador do Trabalho, Dr. Ramon Bezerra dos Santos, que recebera por distribuição a quinta notícia de fato (autuada por sugestão da Procuradora oficiante) encaminhou a esta Câmara os autos da NF 000772.2014 para análise conjunta, eis que entende haver indissociável relação entre os temas coação sobre trabalhadores e falsa imputação de justa causa. Os autos da referida NF foram autuados na CCR sob nº 8517/2014 e se encontram apensos aos presentes. Juntada aos autos CCR/PP/8517/2014 a manifestação da Exma. Procuradora Mariza Mazotti de Moraes. É o relatório. II VOTO 1. Da Conexão do Objeto dos Processos 8516 e 8517. Recebida a representação, o Exmo. Coordenador de 1º grau determinou o desmembramento em quatro notícias de fato (fls. 134/135 dos autos 8516/2014):

a) com o tema 09.06.01 (9.6.1. Anotação e Controle da Jornada) - por prevenção, ao responsável pelo IC 001105.2013; b) com o tema 06.01.01 (6.1.1. Assédio Moral)- por prevenção, ao responsável pela NF 001104.2013; c) com o tema 03.02.02 (fraudes na relação de trabalho/ coação sobre trabalhadores), distribuída livremente; d) com os temas 09.09.01; 09.17 e 09.02.01 ( atraso/ não pagamento de verbas rescisórias, desvio de função e não substituição de uniformes), distribuída livremente. O PP 8516/2014 teve origem na NF de letra c, acima, tendo sido analisada através da apreciação prévia de fls. 144/146, em que a Exma. Procuradora oficiante considera ser necessário um quinto desmembramento da denúncia, tendo por objeto a falsa imputação de justa causa, pelo que encaminhou cópias ao Coordenador de 1º Grau com sugestão de instauração de nova Notícia de Fato. Sugestão acatada e determinada pelo Exmo. Coordenador. A quinta notícia de fato, com o tema Falsa Imputação de Justa Causa, distribuída livremente, foi encaminhada à Câmara pelo Exmo. Procurador oficiante, para análise conjunta, por entender indissociáveis as investigações (NF 8517/2014) Transcrevo os termos da denúncia para melhor compreensão da questão posta: As vítimas (...) viam no cotidiano os sócios, os diretores, o jurídico, as equipes, forjando documentação dos empregados demitidos, para que se instalasse a justa causa por eles alegados (sic), o esquema, em tese, criminoso, era preparado da seguintes forma: o funcionário era demitido, diante de suspensões forjadas (trabalhadas, ou seja, eles inventavam as suspensões e as coordenadoras assinavam a mando da gerente Lovani sob pena de serem demitidas também. As vítimas, ou seja, os trabalhadores demitidos que intentassem ação trabalhista era solicitado (sic) o prontuário, que ia para o jurídico e de lá retornava com solicitação de informações falsas, ou seja, mandavam confeccionar uma forma que queriam para fazer falsa prova em juízo. Analisando a denúncia e as notícias de fato instauradas, entendo equivocada a dissociação dos objetos dos dois feitos ora em análise. Por certo a coação a que supostamente submetidas as coordenadoras (para fraudar documentos de imputação de penalidades - objeto do PP 8516) revela evidente

relação de conexão com o tema do PP 8517 (que é a falsa imputação de justa causa), tendo em vista que a primeira conduta se existente visava justamente viabilizar a falsa capitulação de justa causa. Entendo pertinentes, portanto, as colocações do Exmo. Procurador oficiante nos autos 8517/2014, no relatório que encaminha à CCR os autos para análise conjunta: (...) há uma indissociável relação entre os temas coação sobre trabalhadores e falsa imputação de justa causa. Com efeito, a coação aos empregados era praticada exatamente com a finalidade de compeli-los a fraudar documentos aptos a fundamentar a demissão por justa causa de empregados ( as coordenadoras assinavam a mando da gerente Lovani sob pena de serem demitidas também, informa a denúncia). Sendo certo, ainda, que não há qualquer alegação de que a coação fosse realizada com outro fim que não a falsa imputação de justa causa. Tem-se, pois, que ambos os objetos são ideologicamente indissociáveis, donde a apuração de um (coação) trará elementos fundamentais para a constatação, ou não, doutro (imputação de falsa justa causa). (fl. 157-verso) Conclui-se, portanto, que o desmembramento indevido impediu o esgotamento da investigação, uma vez que não como há como se apurar o abuso do poder disciplinar do empregador sem a análise do seu modus operandi - que seria a falsificação das penalidades. Aliás, a suposta coação das coordenadoras para praticar a adulteração de documentos é de menor importância. A adulteração das provas em si é a questão a demandar investigação em primeiro plano e a motivação do ato ( se por coação ou concurso de vontade) apresenta-se como fator secundário. Portanto, deve ser tornado sem efeito o desmembramento e determinada a apuração conjunta dos objetos dos Processos 8516/2014 e 8517/2014, tendo em vista a conexão entre seus objetos. 2. Da Não Homologação do Arquivamento Proposto no Processo 8516-2014

Trata-se, como acima visto, de notícia de fato cuja principal denúncia consiste na suposta prática empresarial de forjar documentos a fim de caracterizar justa causa na ruptura do contrato de trabalho de seus empregados. A fim de tentar demonstrar ab initio a prática, as denunciantes acostaram à denúncia um manual de treinamento intitulado assédio moral no trabalho e processos disciplinares nos quais detalhadas as hipóteses de justa causa (art. 482/CLT), modelos de formulários de suspensão, advertência e relatório de controle de punições (fls. 14/31) e cópias de e-mails trocados entre advogados e Recursos Humanos da empresa (fls. 32 e seguintes). Analisando referidos documentos, pode-se perceber certa banalização das penas disciplinares, sendo aplicadas suspensões por saída antecipada, por chegar atrasado, por falta injustificada ou bater o carro de coleta no elevador. Instaurado o procedimento preparatório, a Procuradora oficiante determinou às fls. 148, que a Secretaria diligenciasse junto às denunciantes a fim de obter o nome das coordenadoras que, sob coação, assinavam suspensões forjadas sob pena de também serem dispensadas. Realizada a diligência determinada, foi certificado nos autos que em contato com a denunciante Edna Pereira Couto, que me informou o nome das coordenadoras que, sob coação, assinavam justas causas forjadas, a saber, Marcela Lebra e Bárbara Augusto dos Santos (fl. 149). Em seguida, houve por bem a Exma. Procuradora oficiante promover o arquivamento, considerando não haver falar em coação para prática de atos sabidamente ilegais, bem como por considerar que o número de trabalhadores lesados estaria limitado às duas coordenadoras indicadas pelas denunciadas, o que não atrairia a atuação ministerial porquanto diminuto número de trabalhadores atingidos, verbis: Por outro lado, as denunciantes relatam como vítimas da coação praticada pelo denunciado, as coordenadoras Marcela Levra e Barbara Augusta dos Santos. Nesse diapasão, é importante registrar que a atuação Ministerial deve ser pautada pela existência de relevante interesse social, aferido em razão da natureza do dano e ate mesmo do número de trabalhadores lesados, de forma justificar a atuação do Parquet laboral, não sendo esta a hipótese ora retratada.

De fato, como acima exposto, o número de trabalhadores lesados pela conduta denunciada (coação), restringe-se a duas empregadas, não se recomendando, também nesse aspecto, face ao diminuto número de trabalhadores atingidos, a atuação deste órgão ministerial na defesa de direitos difusos e/ou coletivos. (fl. 154) Com a devida vênia à Exma. Procuradora, parece-nos prematuro o arquivamento, por diversos fundamentos. Inicialmente, reputo inválida a diligência investigatória acima referida. Com efeito, a coleta de declarações acerca dos fatos denunciados, que possam constituir prova testemunhal, é ato privativo do Procurador do Trabalho não podendo ser delegado a servidor de apoio. Portanto, as denunciantes deveriam ser notificadas para comparecimento a audiência na sede da PRT e, assim, prestarem depoimento mediante a observância de todas as formalidades legais e das técnicas de interrogatório de domínio dos membros do Ministério Público. A certidão de fls. 148 não constitui, destarte, fundamento para o encerramento da investigação. Mister se faz considerar que a oitiva de testemunhas, denunciantes e investigados é providência a cargo do Procurador do Trabalho, a ser realizada, de regra, mediante atendimento de todas as formalidades próprias da audiência administrativa. A determinação à Secretaria de Apoio para inquirir pessoas mediante contato telefônico é medida não se presta a produzir prova válida. Impõe-se, para tanto, que o inquirido esteja presente à audiência previamente designada, seja devidamente identificado, informado das consequências de eventual falso testemunho e firme a ata com as declarações prestadas. Ademais, diante da gravidade dos atos denunciados, a inquirição das denunciantes poderia ensejar a capitulação de outras irregularidades, mediante atenta oitiva e progressivo aprofundamento das práticas empresariais e tal só é possível, por certo, no contato pessoal havido em audiência. Por outro lado, percebe-se que a denúncia estampa graves acusações à empresa, algumas das quais constituem até mesmo condutas tipificadas como crime falsidade ideológica e/ou documental que demandam atuação rigorosa do Ministério Público do Trabalho. O que não se verificou, in casu. Tampouco se mostra razoável limitar os efeitos da prática denunciada a duas trabalhadoras, como fundamenta a promoção de arquivamento, porquanto o procedimento narrado afeta - ou pode vir a afetar - o patrimônio jurídico de centenas de trabalhadores que prestem serviços à empresa investigada, já tenham prestado ou venham a ser contratados. Tanto mais quando se considera que eventuais

documentos forjados serviriam a induzir em erro o Poder Judiciário, de forma reiterada e generalizada. A notícia de fato demanda acurada investigação pelo Ministério Público do Trabalho, mediante oitiva de testemunhas, análise das ações judiciais intentadas, verificação do percentual de dispensas por justa causa nas movimentações de pessoal, entre outras diligências que o membro atuante opte por determinar. Faz-se necessário, antes do arquivamento, aferir a real extensão e gravidade dos fatos denunciados que, em tese, devem ser reprimidos e combatidos por este Parquet laboral. Assim, considerando a gravidade das lesões ao ordenamento jurídico denunciadas, tenho que a ausência de mais apurada investigação neste feito não autoriza o seu arquivamento, e, muito menos a superveniente homologação. CONCLUSÃO Por todo o exposto, voto no sentido de, preliminarmente, tornar sem efeito o desmembramento da investigação e determinar a apuração conjunta dos temas dos Processos 8516/2014 e 8517/2014, tendo em vista a conexão entre seus objetos. Voto, ainda, pela não homologação do arquivamento proposto no Processo 8516/2014, pelos fundamentos acima exarados, para que se dê prosseguimento às investigações das graves práticas imputadas à empresa investigada. Deixo, no entanto, de aplicar o inciso II, do 4º, do art. 10 da Resolução CSMPT nº69/07, devendo a designação atender às práticas da Regional. Devem ser notificados os Exmos. Procuradores oficiantes e o Exmo. Coordenador de 1º Grau. À PRT de origem para as providências cabíveis. Brasília, 09 de setembro de 2014 Adriana Silveira Machado Membro da CCR Relatora