Aos Leitores. Os autores



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Transcrição:

Aos Leitores Com o presente volume de Razões em Jogo, conclui-se uma proposta de leitura do Programa de Introdução à Filosofia da actual Reforma Educativa. Esta interpretação volta a assumir claramente os príncipios já explicitados no primeiro volume deste manual ( 10º ano), a saber: tentar articular criticamente os discursos filosóficos da tradição e da contemporaneidade; insistir numa caracterização pluralista e na dimensão argumentativa da filosofia, enquanto possibilidade fecunda de ligação entre teoria e prática; atender aos aspectos pedagógico-didácticos enquanto parte integrante da docência filosófica, tratando o aluno como um concidadão que vive na mesma "aldeia global" e se depara com problemas e angústias semelhantes às nossas. Procurámos, uma vez mais, abordar todos os pontos constantes do programa de Introdução à Filosofia. Compreende-se, assim, que tenhamos feito questão de abordar quer as Noções Básicas de Lógica, quer o Cálculo Proposicional e de Predicados, que no programa se apresentam como "bifurcações" ou opções a seguir segundo o critério do professor. Continuámos a apostar no recolha de textos e material didático em número suficiente para permitir uma abordagem diversificada da parte do professor procurámos, assim, disponibilizar recursos que ajudem o professor a evitar a rotina das repetições de ano para ano. Um manual, de acordo com as directrizes da legislação, deve ser pensado não para um, mas para três anos lectivos. Pela qualidade, quantidade e diversidade das suas propostas de trabalho, cremos que Razões em Jogo 11º ano, está preparado para lidar com esse prazo de validade. Num programa que possui um carácter manifestamente mais teórico que o do 10º ano, tivémos sempre a preocupação de tentar ligar as questões mais abstractas da lógica, da gnoseologia e da epistemologia ou da ontologia ao terreno da vida donde brotam. Finalmente procurámos dar o devido destaque à última unidade O Ser Humano e o Sentido da Existência reconhecendo-lhe o estatuto de unidade integradora dos diversos percursos que vão sendo realizados ao longo dos dois anos. O nosso trajecto que partiu da experiência mais imediata do vivido, depois de passar por níveis mais teóricos, regressa, neste ponto, ao plano existencial. Mas o plano em que o aluno é aqui interpelado, é agora diferente, já que é diferente a acuidade filosófica em que ele supostamente se encontra neste fase final ( e simultaneamente integrador) do programa. Os autores

Índice... O UNIVERSO DA LÓGICA.................................. 8 1. O pensamento e o discurso.................................. 10 1.1. A lógica como estudo das condições de coerência do............... pensamento e do discurso................................... 10 1.2. As três dimensões do discurso: sintaxe, semântica e pragmática...... 13 1.3. Os novos domínios de aplicação da lógica:...................... cibernética, informática e inteligência artificial.................. 17 2. Noções básicas de lógica..................................... 23 2.1. O conceito e o termo....................................... 23 2.2. Extensão (denotação) e compreensão (intensão).................. 26 2.3. A definição.............................................. 28 2.3.1. Tipos e regras da definição............................ 30 2.4. O juízo e a preposição validade e verdade.................... 33 3. Inferências................................................. 36 3.1. Classificação dos juízos..................................... 36 3.1.1. Classificação das proposições........................... 39 3.2. Tipos de inferências. Oposição e conversão das proposições......... 40 3.2.1. A oposição......................................... 41 3.2.2. Leis da oposição..................................... 42 3.2.3. A conversão........................................ 44 3.3. O raciocínio: dedução, indução e analogia...................... 46 3.3.1. Inferências imediatas. O raciocínio....................... 46 3.3.2. A dedução.......................................... 46 3.3.3. A indução.......................................... 48 3.3.3.1. Os limites da indução........................... 50 3.3.4. A analogia.......................................... 51 3.4. O silogismo.............................................. 56 3.4.1. Noção de silogismo. As regras do silogismo................. 56 3.4.2. Figuras e modos do silogismo........................... 59 3.4.3. Espécies de silogismos................................ 61 3.5. As falácias.............................................. 67 3.5.1. As argumentações defeituosas........................... 71 3.6. Lógica clássica e lógica moderna.............................. 74 4. Cálculo proposicional....................................... 76 4.1. Proposições simples e proposições complexas.................... 76 4.2. Elementos necessários para o cálculo proposicional............... 78 4.3. A natureza das conectivas................................... 79 4.4. O método das tabelas de verdade............................. 84 4.5. Tautologia e contradição.................................... 88 4.6. Leis e regras de inferência: modus ponens e modus tollens.......... 89

5. Cálculo de predicados....................................... 92 5.1. Simbolização e quantificação na lógica de predicados.............. 92 6. Argumentação e Comunicação............................... 94 6.1. O processo comunicativo.................................... 94 6.2. O discurso argumentativo................................... 99 6.2.1. Tematizações contemporâneas da problemática da argumentação: os contributos de Toulmin e de Perelman................... 99 6.2.2. O campo e a noção de argumentação...................... 106 6.2.3. O raciocínio argumentativo e os princípios da dinâmica....... argumentativa....................................... 112 6.2.4. Técnicas argumentativas............................... 116 6.2.4.1. Os argumentos quase lógicos..................... 118 6.2.4.2. Os argumentos baseados na estrutura do real......... 118 6.2.4.3. Os argumentos que fundam a estrutura do real........ 119 6.2.4.4. Organização dos argumentos no discurso............ 119 6.2.5. Da dimensão filosófica da argumentação à competência........ argumentativa....................................... 121 O PROBLEMA DO CONHECIMENTO E DO SER........... 126 I. O PROBLEMA DO CONHECIMENTO........................ 128 1. Descrição e interpretação da actividade cognitiva:........... os problemas do conhecimento............................... 130 1.1. Da percepção à razão...................................... 134 1.1.1. A rejeição do modelo representativo: o conhecimento......... como processo....................................... 134 1.1.2. Os estádios do desenvolvimento......................... 137 1.2. A estrutura do acto de conhecer e a questão da dicotomia........... sujeito/objecto............................................ 139 1. 2.1. A perspectiva fenomenológica.......................... 139 1.3. Alguns modelos explicativos do conhecimento:................... as críticas à ruptura sujeito/objecto............................ 142 2. O estatuto do conhecimento científico........................ 144 2.1. Introdução: ciência, saberes e cultura.......................... 144 2.1.1. Ciência, senso comum e filosofia......................... 145 2.1.2. Caracteres gerais da actividade científica.................. 149 2.1.3. O estatuto cultural do conhecimento científico.............. 151 2.1.3.1. Cultura e conhecimento científico................. 151 2.1.3.2. Os contributos da epistemologia contemporânea no.... movimento de desdogmatização da ciência moderna... 159 2.2. Unidade e diversidade das ciências: explicação e compreensão...... 171 2.2.1. Classificações sistemáticas e o problema da unificação........ dos conhecimentos científicos........................... 171 2.2.2. A dicotomia ciências da natureza/ciências do espírito e a....... superação hermenêutica da dicotomia explicação/compreensão.. 179 2.2.3. Perfil de uma ciência pós-moderna....................... 183

2.3. Ciência e hipótese: validade e verificabilidade das hipóteses........ 187 2.3.1. O indutivismo ingénuo: os factos falam por si............... 187 2.3.2. O indutivismo sofisticado: a observação precisa de ser........ controlada e os factos de ser interpretados................. 188 2.3.3. Críticas ao indutivismo e o método hipotético-dedutivo........ 192 2.3.4. Dedução, indução e abdução............................ 200 2.4. O desenvolvimento da ciência: continuidade e ruptura............. 202 2.4.1. A perspectiva de T. S. Kuhn............................ 202 2.4.1.1. Comunidade científica.......................... 202 2.4.1.2. Paradigma................................... 204 2.4.1.3. «Ciência normal».............................. 205 2.4.1.4. Revoluções científicas e ciência «extraordinária»..... 207 2.4.1.5. A dinâmica da actividade científica na perspectiva.... de Kuhn..................................... 207 2.4.1.6. O desenvolvimento ateleológico da ciência........... 208 2.4.2. Aspectos do debate crítico em torno das teses de Kuhn........ 210 3. Saber científico e reflexão filosófica.......................... 212 3.1. Questionamento da cultura científico-tecnológica................. 212 3.2. O problema dos limites da ciência: o poder e os riscos............. 220 3.3. Objectividade científica e mundo real.......................... 227 II. A REALIDADE EM QUESTÃO................................ 232 1. A realidade em questão........................................ 234 1.1. O problema da realidade.................................... 234 1.2. Cosmogonia, ciência e filosofia............................... 240 1.2.1. A espontaneidade das questões metafísicas. Mito e metafísica.. 240 1.2.2. Das cosmogonias às cosmologias......................... 243 1.2.3. Ciência e filosofia.................................... 247 1.3. Linguagem e realidade..................................... 253 1.3.1. A linguagem como obstáculo à apreensão da realidade........ 258 1.3.2. As concepções instrumentais da linguagem: a linguagem....... como modo de orientação na realidade.................... 260 1.3.3. A linguagem como revelação da realidade: a concepção....... hermenêutica....................................... 261 1.3.4. O problema dos universais............................. 264 2. Estatuto do ser............................................. 268 2.1. A metafísica: a ciência do ser enquanto ser...................... 268 2.2. Ser, substância e existência.................................. 270 2.2.1. O entendimento do ser como substância e a teoria aristotélica... do dualismo substância/acidente......................... 270 2.2.2. O significado ontológico dos pares essência/acidente.......... e essência/existência.................................. 275 2.3. Imanência e transcendência: as diversas configurações ontológicas... 280 3. Conhecimento, verdade e ser................................ 285 3.1. O problema da possibilidade do conhecimento................... 285 3.2. Cepticismo e dogmatismo................................... 287 3.3. A noção de «perspectiva»................................... 290 3.4. O problema da verdade..................................... 293

O SER HUMANO E O SENTIDO DA EXISTÊNCIA.......... 300 1. A busca de sentido na existência humana...................... 302 1.1. As diversas acepções do termo «sentido»....................... 302 1.2. Questionamento do sentido e emergência do absurdo.............. 307 1.2.1. Noção de absurdo.................................... 307 1.2.2. A emergência do absurdo As rupturas no plano........... vivencial/experiencial................................. 308 1.2.3. As rupturas no plano racional/teórico..................... 312 2. A busca filosófica do sentido................................. 316 2.1. O niilismo: a recusa do sentido universal da existência............. 316 2.2. O existencialismo......................................... 321 2.2.1. O existencialismo ateu de Jean-Paul Sartre:................. «O homem está condenado a ser livre».................... 323 2.3. O personalismo........................................... 327 2.3.1. O personalismo cristão de Emmanuel Mounier:.............. o primado da pessoa e a comunicação..................... 329 2.4. A filosofia do absurdo de Albert Camus:........................ a revolta como superação do absurdo.......................... 332 2.4.1. O problema do suicídio................................ 332 2.4.2. A revolta como resposta ao problema do suicídio............. e às metafísicas da esperança........................... 334 3. A experiência da finitude como abertura para um horizonte.... de sentido: natureza, humanidade e Deus...................... 337 3.1. A irrupção do religioso: Deus como horizonte................. incondicionado e absoluto................................ 338 3.2. O discurso ecológico como horizonte de sentido............... 342 3.3. Os direitos humanos como horizonte de sentido............... 347 Referências bibliográficas........................................... 350

... 1. O pensamento e o discurso Sumário A lógica enquanto estudo das condições que estabelecem a validade de um raciocínio. Lógica, pensamento e discurso. Validade formal e material. A lógica formal e as concepções restritas de racionalidade: o contributo crítico da Nova Retórica, da Filosofia da Linguagem e da Linguística. A linguagem enquanto fundamento da humanidade. Linguagem, pensamento e discurso. Os três níveis do discurso: sintaxe, semântica e pragmática. 1.1. A lógica como estudo das condições de coerência do pensamento e do discurso 10 «A lógica é o princípio da sabedoria e não o fim». Spock (personagem da série «O Caminho das Estrelas»). Oque é a lógica? A palavra foi banalizada pelo seu uso constante e quotidiano. Por toda a parte, ouvimos políticos a reclamarem ser o seu ponto de vista o mais lógico, para daí a uns meses atribuírem este epíteto ao ponto de vista contrário; amigos e colegas de trabalho, justificam as suas opiniões com toda a lógica e até do crime se diz ter também a sua lógica. De outras coisas, daquelas com que não concordamos, dizemos «não terem lógica nenhuma». Todos estes usos do termo são pouco exactos. Mas a lógica é hoje uma ciência rigorosa, com as suas regras, métodos e objecto precisos e partilha com a filosofia o mesmo ensejo de indagação das condições de coerência do pensamento e do discurso. Muito se discute o seu estatuto relativamente à filosofia, argumentando alguns que o facto da lógica ser hoje reconhecida como uma ciência seria motivo para não a tratarmos num programa de filosofia, à semelhança do que se passou num passado ainda recente com a psicologia, que deixou de estar incluída no currículo filosófico do ensino secundário.

No entanto, não é pelo facto dela se ter constituído como ciência que a lógica deixou de ser estudada em matemática. Do mesmo modo, a pertinência filosófica das suas conclusões é inegável e não faria sentido uma iniciação filosófica que excluísse o tema do funcionamento correcto do pensamento e do discurso, chame-se a isso lógica ou outro nome qualquer. De facto, o objecto da lógica e o seu enquadramento epistemológico, revelam-se fundamentais como propedêutica a um filosofar competente e rigoroso. Spock, o célebre personagem da série «O Caminho das Estrelas», oriundo do planeta Vulcano, referia, com pertinência, que «a lógica é o princípio da sabedoria e não o fim». Aristóteles é considerado o fundador da lógica. Ela surge como instrumento (organon) que permite reconhecer este ou aquele pensamento, este ou aquele discurso, como racional. Está, assim, desde o seu início associada a dois pólos de interesse: o pensamento e o discurso. De um ponto de vista formal, a lógica tem por objecto o estudo das condições e das normas que estabelecem a validade de um raciocínio. Assentando nos três grandes princípios formais que devem reger a coerência do pensamento o princípio da identidade, da não contradição e do terceiro excluído, a lógica procurou estudar as formas do raciocínio e as suas leis, abstraindose de qualquer conteúdo material. O que, desde o seu início, interessou à lógica formal foi, pois, o funcionamento estrutural do pensamento, independentemente das suas aplicações concretas. Assim, de um ponto de vista estritamente formal, o seguinte raciocínio é perfeitamente correcto, uma vez que a conclusão é correctamente deduzida das premissas: Todos os edifícios mais sólidos são em madeira. Ora, todos os edifícios de Portugal são em madeira. Logo, os edifícios portugueses são os mais sólidos. Mas, o mesmo raciocínio pode também ser analisado de um ponto de vista material, isto é, do ponto de vista dos princípios de que ele depende quanto ao seu conteúdo ou matéria. Assim, a conclusão do raciocínio acima descrito é falsa, uma vez que é falsa a primeira proposição (de facto, os edifícios mais sólidos não são em madeira). Verificamos, pois, que o mesmo raciocínio é correcto ou válido de um ponto de vista formal e falso de um ponto de vista material. Ou seja, possui validade formal, mas não material. É o próprio Aristóteles quem reconhece esta distinção: ao lado dos raciocínios analíticos objecto da lógica formal, e cujo estudo levou a cabo nos Primeiros Analíticos e nos Segundos Analíticos o Estagirita considerou também os raciocínios dialécticos que abordou nos Tópicos, na Retórica e nas Refutações Sofísticas, estes, sim, relativos ao conteúdo das proposições e, por conseguinte, aos auditórios a quem é dirigido um argumento. Contudo, o desenvolvimento da lógica moderna principalmente sob a influência dos lógicos matemáticos levou à identificação da lógica, não com os raciocínios dialécticos, mas com os analíticos. Ou seja, identificou-se a lógica com a lógica formal, Anónimo, Anticonceptivos, Museu da História da Contracepção (Canadá) 11