PLANO DE GESTÃO da candidata a Vice-Reitora Mariângela Spotti Lopes Fujita 2016-2017
CONSIDERAÇÕES INICIAIS Nós na UNESP estamos finalizando uma gestão central repleta de novos desafios. Entre os maiores, identifico o problema orçamentário; a questão de novas contratações (docentes e servidores); a consolidação das unidades experimentais; a reestruturação curricular; a carreira docente; a permanência estudantil; a necessidade de recuperação da função dos órgãos colegiados locais e dos seus relacionamentos dialógicos com o complexo político-institucional da reitoria; a ausência de legitimidade da universidade junto à sociedade; etc. É evidente que os desafios são muitos e bastante complexos. Entretanto, ao longo da nossa existência como instituição, a UNESP, todos nós, temos sido capazes de responder adequadamente com muita transparência, tolerância, democracia e com muita firmeza de convicções a esses diversos dilemas. Nossa história prova que das crises saímos mais fortes. Temos feito prevalecer sempre a nossa vocação universalista traduzida no tripé ensino, pesquisa e extensão, que é fundamental à manutenção da qualidade e do caráter público da nossa universidade, garantindo-lhe seu espaço e sua legitimidade junto as sociedade paulista, brasileira e mundial. E tem sido assim porque temos sido capazes de cumprir nossa missão sem esquecer nossa tradição humanística baseada no respeito à pluralidade de concepções teóricas, ideológicas e de rumos político-institucionais. O que requer a promoção cotidiana e contínua de valores como a democracia, a serenidade, a prudência, a tolerância, a generosidade, o diálogo, o respeito às pessoas e aos seus direitos difusos. Como candidata à Vice-Reitora da UNESP, na perspectiva delineada, entendemos que devemos contribuir para manter uma atuação política-administrativa equilibrada, prudente, coerente com nossa história democrática e nossa vocação universalista. E, principalmente, atenta a delinear respostas factíveis à solução de problemas estruturais emergenciais que afligem nossa comunidade universitária. Não é o momento de estremecimentos de relações na comunidade, de radicalização das posições políticas. de caça às bruxas, identificação de culpados e, sobretudo, não é o momento de construção de respostas fáceis, populistas, de viés politiqueiro à problemas complexos. A hora é de união, da preservação dos nossos valores e das nossas conquistas, de realização de uma gestão equilibrada, consciente, com um toque de experiência adquirida na vida e na prática administrativa junto aos
órgãos colegiados locais e centrais. Nossa UNESP não encontra-se em condições de experimentos políticos, ideológicos e administrativos. Precisamos de uma gestão de viés institucional, que realize uma transição tranquila, reflexiva, que realize um balanço equilibrado e honesto direcionado a manter os aprendizados e ganhos do passado, bem como eliminar nossos equívocos. Preparando, dessa maneira, a UNESP que queremos para as próximas décadas. Nessa perspectiva, no curto período de mandato, apenas 7 meses, vamos procurar, com muito diálogo, auxiliar na elaboração do orçamento 2017, visando eliminar custeios desnecessários para priorizar atividades essenciais de ensino, pesquisa e extensão com manutenção do equilíbrio orçamentário global da UNESP. Paralelamente, vamos pleitear aumento de repasses estaduais para as universidades, principalmente a UNESP; procuraremos encaminhar as discussões para as contratações emergenciais, sobretudo no quadro de servidores técnicos administrativos; agiremos de maneira assertiva na perspectiva de consolidar as unidades experimentais em unidades universitárias; desencadearemos uma discussão profunda sobre a necessidade da reestruturação curricular na UNESP; proporemos a rediscussão da carreira docente visando inserir novos incentivos a continuidade da produtividade acadêmica e científica lastreada na meritocracia e dissociada das emergências orçamentárias da instituição; ampliaremos a rede de proteção social ao aluno carente da UNESP; proporemos uma ampla abertura do diálogo entre os órgãos colegiados locais e o complexo políticoinstitucional da reitoria; e, por fim, vamos estabelecer ações e estratégias de curto, médio e longo prazo para demonstrar à sociedade do estado de São Paulo o papel da UNESP no cotidiano local, visando recuperar a legitimidade da universidade junto à sociedade, ao governo estadual e as prefeituras municipais onde estamos presentes. Em suma, estes nos parecem ser os rumos e os caminhos com que devemos nos comprometer enquanto proponentes de uma curta gestão na Vice-Reitoria da UNESP. Com base nessas considerações iniciais, nosso plano de gestão aqui delineado, sem ser restritivo, apresenta indicativos de ações e atitudes, as quais, com certeza se somarão iniciativas dos três segmentos, durante o período de 2016-2017 com reflexos positivos à nova gestão 2017-2021.
1. O PROBLEMA ORÇAMENTÁRIO O problema orçamentário da UNESP é grave. O custeio da universidade, principalmente com folha de pagamento, cresce em progressão geométrica, enquanto a arrecadação amplia-se em progressão aritmética. Isto significa que a fórmula de distribuição de recursos para as universidades públicas paulistas esgotou-se. Precisamos repensá-la imediatamente e propormos transformações ao governo estadual. Nesta perspectiva, vamos procurar, com muito diálogo, a: auxiliar na elaboração do orçamento 2017, visando eliminar custeios desnecessários para priorizar atividades essenciais de ensino, pesquisa e extensão com manutenção do equilíbrio orçamentário global da UNESP; propor a ampliação da quota parte dos repasses do ICMS de 9,57% para, pelo menos 10,15%; exigir que a base de cálculo do ICMS para o repasse da quota parte das universidades seja equivalente aos dos municípios, sem a subtração de itens, tais como Habitação, alíneas específicas da arrecadação relacionadas a multas e juros, os descontos da Nota Fiscal Paulista, etc.; vamos elaborar convênios e parcerias com poder público local e regional, bem como a iniciativa privada para abrir outras possibilidades de custeio, e; criar condições necessárias para a ampliação das receitas próprias da UNESP. 2. O ENCAMINHAMENTO DE NOVAS CONTRATAÇÕES No tocante as novas contratações na UNESP: procuraremos encaminhar as discussões para as contratações emergenciais, sobretudo no quadro de servidores técnicos administrativos de diversas unidades universitárias; planejar a liberação das contratações de docentes substitutos, sugerindo ampliar o tempo de contrato, otimizando os concursos e reduzindo custos e; realizar estudo minucioso à reposição do quadro docente em RDIDP em cada unidade universitária.
3. CONSOLIDANDO AS UNIDADES EXPERIMENTAIS As unidades experimentais já existem há tempo suficiente, permitindo uma avaliação serena e equilibrada do papel delas na UNESP. Ciosos dessa situação vamos: propor uma avaliação serena e equilibrada dos resultados e perspectivas da experiência das unidades experimentais na UNESP para prospectar possibilidades do seu futuro e; agir de maneira assertiva na perspectiva de consolidar as unidades experimentais, com resultados positivos e expectativas futuras, em unidades universitárias. 4. REPENSANDO A REESTRUTURAÇÃO CURRICULAR O mundo mudou. Contudo, a Educação continua organizada como no século passado. O modelo fordista de educação superior prevalece na era do conhecimento. O desafio de realizar esta transição está na ordem do dia. E uma das maneiras de dar início a esta reflexão na UNESP é colocar na agenda da nossa universidade a temática da Reestruturação Curricular. Nesse sentido, a partir do CEPE (Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão Universitária), vamos: fomentar estudos e discussões de baixo para cima, com muito diálogo, sobre a reestruturação curricular dos cursos de graduação da UNESP e; encaminhar os resultados dos estudos e discussões de forma que a próxima gestão tenha condições de implementar as reformas necessárias e colocar a UNESP como referência na educação superior na era do conhecimento. 5. A CARREIRA DOCENTE QUE QUEREMOS A Carreira Docente na UNESP tem evoluído. Mas, precisamos avançar mais. O número de professores titulares é menor daquele que poderia ser. E quanto mais profissionais qualificados, melhores as condições para uma inserção assertiva da nossa universidade no mapa científico nacional e internacional. Aliás, a excelência começa na valorização dos nossos profissionais. Nessa perspectiva, vamos:
propor a rediscussão da carreira docente visando inserir novos incentivos a continuidade e manutenção qualitativa da produtividade acadêmica e científica do profissional que já atingiu o mais alto nível de excelência na instituição; dissociar a discussão acadêmica da evolução na carreira docente das emergências orçamentárias da instituição, entretanto, sem esquecer delas, e; recuperar o sentido da meritocracia com qualidade, amenizando os aspectos quantitativos, na evolução da carreira profissional. 6. REDE SOCIAL DE PERMANÊNCIA ESTUDANTIL O papel da universidade é gerar inclusão por meio da educação em nível superior. Nosso objetivo será minorar situações já constituídas de vulnerabilidade social e atuar sobre elas no âmbito da UNESP para recuperar e potencializar os recursos de capital social discente da universidade, dando-lhes as condições mínimas para que possam seguir sua formação acadêmica e científica. Nesta perspectiva, vamos: construir e fomentar uma engenharia política-institucional direcionada à ativação de redes comunitárias que envolvam co-responsabilidade pública, privada e do terceiro setor na gestão de políticas de bem-estar social eficazes e de qualidade a curto, médio e longo prazo para nossos estudantes; realizar estudos e avaliação para a ampliação de vagas de moradia; estabelecer no orçamento da universidade cota fixa de recursos destinados aos gastos com bolsas de permanência estudantil; e estabelecer exigências, condicionalidades e contrapartidas por parte dos beneficiados com permanência estudantil relacionadas a co-responsabilidade da sua formação acadêmica e científica. 7. RECUPERANDO A LEGITIMIDADE SOCIAL DA UNESP A universidade tem o papel de transformar e melhorar a vida das pessoas por meio da transferência de conhecimentos à sociedade. Temos de estar atentos à solução de problemas reais das pessoas e do poder público, sobretudo das cidades com nossa presença, as quais mantêm nossas atividades de ensino, pesquisa e extensão.
Nesta tarefa, nossa agenda será imensa, complexa, específica, desafiadora. Exigindo dos atores da nossa universidade ampla capacidade de articulação de parcerias para o enfrentamento e solução das demandas da sociedade, das necessidades da vida das pessoas. Nós passamos por um momento no Brasil que é preciso reinventar as políticas públicas e as estratégias de desenvolvimento social. Integrando planejamento, finanças e ação cotidiana de governo em um novo desenho institucional mais moderno e dinâmico à serviço de uma administração orientada à obtenção constante de resultados baseados na qualidade do serviço público, na transparência, no desenvolvimento social e político das cidades lastreado na ampla participação da população em espaços democráticos. Nós, na universidade, sabemos como fazer isso. E muito bem! Nesse sentido, temos o papel de induzir o poder público a desempenhar a função de inteligência estratégica para promover ações conjuntas com as forças da sociedade que priorizem a interlocução e a participação social na gestão das políticas públicas. Para entregar para a sociedade melhores serviços públicos. A universidade é o melhor local que a humanidade inventou para dar conta de problemas tão complexos. Nós somos capazes de dar nossa contribuição para a construção de um país melhor, de cidades melhores em benefício daqueles que mais precisam. Dessa maneira, temos a certeza de que vamos conseguir maior legitimação social, tornando a universidade uma peça central na discussão, na proposição e na solução dos problemas coletivos que nos afligem nesse início do século XXI.