PERFIL DE PRESCRIÇÃO DE INSULINAS EM UM CSF DO INTERIOR DO CEARÁ INSULIN PRESCRIPTION PROFILE IN A FAMILY HEALTH CENTER IN CEARÁ FREITAS, A. G.F. 1 ; NOBRE,C.V.F 1 ;SILVA, I. F. 2 DISCENTE DO CURSO DE FARMÁCIA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINTA 1 ; DOCENTE DO CURSO DE FARMÁCIA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINTA 2. RESUMO Esta pesquisa visou descrever o perfil de dose e consumo de insulinas NPH e Regular em uma farmácia de um Centro de Saúde da Família (CSF) do interior do Ceará. Trata-se de um estudo descritivo, de caráter transversal e com abordagem quantitativa. A análise de dados foi referente ao período de dezembro de 2016 a novembro de 2017. Foram analisados dados referentes a 96 pacientes que faziam uso de Insulinas no CSF. Nesse estudo, todos os pacientes faziam o uso de NPH (100%) e 51,03% faziam a associação com a Regular. Observou-se que 63,55% eram do sexo feminino e 34,45% do sexo masculino, dos quais 25% tiveram a oportunidade de consulta com endocrinologista em alguma época da vida após o diagnóstico. Também foi observada quantidade significativa de pessoas que necessitavam de dosagens elevadas de insulina NPH e Regular para controle glicêmico, sugerindo-se possibilidade de demanda de atendimento por nutricionista e endocrinologista para o alcance de metas terapêuticas. Mais estudos são necessários para investigar mais fatores associados, como aceitação da necessidade de tratamento e adesão às doses prescritas, manejo, aplicação e cuidados com a insulina, bem como o monitoramento, prática de atividade física e dieta alimentar. Descritores: Diabetes, Tratamento Farmacológico, Insulina, Endocrinologia. ABSTRACT This research aimed to describe the dose and consumption profile of NPH and Regular Insulins in a pharmacy of a Family Health Center (FHC) in the interior of Ceará. This is a descriptive, cross-sectional study with a quantitative approach. Data analysis included the period from December 2016 to November 2017. Data were analyzed referring to 96 patients who used Insulins in FHC. In this study, all patients were NPH (100%) and 51.03% were associated with Regular. It was observed that 63.55% were female and 34.45% male, of which 25% had the opportunity to consult with an endocrinologist at some time in their life after diagnosis. It was also observed a significant amount of people who needed high dosages of NPH and Regular insulin for glycemic control, suggesting a possibility of demand for care by nutritionist and endocrinologist to achieve therapeutic goals. More studies are needed to investigate more associated factors, such as acceptance of the need for treatment and adherence to prescribed doses, management, application and care with insulin, as well as monitoring, physical activity and dietary practices.keywords: Diabetes, Pharmacological Treatment, Insulin, Endocrinology
INTRODUÇÃO A Diabetes mellitus (DM) é umas das doenças crônicas mais frequentes no Brasil e no mundo. O número de pessoas que sofre com essa doença atinge a faixa dos milhões e a perspectiva e que nos anos seguintes a doença cresça ainda mais(clark; FINKEL et al;2013). É uma doença caracterizada pela falta da insulina ou a resistência a ela. As complicações crônicas incluem a insuficiência renal, a retinopatia, com a possibilidade de cegueira e a neuropatia, com risco de úlceras nos pés e até amputações. E o tratamento consiste na maioria das vezes na insulinoterapia. Com base nisso o diabetes se tornou de importância publica e os medicamentos para o controle são disponibilizados pelo SUS, que fornece medicamentos e suprimentos necessários para o controle do diabetes gratuitamente. Esses medicamentos são considerados essenciais pela Organização Mundial da Saúde (OMS) (BORGES et al; 2011). A assistência a insulina necessita mais do que apenas a entrega da insulina, e importante centra-se nas estratégias sequenciais da insulinoterapia, descrevendo o número de injeções, dosagem ideal, tipo de insulina, local onde deve ser aplicado. Para o melhor controle da doença, viu-se a necessidade de mais de um tipo de insulina para que o nível ideal seja alcançado, então são encontradas diversas insulinas como de ação intermediária, insulina de ação rápida, e análogos lentos, essas insulinas vão ser administrada em doses variáveis, de acordo com a glicemia do individuo. (FERNÁNDEZ; SVERDLICK, 2013). Alguns indivíduos com diabetes fazem uso da insulina em bolus além da insulina basal, para promover um controle da glicemia do paciente em períodos de pico. A insulina regular e a NPH são opções de tratamentos bastante utilizados, A fim de obter o melhor controle da doença, mas esses critérios de associação das duas insulinas dependem das características clinicas do pacientes, combinações NPH/ regular, e realizado como forma de a mistura das insulinas na mesma seringa, e possibilita melhores ajustes de dose e controle dos níveis de glicemia pós prandial. Quando o médico prescreve mistura de insulina de ação intermediária (NPH) com insulina de ação rápida (Regular) o objetivo é melhorar o tratamento com as ações complementares destas insulinas, numa mesma aplicação. Esse procedimento diminui o número de injeções, porém requer habilidade, conhecimento da técnica e atenção especial do usuário. Esta pesquisa visou descrever o perfil de consumo de insulinas NPH e Regular, bem como a dose prescrita e freqüência de retirada do medicamento em uma farmácia de um CSF. METODOLOGIA Trata-se de um estudo descritivo, de caráter transversal e com abordagem quantitativa. O local de realização foi um Centro de Saúde da Família (CSF) no interior do Ceará, com análise de dados referente ao período de fevereiro a novembro de 2017. A amostra foi composta por dados recolhidos no programa Microsoft Officce Excel próprio da farmácia, no qual estavam cadastradas 96 pessoas que retiravam insulina nesse CSF. As variáveis analisadas foram sexo, tipo de insulina, dose, e acompanhamento por endocrinologista em qualquer tempo
(considerando a possibilidade da pessoa ter sido atendida por especialista desde a descoberta da diabetes até o momento atual). RESULTADOS Considerando os dados coletados, observou-se 96 pacientes cadastrados para recebimento de insulinas. Destes, havia registro de inquérito acerca de consulta com endocrinologista em 25%(n=24) do universo, foi observado que 50% dos respondentes haviam passado por endocrinologista, 46% não e 4% não sabia responder (tratava-se de um cuidador ou familiar), conforme pode ser observado no Gráfico 1. Gráfico 1. Total de pacientes e quantidade dos pacientes que foram ao endócrino masculino e feminino. Segundo Teston et al.(2017), a consulta com endocrinologistas pode favorecer em até duas vezes o conhecimento acerca da doença e sobre o autocuidado necessário para tratá-la, podendo conduzir a uma melhor adesão ao tratamento e redução de complicações. Além do mais o endocrinologista e o profissional medico mais indicado para da o diagnostico do diabetes, visto que e necessário o acompanhamento regular com o endocrinologista, que vai sempre estar monitorando e avaliando o grau em que se encontra a doença, Para que o endocrinologista possa acompanhar o estado do paciente, ele deve estar a par de todo o histórico médico do mesmo e ter um monitoramento constante e regular, Dados como o bolus alimentar, fator de sensibilidade e as taxas desejáveis, tanto diúrna quanto noturna, devem ser calculadas pelo endocrinologista responsável pelo acompanhamento da diabetes (SCHELB, 2013). Ao analisar sexo, foi observado que 63,55% (n= ) eram do sexo feminino e 34,45%(n= ) do sexo masculino. Nesse estudo, todos os pacientes faziam o uso de NPH( 100%) e 51,03% faziam a associação com a Regular. O perfil de consumo de insulinas por sexo também pode ser observado na tabela 1. Tabela 1. Pacientes do CSF com uso de insulina NPH e Regular classificados por quantidade de UI por dia, porcentagem do sexos Masculino e Feminino, e porcentagem de NPH e REG que cada um faz uso. Insulina Doses Sexo Total
Masculino Feminino 5 a 20 UI 11,45% 16,66% 28,11% NPH 21 a 40 UI 14,58% 23,95% 38,53% 41 a 60 UI 7,29% 14,58% 21, 87 % 61 a 90 UI 3,13% 8,36% 11, 49% Total 36,45% 63,55% 100% Masculino Feminino Total 5 a 10 UI 5,20% 14,58% 19,78% Regular 11 a 20 UI 5,20% 10,41% 15,61% 21 a 30 UI 3,13% 8,34% 11,47% 31 a 55 UI 1,05% 3,12% 4,17% Total 14,58% 36,45 51,03% É possível observar (Tabela 1) que os pacientes do sexo feminino encontramse em porcentagem maior que o sexo masculino, isso pode ser explicado devido ao número de mulheres a atingirem a idade adulta e envelhecerem ser maior que os homens (IBGE,2018). Também pode retratar o maior cuidado das mulheres com a própria saúde, ou até uma facilidade das mulheres em buscar atendimento em serviços de saúde e de vincular-se aos projetos de educação em saúde direcionados às mulheres nos CSF ser superior ao dos homens (COTTA et al., 2009). Esse cuidado maior das mulheres também se traduz em uma maior adesão ao tratamento, etapa bastante importante para o paciente já que o uso incorreto ou o não uso da insulina pode gerar complicações graves ao individuo. Quando se abordam estudos relacionados ao uso de insulinas, a vinculação dos pacientes torna-se especialmente importante pelo fato destas pertencerem ao grupo dos Medicamentos Potencialmente Perigosos (MPP). Medicamentos esses que apresentam risco aumentado de provocar danos significativos aos pacientes em decorrência de falha no processo de utilização. Em meio disso e recomendado um manual de procedimento referente a técnica de preparo e à aplicação de insulina O perfil de consumo no presente estudo foi possível observar o predomínio dos pacientes com prescrição acima da faixa de 20 UI, indicando maior necessidade de hipoglicemiante para manter a homeostasia glicêmica. No entanto este aumento deve ser bem acompanhado pela equipe de saúde a fim de promover a saúde e o cuidado integral ao paciente, com ações voltadas aos cuidados clínicos e práticas educativas, implicando na prevenção de agravos decorrentes da doença (PETERMAN et al; 2015). CONCLUSÃO Foi observada quantidade significativa de pessoas que necessitavam de dosagens elevadas de insulina NPH e Regular para controle glicêmico, sugerindo-se possibilidade de demanda de atendimento por nutricionista e endocrinologista para o alcance de metas terapêuticas. Mais estudos são necessários para investigar mais fatores associados, como aceitação da necessidade de tratamento e adesão às doses prescritas, manejo, aplicação e cuidados com a insulina, bem como o monitoramento, prática de atividade física e dieta alimentar.
REFERÊNCIAS AMERICAN DIABETES ASSOCIATION. Approaches to Glycemic Treatment Diabetes Care, 2016 Jan; n. 39 v. Supplement 1, p52-59.https://doi.org/10.2337/dc16-s010. < http://care.diabetesjournals.org/content/39/supplement_1/s52>. BORGES, A.P. S; et al. Avaliação econômica de pacientes ambulatoriais portadores de diabetes melito tipo 2 assistidos por um serviço de atenção farmacêutica. Arq Bras Endocrinol Metab, São Paulo, v. 55, n. 9, p. 686-691, dez. 2011. CLARK, M, A. et al. Farmacologia Ilustrada, Artmed, 5ºedição. 2013. COTTA, R, M, M, et al. Perfil sociossanitário e estilo de vida de hipertensos e/ou diabéticos, usuários do Programa de Saúde da Família - município de Teixeiras, MG. Cien Saude Colet, 2009. RODRIGUES, D. F; et al. Prevalência de Fatores de Risco e Complicações do Diabetes Mellitus Tipo 2 em Usuários de uma Unidade de Saúde da Família. Rev. Brasileira de Ciências da Saúde, v. 15 n. 3 p. 277-286, 2011. FERNÁNDEZ, N.; et al. Effect of multiple-dose insulin therapy and carbohydrate counting on weight gain, frequency of hypoglycemia and glycemic control in an adult population with type 1 diabetes. Nutrición Clínica. v. 14 n 3 - Septiembre 2013. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2017-2018, São Paulo : Editora Clannad, 2017, Acesso em: <11 de junho de 2018>, Disponível em < https://www.diabetes.org.br/profissionais/images/2017/diretrizes/diretrizes-sbd-2017-2018.pdf>. PETERMANN, X. B; et al. Epidemiologia e cuidado à Diabetes Mellitus praticado na Atenção Primária à Saúde: uma revisão narrativa. Saúde (Santa Maria), Santa Maria, v. 41, n. 1, Jan./Jul, p.49-56, 2015. SCHELB, F.C; DiaB - Aplicação para Auxilio no Tratamento da Diabetes Tipo 1. Brasília : UnB, 83 p, 2013.