Ficha Técnica. Título: Educação Pré-Escolar e Avaliação



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Transcrição:

Ficha Técnica Título: Educação Pré-Escolar e Avaliação Edição: Região Autónoma dos Açores Secretaria Regional da Educação e Ciência Direcção Regional da Educação Design e Ilustração: Gonçalo Cabaça Impressão: Tipografia Moderna Depósito Legal 281455/08 750 exemplares Setembro 2008

Nota Introdutória A questão da avaliação e da educação pré-escolar em especial é, a nosso ver, uma questão crucial, do ponto de vista da qualidade da prática educativa, num contexto actual de aprendizagem, versus inovação e desenvolvimento curricular. Nota Introdutória Na verdade, a avaliação é um tema que se situa na encruzilhada de todos os problemas de educação; ela é um ponto crítico do sistema. Daí resultar um sem número de questões que é urgente debater (Cortesão, L. e Torres, M. A., 1992). A abordagem a esta problemática exige um conhecimento da situação actual existente no sistema educativo regional, bem como uma clarificação dos conceitos básicos inerentes ao processo avaliativos, tendo em vista a definição de estratégias prometoras da sua implementação. O documento que se apresenta tem um duplo objectivo: clarificar as necessidades de informação subsistentes e apresentar algumas propostas de procedimentos que se consideram importantes implementar. 3

1. Introdução A educação pré-escolar como aliás todos os outros níveis de ensino contribui de forma inquestionável para a construção de uma educação que se pretende de qualidade, fundamentada em orientações curriculares que suportam a prática educativa e que se coordenam e articulam com o currículo do ensino básico. Articulação da educação préescolar com o ensino básico Importa, pois, estabelecer uma inter-relação entre educação pré-escolar, gestão curricular, avaliação, qualidade e inovação. Do eco de múltiplas vozes, desde instituições a investigadores, o caminho para o desenvolvimento de uma cultura de planeamento e inovação, ao nível das instituições educativas, está intrinsecamente ligado à avaliação (enquanto elemento regulador das práticas educativas), ao profissionalismo docente e, consequentemente, à qualidade das aprendizagens. Considerando a presente flexibilização curricular que se tem vindo a introduzir no sistema educativo regional, procura-se neste documento: elencar a informação existente sobre o sistema; clarificar os conceitos de gestão curricular, avaliação, qualidade e inovação; apresentar um conjunto de propostas, susceptíveis de realização imediata, e que, do nosso ponto de vista, permitirão, se implementadas, melhorar significativamente, e já, as respostas educativas no contexto da educação pré-escolar, sem prejuízo de uma reflexão posterior sobre esta matéria. Relação entre avaliação, planeamento, inovação e qualidade das aprendizagens Flexibilização e gestão curricular 4

2. A Educação Pré Escolar no Sistema Educativo Regional Podemos admitir que a forma como o processo educativo se desenvolve no seio das organizações educativas condiciona o seu desempenho e a sua eficácia. A diversidade de contextos de educação pré-escolar existentes na Região Autónoma dos Açores, aliada à variedade de formação inicial e contínua dos educadores, nem sempre facilita a reflexão sobre as suas práticas. Daí, a necessidade de terem surgido as orientações curriculares (enquanto instrumento de trabalho útil para fundamentar, planear e avaliar a sua acção), aprovadas pela Portaria nº 1/2002, de 3 de Janeiro. Sabe-se que, pese embora a existência dessas mesmas orientações curriculares, elas não são, por si só, garantia de uma mudança de práticas e de procura permanente de soluções adequadas ao contexto e aos desafios que se colocam actualmente aos processos educativos. Há que considerar a evolução rápida dos meios de informação e comunicação existentes e que exigem, também, dos profissionais de educação, uma atenção especial, no sentido de situarem a sua prática e o modelo educativo que lhe está subjacente. Orientações Curriculares da Educação Pré-Escolar da Região Autónoma dos Açores 5

3. Conceitos Básicos Não parece haver dúvidas de que as orientações curriculares proporcionam uma dinâmica de inovação e de procura de maior qualidade no trabalho docente, favorecendo a visibilidade da educação pré-escolar, a dignificação do estatuto profissional dos educadores, a continuidade educativa e a relação com a família. Antes de mais, consideremos os conceitos básicos subjacentes a esta realidade: inovação significa a introdução de novos métodos, produtos e a exploração de novas formas de organização. Ou seja, a inovação surge quando se alteram, melhoram e renovam ideias ou práticas (Freeman e Soete, 1997; Hampton, 2002). Inovação Qualquer inovação que se introduza num sistema desencadeia uma reacção que tende a contrariar a inovação introduzida, assim é crucial assegurar o conhecimento e a avaliação sistemática dos impactes resultantes dessa acção, neste caso em particular, na educação de infância. A qualidade (de acordo com as organizações internacionais de normalização da Qualidade, nomeadamente a ISO) é o conjunto de características que conferem a um produto ou a um serviço a capacidade para satisfazer as necessidades expressas ou implícitas dos seus utilizadores. Assim, através dos resultados, processos e relações que se estabelecem pode-se avaliar a qualidade de uma qualquer organização, seja de qualquer natureza. Qualidade Avaliar a qualidade numa instituição escolar ou educativa implica considerar algumas dimensões, nomeadamente, o contexto, os processos, os resultados ou efeitos das aprendizagens. Ao nos reportarmos à valência educativa jardim de infância podemos considerar que a introdução, por exemplo, de propostas curriculares tem como função, implícita ou explícita, melhorar a qualidade da educação. Melhoria da qualidade educativa Quanto à avaliação, esta consiste, em termos gerais, no processo de seleccionar, recolher e interpretar informação, formar juízos sobre o que é avaliado, tendo em vista a tomada de decisões. 6

4. Educação e Avaliação Em educação, a avaliação é um elemento integrante e regulador da prática educativa, em cada nível de educação e ensino, e implica princípios e procedimentos adequados à especificidade de cada um. A finalidade da avaliação é apoiar o processo educativo de modo a ajustar as aprendizagens das crianças e regular os processos, de forma a recolher e analisar informação diversa acerca das situações pedagógicas e dos intervenientes envolvidos, no sentido de tomar decisões que potenciem a aprendizagem e o seu desenvolvimento. Avaliação, elemento regulador em educação Finalidade da Avaliação Numa altura em que se começa a concretizar uma nova organização e gestão curricular no sistema educativo regional, importa realçar a importância do debate sobre a avaliação. Isso significa retomar discussões que já não são novas e que correspondem a problemas, tanto de concepção como de prática pedagógica, ainda não resolvidos, mas, ao mesmo tempo, fazendo-o em estreita ligação com as orientações curriculares da educação pré-escolar. Gestão curricular no sistema educativo regional É indispensável que esta discussão se faça no contexto das instituições educativas, considerando as concepções actuais sobre o currículo e a gestão curricular, o que implica atender, entre outros aspectos, ao modo como o modelo educativo é formulado, em termos de competências e experiências de aprendizagem, e ao papel atribuído aos educadores na construção dos seus próprios projectos curriculares. Projectos Curriculares na Educação Pré-Escolar As orientações curriculares da educação pré-escolar funcionam como um marco de referência teórica comum a um certo conjunto de situações, ou seja, ao que é socialmente necessário a todas as aprendizagens essenciais, o que é socialmente reconhecido como competências a adquirir. Estas têm por base parâmetros de avaliação que traduzem o conjunto de conhecimentos, capacidades e comportamentos necessários para o desempenho eficiente, eficaz e adequado da acção. Competências 7

A concretização que cada organização escolar faz desse referencial, concebendo-o como um projecto curricular próprio, pensado para o seu contexto e para a aprendizagem das suas crianças, em concreto, incorporando adequadamente as dimensões locais e regionais, traduz-se no seu currículo conjunto de estratégias e políticas educativas definidas. Trata-se pensar o currículo em termos de um binómio. A operacionalização deste binómio constitui o essencial da gestão curricular. O Decreto-Lei nº 241/2001, de 30 de Agosto, ao especificar o perfil do educador de infância, tendo por base a dimensão de desenvolvimento do ensino e da aprendizagem, refere, igualmente, que na educação pré-escolar, este concebe e desenvolve o respectivo currículo, através da planificação, organização e avaliação do ambiente educativo, bem como das actividades e projectos curriculares, com vista à construção de aprendizagens integradas. Para tal mobiliza o conhecimento e as competências necessárias ao desenvolvimento de um currículo integrado. Concepção e desenvolvimento curricular Podemos considerar o currículo, previsto no Decreto-Lei acima referido, como: um conjunto de aprendizagens consideradas necessárias num dado contexto e tempo; Currículo uma organização de situações educativas e contextualizadas para concretizar ou desenvolver. 8

O que transforma um conjunto de aprendizagens em currículo é a sua: FINALIZAÇÃO INTENCIONALIDADE ESTRUTURAÇÃO CORRENTE SEQUÊNCIA ORGANIZADORA 9

Por projecto curricular entende-se a forma particular como, em cada contexto, se reconstrói e se apropria em currículo face a uma situação real: Projecto Curricular definindo opções definindo intencionalidades próprias construindo modos específicos de organização e gestão curricular adequados à consecução das aprendizagens que integram o currículo para aquele grupo concreto de crianças Quando se verifica que a instituição educativa assume o seu conjunto de opções e prioridades de aprendizagens, com o objectivo de incorporar experiências significativas que levem ao desenvolvimento de competências nas suas crianças, é quando constrói o seu projecto curricular, enquadrado no projecto educativo. 10

Trata-se, pois, de perguntar: O que se quer conseguir? Que impacto se pretende com as aprendizagens que se oferecem? Como? O que se pode e quer decidir para o alcançar? Implica decidir: Que ênfases vai atribuir e a que aprendizagens, e porquê? Que competências prioritárias pretendem desenvolver? Que aspectos vai valorizar e que considera importantes? Tomada de decisão que leva à:. operacionalização. intervenção. avaliação 11

É este o sentido da autonomia da organização escolar gerir autonomamente o trabalho que realiza e pelo qual responde socialmente: a promoção das aprendizagens curriculares. Gestão essa que requer iniciativa e responsabilização, bem como a capacidade e o poder de avaliar e reformular. Autonomia Pedagógica Todos os processos de gestão, em qualquer sector da vida social, privilegiam a avaliação como instrumento estratégico fundamental. É a avaliação que permite: AVALIAÇÃO Diagnosticar Reorientar os projectos Prever Reformular Quanto mais autónomas forem as organizações escolares na sua gestão curricular tanto maior é a importância assumida pela avaliação. A avaliação tem influência, também, por isso, nas decisões que visam melhorar a qualidade da educação em si, na medida em que pode estabelecer uma comunicação e participação mais eficazes dos pais e encarregados de educação com os educadores/professores. 12

Para além disso, facilita a continuidade educativa e aumenta a relevância e visibilidade da educação de infância, desde logo porque pode estabelecer uma confiança social na informação que é transmitida, devendo todos os aspectos da aprendizagem das crianças serem considerados essenciais, envolvendo-as neste processo, bem como os respectivos pais e encarregados de educação. Ao educador, enquanto docente, cabe, obrigatoriamente, formalizar essa avaliação em registos estruturados, a partir da diversidade de processos e experiências de infância desenvolvidas e vivenciadas, bem como a partir dos respectivos níveis de implicação e de bem-estar emocional das crianças, considerando o desenvolvimento de competências e resultados que daí advêm. A planificação assume aqui um papel essencial, na medida em que leva a uma reflexão cuidadosa do educador sobre as actividades que vai realizar com o grupo de crianças, reflexão essa que permite sempre interrogar-se em função dos resultados e dos processos vivenciados. Isto pressupõe uma autocrítica, constante, para, numa permanente busca, melhorar a sua acção. Planificação Se não existir uma planificação, um projecto, o educador corre o risco, por muito brilhantes que sejam as suas improvisações, por muito bom senso e intuição que possua, de não dar conta do que de importante ainda ficou por fazer. Assim, o docente deve adoptar estratégias de avaliação que fundamentem o desenvolvimento do currículo e o processo de ensino e de aprendizagem, tendo presente o conhecimento das áreas de conteúdo e a necessidade de se proporcionar uma grande diversidade de experiências, sobretudo ao nível das novas formas de expressão e comunicação (Tecnologias de Informação e Comunicação e Línguas Estrangeiras). Por fim, cabe ao educador comunicar, em suporte apropriado e de uma forma sintética, uma informação suficientemente explícita, de modo a tornar evidentes aspectos positivos e obstáculos à aprendizagem das crianças. Neste sentido, a informação poderá fornecer uma visão mais globalizante da criança e, consequentemente, permitir aos seus familiares o desenvolvimento de esforços adequados, em articulação com o contexto educativo escolar. Comunicação da avaliação 13

5. Considerações Finais A avaliação na educação pré-escolar é uma questão que suscita uma permanente discussão. Desenvolver uma cultura interdisciplinar na organização escolar visa, antes de mais, a criação de espaços de trabalho conjunto e articulado em torno de metas educativas. A avaliação na educação pré-escolar, numa perspectiva formativa, deve ter em conta: 1. A concepção de uma avaliação diagnóstica que permitirá, para além da elaboração do projecto curricular, estabelecer procedimentos, por forma à obtenção de dados para regular os processos, reforçar êxitos e gerar aprendizagens, partindo do contexto e características do grupo de crianças; 2. A concepção e desenvolvimento do projecto curricular, através da planificação, organização e avaliação do ambiente educativo; 3. A definição de critérios de avaliação, ariculados com o projecto curricular. Assim, a definição de critérios de avaliação pela escola faz-se tanto para a aprendizagem das crianças, quanto para a avaliação dos projectos que identificam a escola como unidade de formação, no âmbito do previsto no nº 1, do artigo 25º do Decreto Legislativo Regional nº 35/2006, de 6 de Setembro. 14