UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR LITORAL PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL COM ÊNFASE EM ESPAÇOS EDUCADORES SUSTENTÁVEIS RAFAELA DA SILVA RAMOS

Documentos relacionados
Natal / RN Tema Central: construções sustentáveis

EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UM PASSO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

INSTITUI A POLÍTICA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA FORMA QUE ESPECIFICA.

LEI Nº , DE 16 DE JUNHO DE 2009.

PALAVRAS-CHAVE: Currículo escolar. Desafios e potencialidades. Formação dos jovens.

A INSERÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ÂMBITO ESCOLAR COMO META PARA PRÁTICAS E VALORES SUSTENTÁVEIS

1. IDENTIFICAÇÃO CÓDIGO DA DISCIPLINA: PERÍODO: 8º CRÉDITO: 4 NOME DA DISCIPLINA: EDUCAÇÃO AMBIENTAL NOME DO CURSO: PEDAGOGIA

Projeto: Gerenciamento dos Resíduos Sólidos na Escola/2017

REGULAMENTO DOS PROJETOS INTEGRADORES

Recomendada. Coleção Geografia em Construção. Por quê? A coleção. Na coleção, a aprendizagem é entendida como

EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UMA VISÃO DOS ESTUDANTES DO ENSINO FUNDAMENTAL SOBRE O MEIO AMBIENTE

E.E. Prof. Willian Rodrigues Rebuá

TERMO DE REFERÊNCIA PARA CONTRATAÇÃO DE PESSOA FÍSICA

INSTITUTO DE PESQUISA ENSINO E ESTUDOS DAS CULTURAS AMAZÔNICAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO ACRIANA EUCLIDES DA CUNHA

EnEPA. II Encontro de Ensino e Pesquisa em Administração da Amazônia Gestão e Sustentabilidade na Amazônia ISBN:

TRABALHOS ACADÊMICOS

NATUREZA E SOCIEDADE RCNEI-REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL

A ESCOLA TANURI DISCUTINDO A SUSTENTABILIDADE NO PERÍMETRO URBANO DO MUNICÍPIO DE FERNANDÓPOLIS-SP

LDB Lei de Diretrizes e Bases

O Projeto Político-Pedagógico na perspectiva do planejamento participativo. Curso de Especialização em Gestão Escolar 18/05/17

DIREITO AMBIENTAL. Proteção do meio ambiente em normas infraconstitucionais. Política Nacional de Educação Ambiental Lei n 9.

SISTEMATIZAÇÃO COLETIVA DO CONHECIMENTO COMO ALTERNATIVA METODOLÓGICA PARA O ENSINO DE FÍSICA DO ENSINO MÉDIO

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ DALGLISH GOMES COLETA SELETIVA E O AMBIENTE ESCOLAR

Varal do Lixo: Uma abordagem intrigante em uma instituição de ensino técnico

Projeto Ambienta Rio: A escola faz a diferença.

Iniciar uma discussão sobre a elaboração de uma. Estratégia Nacional de Comunicação e Educação Ambiental. no âmbito do

Tecnologia em Gestão Ambiental, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba Campus João Pessoa,

OPÇÕES PEDAGÓGICAS DO PROCESSO EDUCATIVO

Educação ambiental. Programa de Desenvolvimento da Educação - PDE. Seminário

AS CRIANÇAS E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL: ATITUDE QUE ABRAÇA A VIDA

ABORDAGEM DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA ALUNOS DO ENSINO MÉDIO

FORMAÇÃO CONTINUADA EM SERVIÇO: ressignificar a pesquisa na escola numa abordagem da relação de saberes LUCIANA VIEIRA DEMERY

PROJETOS EDUCACIONAIS NA EDUCAÇÃO BÁSICA

IV Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente

EDUCAÇÃO AMBIENTAL: A DIDÁTICA USADA POR PROFESSORES, REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Seminário Nacional Eco-Escolas 2018

PLANO DE ENSINO Projeto Pedagógico: Disciplina: Gestão e Planejamento Educacional Carga horária: 40

PLANO DE ENSINO Projeto Pedagógico: 2017

A PRÁTICA PEDAGÓGICA PAUTADA NA COOPERAÇÃO

UM ESTUDO SOBRE AS FORMAS GEOMÉTRICAS EM NOSSO COTIDIANO. Instituto de Ciências Exatas da Universidade Federal de Minas Gerais

Educação Ambiental Educação continuada

MAPA MENTAL: ESTUDO DO LUGAR COMO RECURSO DIDÁTICO NA ESCOLA DOUTOR JOSÉ CURSINO DE AZEVEDO NA CIDADE DE MARABÁ-PA. ¹

GEOGRAFIA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS PÚBLICAS DE UBERLÂNDIA (MG)

Varal do Lixo: uma abordagem intrigante em uma instituição de ensino técnico

COMO ESTÁ SENDO INCLUSA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO FUNDAMENTAL NO MUNICÍPIO DE ESPERANÇA/PB: O QUE DIZ PROFESSORES E ALUNOS DO 9º ANO

A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

A Prática Pedagógica do Professor

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E FORMAÇÃO CONTINUADA: ANÁLISE DAS CONCEPÇÕES DE PROFESSORES DO PROJETO GINÁSIO EXPERIMENTAL CARIOCA, RJ

O PERCURSO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL DENTRO E FORA DO CONTEXTO EDUCACIONAL

PREFEITURA EXTREMA PATRÍCIA OMURA

EDUCAÇÃO AMBIENTAL: AVALIAÇÃO DA ABORDAGEM NÃO FORMAL NA ESCOLA MUNICIPAL PROFESSOR BENJAMIM SOARES DE CARVALHO TERESINA - PI.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL: Práticas pedagógicas na escola Miguel Beltrame - bairro Pé de Plátano/ Santa Maria - RS

A INTERDISCIPLINARIDADE COMO EIXO NORTEADOR NO ENSINO DE BIOLOGIA.

A IMPORTÂNCIA DO ENSINO RELIGIOSO E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A PRÁTICA DOCENTE

1. VIVÊNCIAS PEDAGÓGICAS NO CONTEXTO DA CIRANDA INFANTIL SEMENTE DA ESPERANÇA

Etec Monsenhor Antonio Magliano. Projeto Interdisciplinar Ações de defesa e proteção ao Ambiente- 2012

Educação Ambiental: Um Caminho Para a 1 Sustentabilidade

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

Projeto Formativo Docente fundamentado na Pedagogia Histórico-Crítica

EDUCAÇÃO AMBIENTAL - SMAM. Panorâmica Municipal Integrada

Eixo Temático ET Educação Ambiental

PRÁTICAS DE ORALIDADE NA SALA DE AULA

- estabelecer um ambiente de relações interpessoais que possibilitem e potencializem

Respeito ao Meio Ambiente Programa de Educação Ambiental Eco-Social

CENTRO UNIVERSITÁRIO METODISTA IPA POLÍTICA AMBIENTAL

DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E INTERDISCIPLINARIDADE: UMA PROPOSTA DE INVESTIGAÇÃO DA PRÁTICA

Curso: Pedagogia Componente Curricular: Fundamentos da Interdisciplinaridade

EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UMA PRÁTICA TRANSFORMADORA NO ESPAÇO ESCOLAR

PROJETO DE GEOGRAFIA

PLANO DE ENSINO. Disciplina: Fundamentos e Metodologia na Educação de Jovens e Adultos II

O Lugar da Diversidade no contexto da Inclusão e Flexibilização Curricular: Alguns Apontamentos

Aula 2. Módulo I Educação Ambiental e Sustentabilidade. Curso de Atualização em Educação Ambiental e Sustentabilidade. Jaqueline Figuerêdo Rosa

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARA INSTITUTO DE CIENCIAS DA EDUCAÇÃO GRUPO DE ESTUDOS EM EDUCAÇÃO, CULTURA E MEIO AMBIENTE GEAM

A prática como componente curricular na licenciatura em física da Universidade Estadual de Ponta Grossa

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FORMAÇÃO CIENTÍFICA, EDUCACIONAL E TECNOLÓGICA PPGFCET VIVIANE CAMPANA FONTINO

EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM UMA ESCOLA DE ENSINO FUDAMENTAL: PROMOVENDO O CONSUMO CONSCIENTE DA ÁGUA

UTILIZAÇÃO DE CARTILHA COMO FERRAMENTA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

ISSN: O CONCEITO DE MEIO AMBIENTE DOS DISCENTES DA ESCOLA MUNICIPAL BAIXA DA FARTURA

PEDAGOGIA DE PROJETOS

A LIDERANÇA NA GESTÃO DEMOCRÁTICA. Coordenadora da ação: Deusmaura Vieira Leão 1 Autoras: Deusmaura Vieira Leão 2, Carolina Merida 3, Regiane Müller 4

Educação de Adultos na ótica freiriana

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM METODOLOGIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA. Relato de Experiência do Projeto de Trabalho

Palavras-chave: Formação continuada. Tecnologias digitais. Políticas públicas.

XVIII ENDIPE Didática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira

AMBIENTALIZAÇÃO CURRICULAR NA FURG

Aula 5 Educação Ambiental: pressupostos e articulação para a biodiversidade

JOGOS DOS PONTOS AMBIENTAIS DO IFSULDEMINAS CAMPUS MACHADO, MG

Mesa Redonda: POLÍTICAS PARA SUSTENTABILIDADE NAS UNIVERSIDADES

Ensino de Didática: Parceria entre Universidade e Escola Básica

A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO EDUCACIONAL NO PROCESSO DO ENSINO DE BIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Anais da Semana de Integração Acadêmica 02 a 06 de setembro de 2013

A RELEVÂNCIA DO LÚDICO NO ENSINO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA CRIANÇAS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Fontes e formas de energia

Celismar Bezerra da Silva Larissa Valéria. Osana lourenço

PORTFÓLIO - DO CONCEITO À PRÁTICA UNIVERSITÁRIA: UMA VIVÊNCIA CONSTRUTIVA

VALORES ECOSUSTENTÁVEIS NA ESCOLA. Valéria Moreira Oliveira (SEED-PR), Ana Lucia Crisostimo (UNICENTRO/DEBIO).

XVIII ENDIPE Didática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira

Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR LITORAL PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL COM ÊNFASE EM ESPAÇOS EDUCADORES SUSTENTÁVEIS RAFAELA DA SILVA RAMOS A COLETIVIDADE COMO SUBSÍDIO PARA TRANSFORMAÇÃO DO COLÉGIO PORTO SEGURO EM UM ESPAÇO EDUCADOR SUSTENTÁVEL. Matinhos, PR Junho/2014

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR LITORAL PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL COM ÊNFASE EM ESPAÇOS EDUCADORES SUSTENTÁVEIS RAFAELA DA SILVA RAMOS A COLETIVIDADE COMO SUBSÍDIO PARA TRANSFORMAÇÃO DO COLÉGIO PORTO SEGURO EM UM ESPAÇO EDUCADOR SUSTENTÁVEL. Relatório de projeto de Intervenção apresentado ao programa de Pós Graduação em Educação Ambiental com Ênfase em Espaços Educadores Sustentáveis da UFPR Universidade Federal do Paraná, Setor Litoral, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Educação Ambiental. Professora Orientadora Dra Lenir Maristela Silva. Matinhos, PR Junho/2014

LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 01: RESÍDUOS SÓLIDOS JOGADOS PELO PÁTIO DA ESCOLA... 14 FIGURA 02: LOCAL ESCOLHIDO PARA O PROJETO DE ARBORIZAÇÃO.... 15

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS APMF EA PNMA UFPR Associação de Pais Mestres e Funcionários Educação Ambiental Politica Nacional de Meio Ambiente Universidade Federal do Paraná

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO... 7 2. REFERENCIAL TEÓRICO... 9 3. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO... 12 3.1 A PRATICA PEDAGÓGICA INICIAL... 12 3.2 A CRIAÇÃO DE UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO... 12 3.3 DIAGNÓSTICO DAS PROBLEMÁTICAS E POTENCIALIDADES AMBIENTAIS NA ESCOLA.... 13 3.4 PROPOSTAS DE PROJETOS POR PARTE DOS ALUNOS... 14 3.5 EXPANSÃO DO DIÁLOGO PARA TODA A COMUNIDADE ESCOLAR... 15 4. CONCLUSÃO... 17 REFERÊNCIAS... 18

7 1. INTRODUÇÃO O marco do início das discussões ambientais em nível global foi a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano, conhecida como Conferência de Estocolmo, realizada em 1972, na Suécia. Nesta conferência foi enfatizada a necessidade de criar novos instrumentos para tratar dos problemas ambientais, dentre eles a Educação Ambiental (EA), que foi recomendada a ser trabalhada em um caráter interdisciplinar com o objetivo de preparar o ser humano para viver em harmonia com o meio ambiente (GOTTARDO,2006). No Brasil a Educação Ambiental EA foi reconhecida como política pública somente no ano de 1999, com a criação da lei 9.795, denominada Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA). Esta lei estabelece que a EA deve ser permanente e estar presente em todos os níveis de educação formal e não formal (Art 2 ), e não deve ser um disciplina específica (Art 10 ; 1 ) onde seu conteúdo deve ser abordado de forma perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade, sendo necessário a capacitação dos recursos humanos. Art. 1o Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (Lei 9795/99). Como ferramenta de implantação da PNMA, a Universidade Federal do Paraná, setor litoral, criou o Curso de Espacialização em Educação Ambiental, com o objetivo de capacitar professores e líderes de comunidades para a criação de espaços educadores sustentáveis, propondo aos seus alunos o desenvolvimento de um projeto de intervenção ambiental nas escolas e/ou comunidades. Com o desafio proposto, ficou em evidência o seguinte questionamento: Como transformar as escolas em espaços educadores sustentáveis, respeitando condicionantes políticas, sociais, culturais e ambientais comunidades locais? Como desenvolver esta proposta respeitando o artigo 1 das

8 da PNMA que prevê que a diversidade dos valores devem ser construído pela coletividade? Diante do exposto, este trabalho teve como objetivo iniciar uma discussão democrática com os alunos do Colégio Estadual Porto Seguro, Paranaguá-PR, no intuito de transformar a escola em um espaço educador sustentável, tendo como ponto de partida o conhecimento da realidade da escola e o entendimento da questão ambiental por parte dos alunos, que serviu de base para a construção de uma prática pedagógica embasada nos fundamentos da pedagogia histórico crítica.

9 2. REFERENCIAL TEÓRICO É consenso na comunidade científica a necessidade de mudanças de atitudes da população em relação à exploração dos recursos naturais, desenvolvimento de tecnologias limpas e no repensar dos padrões de consumo e comportamento da população. Porém, qual é o papel da escola neste cenário de mudanças socioambientais? Como educar na perspectivas das mudanças de padrões de consumo? Como superar as contradições de um discurso ambiental e uma realidade de gestão, estrutura, currículo escolar e comunidade em desacordo com os conceitos de sustentabilidade? A escola como um espaço educador, é a principal forma de organização social da sociedade contemporânea no intuito organizar as situações de ensino aprendizagem da população, sendo o local de disseminação e formação de indivíduos e da coletividade ( Borges, 2011). Todos os espaços que se dedicam à realização plena da educação, em todas as suas formas, podem ser chamados de espaços educadores. Um espaço educador é aquele que concretiza situações de ensinoaprendizagem intencionalmente, ou seja, espaços que assumem a responsabilidade de educar. Para alcançar esse objetivo, os espaços educadores dialogam com a realidade dos aprendentes e se constituem em referências de seus valores para a comunidade (Borges, 2011). Com as problemáticas ambientais em voga, a escola como espaço educador não deve fica ausente deste assunto, sendo essencial para o pleno desenvolvimento de toda comunidade escolar a implantação das premissas ambientais em todo seu espaço, que vai desde a discussão a mudanças em nível estrutural, gerenciamento, currículo escolar e ação na comunidade (Moreira,2011). Para implementar as problemáticas ambientais em seu ambiente, a escola deve se apropriar dos fundamentos e conceitos do desenvolvimento sustentável, criando em todo seu contexto a escola como um espaço educador sustentável.

10 Espaços educadores sustentáveis são aqueles que têm a intencionalidade pedagógica de se constituírem em referências de sustentabilidade socioambiental, isto é, espaços que mantêm uma relação equilibrada com o meio ambiente e compensam seus impactos com o desenvolvimento de tecnologias apropriadas, de modo a garantir qualidade de vida para as gerações presentes e futuras. Permitindo maior qualidade de vida, esses espaços educam por si e irradiam sua influência para as comunidades nas quais se situam (Borges, 2011). As escolas devem ser um espaço para toda a comunidade escolar de vivência concreta da sustentabilidade. Uma escola sustentável é aquela que transforma seus hábitos e sua lógica de funcionamento, tornando-se referencia de vida sustentável para a comunidade. Por isso é fundamental a criação de políticas públicas de educação para transformação da escola que hoje é visualizada como um espaço de educação para um espaço de educação sustentável. Esta transformação não deve ser implementada de forma vertical ou sendo imposta por professores ou gestores escolares, ela deve ser discutida exaustivamente em todo ambiente escolar e na comunidade local, devendo ser uma prática pedagógica fundamentada em conceitos de democracia, cidadania e coletividade. Na perspectiva de transformação de um ambiente escolar em um espaço educador sustentável, a pedagogia histórico crítica é uma prática pedagógica essencial, pois seu método visa estimular a iniciativa de toda comunidade escolar, favorece o diálogo entre os alunos, sem deixar de lado o conhecimento historicamente acumulado pela sociedade e sem perder de vista a sistematização lógicas do conhecimento (Gasparin e Petenucci, 2014). Nas duas últimas décadas a Pedagogia Histórico - Crítica tem sido citada como uma perspectiva educacional que visa resgatar a importância da escola e a reorganização do processo educativo. Porém, percebemos que os conhecimentos que a maioria dos educadores possuem sobre esta são superficiais, dificultando assim a sua implementação como metodologia de ensino. (Gasparin e Petenucci, 2014).

11 GASPARIN (2005) estrutura cinco passos para implantação da pedagogia histórico crítica na prática pedagógica. 1º Passo - Prática Social Inicial.: Tem seu ponto de partida no conhecimento prévio do professor e dos educandos. É o que o professor e alunos já sabem sobre o conteúdo, no ponto de partida, em níveis diferenciados. 2º passo: Problematização: Consiste na explicação dos principais problemas postos pela prática social relacionados ao conteúdo que será tratado. 3º passo: Instrumentalização: Se expressa no trabalho do professor e dos educandos para a aprendizagem, o professor apresenta aos alunos através de ações docentes adequadas o conhecimento científico, formal, abstrato. 4º passo: Catarse. É a expressão elaborada de uma nova forma para entender a teoria e a prática social. Neste momento o educando faz um resumo de tudo o que aprendeu, segundo as dimensões do conteúdo estudadas. 5º passo: Prática social final - novo nível de desenvolvimento atual do educando, consiste em assumir uma nova proposta de ação a partir do que foi aprendido.

12 3. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO 3.1 A PRATICA PEDAGÓGICA INICIAL O projeto de intervenção não foi planejado previamente, ele surgiu de forma espontânea em uma turma do 2º ano do ensino médio na disciplina de Geografia, do Colégio Estadual porto Seguro em Paranaguá. Naquele momento estava sendo estudado as questões de transformações dos espaços urbanos e quando este assunto foi contextualizado na realidade local, foi realizado uma tentativa de construir a percepção dos alunos frente a comunidade onde eles moram, sendo evidenciados os seguintes pontos: - A comunidade esta em crescente expansão imobiliária no município, onde diversos moradores de bairros em áreas de risco estão sendo deslocados para a comunidade, causando conflitos culturais e econômicos. - A comunidade apresenta divergência em relação ao projeto de urbanização, onde alguns bairros apresentam um planejamento urbanístico organizado e outros são áreas de invasão; - Problemáticas ambientais são vistos em todo entorno da comunidade, como ocupação de áreas a beira de rios, falta de saneamento e lixos jogados pela rua. A partir da discussão da problemática ambiental, foi levantada a questão da importância da escola no enfrentamento das questões ambientais da comunidade e a necessidade de transforma - lá em um local de referência. Para que isto ocorra é de extrema importância o entendimento da escola como um espaço educador sustentável, onde a partir da perspectiva das bases do ambiente escolar a comunidade possa criar mecanismos para mudança da realidade local. 3.2 A CRIAÇÃO DE UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO Mais quais são os caminhos para a transformação do colégio Porto Seguro em espaço educador sustentável?

13 Primeiramente foi fundamental perceber que uma proposta de mudança não poderia ser definida apenas no âmbito da direção pedagógica e professores, esse diálogo deveria ser discutido na base e principalmente com os alunos, as condicionantes políticas, sociais, culturais e ambientais das comunidades local devem ser relevantes, ou seja, a construção deve ser realizada pela coletividade escolar. Como conhecimento teórico, foi mostrado para os alunos a série Espaços educadores Sustentáveis, da TV Escola. Este vídeo pretendeu mostrar que é possível transformar as escolas em espaços educadores sustentáveis. Por meio de ações relativamente simples, as escolas têm encontrado maneiras criativas e acessíveis de se aproximarem do ideal de sustentabilidade. A série visa dar visibilidade a essas iniciativas e fornecer aportes técnicos para consolidá-las e fortalecê-las, de forma que deixem de ser ações isoladas e se tornem uma prática sistemática e difundida por todo o país (TV escola, 2014). A partir desta discussão inicial ficou decidido que os alunos do 2 ano iriam realizar um diagnóstico das problemáticas e potencialidades ambientais na escola e desenvolver uma proposta de sustentabilidade para apresentação em sala de aula. 3.3 DIAGNÓSTICO DAS PROBLEMÁTICAS E POTENCIALIDADES AMBIENTAIS NA ESCOLA. A aula iniciou com os alunos percorrendo as dependências da escola e identificando as problemáticas e potencialidades ambientais, sendo identificados os seguintes aspectos: - Falta de coleta seletiva de resíduos sólidos; - Comida Industrializada - Lixos jogados no pátio da escola; - Falta de áreas verde; - Desperdícios de energia -Desperdício de água

14 Figura 01: Resíduos sólidos jogados pelo pátio da escola 3.4 PROPOSTAS DE PROJETOS POR PARTE DOS ALUNOS Após o diagnóstico, foi definido que a turma iria apresentar diversas propostas de intervenções ambientais na escola com o objetivo de transformação de seu espaço em espaço educador sustentável. Esta prática tornou-se interessante pois trouxe a possibilidade de avaliar qual a dimensão do termo sustentabilidade por parte deles e como eles imaginam o seu espaço transformado. Os projetos propostos foram: - Projeto ecolata: tem como objetivo a arrecadação de latinhas de alumio pela escola, para gerar recursos que serão aplicados em atividades sustentáveis. - Projeto de Arborização: A criação de um ambiente externo com árvores para ser aproveitado como local de estudo; -Projeto de Economia de água: Utilizar as calhas para capacitação da água da chuva para lavar calçadas, banheiros, molhar a horta etc. - Resíduos sólidos: A instalação de lixeiras ecológicas para separação dos resíduos sólidos na escola e a conscientização para não jogar no chão.

15 - Projeto de leitura: arrecadação de livros na comunidade para enriquecer a biblioteca da escola; - Economia de energia: Conscientizar toda a comunidade escolar em apagaras luzes e desligar os ventiladores quando os ambientes estiverem desocupados. Figura 02: Local escolhido para o projeto de arborização. 3.5 EXPANSÃO DO DIÁLOGO PARA TODA A COMUNIDADE ESCOLAR Após a apresentação dos trabalhos, foi aberto uma discussão da importância de expansão deste diálogo para toda a comunidade escolar, onde foi dado ênfase pelo professor que todo esse processo de transformação da escola em um espaço educador sustentável deve ser realizado de forma lenta e democrática e que a construção da idéia de sustentabilidade deve ser construído pelo coletivo, conforme previsto pelo art 1 da lei 9795/99 (PNMA), onde algumas propostas foram definidas; - Conferência ambiental: Foi proposto a organização de um evento que vise discutir com toda a comunidade escolar (alunos, professores, funcionários e pais), como transformar o colégio em um espaço educador sustentável. - Conselho escolar de meio ambiente: Terá a mesma importância do grêmio estudantil, Associação de Pais, mestres e funcionários (APMF) e

16 conselho escolar, onde as decisões tomadas na escola devem ser discutidas ambientalmente por este conselho.

17 4. CONCLUSÃO O projeto de intervenção, trouxe para a escola o debate de sua transformação que vai além de um espaço educador, e sim um local de referencia ambiental em todo a comunidade. A escola deve respirar e agir conforme os preceitos ambientais. Mostrou que esse processo não deve ser imposto a escola por pequenos grupos e sim deve ser discutido com a coletividade, pois a concepção de sustentabilidade bem como as atitudes para a transformação de seus espaços pode variar conforme o ambiente escolar e o momento histórico do local, ou seja, cada escola deve ir em busca de sua sustentabilidade. Os fundamentos da pedagogia histórico critica, se mostra uma ferramenta pedagógica ideal para a transformação da escola em espaço educador sustentável, pois ela permite que as mudanças iniciem a partir da percepção da realidade local e abre caminho para uma mudança embasada no conhecimento que vai além do censo comum.

18 REFERÊNCIAS BORGES C. O que são espaços educadores sustentáveis. In: Espaços educadores sustentáveis: Série Salto para o futuro, Ano XXI Boletim 07 - Junho 2011. BRASIL; LEI N o 9.795, DE 27 DE ABRIL DE 1999, Política Nacional do Meio Ambiente. GASPARIN, J. L. Uma Didática para a Pedagogia Histórico-Crítica. 3. ed. Campinas: Autores Associados, 2005. GASPARIN, J. L.; PETENUCCI, M. C.; Pedagogia histórico crítica: da teoria à prática no contexto escolar. Acesso em 02/02/2014 em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br /portals/pde/arquivos/2289-8.pdf GOTTARDO, R. A comunicação ambiental na universidade: uma estratégia de informação ambiental, 2006. Acesso no site: http://economni.com.br/pdfs/comunicacao_ambiental_na_universidade.pdf Moreira T. Escola sustentável: currículo, gestão e edificação In: Espaços educadores sustentáveis: Série Salto para o futuro, Ano XXI Boletim 07 - Junho 2011.