16º CONEX - Encontro Conversando sobre Extensão na UEPG Resumo Expandido Modalidade C: Apresentação de pesquisas advindas da extensão universitária

Documentos relacionados
INGLÊS LÍNGUA FRANCA E IDENTIDADE SOCIAL DE GÊNERO: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

GT: 7 - DESENVOLVIMENTO E CIDADANIA INGLÊS LÍNGUA FRANCA E IDENTIDADE SOCIAL DE GÊNERO: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1

PALAVRAS-CHAVE Inglês como Língua Franca. World English. Ensino/Aprendizagem.

GEPLIS GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM LINGUAGEM E IDENTIDADES SOCIAIS

COLEÇÃO DE LIVROS DIDÁTICOS DE INGLÊS: O PROCESSO DE SELEÇÃO FEITO PELO CURSO DE LINGUAS PARA COMUNIDADE (CLEC) DA UEPG.

NUREGS NÚCLEO DE RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS, DE GÊNERO E SEXUALIDADE

Identidades sociais de gênero em livros didáticos de língua inglesa sob um viés do Inglês como Língua Franca

15. CONEX Resumo Expandido - ISSN

INGLÊS COMO LÍNGUA FRANCA: ENSINO-APRENDIZAGEM E FORMAÇÃO DE PROFESSORES. English as a Lingua Franca: teaching and learning and teacher education

ESTUDOS SOBRE A LINGUA INGLESA E A NOÇÃO DE LÍNGUA INTERNACIONAL. Palavras-chave: Língua inglesa.; Língua internacional; Práticas pedagógicas.

POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES DO LIVRO DIDÁTICO UTILIZADO NO CLEC INGLÊS DA UEPG.

SURDOS E OUVINTES EM UMA SALA DE AULA INCLUSIVA: INTERAÇÕES SOCIAIS, REPRESENTAÇÕES E CONSTRUÇÕES DE IDENTIDADES

ENSINANDO UMA LÍNGUA ESTRANGEIRA PARA ALUNOS SURDOS: SABERES E PRÁTICAS

e-scrita ISSN

GÊNERO E RENDIMENTO ESCOLAR: UM ESTUDO DE CASO DA UNIDADE MUNICIPAL DE ENSINO THEREZINHA DE JESUS SIQUEIRA PIMENTEL, SANTOS (SP)

CURRICULUM VITAE (resumido)

O MITO DO FALANTE NATIVO E A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE DE FUTUROS PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA CONSELHO EDITORIAL

O sotaque do falante nativo e a aula de inglês como língua estrangeira no contexto universitário

Adriane Silva de Oliveira

Green ideas to preserve the planet: Environmental Literacy?

VI Seminário de Iniciação Científica SóLetras ISSN METODOLOGIA DE ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA POR DIANE LARSEN FREEMAN

O ENSINO DE ESPANHOL E INGLÊS EM PONTA GROSSA: UMA PARCERIA ENTRE ESCOLAS PÚBLICAS E A UNIVERSIDADE

1. A comunicação e a argumentação em sala de aula

ABORDAGENS PRAGMÁTICAS SOBRE LINGUAGEM E ENSINO : RESULTADO DAS AÇÕES

Apresentação Vertentes & Interfaces II

IDENTIDADES DE RAÇA, GÊNERO E SEXUALIDADE NAS AULAS DE LÍNGUA INGLESA: BUSCA PELA BIBLIOTECA DIGITAL BRASILEIRA DE TESES E DISSERTAÇÕES

A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO EDUCACIONAL NO PROCESSO DO ENSINO DE BIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

7 Referências bibliográficas

PROINFO EM ESCOLAS DO CAMPO DO MUNICÍPIO DE VITÓRIA DA CONQUISTA- BA. Eliane Nascimento dos Santos 1 Fátima Garcia 2 INTRODUÇÃO

Autoras e autores. Aparecida de Jesus Ferreira

AS FÁBULAS E OS PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO DO CAMPO: UMA ANÁLISE DO LIVRO DIDÁTICO

O USO DE GÊNEROS TEXTUAIS EM SALA DE AULA: UMA PESQUISA DE CAMPO NUMA ESCOLA MUNICIPAL DE CARUARU-PE

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO PRO-REITORIA DE ENSINO, PESQUISA E PÓS GRADUAÇÃO DIREÇÃO DE ENSINO COORDENAÇÃO DE ENSINO TÉCNICO PLANO DE ENSINO

FORMAÇÃO DE PROFESSORES, LETRAMENTO RACIAL CRÍTICO E A LITERATURA INFANTIL: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

sexo, sexualidade, gênero, orientação sexual e corpo

Letras Língua Inglesa

Resumo Pretendo, nesta pesquisa, apresentar um estudo sobre a posição que a alfabetização ocupa

Inglês básico nível fundamental

10 CBLA Congresso Brasileiro de Linguística Aplicada - ALAB/ Rio de Janeiro Ilha do Fundão Universidade Federal do Rio de janeiro

ANÁLISE DE MATERIAIS DIDÁTICOS DE LÍNGUA INGLESA SOB A PERSPECTIVA DO INGLÊS COMO LÍNGUA FRANCA

FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE MATEMÁTICAS:

Letras Língua Inglesa

Front Matter / Elementos Pré-textuais / Páginas Iniciales

PALAVRAS-CHAVE Abordagem complexa. Pedagogia do pós-método. Teoria da complexidade. Estágio supervisionado.

A SOCIOLINGUÍSTICA E O ENSINO DE LINGUA PORTUGUESA: UMA PROPOSTA BASEADA NOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS

Letras Língua Inglesa

Apresentação. panorâmica do inglês trinitário, falado na República

PALAVRAS-CHAVE World English. Ensino de Inglês. PIBID. Multiletramento.

COORDENAÇÃO DE LETRAS PORTUGUÊS E INGLÊS PLANO DE CURSO

Letras Língua Inglesa

O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO BRASIL IMPLICAÇÕES POLÍTICAS E CULTURAIS 1

Inglês IV. plano de ensino. Ementa. Objetivos Gerais. UA 01 Company facts. UA 02 Telephoning in English

Plano de Ensino. Identificação. Câmpus de Bauru. Curso 2503L - Licenciatura em Artes Visuais. Ênfase. Disciplina A - Didática

A UTILIZAÇÃO DA PRONÚNCIA ESCRITA NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA

OS SABERES DOCENTES: AS CONCEPÇÕES DE PROFESSORAS DA REDE MUNICIPAL DO RECIFE

A Perspectiva Do Inglês Como Língua Franca E Suas Implicações Pedagógicas

2 HORÁRIO DAS AULAS DIA DA SEMANA HORÁRIO CRÉDITOS Quarta-Feira 18h10 as 22h30 05 Quinta-Feira 18h10 as 21h40 04

Pensando a Didática sob a perspectiva humanizadora

ANÁLISE DOS CURRÍCULOS DOS CURSOS DE GEOGRAFIA E PEDAGOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE FURG NA BUSCA DAS QUESTÕES DE GÊNERO

ARTICULAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA DA ABORDAGEM COMPLEXA DE ENSINO E DE APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS NO ENSINO FUNDAMENTAL/MÉDIO: FOCO NO INGLÊS E FRANCÊS

Escrito por Davi Eberhard - SIL Dom, 10 de Abril de :47 - Última atualização Qui, 14 de Abril de :19

CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS PORTUGUÊS/INGLÊS PROGRAMA DE DISCIPLINA E DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO PLANO DE ENSINO

12. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 1 FORMAÇÃO CONTINUADA EM LÍNGUA ESTRANGEIRA: NÚCLEO DE ASSESSORIA PEDAGÓGICA EM FOCO

CURSO DE MESTRADO CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO PESQUISA EM EDUCAÇÃO

O ENSINO DE HISTÓRIA E O LIVRO DIDÁTICO EM FONTES DE INFORMAÇÃO DISPONÍVEIS EM MÍDIAS DIGITAIS

A IMPORTÂNCIA DO MATERIAL BILINGUE PARA FORMAÇÃO DO PROFESSOR

XVIII ENDIPE Didática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira

A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM: CONTRIBUIÇÕES NA FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

NUREGS NÚCLEO DE RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS, DE GÊNERO E SEXUALIDADE

Práticas linguísticas, currículo escolar e ensino de língua: um estudo inicial.

Letras língua Espanhola

PROGRAMA DE ENSINO. CÓDIGO DISCIPLINA OU ESTÁGIO SERIAÇÃO IDEAL/PERÍODO 1107 Pesquisa em Educação Científica II 4ª série

PLANO DE ENSINO. CARGA HORÁRIA: 60 h/a Período Letivo PROFESSORA: Caroline Kern Contato

Aula4 TALKING ABOUT GROUPS. Fernanda Gurgel Raposo

PROGRAMA DE ENSINO. Área de Concentração Educação. Aulas teóricas: 04 Aulas práticas: 02

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DA LÍNGUA JAPONESA DO PONTO DE VISTA MOTIVACIONAL

O LIVRO DIDÁTICO ENSINA A LER? A FORMAÇÃO DO LEITOR NAS AULAS DE LÍNGUA INGLESA

UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA. Programa da Unidade Curricular INGLÊS Ano Lectivo 2013/2014

INGLÊS INSTRUMENTAL: uma abordagem.

IDENTIDADES DE GÊNERO, RAÇA E SEXUALIDADE E O ENSINO- APRENDIZADO DE LÍNGUA INGLESA: REFLEXÕES TEÓRICAS

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA POLÍTICA

UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA. Programa da Unidade Curricular INGLÊS Ano Lectivo 2013/2014

A Noção de Lingüística Aplicada como Ciência Horizontal com Interseções. O que hoje se entende por Lingüística Aplicada (LA) ainda é algo sem limites

TÍTULO: OS DESAFIOS DA GESTÃO DEMOCRÁTICA NAS ESCOLAS PÚBLICAS DA REGIÃO MÉDIO PARAÍBA

Ensino, pesquisa e extensão: Uma análise das atividades desenvolvidas no GPAM e suas contribuições para a formação acadêmica

O LUGAR DA PROSÓDIA NO CONCEITO FLUÊNCIA DE LEITURA

PROGRAMA DE DISCIPLINA. Ementa

O TRABALHO COM A ORALIDADE: CONCEPÇÕES DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL II A RESPEITO DA FALA PÚBLICA

PROELI- PROGRAMA DE EXTENSÃO EM LÍNGUA INGLESA CECULT/NUVEM/UFRB: NARRATIVAS DO INÍCIO DA TRAJETÓRIA

Diferença ou Deficiência? - Um projeto de leitura e produção textual em Língua Portuguesa

PLANO DE CURSO 1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:

ANEXO III PONTOS PARA PROVA ESCRITA E DIDÁTICA

A Linguística de Corpus no ensino de línguas materna ou estrangeira ANDRÉA GEROLDO DOS SANTOS XII SEMANA DE FILOLOGIA FFLCH -USP

Ingrid Janaína dos Santos Ferreira 1 ; Paulo Cézar Pereira Ramos 2 ; Maria Aparecida dos Santos Ferreira 3 INTRODUÇÃO

NUREGS NÚCLEO DE RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS, DE GÊNERO E SEXUALIDADE: PROPOSIÇÕES 1

A ESTRATÉGIA DE APRENDIZAGEM: PORTFÓLIO REFLEXIVO NO ENSINO DE CIÊNCIAS

Uma investigação reflexiva sobre uma abordagem de ensino-aprendizagem baseada em gêneros discursivos: o caso de turma 601

Transcrição:

1 ÁREA TEMÁTICA: ( ) COMUNICAÇÃO ( ) CULTURA ( ) DIREITOS HUMANOS E JUSTIÇA ( x ) EDUCAÇÃO ( ) MEIO AMBIENTE ( ) SAÚDE ( ) TECNOLOGIA E PRODUÇÃO ( ) TRABALHO IDENTIDADE DE GÊNERO E INGLÊS LÍNGUA FRANCA EM UMA COLEÇÃO DE LIVROS DIDÁTICOS DE LÍNGUA INGLESA Jessica Martins de Araujo 1 Aparecida de Jesus Ferreira 2 Resumo: Este trabalho apresenta resultados de uma análise de livros didáticos de Língua Inglesa. O que interessou ao realizar a análise foi perceber as identidades das pessoas que ali estavam representadas, no que diz respeito ao gênero e à nacionalidade. Nesse caso, se as pessoas são ou não falantes nativas de Inglês. Para isso, trazemos a definição de inglês língua franca e de identidade de gênero. A metodologia empregada foi a análise documental e pesquisa qualitativa. Os resultados apontam para uma desigualdade na representação homens e mulheres. Além disso, a maioria das pessoas que aparecem no livro são nativas, ou seja, nascidas em países nos quais o Inglês é a primeira língua (língua materna). Esta pesquisa faz parte dos trabalhos desenvolvidos pelo NUREGS (Núcleo de Relações Étnico-Raciais, de Gênero e Sexualidade) da UEPG e é um recorte de pesquisa de mestrado em andamento e será utilizado no Programa de Extensão NUREGS uma oficina para os professores da rede pública de ensino e alunos dos cursos de graduação em Letras para utilizarem nas suas análises de livro didáticos, como uma das atividades do NUREGS pensando em atingir a comunidade interna da UEPG e externa. Palavras-chave: Identidades. Língua franca. Livro didático. Inglês. INTRODUÇÃO Esta pesquisa é fruto de reflexões levantadas no NUREGS (Núcleo de Relações Étnico-Raciais, de Gênero e Sexualidade) da UEPG. Abaixo, estão as definições necessárias para construir o referencial teórico: É importante destacar os círculos propostos por Kachru (1985) dos Ingleses falados ao redor do mundo. De acordo com a divisão do autor, temos três círculos: o primeiro (Inner Circle) é constituído por países onde o Inglês é a língua materna/primeira. O segundo círculo (Outer Circle) é constituído por países que utilizam o Inglês como segunda língua, (o Inglês é uma língua oficial e também existe a língua nativa desse lugar). Existe ainda, um terceiro círculo, (Expanding Circle) do qual fazem parte países que falam o Inglês como língua estrangeira (English as a Foreign Language - EFL). Nos quais, o Inglês não é uma língua 1 Participante do NUREGS, mestranda em Estudos da Linguagem/UEPG, jeh09.araujo@gmail.com 2 Pesquisadora do NUREGS, Departamento de Estudos da Linguagem, aparecidadejesusferreira@gmail.com

oficial, sendo o caso do Brasil, por exemplo. É a partir dessa divisão que fazemos a análise do livro didático 3, conforme pode ser observado nas tabelas. Definindo Inglês como língua franca (língua global), Crystal (2003), assegura que uma língua global pode ser assim reconhecida ao adquirir um papel especial reconhecido em qualquer país. Se o Inglês fosse apenas língua-mãe, ele não ganharia esse status de global. Crystal (2003), afirma ainda que, pelas evidências dos últimos anos, a posição do inglês como língua global está se tornando mais forte. Portanto, devido a essa expansão, o Inglês não pode ser visto como pertencido a uma única nação, tal questionamento também foi feito por Seidlhofer (2001). É dessa forma que pensamos que a língua deveria estar representada no livro, como uma língua global e não apenas dos países que a tem como língua primeira. Definindo identidade de gênero, trazemos as palavras de Auad (2003, p.142), este conjunto gênero corresponderia aos significados, símbolos e atributos que, construídos histórica e socialmente, caracterizam e diferenciam, opondo o feminino e o masculino. Ou seja, o gênero é construído ao longo do tempo: ele não pode ser definido somente com o nascimento de um sujeito, mas ao longo de toda a sua vida (LOURO, 2008), pois a construção do gênero é um processo sempre inacabado, não é ato único, e sim, fruto de construções sociais estabelecidas (AUAD, 2003; LOURO, 2008; PEREIRA, 2013; TÍLIO, 2012), as quais ressaltam as diferenças, fabricando, muitas vezes, identidades para homens e mulheres. 2 OBJETIVOS Observar as pessoas representadas nos livros analisados, verificando suas nacionalidades e o gênero social. METODOLOGIA A análise documental trata-se de uma técnica exploratória (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 38) e é realizada em documentos. Considerando o livro didático como um documento, essa metodologia é importante para guiar esse trabalho. Além de se tratar de uma pesquisa qualitativa, a qual tem caráter interpretativo de acordo com Flick (2009, p. 23). Essa análise ocorreu no período final de 2017, dentro do NUREGS. RESULTADOS 3 Os livros analisados são da coleção American English File v. 1, 2 e 3 (LATHAM-KOENIG; OXENDEN; SELIGSON, 2013, 2014)

Abaixo, trazemos as tabelas de análise do livro didático. Começando pelo livro 1, em todos eles, trazemos uma tabela sobre o gênero e a nacionalidade (os círculos) das pessoas. 3 Tabela 1: Gênero e Circles/livro 1 Gênero Inner Circle Outer Circle EFL Total Homens 28 0 9 37 Mulheres 28 1 6 35 Total 56 1 15 72 Fonte: American English File 1 (LATHAM-KOENIG; OXENDEN; SELIGSON, 2013), organização das autoras. De 72 pessoas representadas, 37 são homens e 35 são mulheres. Há uma pequena diferença, porém ainda existe. Desses 37 homens, 28 deles nasceram em países que falam o inglês como primeira língua. É importante destacar que desses 28, 21 são dos Estados Unidos, tendo em vista que o livro é Americano. Kalva (2012, p. 109) já alertou que na versão britânica desse mesmo livro, a nacionalidade britânica era enfatizada. A autora até questiona se o mesmo acontece na versão americana, aqui podemos constatar que sim. A nacionalidade estadunidense também é enfatizada entre as mulheres, visto que das 28 mulheres do Inner Circle 4, 20 delas são dos Estados Unidos. Há apenas uma pessoa no Outer Circle, ou seja, que tenha nascido em países nos quais o Inglês é uma língua oficial, porém não é a única falada no lugar, caso das Ilhas Cayman, país de origem da pessoa mencionada. Em comparação com as pessoas do Inner Circle, a representação de pessoas nos demais círculos é extremamente pequena. Tabela 2: Gênero e Circles/livro 2 Gênero Inner Circle Outer Circle EFL Total Homens 13 2 3 18 Mulheres 9 1 1 11 Total 22 3 4 29 Fonte: American English File 2, (LATHAM-KOENIG; OXENDEN; SELIGSON, 2013), organização das autoras De 29 pessoas representadas, 18 são homens e 11 são mulheres. Da mesma forma que ocorreu na tabela 8 acima, vemos novamente a maioria de homens representados. Repete-se 4 Considerar o círculo de Kachru (1985) como referência não significa que coloca-se os falantes nativos no centro do círculo, apenas o trazemos por considerá-lo um dos pioneiros no assunto e também por acreditar que essa divisão auxilia no momento de fazer uma análise. Essa válida crítica é levantada por Fernandes (2009, p. 11) em sua dissertação de mestrado. Jordão (2014, p. 23) também menciona que há uma crítica dessa centralidade no nativo/a, mas concluiu a utilidade da referência dos círculos. Kirkpatrick (2007, p. 28), também menciona essa crítica, contudo ele conclui que mesmo nos países nativos fala-se muitas variedades do inglês, (como nos outros círculos), então não é possível pensar que esse deve ser o padrão a ser seguido pelos demais círculos.

também a maioria de pessoas no Inner Circle, assim como ocorreu no livro 1, conforme vemos na tabela 8, acima. De 22 pessoas no Inner Circle, 11 são dos Estados Unidos, outra vez a nacionalidade estadunidense é evidenciada em um material que é utilizado por pessoas do mundo todo 5 que querem aprender Inglês, mas não conseguem ver suas identidades representadas de maneira mais forte. Esse fato pode, segundo Baladeli, (2014, p. 233) afetar a identificação que o/a aprendiz tem com a língua que está aprendendo. Concordamos com Santos e Ribeiro (2017, p. 67) quando elas afirmam que os contextos de países do Inner Circle não devem ser abolidos dos livros, afinal, o Inglês Língua Franca também conta com a participação desses. Porém há um número muito desigual nessas representações. Ainda conforme as autoras, falantes de Língua Inglesa fora do Inner Circle são apenas representados aos discentes como uma informação acessória (p. 67). 4 Tabela 3: Gênero e Circles/livro 3 Gênero Inner Circle Outer Circle EFL Total Homens 30 0 5 35 Mulheres 10 0 3 13 Total 40 0 8 48 Fonte: American English File 3, (LATHAM-KOENIG; OXENDEN; SELIGSON, 2014), organização das autoras. O fato de não haver nenhuma pessoa no Outer Circle pode significar que os países que são ex-colônias (KIRKPATRICK, 2007, p. 27) não possuem o mesmo prestígio do país colonizador, por exemplo. Ou seja, a língua Inglesa falada nesses países parece não ser a legitimada e consequentemente, os/as falantes também não o são. Além disso, novamente vemos a maioria de homens representados, assim como aconteceu nos livros 1 e 2 e conforme vem ocorrendo em livros didáticos, de acordo com o mapeamento realizado por Ferreira (2014, p. 97), no qual a autora cita o lugar majoritário que homens ocupam nesses materiais que é para acesso de todas as pessoas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com as análises, foi possível perceber que o livro não traz uma visão global do uso do Inglês, mesmo parecendo propor isso, pelas palavras trazidas na capa: Get everyone talking. In class. Everywhere. (Todos falam. Na sala de aula. Em todo lugar.) (tradução nossa). 5 Na capa dos livros encontramos as frases: Get everyone talking. In class. Everywhere. (Todos falam. Na sala de aula. Em todo lugar.) Tradução nossa. O que parece trazer a ideia do alcance mundial que os livros possuem.

Porém, não há uma representação igualitária de falantes de Inglês ao redor de todo o mundo. Essas contribuições são importantes para o NUREGS, pois o grupo estuda identidades, além de poder contribuir com demais pesquisadores/as que se interessam pelos temas, de forma interseccionada. 5 APOIO: CAPES (bolsa concedida à mestranda em estudos da linguagem UEPG, processo número 1700233) REFERÊNCIAS AUAD, Daniela. Educação para a democracia e co-educação: apontamentos a partir da categoria gênero. REVISTA USP, São Paulo, n.56, p. 136-143, 2003. BALADELI, Ana Paula Domingos. Questões de Identidade em sala de aula: que sentidos de brasilidade apresentam os Livros Didáticos? In: FERREIRA, Aparecida de Jesus. (org.). As políticas do Livro Didático e Identidades Sociais de Raça, Gênero, Sexualidade e Classe em Livros Didáticos. Campinas: Pontes Editores, 2014. p. 225-242. CRYSTAL, David. English as a global language. 2º edição. Reino unido: Universidade de Cambridge, 2003. FERNANDES, Renata Kelli Modesto. Inteligibilidade e inglês como língua internacional. Um estudo de caso da pronúncia de palavras em ed produzidas por falantes brasileiros. 2009, 113 f. Dissertação (Mestrado em Estudos Ingleses e Americanos LA). Universidade de Lisboa, 2009. FERREIRA, Aparecida de Jesus. Identidades Sociais de Raça, Gênero, Sexualidade e Classe nos Livros Didáticos de Língua Estrangeira na Perspectiva da Linguística Aplicada. In:. (org.). As políticas do Livro Didático e Identidades Sociais de Raça, Gênero, Sexualidade e Classe em Livros Didáticos. Campinas: Pontes Editores, 2014. p. 91-119. FLICK, Uwe. Introdução à pesquisa qualitativa. Tradução de Joice Elias Costa. 3º edição. Porto Alegre: Artmed, 2009. JORDÃO, Clarissa Menezes. ILA ILF ILE ILG: Quem dá conta? RBLA, Belo Horizonte, v. 14, n. 1, p. 13-40, 2014. KACHRU, Braj B. Standards, codification and sociolinguistic realism: the English language in the outer circle. In: QUIRK, Randolph.; WIDDOWSON, H. (Eds.). English in the world:

teaching and learning the language and literatures. Cambridge: Cambridge University Press, 1985. p. 11-30. KALVA, Julia. Margarida. Identidade nacional e língua franca: negociações no processo de ensino e aprendizagem de inglês. 2012. Dissertação (Mestrado em Linguagem, Identidade e Subjetividade) Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, 2012. 6 KIRKPATRICK, Andy. World Englishes Implications for international communication and English language teaching. Cambridge University Press, 2007. LATHAM-KOENIG, Christina; OXENDEN, Clive; SELIGSON, Paul. American English File 1, (student s book). Oxford University Press, 2º ed., 2013.. American English File 2, (student s book). Oxford University Press, 2º ed., 2013.. American English File 3, (student s book). Oxford University Press, 2º ed., 2014. LOURO, Guacira Lopes. Gênero e sexualidade: pedagogias contemporâneas. Pro-Posições, v. 19, n. 2, p. 17-23, maio/ago. 2008. LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986 PEREIRA, Ariovaldo Lopes. Representações de Gênero em livros didáticos de língua estrangeira: Discursos gendrados e suas implicações para o ensino. In: ; GOTTHEIM, Liliana. (orgs.). Materiais didáticos para o ensino de língua estrangeira: Processos de criação e contextos de uso. v.1.campinas/sp: Mercado de Letras, 2013, p.113-146. SANTOS, Jacyara no dos; RIBEIRO, Maria D ajuda Alomba. A representação do Inglês como Língua Franca no Livro Didático do Ensino Médio. Revista a Cor das Letras. V. 18, n. especial, p. 54-73, out./dez., 2017 SEIDLHOFER, Barbara. Closing a conceptual gap: the case for a description of english as a lingua franca. International Journal of Applied Linguistics, Oslo, v. 11, n. 2, p. 133-158, 2001. TILIO, Rogério. A construção social de gênero e sexualidade em livros didáticos de inglês: que vozes circulam. In: FERREIRA, Aparecida de Jesus (org.). Identidades sociais de raça, etnia, gênero e sexualidade: práticas pedagógicas em sala de aula de línguas e formação de professores/as. Campinas: Pontes, 2012, p.121-144.