COP Comissão de Obras Públicas ANEXO 4 Painel Parceria Institucional com o TCU visando o Aprimoramento das Condições Licitatórias e de Execução Contratual Questões a serem colocadas e debatidas 1. A realidade que predomina amplamente nas licitações de obras públicas no país envolve uma série de procedimentos, dentre os quais destacamos: a) O contratante publica a licitação apresentando, muitas vezes, projeto básico inadequado e/ou incompleto. b) O orçamento de referência (do contratante) bem como a proposta orçamentária dos interessados, devem obedecer como limite superior de preços, aqueles constantes das tabelas dos Sistemas SINAPI ou SICRO. c) Como Tabelas Gerais de Preços, SINAPI e SICRO não espelham a exata realidade dos empreendimentos a serem contratados, seja em relação ao preço dos serviços, seja em relação à composição unitária dos serviços (tipos de equipamentos, coeficientes técnicos), e principalmente, em relação à especificidade de cada obra. d) Os valores aplicados sobre a mão de obra, normalmente adotados como piso salarial não representam a realidade do mercado, além de desconsiderarem adicionais constantes de convenções coletivas de trabalho.
e) Feito o julgamento das propostas apresentadas, o vencedor assina contrato com a administração, caracterizando assim o ato jurídico perfeito e acabado, assumindo as responsabilidades de execução do objeto pelo preço aprovado. f) Mesmo cumprindo as determinações físicas e financeiras pactuadas, as empresas têm sofrido fiscalização do TCU que passa a verificar se os equipamentos utilizados na obra são os mesmos indicados nas composições unitárias de preços das propostas; se o preço de aquisição dos insumos correspondem àqueles indicados no orçamento; se as distâncias para o transporte de insumos ocorrida em campo correspondem às distâncias previstas nas composições de preços unitários entre outros aspectos do gênero. Resumindo, os projetos não têm espelhado a realidade a ser executada, as propostas são limitadas aos orçamentos de referência, que desconsideram as especificidades de cada obra, sacrificando a Engenharia de Custos. O lucro é tabelado. Os contratos, oriundos de certames legais, sofrem interferência a qualquer momento, sendo literalmente auditados em relação ao seu custo, e não aos preços ofertados. Pergunta: A fiscalização do TCU não deveria restringir-se a auditar os certames licitatórios e a verificar se o objeto contratado foi ou está sendo executado dentro dos padrões de qualidade, de prazo e de preço pactuados inicialmente entre as partes? 2. É muito comum que obras já com ordem de início de serviços, portanto já em andamento, tenham suas atividades paralisadas (total ou parcialmente) por questões de responsabilidade exclusiva do órgão contratante (falta de desapropriação e relocação necessária; falta de liberações ambientais; falta de liberação ou de desapropriação de jazidas; revisão de projeto; entre outras).
Tais paralisações fazem com que toda uma administração, equipamentos e equipes de trabalhadores fiquem sem atividade durante um período, por vezes bem expressivo o que provoca, via de regra, aditivos de prazo nas obras sem o correspondente ressarcimento dos ônus financeiros. Pergunta: Como o TCU entende que poderão ser ressarcidos tais ônus, desde que devidamente comprovados? 3. Uma série de levantamentos indica que os prejuízos causados ao erário e principalmente à sociedade, por força da paralisação de obras/contratos, supera em muito a chamada economia aos cofres públicos decorrente das interrupções contratuais determinadas pelo TCU. Muito embora o TCU recomende ao Legislativo a interrupção do contrato, a prática tem mostrado que tal recomendação é suficiente para a paralisação da obra, mesmo que posteriormente não fique comprovada qualquer irregularidade. Pergunta: A execução dos contratos de obras e serviços de engenharia, normalmente exige longo prazo para sua execução. Não seria mais oportuno esgotar quaisquer questionamentos no decorrer dos contratos, sem provocar sua interrupção a partir de indícios que poderão não ser comprovados posteriormente? 4. Diversos Acórdãos do TCU (nºs 325/2007; 1.287/2007; 1.427/2007; 440/2008; 1.685/2008; 1.858/2009 e o recente 2.369/2011) deixam claro que os itens Administração Local, Instalação de Canteiro e Acampamento, e Mobilização e Desmobilização devem constar obrigatoriamente da Planilha Orçamentária, com detalhamento adequado e devidamente motivados. Porém, a maioria dos órgãos contratantes do poder público não tem atendido a esta determinação, especificamente no que tange a Administração Local. Os mesmos Acórdãos estabelecem que da Administração local fazem parte as despesas para atender as necessidades da obra com pessoal técnica, administrativo e de apoio, compreendendo o supervisor, o engenheiro responsável pela obra, engenheiros setoriais, o mestre de
obra, encarregados, técnico de produção, apontador, almoxarife, motorista, porteiro, equipe de escritório, vigias e serventes de canteiro, mecânicos de manutenção, a equipe de topografia, a equipe de medicina e segurança do trabalho, etc... bem como os equipamentos de proteção individual e coletiva de toda a obra, as ferramentas manuais, a alimentação e o transporte de todos os funcionários e o controle tecnológico de qualidade dos materiais e da obra. Apesar disso, a expressiva maioria dos editais de licitações públicas, não apresentam tais custos em suas Planilhas Orçamentárias, incluindo ao BDI uma parcela fixa, irrisória, que absolutamente não cobre suas reais despesas. As empresas por sua vez, estão impedidas de incorporar seus custos ao BDI, pois nas licitações públicas, os preços unitários e global são limitadores. Pergunta: Como seria possível o TCU estabelecer uma diretriz que obrigue os órgãos executivos a cumprirem de forma correta a orçamentação dessas despesas? 5. O RDC Regime Diferenciado de Contratações Públicas, instituído através da Lei nº 12.462 de 05/agosto/2011, foi idealizado para agilizar as obras necessárias a realização da Copa das Confederações 2013, da Copa do Mundo 2014 e das Olimpíadas 2016. O processo de aprovação desse Regime não permitiu uma necessária discussão com os setores envolvidos, dentre os quais o da Construção. Ainda com muito pouca experiência em sua aplicação basicamente três licitações na Infraero (obras nos Aeroportos de Fortaleza, Galeão e Salvador) o governo pretende estender tal Regime para as obras do PAC e do sistema público de ensino fato que tornaria o RDC praticamente a nova Lei de Licitações Públicas. Pergunta 1: Não seria mais seguro para contratantes e contratados além de mais eficaz, o Governo exercitar a aplicação do RDC na contratação de obras de maior vulto ligadas aos eventos esportivos, assim como analisar as contribuições do setor da Construção, com vistas a aprimorar tal modelo (RDC), antes de estender sua aplicação para o PAC?
Pergunta 2: Visando maior segurança e eficácia na aplicação do RDC, a CBIC encaminhou algumas considerações a V.Exa., notadamente as que sugerem a adoção de exigência de garantia adequada nas propostas de preços feitas através de lances sucessivos; a ampliação para no mínimo 180 dias do prazo para apresentação de propostas nas Contratações Integradas; e a reserva dessa modalidade (Contratação Integrada) às obras de maior vulto e complexidade. Qual a opinião de V.Exa. a respeito? 6. As especificidades de cada projeto tipos de serviços, condições da obra, condições regionais, soluções técnicas devem estar refletidas adequadamente nos orçamentos de custos. No entanto, por força da LDO Lei de Diretrizes Orçamentárias, o limite de preços nos orçamentos apresentados em licitações públicas é fixado através dos dois sistemas nacionais de custos unitários, SINAPI e SICRO, ambos reclamando profundo processo de atualização em seus parâmetros. Pergunta: Como o senhor vê a possibilidade de os sistemas SINAPI e SICRO voltarem a representar a Referência para elaboração dos orçamentos de obras a serem contratadas?