Les hidroelèctriques i la transformació del Paisatge Universitat de Lleida La Brazilian Traction en la industrialització del Brasil Alexandre Macchione Saes Departamento de Economia Universidade de São Paulo USP Julho de 2015
La Brazilian Traction en la industrialització del Brasil Apresentação Demanda de energia elétrica: variável chave para o desenvolvimento econômico ao viabilizar os processos de urbanização e industrialização. Oferta de energia elétrica: tanto pela oferta dos serviços, como pela produção de máquinas e equipamentos, foi um setor chave resultado da Segunda Revolução Industrial
La Brazilian Traction en la industrialització del Brasil A Brazilian Traction durante 80 anos esteve intimamente ligada ao desenvolvimento econômico brasileiro (1899-1979) Permitiu a oferta de energia para a iluminação pública e privada, para a modernização do transporte urbano e, ainda, como força motriz para o crescimento industrial; Mas, ao mesmo tempo, a partir do grande poder político e econômico da empresa, sua estratégia de atendimento do mercado brasileiro reforçou uma estrutura desigual tanto entre grupos sociais como entre as regiões brasileiras. O rápido crescimento desses dois mercados de energia (Rio de Janeiro e São Paulo) possibilitava a realização de novos investimentos de porte (...), dotados de crescentes economias de escala e, consequentemente, de uma rentabilidade financeira também crescente. Tratava-se de um processo cumulativo, pois a crescente disponibilidade de energia elétrica a preços relativamente constantes dava origem ao surgimento de economias externas, não apenas para a urbanização, mas também para a industrialização. SZMERCSÁNYI, A era dos trustes e cartéis, 1986.
Uma rápida história da Brazilian Traction 1. A origem da Brazilian Traction, 1899-1930: Constituída como The São Paulo Light & Power Co. (1899), The Rio de Janeiro Light & Power Co. (1904) e São Paulo Electric Co. (1911). Criação da Brazilian Traction Light & Power (1912). Expansão da área de concessão (1920/30): aquisição de quatro empresas no Vale do Paraíba do Rio de Janeiro e de mais quatro no de São Paulo e, finalmente, outras quatro companhias no interior de São Paulo. 2. Grande Depressão e ampliação da demanda, 1930-45: Anos 1930/40: maior regulação do Estado (Código de Águas de 1934; Conselho Nacional de Águas e Energia Elétrica de 1939). Crise financeira internacional e redução do capital disponível para ampliação do parque elétrico.
Uma rápida história da Brazilian Traction (Light) 3. O pacto de clivagem, 1945-1964: Retomada dos investimentos com grande apoio de agências internacionais de financiamento (BIRD e Eximbank). Operações financeiras e técnicas para garantir a ampliação da rentabilidade vs. maior regulação do Estado e crescimento da inflação brasileira. Divisão das atribuições do setor elétrico com o Estado: governo garante a geração de energia e as cias privadas a distribuição. 4. Diversificação dos negócios, 1964-79: Atividades da Brascan, Organização e Investimentos LTDA. (formada em 1958) passam a procurar novos ramos. Anos 1970: início da atuação no setor imobiliário e saída do setor elétrico.
1. A origem da Brazilian Traction: energia elétrica, luz e modernização (1899-1930) Contexto Internacional: Abundância de capital nos mercados centrais Serviços públicos bastante rentáveis: transporte urbano representava cerca de 60% das receitas da Light entre 1900-20. A empresa participou ativamente da modernização das cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Inexistência de regulação federal e plenos poderes para a empresa.
1. A origem da Brazilian Traction: energia elétrica, luz e modernização (1899-1930) ESTRUTURA DUAL, 1920 American & Foreign Power (Natal, Recife, Salvador, Maceió, Vitória, Niterói, Belo Horizonte, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Campinas): 20% da geração da energia elétrica do país em 1930. Fonte: NASA Earth Observatory/NOAA NGDC, 2012. Brazilian Traction (Rio de Janeiro e São Paulo): 50% da geração da energia do país em 1930.
1. A origem da Brazilian Traction: energia elétrica, luz e modernização (1899-1930) As primeiras grandes hidrelétricas brasileiras até a década de 1920 (SP, RJ e BA) Hidroelétricas Fundação kw na fundação kw alcançada (ano) Parnaíba SP (Light) 1902 2.000 16.000 (1912) Alberto Torres RJ (CBEE/Amforp) 1908 9.000 12.000 (1912) Fontes RJ (Light) 1908 12.000 49.000 (1913) Itatinga SP (CBEE/Amforp) 1910 15.000 * Ituparanga SP (Light) 1914 30.000 56.124 (1925) Bananeira BA (CBEE/Amforp) 1921 4.100 11.250 (1924) Fagundes RJ (CBEE/Amforp) 1924 20.000 * Rasgão SP (Light) 1925 22.000 * Cubatão SP (Light) 1927 70.000 * Fonte: Ministério da Agricultura..., 1920
1. A origem da Brazilian Traction: energia elétrica, luz e modernização (1899-1930) Usinas de energia elétrica em 1920: distribuição regional segundo a época de fundação e potência dos motores - Brasil (C.V.) Estados Bahia Distrito Federal Espírito Santo Minas Gerais Pará Paraná Pernambuco Rio de Janeiro R. G. do Sul Sta. Catarina São Paulo TOTAL até 1890 1891 a 1900 1901 a 1910 1911 a 1920 Estados No. C.V. No. C.V. No. C.V. No. C.V. Bahia 0 0 0 0 2 7.316 6 16.751 Distrito Federal (RJ) 0 0 0 0 0 0 1 30.000 Espírito Santo 0 0 0 0 3 6.438 8 1.096 Minas Gerais 1 6.150 1 700 16 11.984 73 39.580 Pará 0 0 0 0 1 6.590 3 210 Paraná 1 4.200 0 0 7 1.665 12 850 Pernambuco 0 0 0 0 0 0 16 15.196 Rio de Janeiro 0 0 0 0 4 78.150 14 4.830 R. G. do Sul 0 0 4 4.576 6 2.270 31 7.401 Sta. Catarina 0 0 0 0 4 7.280 7 391 São Paulo 0 0 3 1.815 29 59.745 46 149.608 TOTAL 2 10.350 8 7.091 76 186.450 256 271.751 Fonte: Ministério da Agricultura..., 1920
1. A origem da Brazilian Traction: energia elétrica, luz e modernização (1899-1930) No. de Estados Estab. Bahia Distrito Federal Espírito Santo Minas Gerais Pará Paraná Pernambuco Rio de Janeiro R. G. do Sul Sta. Catarina São Paulo TOTAL Estados Operários Produção Industrial por Estados 1907 1920 Contos de Réis Contos de Réis No. de Operários Capital Prod. Estab. % Capital Prod. DF (RJ) 662 34.850 167.120 218.345 33,1% 1.541 56.229 441.669 666.476 22,3% São Paulo 326 24.186 127.702 118.087 16,5% 4.145 83.998 537.817 986.110 33,0% Rio Grande Sul 314 15.426 48.206 99.726 14,9% 1.773 24.661 250.690 353.749 11,8% Rio de Janeiro 207 13.632 85.705 56.002 6,7% 454 16.796 126.206 184.161 6,1% Pernambuco 118 12.042 58.724 55.206 4,0% 442 15.761 90.981 136.479 4,6% Paraná 297 4.724 20.842 33.085 4,9% 623 7.295 43.996 102.301 3,4% Minas Gerais 529 9.405 26.820 31.880 4,8% 1.243 18.522 89.775 172.061 5,7% Bahia 78 9.964 27.643 25.078 3,2% 491 14.784 48.821 71.923 2,4% Pará 54 2.539 11.483 18.203 2,7% 168 3.033 21.331 36.424 1,2% Sergipe 103 3.027 14.173 14.811 0,6% 237 5.386 16.678 28.827 1,0% Sta. Catarina 163 2.102 9.674 14.144 2,0% 791 5.297 33.296 60.171 2,0% Amazonas 92 1.168 5.484 13.962 2,0% 69 636 5.424 5.702 0,2% Outros (10) 177 15.953 49.890 32.702 3,50% 1.459 23.116 108.472 184.992 5,70% TOTAL 3.120 149.018 653.556 731.232 100,0 13.436 275.514 1.815.156 2.989.176 100,0 Fonte: IBGE, Censos de 1907 e 1920 %
1900 1902 1904 1906 1908 1910 1912 1914 1916 1918 1920 1922 1924 1926 1928 1930 1932 1934 1936 1938 1940 1942 1944 1. A origem da Brazilian Traction: energia elétrica, luz e modernização (1899-1930) Modernização no Brasil Crescimento das cidades; origem da indústria, mas economia dependente das exportações de café. Elites conseguiam reproduzir o padrão de consumo/estilo de vida importado. Industrialização ainda não era um projeto nacional; demanda de energia para atividades urbanas. Investimentos no setor eram privados dependentes da era da eletrificação. Capacidade instalada - geração de energia elétrica - hidráulica - MW PIB e per capita (1900-1945) 1.200 1.000 800 600 400 200 0 1.600 1.400 1.200 1.000 800 600 400 200 0 Geração de energia elétrica PIB per capita
2. Grande Depressão e ampliação da demanda, 1930-45 Para o Brasil, a Grande Depressão marcou um período de grande possibilidade para a substituição de importações. O governo de Getúlio Vargas (1930-1945) estimulou a industrialização do país e ampliou o controle do Estado em setores estratégicos. O setor elétrico passou a ser regulado pelo Código de Águas (1934). Código de Águas i. União como responsável pelo setor ii. Fim da cláusula-ouro iii. Reajuste seria controlado pelo custo histórico. iv. Interesse de crescente nacionalização do setor: novas concessões somente para brasileiros
2. Grande Depressão e ampliação da demanda, 1930-45 Trajetória da Light Expansão da demanda por energia elétrica Dificuldade de acesso ao mercado de capitais para financiamento de novos empreendimentos Solução: ampliação da geração nas Usinas já existentes Entretanto: racionamento de energia durante WWII Expansão da geração de energia elétrica pela Light: - Usina de Cubatão (São Paulo): de 178 MW (1930) para 366 MW (1930) - Usina de Fontes (Rio de Janeiro): de 49 MW (1913) para 119 MW (1942) - Usina de Ilha dos Pombos (Rio de Janeiro): 44 MW (1924) para 117 MW (1937)
3. O pacto de clivagem, 1945-1964 Ampliação dos atritos entre interesses privados e estatais: Privatistas: defendiam as empresas estrangeiras e acusavam o governo de reduzir a rentabilidade dos negócios. Estatistas: citavam a má qualidade dos serviços e os elevados custos para justificar a estatização do setor. Governo Federal: Início dos investimentos no setor elétrico, especialmente para atender áreas sem concessão. Empresas estrangeiras: Movimento internacional de redução dos investimentos na geração de energia (tendência de nacionalização é internacional).
3. O pacto de clivagem, 1945-1964 Investimentos: SP Light: ampliações em Cubatão (1948-1951) e construção da Usina Subterrânea de Cubatão II (1952-6): 474.000 kw + 390.000 kw Rio Light: ampliação em Ilha dos Pombos (1949); Usina Subterrânea de Nilo Peçanha (1953): 162.000 kw + 330.000 kw Manobra financeira e técnica: Diferencial de juros: 4,5% do BIRD para matriz e 8% da matriz para subsidiárias. Fator carga: elevação da capacidade instalada Créditos autorizados pelo BIRD (até 1956) Empresas Ano Crédito Autorizado (U$) Brazilian Traction, Light & Power, Co. Ltd 1949 57.600.000 Companhia Hidroelétrica do São Francisco 1950 15.000.000 Brazilian Traction, Light & Power, Co. Ltd 1951 15.000.000 C. E. de Energia Elétrica do Rio Grande do Sul 1952 25.000.000 Cia de E. Alto R.G. e C.E.de Minas Gerais S.A. 1953 7.300.000 Usinas Elétricas do Paranapanema 1953 10.000.000 Brazilian Traction, Light & Power, Co. Ltd 1954 18.790.000 Total 148.690.000 Cepal, 1956, p.200
1945 1946 1947 1948 1949 1950 1951 1952 1953 1954 1955 1956 1957 1958 1959 1960 1961 1962 1963 1964 3. O pacto de clivagem, 1945-1964 Até a primeira metade da década de 1950 a Light contribuiu para a ampliação da geração de energia no país. Mas, a crescente inflação do país, as incertezas no mercado (como a encampação da AF&P) e, por fim, limite do ciclo de investimento, fez com que o grupo buscasse novos negócios. As dez maiores usinas elétricas em funcionamento no Brasil, 1959 Cubatão São Paulo Light SP 734.000 Nilo Peçanha Rio Light RJ 336.000 Piratininga São Paulo Light SP 200.000 Paulo Afonso CHESF AL 180.000 Fontes Rio Light RJ 170.000 Ilha dos Pombos Rio Light RJ 167.000 Peixotos Cia. Paulista de Força e Luz MG 80.000 Itupararanga São Paulo Electric Co. SP 57.000 Salto Grande CEMIG MG 48.000 Sá Carvalho Acesita MG 45.000 Fonte: Diário de Notícias, 11 de Janeiro de 1959. 6.000 5.000 4.000 3.000 2.000 1.000 0 Capacidade instalada - geração de energia elétrica - hidráulica - MW e PIB per capita (1945-1964) 3.000 2.500 2.000 1.500 1.000 500 0
3. O pacto de clivagem, 1945-1964 Industrialização do Brasil Getúlio Vargas (1950-54): setores estratégicos com controle estatal. Juscelino Kubitschek (1956-61): Plano de Metas e entrada das multinacionais no país. Características Profunda concentração industrial no Sudeste, especialmente no Estado de São Paulo (mais do que 50%). As indústrias multinacionais passaram a se interessar pelo mercado interno brasileiro.
3. O pacto de clivagem, 1945-1964 Pacto de clivagem: Sobretudo na segunda metade da década de 1950, o governo passou a atuar com grandes empreendimentos de geração de energia, inclusive nas regiões das concessionárias privadas (ex. Furnas, 1957). As empresas privadas passaram a comprar energia das empresas estatais, sem realizar novos investimentos em geração. Em 1962 foi criada a Eletrobras, empresa que rapidamente seria a maior geradora de energia elétrica do Brasil. Participação na capacidade instalada (%), 1952-1965 Anos Público Privado Autoprodutor Total 1952 6,8 82,4 10,8 100 1956 18,5 71,9 9,6 100 1962 31,3 55,2 13,5 100 1965 54,6 33,6 11,8 100 Fonte: LIMA, 1984, p.109.
4. Diversificação dos negócios, 1964-79 Aprofundamento da industrialização Crescimento do PIB e PIB/per capita: 1950-60: 7,38% e 4,20% 1960-70: 6,01% e 3,05% 1970-80: 8,72% e 6,09% Investimentos estrangeiros não buscam mais o setor de serviços, mas sim o industrial e o imobiliário. Brazilian Traction (como Brascan) Diversificação dos negócios para mineração, turismo e empreendimentos imobiliários (se valendo das desapropriações anteriores). Em 1979 o ramo do setor elétrico foi estatizado. 30.000 Capacidade instalada - geração de energia elétrica - hidráulica - MW e PIB per capita (1964-79) 6.000 25.000 5.000 20.000 4.000 15.000 3.000 10.000 2.000 5.000 1.000 0 1965 1966 1967 1968 1969 1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 0
4. Diversificação dos negócios, 1964-79 A industrialização acentua ainda mais a tendência de concentração da economia brasileira, alcançando o auge na década de 1970. Os grandes empreendimentos hidrelétricos do setor são estatais: a geração saltou de 5.729 MW em 1962 para 31.147 MW em 1980. PIB Estadual - indústria - valor adicionado - R$, a preços do ano 2000 (mil) - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 1965-79 160.000.000 140.000.000 120.000.000 100.000.000 80.000.000 60.000.000 40.000.000 20.000.000 0 1965 1966 1967 1968 1969 1970 1974 1975 1976 1977 1978 1979 Região Centro-oeste Região Norte Região Nordeste Região Sul São Paulo Sudeste (-SP)
Conclusão A Brazilian Traction foi muito importante no processo de industrialização do Brasil: Se, por um lado, permitiu criar condições para que a indústria se estabelecesse no país; Por outro lado, aprofundou uma estrutura desigual de fornecimento de serviços e de concentração das atividades econômicas (cuja tendência somente se reduziu nos últimos anos). Evolução da concentração das usinas hidrelétricas no Brasil (1950 e 2000) Fonte: http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/atlas/energia_hidraulica/4_5.htm