Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina. ACÓRDÃON.2683 6 RECURSO ELEITORAL (RE) N. 297-53.2012.6.24.0052 - REGISTRO DE CANDIDATURA - 52 a



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Transcrição:

Fls. Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina ACÓRDÃON.2683 6 Relatora: Juíza Bárbara Lebarbenchon Moura Thomaselli Relator designado: Juiz Eládio Torret Rocha Recorrente: Deoni Tramontin - RECURSO - REGISTRO DE CANDIDATURA - INDEFERIMENTO - DESINCOMPATIBILIZAÇÃO - SERVIDOR PÚBLICO MUNICIPAL - PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE DEFESA - REJEIÇÃO - DOCUMENTAÇÃO OFICIAL DEMONSTRANDO A PERMANECÊNCIA DO SERVIDOR PUBLICO NO EXERCÍCIO DO CARGO PÚBLICO APÓS A DATA LIMITE PARA A DESINCOMPATIBILIZAÇÃO - INELEGIBILIDADE CONFIGURADA - DESPROVIMENTO. ACORDAM os Juízes do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina, à unanimidade, em conhecer do recurso e - vencida a Relatora e o juiz Marcelo Ramos Peregrino Ferreira - rejeitar a preliminar de cerceamento de defesa, para o fim de negar provimento ao apelo, nos termos do voto da Relatora, que fica fazendo parte integrante da decisão. Sala de Sessões do Tribunal Regional Eleitoral. Florianópolis, 14 de agosto de 2012. Juiz ELÁDIO TORRET ROCHA Relator designado PUBLICADO EM SESSÃO

RELATÓRIO Trata-se de recurso interposto por Deonir Tramontin contra sentença prolatada pelo Juízo da 52 a Zona Eleitoral - Anita Garibaldi, que indeferiu o seu pedido de registro de candidatura ao cargo de vereador pela coligação "Juntos por Celso Ramos" (PSDB/PPS/PMDB/PP/PT), considerando-o inelegível em razão de sua intempestiva desincompatibilização do cargo de servidor público municipal, a teor do art. 1 o, II, "I", da Lei Complementar n. 64/1990. Em suas razões de fls. 29-38, o recorrente alega, preliminarmente, cerceamento de defesa, ao fundamento de que não teria sido intimado para produzir provas sobre a suposta irregularidade de sua desincompatibilização, noticiada pela coligação "União, Força e Trabalho" (fls. 14-15), e acatada pelo sentenciador. No mérito, afirma o recorrente ser servidor público municipal e que teria requerido, tempestivamente, afastamento do cargo exercido, o que restou deferido em 6.7.2012, em conformidade com a Portaria n. 3732/2012. Sustenta que esteve efetivamente no local de trabalho, porém não teria prestado serviço, tendo lá estado para aferir o resultado do seu pedido e prestar orientações ao seu substituto. Argumenta, além disso, que essa exigência é imposta somente para preservar a isonomia entre os candidatos ao pleito, a qual, no caso, não teria sido conspurcada. Requer, ao final, o provimento do recurso com o deferimento do seu registro. A Procuradoria Regional Eleitoral manifesta-se, afastada a preliminar arguida, pelo conhecimento e desprovimento do recurso (fls. 41-43). É o relatório. VOTO (VENCIDO) A SENHORA JUÍZA BÁRBARA LEBARBENCHON MOURA THOMASELLI (Relatora): Sr. Presidente, conheço do recurso por ser tempestivo e preencher os demais requisitos de admissibilidade. O recorrente alega cerceamento de defesa, ao argumento de que não teria sido aberto prazo para se manifestar sobre a notícia de inelegibilidade apresentada, às fls. 14-15, pela coligação "Juntos por Celso Ramos" (PSDB/PPS/PMDB/PP/PT), tampouco lhe teria sido concedida oportunidade para apresentar defesa. No caso, há que ser acolhido o aventado cerceamento de defesa. Com efeito, embora singela a peça de fls. 14-15, reporta-se ela a uma eventual inelegibilidade do candidato necessária desincompatibilização no prazo 2

exigido em lei, nos termos do disposto no art. 1 o, II, T, da Lei Complementar n. 64/1990, assim redigido: Art. 1 o. São inelegíveis: II -[ ] I) os que, servidores públicos, estatutários ou não, dos órgãos ou entidades da Administração Direta ou Indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos Territórios, inclusive das fundações mantidas pelo Poder Público, não se afastarem até 3 (três) meses anteriores ao pleito, garantido o direito à percepção dos seus vencimentos integrais; [...] Nos termos do art. 3 o da Lei Complementar n. 64/1990, permite-se ao candidato, partido, coligação ou mesmo ao Ministério Público impugnar pedido de registro de candidatura em petição fundamentada. A impugnação, tempestivamente aforada, noticia que o candidato não teria se afastado de fato do exercício de suas funções no órgão público municipal. À vista do pedido da parte impugnante, o Juiz eleitoral solicitou à Prefeitura de Celso Ramos cópia do cartão ponto do candidato, que se encontra à fl. 18 e, com base nesta prova exclusivamente, sentenciou, indeferindo o pedido de registro. Efetivamente, neste caso, não restou devidamente observado o procedimento especificado na normativa de regência, pois, à luz do comando prescrito no seu art. 4 o da Lei n. 64/1990, a notícia deveria ter sido processada como impugnação, com a devida notificação do candidato para apresentar defesa e produzir as provas que entendesse pertinentes, inclusive, a testemunhal, como lhe é facultado. Neste caso, a meu ver, resta insuperável a prejudicial, pois, apreciar a matéria impugnada, à vista dos elementos de prova unilateralmente trazidos aos autos, resultará em claro prejuízo à defesa. Dito isso, resta evidenciado o cerceamento do direito de defesa, devendo ser anulada a sentença, para que seja deviamente instruído o processo. Ante o exposto, conheço do recurso, para acolhendo a preliminar arguida, anular a sentença e determinar o retorno dos autos à origem para que seja processado nos termos do art. 3 o e seguintes da Lei n. 64/1990. É o voto. r

VOTO (VENCEDOR) O SENHOR JUIZ ELÁDIO TORRET ROCHA (Relator designado): 1. Sr. Presidente, embora respeitável o posicionamento da Relatora pelo acolhimento da preliminar de cerceamento de defesa a fim de cassar a sentença e determinar o retorno dos autos à origem, dela ouso divergir pelas razões que passo a expor. Examinando a prova coligida não identifico qualquer cerceamento de defesa, especialmente porque, após a juntada dos documentos solicitados pelo Juiz Eleitoral junto à Prefeitura de Celso Ramos, incluindo o cartão ponto do recorrente (fl. 18), a representante da coligação pela qual disputa a eleição manifestou-se nos autos, solicitando a juntada da portaria municipal que concedeu licença para atividade política (fls. 22/24). Destarte, não há como negar que, antes de o Juiz Eleitoral proferir a sentença de indeferimento do registro de candidatura, o recorrente teve conhecimento de que o processo encontrava-se instruído com documento da municipalidade atestando que ele havia assinado o cartão ponto nos dias 09 e 10 de julho de 2012, razão pela qual poderia ter oportunamente postulada a produção das provas que entendia necessárias ao esclarecimento dessa situação. Outrossim, no âmbito do direito eleitoral, a legislação faculta à parte apresentar novos documentos com as razões recursais no intuito de demonstrar a plausibilidade das alegações (CE, art. 266), porém o recorrente deixou de exerceu em prerrogativa processual. Assim, considerando que "na aplicação da lei eleitoral, o Juiz atenderá sempre aos fins e resultados a que ela se dirige, abstendo-se de pronunciar nulidades sem demonstração de prejuízo" (CE, art. 219), tenho que a preliminar de cerceamento de defesa merece rejeitada. 2. Ultrapassada a questão preliminar, entendo que o decisório atacado não merece reforma. Com efeito, o recorrente, na qualidade de servidor público municipal, deveria desincompatibilizar-se das funções exercidas na Prefeitura de Celso Ramos como motorista de ambulância até 03 (três) meses antes do pleito (Lei Complementar n. 64/1990, art. 1 o, II, "I"), ou seja, até 07.07.2012. A propósito, destaco que o deferimento formal da solicitação de afastamento do cargo público não é suficiente, mostrando-se relevante, em verdade, 4

RECURSO ELEITORAL (RE) N. 297-53-2012.6.24.0052 - REGISTRO DE o desligamento de fato das atividades exercidas na administração pública ao qual o interresado estará vinculado. Ora, tempestiva desincompatilização formal da função pública, no caso, é incontroversa diante da juntada da portaria municipal, datada de 06.07.2012, concedendo ao recorrente licença para atividade política no período de 06.07.2012 a 21.10.2012 (fl. 24). Contudo, mesmo após a concessão da licença o recorrente assinou cartão ponto no dia 09.07.2012 (entrada - 08h00 e saída - 21h46) e no 10.07.2012 (entrada - 08h03 e saída - 20h03), demonstrando que não se desincompatibilizou de fatode seu oficio em flagrante inobservância à legislação eleitoral. Em sua defesa o recorrente alega que, "com seu repentino pedido de licença, este, por conta própria, passou pela prefeitura nos dois dias subsequentes ao seu pedido, como demonstração de servidor responsável, para verificar a publicação da portaria e o correto encaminhamento em sua substituição de afazeres" (fl. 34). A versão, contudo, não é crivei, mostrando-se inteiramente desarrazoada, sobretudo se considerada a circunstância de que o recorrente, nos dois dias acima mencionados, permaneceu por mais de 12 horas na prefeitura esse significativo lapso de tempo é manifestamente incompatível com a pretenssa conduta de "verificar o cumprimento de todas as formalidades necessárias para o seu afastamento" ou, ainda, prestar orientações aos substitutos sobre atividade sem maior complexidade como a exercida pelo recorrente. É que, considerando o horário registrado no cartão ponto do recorrente e a natureza do cargo que ocupa - motorista de ambulância -, bem como o fato de que o Município de Celso Ramos encontram-se 372 Km (trezentos e sententa e dois quilômetros) distante de Florianópolis, tenho a convicção de que o pretenso candidato continuou exercendo as suas atividades administrativas após a data limite prevista em lei para a desincompatilização, o que se era licito. E isso porque constitui fato público e notório o constante deslocamento de ambulâncias de prefeituras do interior do Estado para a Capital no intuito de trazer pacientes para serem atendidos nos hospitais e clínicas aqui localizados, o que explicaria, a princípio, de forma bastante razoável, a carga horária registrada no cartão ponto do recorrente mas dois dias após a data limite. 3. À vista do exposto, ousando divergir da Relatora, pelo meu voto eu rejeito a preliminar de cerceamento de defesa e, no mérito, mantendo decisão que indeferiu o registro de candidatura de Deoni Tramontin ao cargo de vereador do Município de Celso Ramos. 5

TRESC Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina EXTRATO DE ATA RECURSO ELEITORAL N 297-53.2012.6.24.0052 - RECURSO ELEITORAL - REGISTRO DE CANDIDATURA - RRC CANDIDATO - CARGO - VEREADOR - COLIGAÇÃO PARTIDÁRIA - PROPORCIONAL - 52 A ZONA ELEITORAL - ANITA GARIBALDI (CELSO RAMOS) RELATORA: JUÍZA BÁRBARA LEBARBENCHON MOURA THOMASELLI RELATOR DESIGNADO: JUIZ ELÁDIO TORRET ROCHA RECORRENTE(S): DEONI TRAMONTIN ADVOGADO(S): FABIAN MARTINS DE CASTRO; ANTÔNIO MÁRCIO ZUPPO PEREIRA; RAFAEL PELEGRIM; MAÍNA ALEXANDRE LOPES; PRISCILA UGIONI DUARTE; WILLIAN GARCIA DA SILVA PRESIDENTE DA SESSÃO: JUIZ LUIZ CÉZAR MEDEIROS PROCURADOR REGIONAL ELEITORAL: ANDRÉ STEFANI BERTUOL Decisão: à unanimidade, conhecer do recurso e, por maioria - vencidos a Relatora e o Juiz Marcelo Ramos Peregrino Ferreira -, afastar a preliminar de cerceamento de defesa e a ele negar provimento, nos termos do voto do Relator designado, Juiz Eládio Torret Rocha. Presentes os Juízes Luiz Cézar Medeiros, Eládio Torret Rocha, Julio Guilherme Berezoski Schattschneider, Nelson Maia Peixoto, Luiz Henrique Martins Portelinha, Marcelo Ramos Peregrino Ferreira e Bárbara Lebarbenchon Moura Thomaselli. PROCESSO JULGADO NA SESSÃO DE 13.08.2012. ACÓRDÃO N. 26836 ASSINADO NA SESSÃO DE 14.08.2012.