O HANDEBOL NO ENSINO MÉDIO



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Transcrição:

O HANDEBOL NO ENSINO MÉDIO Derli Juliano Neuenfeldt 1 Cláudia Barth 2 Ricardo Caron Taís P. Cordeiro RESUMO Este trabalho, que fez parte da disciplina de Handebol I, caracteriza-se como um exercício de reflexão sobre o ensino do esporte no contexto escolar. O aprendizado do handebol na escola e, especialmente, no ensino médio deve proporcionar aos alunos a oportunidade de conhecer, aprender, tomar gosto e manter o interesse pela prática esportiva. Tudo isso com objetivos pedagógicos que transcendam os objetivos do esporte como fim somente em si mesmo. Com o presente artigo, queremos enfatizar a importância do esporte na escola e, em especial, o ensino do handebol no Ensino Médio. Palavras-Chaves: handebol, Educação Física, Ensino Médio. INTRODUÇÃO Desde há muito tempo, a Educação Física escolar vem se utilizando dos esportes, tais como o futebol, o voleibol, o basquetebol e o handebol como conteúdos programáticos de suas aulas. Mas, o que vem ocorrendo é que os esportes tornaram-se um grande problema para o ensino escolar. A escola, quando se aventurou no campo dos esportes, fez esporte na escola e nunca conseguiu fazer esporte escolar. O máximo que conseguiu, foi repetir o que se fazia no esporte fora da escola, ou seja, nas ruas, federações e clubes. É evidente que para a compreensão do esporte, os alunos devem ser instrumentalizados além das suas capacidades e conhecimentos que lhes possibilitam apenas praticar o esporte. Em síntese, para o esporte ter um tratamento pedagógico na escola deverá possibilitar aos alunos o desenvolvimento motor (aquisição de habilidades básicas e específicas), o desenvolvimento das inteligências (destacam-se a corporal sinestésica, a espacial, a interpessoal, a intrapessoal e a lógico-matemática), trabalhar a auto-estima 1 Prof. Ms. do Curso de Educação Física da UNIVATES 2 Acadêmicos do Curso de Educação Física da UNIVATES

(reforçando acertos em geral e promovendo intervenções positivas) e, por fim, facilitar as intervenções dos professores no sentido de trabalhar princípios essenciais à sua educação (cooperação, participação, emancipação, co-educação e convivência). Para o aluno é muito mais fácil receber respostas prontas pelo professor. O ensino tradicional se estrutura dessa forma. Nele cabe ao aluno apenas repetir e buscar alcançar determinados padrões de movimentos. Já as abordagens críticas da pedagogia do esporte advogam que é necessário compreender o esporte nos seus múltiplos sentidos e significados para nele poder agir com liberdade e autonomia. Isto exige ir além da capacidade objetiva, de saber afetivamente praticar o esporte e ter a capacidade de integração social e comunicativa. Pela evidente facilidade e simplicidade, o handebol parece constituir um meio acessível para a educação do movimento, da sua percepção e da relação entre indivíduos, e assim pode ser considerado um importante instrumento que a escola dispõe para concretizar a sua missão. Tendo em vista as qualidades e facilidades do handebol, resolvemos fazer este ensaio, onde falaremos do handebol e em especial, o ensino do handebol no ensino médio e tentaremos de forma organizada mostrar os seus conteúdos, suas formas de aplicação e o papel do professor. A pedagogia do esporte As pessoas que acreditam poder praticar educação querem que o ensino do esporte não seja algo isolado e desvinculado de compromissos maiores com a formação da cidadania. Ou seja, que o aluno aprendendo esporte, aprenda valores morais, aprenda a pensar melhor, aprenda a ser autônomo e criativo. Não querem que a educação desportiva se restrinja a um mero jogo de pernas e braços, corridas e saltos, manuseio de bola e obediência a regras. Segundo Paes (2002), para se trabalhar com jogos coletivos é preciso conhecer e

entender sua lógica técnica e tática. Como, por exemplo, o handebol que possui, do ponto de vista tático, basicamente dois sistemas: defensivo e ofensivo. A passagem de um sistema para outro, compreende-se como transição. Portanto, o handebol é um jogo de transição. Quanto aos aspectos técnicos, inicialmente é importante eleger fundamentos comuns (domínio de corpo, manipulação de bola, passe, recepção, drible e finalização) a todos jogos coletivos. Posteriormente, deve-se caminhar em direção ao desenvolvimento dos fundamentos específicos de cada modalidade e, ainda, estruturar ações que visem a trabalhar situações de jogo. Para estruturar metodologicamente a pedagogia visando ao ensino dos jogos coletivos é preciso ter o conhecimento dessa lógica e dar conta de organizar esse conhecimento, planejando seu aprendizado, promovendo intervenções com graus crescentes de dificuldade. Entretanto, para efetivamente estruturar uma pedagogia do esporte, com o objetivo de contribuir com o processo educacional no ambiente escolar, é preciso avançar em outra direção. Nesse contexto, o referencial sócio-educativo constitui-se em outro ponto sustentador dessa proposta. Esse referencial será contemplado na medida em que, além do enfoque técnico-tático, importante na pedagogia do esporte, também se levarão em conta princípios indispensáveis para o desenvolvimento da personalidade da criança e do jovem. Destacam-se: cooperação, participação, convivência, emancipação e co-educação. Mas isto faz com que se crie um grande dilema, porque nas teorias tradicionais da educação, ou as pessoas ensinam, num dado momento, os conceitos intelectuais e morais ou ensinam as habilidades motoras. O desafio seria então, ensinar conceitos e técnicas integradamente. Para Kunz (2000), a teoria tem por sua vez a capacidade de antecipar as ações práticas, mas é a partir de propostas práticas concretas que o desenvolvimento teórico pode tomar novo impulso. Segundo Freire (1996), somente uma metodologia que leve em conta, tanto a

atividade interna da pessoa, quanto às condições ambientais, pode vencer o desafio de uma educação desportiva integrada. A metodologia fundamentada no inatismo investe apenas na pessoa. A que se fundamenta no empirismo investe apenas no ambiente fora da pessoa. A metodologia construtivista, contudo, investe no meio, na região que integra pessoas e objetos de suas relações, ou seja, nas ações. Uma pedagogia construtivista pode acrescentar ao gesto técnico a compreensão a respeito da própria ação, ou seja, o aluno que aprende de acordo com o modo construtivista de ensinar, pode saber o que faz. De posse da compreensão o aluno pode se libertar das amarras da situação específica em que ocorreu a aprendizagem e dispor de seu conhecimento livremente para utilizá-lo de acordo com suas decisões. Para Freire (1996), quando o aluno vive uma situação de chutar ou de saltar, de modo a se deparar com dificuldades, com novidades na ação; quando essas novidades produzem a necessidade de correções na ação; quando os conflitos surgidos são superados com pistas dadas pelo professor, com conversas entre os alunos, com tempo para o aluno refletir sobre a própria ação, o resultado é a compreensão da própria ação. Esse tipo de pedagogia tem a intenção, não de dizer o que é certo ou errado, mas de fazer o aluno exercitar a crítica sobre o que está realizando. Não define o que é bom ou mal, mas faz o aluno ter consciência sobre as coisas vividas no tempo e no espaço. Não obriga o aluno a cooperar, mas o faz compreender a necessidade de associar seu conhecimento ao conhecimento dos outros. E de que maneira se poderia conseguir que o aluno voltasse sua atenção para a própria ação? Da maneira que a atividade sugerida se torne interessante para ele. E a forma de tornar uma atividade interessante é através da ludicidade. Além disso, podemos entender que, tudo que cria um conflito, uma contradição, tende a chamar a atenção. Sugere-se, portanto, que as atividades para ensinar handebol, sejam lúdicas e conflituosas. O handebol para o ensino médio Como disciplina, a educação física é parte integrante dos objetivos gerais e

educacionais da escola. Como esporte, o handebol pode estar integrado nesta disciplina e constituir um meio educativo que proporcionará o desenvolvimento corporal e a integração social do jovem. Como afirmam Shigunov e Pereira (1993), o handebol como qualquer outro desporto, pode proporcionar o desenvolvimento da iniciativa, da disponibilidade e da vontade do jovem em melhorar as suas capacidades e resolver os seus problemas, quando consegue transportar uma experiência de aprendizagem motora organizada para a sua vida escolar e social. Segundo Coletivo de Autores (1992), na 1ª, 2ª e 3ª séries do ensino médio deve ocorrer um aprofundamento da sistematização do conhecimento. Nestas séries, o aluno adquire uma relação especial com o objeto, que lhe permite refletir sobre ele. A apreensão das características especiais dos objetos é inacessível a partir de pseudoconceitos próprios do senso comum. O aluno começa a perceber, compreender e explicar que há propriedades comuns e regulares nos objetos. Ele dá um salto qualitativo quando estabelece as regularidades dos objetos. É nessas séries que o aluno lida com a regularidade científica, podendo a partir dele adquirir algumas condições objetivas para ser produtor de conhecimento científico quando submetido à atividade de pesquisa. No handebol do ensino médio deve-se iniciar um trabalho de organização coletiva, dando oportunidade ao jogador de jogar em um sistema de jogo e procurar uma posição específica para atuar, respeitando sua individualidade e capacidade técnica. No entanto, não é objetivo da Educação Física escolar formar atletas, mas nada impede que eles se aprofundem no conhecimento dos esportes. Como possíveis conteúdos do handebol para o ensino médio tem-se: passe por trás da cabeça, arremesso de quadril, arremesso com salto lateral, arremesso retificado sem queda, cinco passos, contra-ataque, cruzamentos, bloqueio ofensivo, defesa 5x0+1, tática defensiva e tática ofensiva. Estes conteúdos diferenciam-se das séries anteriores pelo aumento da sua complexidade. Isto é algo importante de se pensar na Educação Física,

pois, além de se trabalhar através do esporte valores para o exercício da cidadania deve-se, também, ao longo da vida escolar do aluno aprofundar os conhecimentos sobre cada esporte. Por outro lado, como a maioria dos alunos do ensino médio associa o handebol com as modalidades esportivas regulamentadas, deve-se mostrar que ele pode, também, ser pratica de outras formas. Por essa razão, devem ser elaboradas situações em que os alunos combinem elementos específicos da modalidade esportiva com elementos estranhos a ela, se criem novas situações de ação e se valorize a ludicidade. Os alunos devem experimentar que situações de ação podem, por um lado, ser prefixadas e, por outro, projetadas por eles mesmos. Em relação às atividades lúdicas pode-se utilizar como conteúdos os jogos da cultura popular de região. Isso é uma medida adequada, uma vez que esses conteúdos poderão ser adaptados com certa facilidade ao ensino do handebol, estabelecendo uma ponte de ligação entre o que já conhecem e aquilo que devem vir a conhecer, porque a diferença básica entre os jogos conhecidos e o esporte será a maior complexidade deste último, bem como seu maior grau de socialização. Quanto ao trabalho autônomo com as técnicas, possibilita-se aos alunos a encontrar os critérios de movimento mais decisivos e trabalhá-los cognitivamente; desenvolver exercícios baseados em seus conhecimentos; e reconhecer os problemas que surgem (medo no arremesso com queda, por exemplo), verbalizá-los e oferecer possibilidades de solução. É tarefa do professor, ou mesmo dos alunos, preparar para cada aula materiais, idéias e situações de ensino alternativos, que poderão ser usados de acordo com o processo que se desenvolve, ou ser introduzidos na aula, quando solicitado. Fazem parte deste trabalho, por exemplo, a obtenção de determinados equipamentos para as aulas, a preparação de placares, folhas-tarefa, fichas de observação e a organização de filmes e fotos. CONCLUSÃO

Na idade escolar o esporte coletivo, em particular o handebol, parece configurar as estruturas que reúnem o conteúdo e as condições necessárias a uma gradual organização da motricidade geral e do processo de integração do jovem com os outros, podendo mesmo tornar-se um meio facilitador da percepção, da coordenação e da socialização, dado o aproveitamento de uma disponibilidade natural do jovem para a exploração do espaço dos objetos e para a aprendizagem seqüencial a partir do uso do corpo e da inteligência. Como visto no presente artigo, o conteúdo para o ensino do handebol na educação física não pode ser apenas prático. A realidade do esporte deve ser constantemente problematizada para torná-la transparente e para saber decidir sobre o que ela poderia ser. O professor precisa criar situações de ensino com amplo espaço de ação, levando em consideração determinados requisitos, isto é, construir uma seqüência de situações de ensino que abram espaços de ação para os alunos. Trata-se também de um papel modificado de professor, que requer outras atividades além daquelas determinadas pelas tradicionais atividades de planejamento e execução. Visto que o ensino pode ser compreendido como uma interação orientada para o objetivo e conteúdo, espera-se do professor um desvio da dominância comunicativa e um direcionamento à comunicação de igual, para professor e aluno. E, como último ponto, destacado como balizador de uma proposta pedagógica para o handebol escolar, é a diversificação. Esse procedimento é fundamental no processo de ensino e na aprendizagem do handebol no ensino médio, pois é por meio da diversificação de movimentos que os alunos poderão ter acesso ao esporte, conhecendo as alternativas de práticas e assim ampliar seu universo de possibilidades. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FREIRE, J.B. Pedagogia do esporte. Foz do Iguaçu: Ichper. 1996. HILDEBRANDT, R; LAGING, R. Concepções Abertas no Ensino da Educação Física. Rio de Janeiro : Ao Livro Técnico, 1986. KUNZ, E. Transformação didático-pedagógica do esporte. 3.ed. Ijuí: Unijuí, 2000. PAES, R. R. A pedagogia do esporte e os jogos coletivos. In.: ROSE, D. et al. Esporte e atividade física na infância e na adolescência: uma abordagem multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2002. p. 89-98. SHIGUNOV, V. & PEREIRA,V. R. O exemplo do handebol escolar. In.: SHIGUNOV, V. & PEREIRA, V. R. Pedagogia da Educação Física: o desporto coletivo na escola: os componentes afetivos. São Paulo: IBRASA. 1993. p. 114-128. SOARES, C. L. et al. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992. ZAMBERLAN, E. Caderno Técnico: handebol. Londrina: UEL. 1997.