AS INFLUÊNCIAS DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA INCLUSÃO SOCIAL DO IDOSO INDEPENDENTE: IMPLICAÇÕES NA QUALIDADE DE VIDA



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Transcrição:

25 a 28 de Outubro de 2011 ISBN 978-85-8084-055-1 AS INFLUÊNCIAS DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA INCLUSÃO SOCIAL DO IDOSO INDEPENDENTE: IMPLICAÇÕES NA QUALIDADE DE VIDA Fernanda Elisa Aymoré Ladaga 1 ; Heloize Pismel Bassetti 2 ; Juliana de Fátima Fernandes Pereira 3 RESUMO: Este trabalho perpassa por três conceitos principais: idoso (idoso independente), tecnologia da informação e inclusão social. Com isso, tem-se o propósito de verificar se o uso do computador, em especial, da internet, influencia na melhora da qualidade de vida do idoso (levando em consideração aspectos como: valorização pessoal, comunicação, relações afetivas, informação e lazer), na autonomia, na independência e na participação efetiva do idoso na sociedade. Tendo em vista os avanços da tecnologia da informação e o aumento da expectativa de vida, é de relevância tanto social quanto teórica compreender as influências que essas ferramentas exercem na psique dos indivíduos na terceira idade. Para tanto, será realizada uma pesquisa experimental, por meio de entrevistas semi-estruturadas, com um grupo experimental e um grupo controle, em que serão manipuladas as variáveis independente (uso do computador e da internet) e dependente (qualidade de vida). PALAVRAS-CHAVE: Idoso; Tecnologia da informação (computador e internet); Inclusão social; Qualidade de vida. 1 INTRODUÇÃO Definir a velhice não tem sido uma tarefa fácil para os pesquisadores da Gerontologia, que se trata do estudo dos processos do envelhecimento, tendo como base os conhecimentos de diversas ciências, entre elas as biológicas, psicológicas e sociais (SALGADO, 1982). Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), considera-se como idoso pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, sendo que tal classificação é avaliada segundo o aspecto biológico, o que não impede que esses indivíduos desempenhem, ativamente, um papel social e intelectual. Com isso, é relevante considerar a existência de diversas variações individuais relacionadas ao estado de saúde, autonomia e níveis de independência dentre as pessoas idosas (BACELAR, 2002). O envelhecimento biológico se refere às mudanças em que se verificam os desgastes do organismo humano, decorrentes, principalmente, do processo de 1 Acadêmica do Curso de Psicologia da Universidade Estadual de Maringá, Maringá Paraná. fernandayla@gmail.com 2 Acadêmica do Curso de Psicologia da Universidade Estadual de Maringá, Maringá Paraná. helo_bassetti@hotmail.com 3 Acadêmica do Curso de Psicologia da Universidade Estadual de Maringá, Maringá Paraná. julu_pereira7@hotmail.com

senescência. O envelhecimento e senescência se referem a dois conceitos diferentes, e embora ambos representem perdas no organismo, essas perdas não possuem a mesma intensidade. Dessa forma, no envelhecimento, não ocorre a incapacitação do indivíduo e ele não tem a sua rotina rompida. Já na senescência, as mutações comprometem a capacidade dos sujeitos, podendo afetar decisivamente a própria vida. Dessa forma, pode-se dizer que uma pessoa envelhecida nem sempre é senil (SALGADO, 1982). O envelhecimento psicológico está intrinsecamente ligado às peculiaridades da personalidade de cada indivíduo. Salgado (1982) aponta que a vida humana se constitui de uma série de acontecimentos inter-relacionados, em que viver seria buscar um estado de equilíbrio que é sempre afetado por uma nova situação. Com isso, seria exigido do indivíduo todo um esforço para que ele possa se posicionar bem diante de uma novidade, sendo que cada um responderá de acordo com as suas expectativas, valores, costumes. Relacionado ao envelhecimento psicológico, está o que se diz respeito à capacidade intelectual do idoso. Muito se disse que, nas pessoas da terceira idade, há uma ausência na capacidade de aprender. No entanto, a maior parte dos estudos que norteiam essa visão são estudos que comparam grupos de diferentes idades, e, assim, os resultados mostram que a capacidade intelectual maior pertence aos jovens. A dificuldade dos idosos estaria no fato de que nem sempre as suas experiências passadas são suficientes para responder às situações atuais, que, principalmente nos dias de hoje, sofrem grandes transformações num curto espaço de tempo (SALGADO, 1982). A especulação sobre o processo de envelhecimento humano foi, através dos tempos e nas diferentes culturas, sempre objeto de reflexões, adquirindo diferentes sentidos, valores, e variando do simples anonimato até a posição mais dignificante. As sociedades antigas, em geral, consideravam o estado de velhice como algo altamente almejado e respeitado. Com o desenvolvimento das sociedades e, sobretudo, com a cultura da tecnologia que está bem mais próxima do jovem, o envelhecimento passou a ser considerado apenas pelos seus aspectos de decadência, fazendo com que o idoso tenha uma posição social absolutamente secundária (SALGADO, 1982). Araújo e Ceolim (2007) empregam a classificação de idoso independente para caracterizar um grupo de pessoas de acordo com a sua capacidade funcional, ou seja, de realizar tarefas da vida diária sem precisar de ajuda, como por exemplo, tomar banho. Assim, essa avaliação funcional é feita tendo em vista a capacidade de autocuidado do idoso e o próprio atendimento de suas necessidades básicas. Concebendo que o idoso independente é aquele que possui saúde, tanto física quanto mental, e que é capaz de satisfazer as suas necessidades básicas, pressupõemse que ele está apto a desempenhar outras formas de atividades ofertadas pela sociedade, como o manuseio de computadores e o acesso à internet, relacionados à tecnologia da informação. De acordo com Boar (2002), a tecnologia da informação é definida como a preparação, coleta, transporte, recuperação, armazenamento, acesso, apresentação e transformação de informações em todas as suas formas (voz, gráficos, texto, vídeo e imagem), sendo que estas informações podem ocorrer entre seres humanos, entre seres humanos e máquina, como também entre máquinas. Estando cada vez mais presente no cotidiano das pessoas, busca-se compreender até que ponto a tecnologia tem beneficiado todas as faixas etárias, em especial a terceira idade. Segundo Pretto (apud LIMA et. al, 2007), o analfabeto do futuro será aquele que não souber as imagens geradas pelos meios eletrônicos de comunicação (p. 453). Neste sentido, é preciso fazer uma breve reflexão sobre a inclusão do idoso em relação à tecnologia da informação. Segundo Sassaki (1997), o conceito e a prática da inclusão são muito recentes e o objetivo da inclusão social é a construção de uma sociedade para todos que tem em vista novos princípios, como: a celebração das diferenças, o direito de pertencer, a valorização

da diversidade humana, a solidariedade humanitária, a igual importância das minorias e a cidadania com qualidade de vida. Assim, esta sociedade tem como função garantir espaços adequados a todos, fortalecer as atitudes de aceitação das diferenças individuais, bem como a da valorização da diversidade humana, a fim de enfatizar a importância de se construir uma vida comunitária justa e saudável. Isto significa que não se tem que adaptar as pessoas à sociedade e sim adaptar a sociedade às pessoas. Para Sawaia (2007), (...) o excluído constitui uma categoria homogênea e inerte, ocupada apenas com a sobrevivência física e presa às necessidades (p. 109). Considerando a situação dos idosos atualmente frente aos avanços da tecnologia da informação, seria possível afirmar a existência de uma inclusão perversa? Ou uma inclusão de fato sem ser excludente? Questiona-se, então, se o avanço da tecnologia da informação, especialmente dos computadores e da internet, tem sido uma ferramenta que contribui para a inclusão social do idoso independente. 2 MATERIAL E MÉTODOS A fim de verificar se o uso do computador e da internet pode influenciar na melhora da qualidade de vida do idoso, ou seja, proporcionar um enriquecimento na informação, comunicação, valorização pessoal, lazer e nos relacionamentos afetivos desta população, realizou-se uma pesquisa em que foram analisadas as relações entre o uso do computador e da internet, e a qualidade de vida dos idosos. Para isso, foram realizadas duas entrevistas semiestruturadas com os alunos de um curso intensivo de informática, fornecido pela UNATI. Seis participantes realizaram a primeira entrevista, abrangendo todos os alunos matriculados no referido curso. No entanto, para a segunda entrevista este número se reduziu para quatro, pois duas pessoas desistiram das aulas de informática, não sendo possível conhecer o motivo da sua desistência. As entrevistas foram feitas pelas autoras da pesquisa apenas mediante aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa e assinatura pelos participantes do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO A partir das entrevistas constatou-se que a maioria dos entrevistados possui uma renda mensal de até cinco salários mínimos, sendo todos aposentados. Suas idades variam de 56 a 77 anos e nenhum morava sozinho. Com a primeira entrevista, averiguou-se que, antes de os colaboradores aprenderem a manusear o computador e a internet, os meios utilizados mais frequentemente para comunicação eram o telefone, as conversas pessoais e a televisão. As atividades que mais costumam praticar no tempo livre é ler, assistir TV, rezar, ir aos compromissos com a Igreja, crochê, ir ao clube, viajar, participar das atividades fornecidas pela UNATI. Os dados da pesquisa indicaram que os meios mais utilizados para obter informações eram televisão, jornal, revista e rádio. Ainda, pode-se observar que a maior parte deles conhece novas pessoas por meio da UNATI e de outras atividades particulares realizadas em grupo, como as que são proporcionadas pela Igreja. Percebese que para a comunicação sempre é necessário um contato pessoal. No entanto, já na segunda entrevista, tem-se o exemplo de Ilda que, sendo a mais velha do grupo de entrevistados, disse que agora, com o curso concluído, ela utiliza o computador para se comunicar com o filho e com a neta, bem como para obter informações novas. Ademais, dos seis participantes da primeira fase, dois afirmaram não ter computador. Tendo em vista a quantidade de idosos que possuem computador, é

possível afirmar que há uma considerável acessibilidade dessas tecnologias às gerações mais idosas, contudo, pode-se perceber pelas entrevistas que eles possuem essas ferramentas devido principalmente ao fato de que seus filhos moram com eles. Os dados coletados durante as entrevistas mostram também que o conhecimento que os idosos possuem em relação ao computador e a internet é mínimo, sendo que a maioria que tem o computador em casa não sabe mexer ou nunca usou. Por isso, se faz necessário não só pensar em uma inclusão tecnológica, mas também planejar uma educação consistente para essa população. Ainda, a pesquisa revelou que o que mais motivou os entrevistados a participarem do curso de informática foi a busca por aperfeiçoamento, a vontade de aprender, de se atualizar e a impossibilidade de ficar fora do mundo cibernético. Os sentimentos mais comuns gerados nos entrevistados ao se depararem com os avanços tecnológicos são: de ansiedade por quererem aprender, prazer e bem estar. No que concerne às mudanças internas e externas ao dominar o uso do computador e da internet, é possível afirmar que foi unânime o bem-estar que trouxe a esses idosos, visto que proporcionou a eles se sentirem mais ativos, valorizados e capazes. Um dos entrevistados, Luiz, relatou que na época em que era corretor de imóveis, a falta de ter um computador, bem como de saber utilizá-lo, interferiu muito em sua vida, uma vez que ele se sentia muito diminuído perante os outros por não ter conhecimento algum destes instrumentos tecnológicos. Após o término do curso intensivo de informática, foi realizada uma segunda entrevista na qual, ao serem indagados sobre as contribuições que o curso proporcionou, os entrevistados sinalizaram que apesar do curso ter sido de duração curta (oito encontros), foi possível aprender muita coisa, como por exemplo, abrir o e-mail e digitar. Os participantes ressaltaram que a experiência foi válida, sendo que alguns buscaram outros cursos de informática para poder melhorar aquilo que havia aprendido. No entanto, Luiz foi um dos integrantes desse grupo que não conseguiu concluir o curso, pois segundo ele estava muito difícil, e isso o fez se sentir bastante inoportuno ao fazer muitas perguntas. Esse fato gerou muito incômodo e desconforto ao entrevistado, ao ponto de fazer com que o mesmo desistisse do curso. Todavia, ele tem a intenção de retornar a fazer um curso de computação mais básico, que ele consiga acompanhar, já que para ele é importante aprender tais instrumentos, porque eles contribuem para o desenvolvimento pessoal e possibilitam acompanhar as transformações da sociedade. Quando questionados se o uso do computador e da internet tem facilitado o desempenho nas atividades de lazer, obtenção de informações, comunicação e relações afetivas, a maioria deles respondeu que sim. Quanto à participação de outras pessoas fora do curso que auxiliam os entrevistados no uso do computador e da internet, dois entrevistados disseram que possuem o auxílio do filho e da filha, respectivamente. Enquanto que um dos entrevistados informou que não recebe auxílio de outras pessoas. Ao serem indagados se o uso do computador e da internet tem sido mais frequente após o início do curso, todos responderam que sim, alegando que agora sabem mexer. Percebe-se, assim, que o aprendizado fornecido pelo curso de informática foi fundamental para que essas pessoas pudessem se aproximar mais dessas tecnologias, o que também indica que o desconhecimento de como se manusear provocava um afastamento deles em relação ao computador e à internet. Dessa forma, pôde-se observar que a oportunidade que se dá aos idosos para que eles se aperfeiçoem e criem novas habilidades, como a de manusear o computador e a internet, é extremamente significativa para que eles possam se sentir bem com eles mesmos, inclusive se sentirem parte constituinte da sociedade. Investimentos como este curso de informática contribuem para que sentimentos negativos e depreciativos em relação à velhice possam ser amenizados, fazendo com que o indivíduo velho possa ter uma vida mais saudável, sendo valorizado tanto por si próprio quanto socialmente.

4 CONCLUSÃO Constatou-se que os idosos que estão inscritos nos cursos destinados a ensinar a manusear o computador e a internet ainda são minoria frente à quantidade de idosos no país. Além disso, foi possível perceber as dificuldades que eles encontram para aprender a lidar com os avanços da tecnologia da informação, uma vez que precisam superar alguns paradigmas criados por uma sociedade individualista, capitalista e excludente. Destarte, percebe-se que os projetos de inclusão do idoso na sociedade informatizada possuem um caráter mais paliativo do que efetivo, visto que poucos têm condições financeiras para comprar um computador e ter internet, já que o único poder aquisitivo que existe para essa faixa etária é a aposentaria. Os poucos que têm esses benefícios são porque ganharam de algum familiar ou amigo, mas não sabem manuseálos. Para tanto, há uma escassez de projetos voltados para a formação e aprendizagem destes que se encontram marginalizados, e consequentemente, desvalorizados. Todavia, é importante resguardar o significado dessas transformações na subjetividade do idoso, que como muitos dos entrevistados, ao se tornarem detentores desses saberes, tiveram uma melhora na autoestima e na autorrealização pessoal, havendo, certamente, uma melhora na qualidade de vida, no que se refere a maior autonomia, independência e participação do idoso na sociedade. REFERÊNCIAS ARAÚJO, Maria O. P. Hidaldo de; CEOLIM, Maria Filomena. Avaliação do grau de independência de idosos residentes em instituições de longa permanência. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 41, n. 3, set. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s0080-62342007000300006&script=sci_arttext>. Acesso em: 15 out. 2009. BACELAR, Rute. Envelhecimento e produtividade: processos de subjetivação. 2. ed. rev. Recife: Fundação Antônio dos Santos Abranches FASA, 2002. BOAR, Bernard H. Tecnologia da Informação. São Paulo: Berkeley, 2002. LIMA, Luziana da Silva et al. O impacto da aprendizagem com a utilização de recursos computacionais na terceira idade: um estudo de caso com os alunos do projeto Khouse Raízes da Vida. In: WORKSHOP SOBRE INFORMÁTICA NA ESCOLA, 13., 2007, Rio de Janeiro. Anais do XXVII Congresso da SBC. Rio de Janeiro: PUC-RJ, 2007, p. 453-455. Disponível em: <http://www.de9.ime.eb.br/~sousamaf/cd/pdf/arq0056.pdf>. Acesso em: 20 out. 2009. SALGADO, Marcelo Antonio. Velhice, uma nova questão social. 2. ed. São Paulo: SESC-CETI, 1982. 123 p. SASSAKI, R. K. Inclusão construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 1997. SAWAIA, B. O sofrimento ético-político como categoria de análise da dialética exclusão/inclusão. In: (Org.). As artimanhas da exclusão: análise psicossocial e ética da desigualdade social. Petrópolis: Vozes, 1999.