PREÂMBULO PRIMEIRA CONFERÊNCIA CARIBENHA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR: Integração e Desenvolvimento do Caribe Paramaribo, Suriname 11 a 13 de abril, 2010 DECLARAÇÃO DE PARAMARIBO (13 de abril, 2010) Nós, os participantes da Primeira Conferência Caribenha de Educação Superior, realizada entre os dias 11 e 13 de Abril de 2010, em Paramaribo, Suriname, reconhecendo a relevância permanente dos resultados e do Communiqué da Conferência Mundial de Educação Superior (CMES 2009), organizada pela UNESCO em Paris, França, levando em consideração os resultados e recomendações da Conferência Regional de Educação Superior (CRES 2008), organizada pela UNESCO-IESALC em Cartagena das Índias, Colômbia, e pelas reuniões de formação do Espaço de Encontro Latino-americano e Caribenho de Educação Superior (ENLACES), realizadas em Santo Domingo, República Dominicana (2008), Cidade do Panamá, Panamá (2009), e em Lima, Peru (2009), além das diversas Conferências realizadas no Caribe, assim como os debates e resultados da Conferência subregional Integração e Desenvolvimento do Caribe, assinamos a seguinte Declaração. O papel estratégico e significativo da Educação Superior está radicado em sua habilidade de contribuir para o desenvolvimento de sociedades baseadas no conhecimento, democráticas e de mentalidade equitativa, que promovem um desenvolvimento social e econômico sustentável, de inclusão social, paz, estabilidade, justiça e padrões de vida dignos para todos os cidadãos. A educação como um bem público é responsabilidade de todos os atores, especialmente dos governos. Ela tem um papel estratégico no processo de um desenvolvimento sustentável dos países do Caribe. Mais ainda, os governos devem se comprometer com o apoio financeiro da Educação Superior. Nós também acreditamos que no contexto da globalização, os governos, trabalhando em parceria com as Instituições de Educação Superior, devem articular políticas que promovam o acesso equitativo a uma Educação Superior de qualidade em função da pesquisa, da inovação e da criatividade. 1
Estas políticas devem levar em conta a rica história, cultura, literatura e arte do Caribe; o potencial da rede internacional de universidades e alianças para melhorar o entendimento mútuo e uma cultura de paz; e o acelerado ritmo da globalização para construir uma sociedade Caribenha e Latino-americana diversa, baseada em habilidades, inclusiva e perfeitamente integrada. Além disso, apoiamos os esforços em prol da cooperação acadêmica, colaboração e internacionalização entre e dentro das Instituições de Educação do Caribe para o benefício de estudantes, educadores, pesquisadores e das próprias instituições, com o objetivo de ajudar a reduzir a lacuna mediante o aumento da transferência de conhecimento entre as fronteiras e reduzindo as disparidades nas áreas de Ciência, Tecnologia e Inovação. A internacionalização e a cooperação acadêmica devem ser baseadas na solidariedade e no respeito mútuo que deve influenciar em todos os aspectos das políticas públicas e instituições, formação do docente, ofertas de graduação, pósgraduação e doutorado e de educação contínua. Reconhecemos a importância e a necessidade de uma maior cooperação regional entre o Caribe e a região Latino-americana e outras regiões do mundo, particularmente a cooperação Sul-Sul e Norte-Sul-Sul para promover um enfoque regional para os problemas mais urgentes. Não devemos permitir que as barreiras lingüísticas atrapalhem o potencial para a cooperação e devemos dar passos concretos para facilitar e promover políticas e programas que apóiem o aprendizado de idiomas para incluir as outras línguas do Caribe e da América Latina. Finalmente, esta Primeira Conferência Caribenha de Educação Superior 2010, em solidariedade com a população do Haiti, dedica atenção para a revitalização da Educação Superior deste país depois do devastador terremoto que ocorreu em 12 de Janeiro de 2010. I. TENDÊNCIAS E PERSPECTIVAS DA EDUCAÇÃO SUPERIOR NO CARIBE 1. A Educação Superior como bem público é responsabilidade de todos os atores, especialmente dos governos. 2. Dada a complexidade dos desafios globais atuais e futuros, a Educação Superior tem a responsabilidade social de melhorar nossa compreensão de multifacetadas questões, que abarcam dimensões sociais, econômicas, científicas e culturais, e nossa habilidade para responder a elas. 2
3. A diversidade cultural e a interculturalidade devem ser fomentadas sob condições equitativas e de respeito mútuo. 4. As Instituições de Educação Superior (IES), através de suas funções centrais (pesquisa, docência e serviço para a comunidade) desenvolvidos no contexto de autonomia institucional e liberdade acadêmica, devem aumentar sua capacidade de aprendizado institucional, enfoque interdisciplinário e promover o pensamento crítico e a cidadania ativa. 5. A expansão do acesso e o crescimento das taxas de participação na Educação Superior foram transformados em prioridades para os Estados Caribenhos. Os Governos devem se responsabilizar pela qualidade da Educação Superior transmitida dentro de suas fronteiras e no contexto de sua sociedade. 6. As Instituições de Educação Superior devem estar conscientes das habilidades exigidas por suas sociedades e países. Devem desenvolver políticas e marcos regulatórios fortes para melhorar a qualidade e atender a diversificação e necessidades de emprego das economias caribenhas e assisti-las na prevenção da fuga de cérebros. II. GARANTIA DA QUALIDADE E ACREDITAÇÃO 1. A garantia da qualidade é uma função vital na Educação Superior e deve envolver todos os atores. 2. Qualidade requer tanto o estabelecimento de sistemas de garantia da qualidade como modelos de avaliação, da mesma forma que a promoção de uma cultura de qualidade, monitoria e avaliação dentro das Instituições nacionais de Educação Superior. 3. Os setores público e privado devem promover uma Educação Superior de qualidade caracterizada por sua qualidade e relevância, mas para que isto aconteça os governos devem fortalecer os organismos nacionais de acreditação como mecanismos para garantir a transparência, a prestação de contas e a excelência. 4. A este respeito, os Estados Membros do CARICOM devem dispor os mecanismos necessários para estabelecer os organismos nacionais de acreditação no marco da acreditação regional. 5. A maior cooperação regional entre a América Latina e o Caribe é desejável tal como o reconhecimento de qualificações, garantia da qualidade e harmonização de padrões para promover a mobilidade acadêmica e profissional. III. CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO NO CARIBE 3
1. A Educação Superior tem un papel chave na eliminação das lacunas nas áreas da Ciência, Tecnologia e Inovação (CTI) através de associações e intercâmbios regionais, usando as redes científicas existentes, associações, acadêmias e grupos de conhecimento com especial ênfase nos pequenos Estados e pequenos Estados insulares. 2. Estabelecer uma agenda para a Ciência, Tecnologia e Inovação é necessário para ser competitivo em uma economia globalizada. Esta agenda deve incluir o mútuo fortalecimento de capacidades entre as universidades da América Latina e do Caribe para adquirir o conhecimento e as habilidades necessárias para o desenvolvimento e bem-estar de nossos povos dentro de toda a região da América Latina e Caribe. 3. Os participantes concordaram com a necessidade peremptória de traduzir os resultados da pesquisa pertinente e de qualidade nas opções políticas viáveis. Os governos devem aumentar os fundos para a CTI com a meta de alcançar 3% do PIB. O apoio governamental para o desenvolvimento de infraestruturas e sistemas é o ponto estratégico para apoiar a CTI. 4. Os Governos e as IES devem promover as alianças universidade/indústria para produzir uma massa crítica de cientistas e profissionais com as habilidades necessárias para o mercado de trabalho, criando o ambiente propício para que nacionais que vivem no exterior invistam em seu país. 5. Para o desenvolvimento da pesquisa científica, tecnológica, humanística e artística, é necessário uma nova visão. As Instituições de Educação Superior no Caribe devem fomentar uma cultura de conhecimento científico e inovação indígena, construindo sobre as vantagens inerentes na sociedade Caribenha, a ser dirigida por seus principais atores. Baseados em rigorosos critérios e alinhamentos de qualidade, existe uma possibilidade de usar os centros regionais de excelência como um mecanismo para promover estudos universitários de grau. IV. INTERNACIONALIZAÇÃO E COOPERAÇÃO ACADÊMICA 1. A internacionalização e a cooperação acadêmica devem ser fortalecidas apesar da crise financeira e econômica global. A cooperação internacional em Educação Superior debe ser baseada na solidariedade e no mútuo respeito, construindo e promovendo sobre as plataformas existentes, baseado na promoção dos valores humanitários, a cidadania ativa, a liberdade acadêmica e o diálogo intercultural. 2. As Instituições Caribenhas de Educação Superior e as redes universitárias compartilham uma responsabilidade social, em colaboração com os governos da região, para ajudar a fechar a lacuna do desenvolvimento mediante o aumento da transferência de conhecimento entre as fronteiras, trabalhdo para 4
encontrar soluções comuns para fomentar a circulação de cérebros e minimizar o impacto negativo da fuga de cérebros. 3. A Educação Superior deve refletir as dimensões internacionais, regionais e nacionais tanto na docência como na pesquisa. É desejável a maior cooperação regional em áreas como o reconhecimento das qualificações, garantia da qualidade e acreditação, governança, pesquisa e inovação. 4. Fazemos um chamado às associações para a ação ajustada em nível nacional, regional e internacional e a ação ajustadas para garantir a qualidade e a sustentabilidade dos Sistemas de Educação Superior. Isto deve incluir também a cooperação Sul-Sul e Norte-Sul-Sul. 5. Portanto, fazemos um chamado a todas as Instituições de Educação Superior do Caribe e da América Latina para buscar ativamente oportunidades de cooperação entre elas, construindo sobre as forças existentes, nas redes regionais e com as organizações regionais e internacionais. Todos estes mecanismos são essenciais para a integração regional e a internacionalização, e devem ser parte de uma agenda dos governos da região, agências multilaterais, e instituições acadêmicas e privadas. 6. Finalmente, a disposição da Educação Superior através das fronteiras pode criar oportunidades da mesma forma que enfocar os desafios. Os Governos devem construir marcos regulatórios para dar continuidade e garantir a qualidade da educação daqueles prestadores transfronteiriços. V. REVITALIZAÇÃO DO SISTEMA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR NO HAITI 1. Como resultado do terremoto um número de Instituições de Educação Superior no Haiti ficaram danificadas ou completamente destruídas. Um grande segmento de profissionais qualificados e de estudantes morreram e outros abandonaram o Haiti. Tudo isto representa um nível diferente de desafio, e como, no século XXI, o papel da Educação Superior no Caribe serve para contribuir para o desenvolvimento econômico e social. Nós, os participantes, estamos comprometidos em uma estratégia de médio e longo prazos para ajudar o Haiti em sua recuperação e reconstrucção. 2. O desenvolvimento da qualidade da Educação Superior haitiana e da área de pesquisa será fomentada mediante a colaboração institucional, nacional, regional e internacional. Há, portanto, a necessidade de uma orientação estratégica visando o estabelecimento/fortalecimento de tal colaboração. 3. Os países da América Latina e do Caribe e, em particular, suas Instituições de Educação Superior devem trabalhar com as instituições acadêmicas do Haiti e o governo haitiano através da mobilidade do estudante, docente e pesquisador. Assim como um apoio na área da Ciência e Tecnologia para revitalizar o sistema educacional. Fazemos um chamado às organizações 5
intergovernamentais na região, doadores e organizações internacionais para que facilitem a coordenação entre as instituições do Caribe e Instituições de Educação Superior e Terciárias do Haiti e do governo haitiano. VI. CHAMADO A AÇÃO: OS REPRESENTANTES DOS GOVERNOS DO CARIBE 1. Os Ministros de Educação Superior do Caribe devem se reunir uma vez ao ano através do Conselho de Desenvolvimento Humano e Social (COHSOD) para discutir o desenvolvimento da Educação Superior no Caribe. 2. A estratégia caribenha de cumprir com o objetivo pelo menos 40 por cento de proventos na educação terciária deve ser um ítem regular na agenda. 3. O Mecanismo do Encontro de Ministros da Educação da OEA deve ser usado para apoiar a aliança efetiva entre a América Latina e o Caribe e promover a total participação dos Ministros da Educação da região. 4. Durante o próximo Encontro de Ministros da Educação da OEA, os Ministros desta Conferência (CCHE) devem priorizar as propostas dos artigos da declaração sobre o compromisso da Educação terciária realizado pelos Presidentes do Hemisfério durante a Quinta Cúpula das Américas, realizada em Port of Spain, em Trinidad e Tobago, seja discutida. 5. Estados pequens do Caribe e outros investidotes expressaram seu interesse em apoiar o sistema de Educação Superior do Haiti dentro do que eles podem contribuir. Um mecanismo deve ser desenvolvido para permitir que isto seja se realizado. 6. Estratégias devem ser desenvolvidas para melhorar a cooperação regional entre a América Latina e os Estados Caribenhos para : a. Promover a Ciência e Tecnologia e Inovação b. Promover o intercâmbio de docentes e estudantes c. Promover habilidades para o desenvolvimento nacional e regional. d. Desenvolver e coordenar o aprimoramento da acreditação e da qualidade na Educação Superior. e. Conduzir um estudo de acesso dos estudantes nos estados do Caribe para identificar que estratégias são necessárias para ampliar a participação e a entrada na Educação Superior. f. Desenvolver novas estratégias para o financiamento da Educação Superior promovendo novas alianças com empresas/governos/ sociedade civil. g. Criar uma agenda regional de pesquisa da ciência nos assuntos que conduzam a Educação Superior a um novo nível. h. Desenvolver um plano de ação sustentável para recuperação do sistema de Educação Superior do Haiti. i. Facilitar a inclusão de UNICA. 6
VII. CHAMADO À AÇÃO: INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO SUPERIOR CARIBENHAS 1. Os objetivos da Conferência Caribenha de Educação Superior devem fomentar o desenvolvimento da sustentabilidade e o crescimento endógeno em prol da transformação auto-dirigida e gerência do próprio destino; para melhorar a comunicação e o entendimento intercultural e a aceitação e para construir e fortalecer a capacidade humana e institucional. 2. As estratégias devem ser: a. Contextualizar a construção, a análise (SWOT) e a distribuição de dados através de modelos acessíveis e transparentes. b. Redes Multisetoriais e de multiníveis. c. Uso eficaz das tecnologias modernas. d. Coordenação efetiva de iniciativas. e. Intercâmbio e Mobilidade Acadêmica (docentes, estudantes, pessoal administrativo e liderança) f. Combinar diferentes modos de colaboração: bilateral, multilateral g. Aplicação de estratégias simultâneas dinâmicas e emergentes (no lineal) 3. O enfoque deve estar em: a. Construção de capacidade funcional, incluindo liderança. b. Remoção das barreiras do idioma. c. Pertinência das ações. d. Integrar o conhecimento baseado na pesquisa sobre a identidade caribenha e a diversidade nos programas de educação e nos planos de ação. e. Sustentabilidade financeira. 4. Deveria ser considerada a implementação dos seguintes projetos: a. Exploração (conjunta) de um possível programa de Ph. D. do Caribe b. Publicação e aplicação curricular de pesquisa em identidade e diversidade c. Estruturação de um modelo de programa para a preparação eficaz da Educação Superior no Caribe, incluindo a motivação do estudante d. Estabelecimento da região do Caribe como um centro de conhecimento e destino para a Educação Superior. e. Um sistema regional de acreditação em prol da harmonização f. Um programa de liderança acadêmica do Caribe. g. Um programa sobre desastre e gestão de risco, a partir de projetos concretos existentes. h. Projetos para aprender as línguas do Caribe, incluindo a modalidade de intercâmbio, a partir de projetos existentes. 5. Uma convocatória de propostas para projetos específicos deveria ser feito dentro de seis meses 7
VIII. CHAMADO À AÇÃO: ORGANIZAÇÔES/ AGÊNCIAS INTERNACIONAIS 1. Os participantes das Instituições Internacionais - CARICOM, da UNESCO, CXC, IICA, OEA, UNESCO - IESALC e UNESCO Kingston concordaram enfocar o fortalecimento da Garantia de Qualidade, Acreditação e Marcos de Qualificações e apoio à cooperação acadêmica e intercâmbios entre as Instituições de Educação Superior na América Latina e Caribe e propuseram as seguintes ações: a. Avalição dos pontos fortes e fracos das Instituições de Educação Superior e Terciárias no Caribe para planejar um sistema melhor. b. Projetar e criar uma base de dados de Instituições de Educação Superior e Terciárias. c. Criação de um coleção de estudos de pesquisa com ligações com a Educação Superior. d. Apoio à Ciência e Tecnologia e Inovação, política de desenvolvimento e promoção da Educação da Ciência. e. Apoio aos mecanismos institucionais e recursos existentes para facilitar e melhorar a cooperação (por ejemplo o Marco de Cooperação Sul-Sul). f. Realizar uma Conferência bi -anual sobre Educação Superior para o Caribe como uma continuidade da Conferência de Paramaribo para incluir representações de redes da América Latina (Tema proposto: Financiamento da Educação Superior). g. Apoio para a reconstrução e reestabelecimento das Instituições de Educação Superior e Terciárias do Haiti. h. Estabelecimento de um Comitê Técnico para dar continuidade às Recomendações e Ações da Primeira Conferência Caribenha de Educação Superior. IX. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os participantes desta reunião reconhecem o dedicado trabalho realizado pelo Ministério de Educação e a Comunidade de Desenvolvimento da República do Suriname, do Instituto Internacional de Educação Superior da UNESCO para América Latina e Caribe (UNESCO- IESALC), a UNESCO Kingston (Escritório Cluster para o Caribe) e a Organização de Estados Americanos (OEA) A integração da América Latina e do Caribe é necessária para poder criar o futuro da região e do continente e não pode ser adiada. A reunião de Paramaribo não pode ser concluída sem o compromisso de garantir esta 8
meta. Temos que reiterar a obrigação e a responsabilidade de criar nosso próprio futuro. (Revisão Final, Abril 20, 2010) 9