RELATÓRIO DA OFICINA DE PAÍSES FEDERATIVOS E DA AMÉRICA DO NORTE. (Apresentado pelo Brasil)
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- Herman Domingues Amaral
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1 TERCEIRA REUNIÃO DE MINISTROS E AUTORIDADES DE OEA/Ser.K/XXXVII.3 ALTO NÍVEL RESPONSÁVEIS PELAS POLÍTICAS DE REDMU-III/INF. 4/05 DESCENTRALIZAÇÃO, GOVERNO LOCAL E PARTICIPAÇÃO 28 outubro 2005 DO CIDADÃO NO NÍVEL MUNICIPAL NO HEMISFÉRIO Original: Textual 26 a 28 de outubro de 2005 Recife, Brasil RELATÓRIO DA OFICINA DE PAÍSES FEDERATIVOS E DA AMÉRICA DO NORTE (Apresentado pelo Brasil)
2 RELATÓRIO DA OFICINA DE PAÍSES FEDERATIVOS E DA AMÉRICA DO NORTE (Apresentado pelo Brasil) A Oficina de Países Federativos e da América do Norte reuniu-se sob a Presidência da Senhora Gloria Del Carmen Muñoz, Coordenadora do Instituto Nacional para o Federalismo e o Desenvolvimento Municipal (INAFED), do México. Participaram da oficina as delegações do Brasil, Canadá, Estados Unidos e México. Os representantes dos países participantes da oficina fizeram apresentações sobre os temas previamente propostos na Agenda da III RIAD, quais sejam: 1. Estratégias de desenvolvimento e geração de trabalho e renda; Qual é o novo papel para os governos locais e regionais? 2. Articulação e colaboração entre os entes governamentais para a promoção do desenvolvimento territorial. Com a finalidade de uniformizar os debates sobre o tema, as delegações basearam suas apresentações no exame das novas tendências de uma maior participação dos governos locais na promoção do desenvolvimento de seus territórios. Nesse sentido, foram apresentadas as iniciativas e estratégias mais significativas em cada país no âmbito do desenvolvimento regional. BRASIL O representante do Brasil, Diretor-Geral da Agência de Desenvolvimento do Nordeste - ADENE, apresentou A Questão Federativa e o Redesenho das Agências Macrorregionais de Desenvolvimento Regional. Em seu trabalho, mencionou a característica inovadora do federalismo brasileiro, estabelecida na Constituição Federal de 1988, que incluiu os municípios como entes federativos, ao lado dos Estados e da União. Esta característica criou no Brasil uma Federação Trina, composta de três instâncias de poder. Destacou que, no plano regional, o federalismo é confrontado com as seguintes questões: a) a necessidade de intermediar o auxílio das regiões mais desenvolvidas em benefício daquelas mais atrasadas; b) a mediação de conflitos de competência entre os três níveis da federação; c) a existência de conflitos de interesse entre os entes federativos; d) a ausência de instâncias regionais de promoção do desenvolvimento local, e
3 - 2 - e) a necessidade de estimular o processo democrático na gestão do Estado. Em seu processo de desenvolvimento, o país assistiu a um crescimento desigual de suas regiões. Para minimizar essas desigualdades, foram criadas as Agências de Desenvolvimento Regional que, por terem se tornado burocráticas, terminaram sendo extintas no ano de Na campanha presidencial de 2002, se explicitou a retomada de um processo de recriação dessas agências. No atual Governo, essa preocupação motivou a adoção de uma política nacional de desenvolvimento regional e de recriação das agências de desenvolvimento. Nesse processo, o Governo brasileiro busca o maior equilíbrio regional, por meio de ações de descentralização e regionalização do orçamento público, bem como da criação de planos e de fundos destinados especificamente para o desenvolvimento regional. Além dessas ações concretas, o estímulo a uma maior participação local nas políticas nacionais busca mediar os conflitos de interesse entre as diferentes esferas governamentais, com vistas a promover um processo sustentável de desenvolvimento econômico includente e integrador. CANADÁ O representante do Canadá expressou a importância da RIAD para o os países do Hemisfério, por promover a troca de experiências sobre descentralização, governo local e participação cidadã, que são elementos chave para a governança democrática. Colocou à disposição da RIAD a experiência canadense de 138 anos de federalismo. Ressaltou a coincidência do tema da criação de empregos para lutar contra a pobreza e fortalecer a governança democrática, que está sendo tratada na RIAD e que será também examinada durante a Cúpula de das Américas, a realizar-se em Mar del Plata, Argentina. Destacou que O Canadá está muito engajado nas discussões sobre essa questão na cúpula hemisférica, uma vez que a governança democrática é a base para a construção da prosperidade nacional e da eqüidade. O delegado canadense afirmou que a cooperação e parcerias entre o setor privado, as comunidades e os grupos à margem da sociedade, juntamente com o Estado e os Governos locais podem criar um ambiente que propicia o suporte necessário à criação de empregos. Nesse processo, a sociedade civil, com todos os grupos que a representam, tem um papel a cumprir, a começar pelo nível local e regional. Nesse sentido, o Canadá anunciou, em outubro de 2004, a disposição de transferir mais recursos para os governos municipais e a ampliação da assistência social. O país está comprometido com o estabelecimento de uma nova parceria com as suas províncias e territórios, por constatar que os interesses de cada um dos níveis de governo estão cada vez mais entrelaçados. Uma maior cooperação e coordenação intergovernamental, tanto vertical quanto horizontal, deve nortear as ações de planejamento e oferecimento de serviços públicos. Esta seria, na opinião do Canadá, a única forma de maximizar os resultados dos programas relacionados à criação de empregos, à educação e outras ações de interesse do cidadão. ESTADOS UNIDOS
4 - 3 - O representante dos Estados Unidos manifestou todo o apoio de seu país ao trabalho da RIAD, em parte porque são a mais antiga federação no Hemisfério e porque, em certos aspectos, têm o sistema mais descentralizado das Américas. Disse também acreditar na importância do intercâmbio de experiências entre os 34 estados participantes da OEA, uma organização em que todos os participantes foram eleitos democraticamente. A RIAD, afirmou, nos oferece uma oportunidade de intercambiar idéias e princípios entre governos democráticos, para promover os ideais importantes para o exercício da governança democrática. Ressaltou que não se trata de dizer aos países democráticos que tipo de organização devem ter, mas de ajudá-los em suas iniciativas de promoção da transparência, governabilidade democrática, intercâmbio de idéias sobre descentralização e responsabilidade local. Reafirmou que apóia o processo de fortalecimento dos governos locais por acreditar nos objetivos de criar empregos, lutar contra a pobreza e fortalecer a governança democrática, que serão o tema da Cúpula das Américas. MÉXICO O representante do México ressaltou a que transformação ocorrida na maneira pela qual os Estados nacionais operam e se estruturam também modificou o seu relacionamento com a sociedade. Essas mudanças levaram os grupos sociais a reivindicar maior espaço de participação no processo de formulação, implementação e avaliação das políticas públicas. Do mesmo modo, o novo contexto internacional, com suas conseqüências no interior das nações, levam os governos locais e a sociedade civil a buscar um maior envolvimento nas políticas de desenvolvimento nacional. A globalização também modificou a maneira como os estados nacionais se relacionam entre si e, ao mesmo tempo, criou oportunidades para uma maior participação dos governos locais e da sociedade civil nas relações internacionais. No campo econômico-comercial, também se assiste a uma crescente interdependência, uma vez que as transformações e problemas ocorridos em um país têm efeitos consideráveis sobre determinadas regiões de outros países. Nesse cenário, a atual administração mexicana impulsionou a transferência de um maior número de funções e de recursos aos governos locais, de forma a melhor atender às necessidades e demandas dessas instâncias e dos próprios cidadãos. A criação do Instituto Nacional para o Federalismo e o Desenvolvimento Municipal - INAFED vem proporcionando o desenvolvendo programas que envolvem a participação, nos últimos três anos, de 400 municípios de 18 estados mexicanos. Também se verificou um crescimento significativo do orçamento destinado às ações empreendidas pelos governos locais. Na seqüência dos trabalhos, as delegações comentaram os trabalhos apresentados. O representante dos Estados Unidos agradeceu o nível e conteúdo das apresentações das experiências federativas e da evolução dos processos de fortalecimento democrático. Destacou que as mudanças demandam tempo e que devem ser feitas sempre dentro do marco legal.
5 - 4 - O Canadá também demonstrou satisfação com o desenvolvimento dos trabalhos da oficina e com os resultados obtidos, que coincidem com os esforços daquele país no fortalecimento dos governos locais. A delegação do Brasil expressou seu reconhecimento pelo excelente intercâmbio de experiências propiciado pela oficina e informou que o país pretende continuar avançando no caminho do fortalecimento dos governos locais e da participação cidadã, bem como de sua estrutura federativa. Ainda pelo Brasil, o Dr. Vicente Trevas, eleito presidente da RIAD, fez um relato da evolução do sistema federativo brasileiro e apresentou o mais novo instrumento legal colocado à disposição dos estados e municípios: a Lei dos Consórcios Públicos, que permitirá a cooperação entre municípios, estados e regiões na solução de seus problemas comuns e na comunhão de esforços para ampliar a capacidade dos governos locais de atendimento aos problemas do cidadão. O Canadá informou que o Comitê Consultivo, criado para aconselhamento do Governo Central, permite solucionar eventuais questões de competências, notadamente em matéria fiscal, de modo a permitir a concretização das ações governamentais no nível local. O México referiu-se às recentes catástrofes naturais que assolaram algumas regiões do país e informou que, graças à coordenação entre os diversos níveis governamentais, foram evitadas as perdas de muitas vidas. A delegação brasileira mencionou o trabalho de capacitação de cidadãos residentes na região Nordeste, assolada pela seca. Este trabalho permitiu que as pessoas pudessem exercer atividades produtivas utilizando recursos locais alternativos. O México apresentou o Catálogo de Prioridades Federais, que permitiu o acompanhamento preciso dos 44 projetos em curso no país para o desenvolvimento municipal. O novo instrumento, criado pelo Instituto Nacional para o Federalismo e o Desenvolvimento Municipal da Secretaria de Governo - INAFED facilitou o acesso dos municípios aos programas desenvolvidos pelos diferentes ministérios e ampliou a distribuição do orçamento federal para as instâncias locais. Os participantes da oficina manifestaram seu reconhecimento pelo trabalho desenvolvido pelo México na presidência da RIAD. A delegação do México propôs a realização do Segundo Encontro de Países Federativos das Américas, dando seqüência ao encontro realizado no município de Torreón, Coahuila, México, em fevereiro de 2005, no âmbito dos trabalhos do Plano de Ação da Cidade do México. As delegações dos países federativos presentes aceitaram a proposta. A delegação dos Estados Unidos voltou a reforçar o seu apoio à iniciativa da RIAD e ofereceu o suporte da Fundação Interamericana no desenvolvimento de experiências de valorização cidadã. AN00105T01
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