INDICADORES. Epidemiológicos. DE natalidade. e mortalidade RORAIMA -2015/2016

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Transcrição:

GOVERNO DO ESTADO DE RORAIMA SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DE RORAIMA COORDENADORIA GERAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE DEPARTAMENTO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA INDICADORES Epidemiológicos DE natalidade e mortalidade RORAIMA -2015/2016 Roraima RR, 07/06/2016

Maria Suely Silva Campos Governadora do Estado de Roraima César Ferreira Penna de Faria Secretário Estadual da Saúde de Roraima Paulo Bastos Linhares Secretário Adjunto de Saúde Daniela Palha Souza Campos Coordenadora Geral de Vigilância em Saúde Luciana Cristina Grisoto Diretora do Departamento de Vigilância Epidemiológica José Vieira Filho Gerente do Núcleo de Sistemas de Informação em Saúde - NSIS/DVE/CGVS ELABORAÇÃO E ORGANIZAÇÃO Maria Soledade Garcia Benedetti Infectologista e especialista em Saúde Pública Gerente do Núcleo de Vigilância Hospitalar - NVH/DVE/CGVS/SESAU/RR Rutiléia Paiva de Sozua Técnica do Núcleo de Sistemas de Informação em Saúde - NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR

SUMÁRIO APRESENTAÇÃO... 4 2 DADOS DEMOGRÁFICOS... 10 3 NATALIDADE... 12 4 MORTALIDADE... 29 4.1 Indicadores de Mortalidade... 29 4.6 Mortalidade Infantil... 51 6.6.1 Mortalidade Infantil por Componentes... 55 4.7 Mortalidade Fetal... 59 4.8 Mortalidade Materna... 60 5 RECOMENDAÇÕES... 63

APRESENTAÇÃO As estatísticas vitais estão entre as mais importantes para a área da saúde. Saber o número de óbitos, a causa da morte, as condições da morte e do nascimento são informações básicas. As estatísticas vitais e sua análise e posterior interpretação são essenciais para o estabelecimento de metas e a avaliação dos planos sociais e econômicos, incluindo o acompanhamento de programas de intervenção sobre a saúde da população e a medição de indicadores demográficos sobre os níveis de vida e de qualidade de vida, tais como a expectativa de vida ao nascer e a taxa de mortalidade infantil (Brasil, 2014). A moderna epidemiologia utiliza as medidas em saúde coletiva para medir a saúde de maneira simplificada. Para tanto, utiliza os indicadores de saúde. Nesse sentido, o presente relatório se dispõe a construir e analisar os indicadores epidemiológicos sobre natalidade e mortalidade do estado de Roraima com ênfase nos anos de 2015 e 2016, até a presente data. Trata-se de um instrumento de retroalimentação às fontes geradoras de dados epidemiológicos, e mostra o compromisso da gestão em ampliar o acesso aos profissionais de saúde e da população em geral às informações epidemiológicas atualizadas, mas principalmente, busca motivar os gestores da área da saúde para o conhecimento sobre a natalidade e mortalidade no estado munindo-os de informação, para a tomada de decisão e para o controle social em saúde. Esta publicação traz ainda um convite para reflexão sobre como nascem, se expõem a riscos, e morrem a população de Roraima. Maria Soledade Garcia Benedetti Infectologista e especialista em Saúde Pública Gerente do Núcleo de Vigilância Hospitalar - NVHDVE/CGVS/SESAU/RR

1 INTRODUÇÃO 1.1 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO SOBRE NATALIDADE E MORTALIDADE Em Roraima a implantação do SINASC - Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos e do SIM - Sistema de Informação sobre Mortalidade ocorreu em 1994, inicialmente foram implantados no CEPIRR - Centro de Epidemiologia de Roraima. Em 1997 foi extinto o CEPIRR e a criado a Coordenação de Epidemiologia na Secretaria de Saúde do Estado, e desde então esses sistemas passaram a ser gerenciados por esse setor, que atualmente integra a Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde - CGVS como Departamento de Vigilância Epidemiológica. Em 1997, seguindo as recomendações do Ministério da Saúde - MS foi dado início ao processo de descentralização do SINASC e SIM às Secretaria Municipais de Saúde - SMS, de forma planejada, seguindo os requisitos necessários de um plano de implantação e de gestão dos sistemas cumprindo praticamente todos os quesitos necessários para a sua operação, através de treinamentos de informática na operação dos sistemas, doação de equipamentos de informática às SMS e acompanhamento rigoroso pela equipe técnica da Coordenação de Epidemiologia, resultando em informações com excelente completude e com boa qualidade. Paralelo a esse processo foram realizados vários eventos abordando a vigilância epidemiológica, a citar, o Curso Básico de Vigilância Epidemiológica - CBVE e a capacitação em Codificação de mortalidade - CID10. Não obstante, a partir da implantação dos sistemas de informação, foram estabelecidos fluxos de informações, por meio de portaria estadual, para o SIM (declaração de óbito - DO) e SINASC (declaração de nascidos vivos - DNV). Essas declarações têm origem nos serviços de saúde, passando às SMS, e daí, para a SESAU, responsável pelo envio da informação ao MS. A consolidação e análise dos dados deve ocorrer em cada um desses níveis do sistema. domiciliares. As informações contidas na DNV contemplam variáveis referentes ao cartório de registro, ao local de ocorrência, à mãe, à gestante e parto, e ao recém-nascido. Entre os indicadores de interesse para a atenção à saúde materno-infantil, são imprescindíveis as informações sobre a proporção de nascidos vivos de baixo peso, proporção de nascimentos prematuros, proporção de partos hospitalares, proporção de nascidos vivos por faixa etária da mãe, valores do índice APGAR no primeiro e quinto minutos, número de consultas no pré-natal realizadas para cada nascido vivo, entre outros. Dessas, as variáveis relacionadas à mãe, ao pré-natal, ao parto e ao recém-nascido são consideradas extremamente úteis na descrição do perfil de nascimento e para o planejamento de ações na área materno-infantil. Com a introdução da nova versão do formulário da DNV, ao longo de 2011, algumas características dos nascimentos vivos foram alteradas, com destaque sobre a prematuridade. As variáveis consultas de pré-natal e duração da gestação,

captadas de forma desagregada no novo formulário, permitem uma análise mais adequada das políticas de atenção à saúde da mulher e do recém-nascido preconizadas pelo MS. A utilização dos dados deste sistema para o planejamento e tomada de decisões nas três esferas de governo ainda é incipiente. São utilizados apenas como denominadores para o cálculo de taxas como as de mortalidade infantil e materna, por exemplo. Apesar disso, alguns indicadores vêm sendo propostos a grande maioria voltada à avaliação de risco da mortalidade infantil e a qualidade da rede de atenção à gravidez e ao parto. A disseminação em meio eletrônico e acesso ao banco de dados, com um tabulador de fácil operação, ampliaram a utilização da informação. As informações sobre a mortalidade permitem estabelecer atividades de vigilância epidemiológica de agravos determinados, análises de condições de vida a partir de indicadores de saúde, avaliação do impacto de ações de saúde, e tendências ao longo do tempo. O perfil das causas de morte no Brasil tem mudado de forma importante. A transição epidemiológica e demográfica vem ocorrendo de forma acelerada, com redução das mortes por doenças infecciosas e parasitárias e aumento das doenças crônicas e causa externa, e vêm delineando um novo cenário para a atuação da política pública. As estatísticas vitais estão entre as mais importantes para a área da saúde. Saber o número de óbitos, a causa da morte, as condições da morte e do nascimento são informações básicas. As estatísticas vitais e sua análise e posterior interpretação são essenciais para o estabelecimento de metas e a avaliação dos planos sociais e econômicos, incluindo a população e a medição de indicadores demográficos sobre os níveis de vida e da qualidade de vida, tais como a expectativa de vida ao nascer e a taxa de mortalidade infantil. As principais limitações encontradas em relação à análise da mortalidade são: subnotificação dos óbitos, precária qualidade de preenchimento das declarações de óbito, precário serviço de verificação de óbito - SVO, ausência de cartório de registro civil na maioria dos municípios e do estabelecimento de um fluxo de informações entre os cartórios e a vigilância epidemiológica, e invasão de óbitos na capital devido à existência de serviços médicos de referência. A análise dos dados do SIM permite a construção de importantes indicadores para a descrição do perfil de saúde de uma região. Assim, a partir das informações contidas nesse sistema, pode-se obter a mortalidade proporcional por causas, faixa etária, sexo, local de ocorrência e residência e letalidade de agravos dos quais se conheça a incidência, bem como taxas de mortalidade geral, infantil, materna ou por qualquer outra variável contida na declaração de óbito - DO, uma vez que são disponibilizadas várias formas de cruzamento dos dados. Entretanto, o não preenchimento correto da DO prejudica a informação dessa rica fonte de dados para a construção de indicadores de interesse da saúde pública.

O registro do óbito deve ser feito no local de ocorrência do evento. Embora o local de residência seja a informação comumente mais utilizada. A análise dos dados por local de ocorrência é importante para o planejamento de algumas medidas de controle, como, por exemplo, no caso dos acidentes de trânsito e doenças infecciosas que exijam a adoção de medidas de controle no local de sua ocorrência. A crítica dos dados, buscando inconsistência para a qualificação das informações é de responsabilidade de todas as esferas, sobretudo da municipal, que está mais próxima do evento. 1.2 INDICADORES DE SAÚDE Indicadores são medidas utilizadas para descrever e analisar uma situação existente, avaliar o cumprimento de objetivos, metas e suas mudanças ao longo do tempo, além de confirmar tendências passadas e prever tendências futuras. Apresentam-se como: - Indicadores demográficos: natalidade, fecundidade, expectativa de vida. - Indicadores socioeconômicos: renda per capita e familiar, escolaridade, saneamento, renda, etc. - Indicadores de Saúde: morbidade, mortalidade, entre outros. Por ser muito difícil mensurar a saúde, mede-se a não saúde, ou seja, as doenças e agravos (morbidade), as mortes (mortalidade), as incapacidades físicas e mentais (seqüelas); mede-se, também, as variáveis relacionadas a processos fisiológicos (como a gravidez), hábitos e estilo de vida (exercícios físicos, dietas saudáveis), entre outros. Os indicadores são construídos de acordo com aquilo que se quer medir. Sua escolha varia de acordo com os objetivos que se quer alcançar; e podem ser expressos por valores absolutos (números), relativos (percentagens) e outros (coeficientes). Os indicadores de valores absolutos referem-se a dados não tratados em relação a um todo como, por exemplo, número de casos e número de óbitos, impossibilitando, assim, comparações temporais ou geográficas. São úteis no planejamento e na administração da saúde para estimar o número de leitos, medicamentos e insumos em geral. Para ser possível comparar as freqüências de morbidade e mortalidade, tornase necessário transformá-los em valores relativos, isto é, em numeradores de frações, tendo denominadores fidedignos. Os dados são relativos quando mostram alguma relação com outros, podendo ser expressos por meio de coeficiente, índice e razão. Coeficiente ou taxa - É a relação entre o número de eventos reais e os que poderiam acontecer, sendo a única medida que informa quanto ao risco de ocorrência de um evento. Por exemplo: número de óbitos por leptospirose no Rio de Janeiro, em relação às pessoas que residem ou residiam nessa cidade, no ano ou período considerado. Proporção - É a relação entre freqüências atribuídas de determinado evento; no numerador, registra-se a freqüência absoluta do evento, que constitui subconjunto da freqüência contida no denominador. Por exemplo: número de óbitos por doenças cardiovasculares em relação ao número de óbitos em geral.

Razão - É a medida de freqüência de um grupo de eventos relativa à freqüência de outro grupo de eventos. É um tipo de fração em que o numerador não é um subconjunto do denominador. Por exemplo: razão entre o número de casos de Aids no sexo masculino e o número de casos de Aids no sexo feminino. Mortalidade é uma propriedade natural das comunidades dos seres vivos. Refere-se ao conjunto dos indivíduos que morrem em um dado intervalo de tempo e em um dado espaço. O risco ou probabilidade que qualquer pessoa na população apresenta de vir a morrer, em decorrência de uma doença, é calculado pela taxa ou coeficiente de mortalidade. Ela representa a intensidade com que os óbitos por uma determinada doença ocorrem em uma certa população. Indicadores como os de mortalidade geral, mortalidade infantil, mortalidade materna e mortalidade por doenças transmissíveis, são muito utilizados para avaliar o nível de saúde de uma população. Principais indicadores de mortalidade: Taxa de mortalidade geral (TMG): mede o risco de morte por todas as causas em uma população de um dado local e período. Taxa de mortalidade infantil (TMI): mede o risco de morte para crianças menores de um ano de um dado local e período. Taxa de mortalidade infantil precoce (TMIP neonatal): mede o risco de morte para crianças menores de 28 dias. Taxa de mortalidade infantil tardia (TMIT): mede o risco de morte para crianças com idade entre 28 dias e 1 ano. Razão de mortalidade materna (RMM): mede o risco de morte materna. 1 Taxa de mortalidade por causa (TMC): mede o risco de morte por determinada causa, num dado local e período. No denominador deve constar a população exposta ao risco de morrer por essa mesma causa.

Taxa de letalidade (TL): é uma proporção que mede o poder da doença em determinar a morte e também pode informar sobre a qualidade da assistência médica prestada ao doente. Razão de mortalidade proporcional (RMP) 2 ou Indicador de Swaroop-Uemura: mede a proporção de óbitos de pessoas com 50 anos ou mais em relação ao total de óbitos em um dado local e período. Para facilitar e permitir a comparação entre as taxas, tanto as de mortalidade quanto as de morbidade, calculadas para diferentes locais ou para o mesmo local em diferentes períodos de tempo, utiliza-se, sempre, uma base comum (100, 1.000, 10.000, 100.000, 1.000.000) que representa uma potência de 10 (10 n ). Essa potência de 10 é escolhida de forma a tornar os números obtidos o mais próximo possível de números inteiros. Por convenção, nos coeficientes de mortalidade geral e infantil, a base é 1.000; e quando se trata de mortalidade por causa, a base mais adequada é 10 5 = 100.000. A taxa de letalidade se expressa, sempre, em porcentagem.

2 DADOS DEMOGRÁFICOS O Estado de Roraima está situado no extremo setentrional do Brasil, limita-se com a República Cooperativista da Guiana e com a Venezuela, em 1.922 quilômetros de fronteira internacional (Fecor, 1997), e com os Estados do Amazonas e Pará. Ocupa uma área de 224.303,187 Km², representando 2,57% da área total do Brasil (Figura 1). Figura 1 Mapa político do Estado de Roraima Fonte: Enciclopédia Wikipédia. Para 2015, a estimativa do IBGE para o Estado foi de 505.665 habitantes. A densidade demográfica ficou em 2,25 habitantes por Km². Roraima possui 15 municípios, a capital Boa Vista, com 320.714 habitantes, concentra 63,42% da população estadual. As cidades com mais de 10 mil habitantes são: Rorainópolis (27.288), Caracaraí (20.261), Alto Alegre (16.176), Mucajaí (16.380), Cantá (16.149), Pacaraima (11.908), Bonfim (11.739), Amajarí (10.006), Iracema (10.320) e Normandia (10.148). A estimativa populacional do IBGE para 2016 é de 514.229 habitantes. Em 2014, o Distrito Sanitário Yanomami (DSY) informou a contagem de 22.853 indígenas da etnia Yanomami e o Distrito Sanitário Leste (DSL) 43.032 indígenas de várias etnias, totalizando 65.882 indígenas no estado, correspondendo a 13,25% da população de Roraima. 500.000 400.000 300.000 200.000 100.000 0 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Figura 2 População residente do Estado de Roraima, 1980 a 2015 Fonte: IBGE (Censos e estimativas).

O crescimento populacional de Roraima no período de 1980 a 2015 foi de 539,10%, passando de 79.121 em 1980 para 505.665 habitantes em 2014 (Figura 2). Tabela 1 População residente por área territorial e densidade demográfica. Roraima, 2015 População 2015 Densidade Área da unidade territorial demográfica N % (Km²) (hab./km²) Roraima 505.665 100,00 224.300,51 2,25 Alto Alegre 16.176 3,20 25.567,02 0,63 Amajarí 11.006 2,17 28.472,33 0,38 Boa Vista 320.714 63,42 5.687,04 56,39 Bonfim 11.739 2,32 8.095,42 1,45 Cantá 16.149 3,19 7.664,83 2,10 Caracaraí 20.261 4,00 47.411,03 0,42 Caroebe 9.165 1,81 12.065,75 0,75 Iracema 10.320 2,04 14.409,58 0,71 Mucajaí 16.380 3,24 12.461,21 1,31 Normandia 10.148 2,00 6.966,81 1,45 Pacaraima 11.908 2,35 8.028,48 1,48 Rorainópolis 27.288 5,39 33.594,05 0,81 São João da Baliza 7.516 1,48 4.284,51 1,75 São Luiz 7.407 1,46 1.526,89 4,85 Uiramutã 9.488 1,87 8.065,56 1,17 Fonte: IBGE. Estimativa para 2014. A pirâmide etária do Brasil e Roraima projetada pelo IBGE para 2015 (Figura 3) apresentou um padrão de país emergente. A forma da pirâmide está associada ao nível de desenvolvimento do país, região ou estado. No Brasil, a pirâmide populacional tem se modificado a cada década. Sua forma revela uma situação intermediária entre as pirâmides de país desenvolvido e de país em desenvolvimento, os chamados países emergentes. Brasil Figura 3 Pirâmide etária Brasil e Roraima, 2015 Fonte: IBGE. Estimativas e projeções. Roraima

3 NATALIDADE A natalidade mede a incidência de nascimentos numa população. A taxa de natalidade é calculada utilizando-se a fórmula: O Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos - SINASC constitui uma importante ferramenta para o estudo da natalidade e da fecundidade no país e conseqüentemente nos estados e municípios, com dados oportunos e fidedignos sobre as características da mãe, gravidez, do parto e do recém-nascido, permitindo aos gestores ações prioritárias na atenção à saúde da mulher e do recém-nascido. Tabela 2 Taxa de natalidade (por mil habitantes) de Roraima e Brasil, 1990 a 2015 RORAIMA BRASIL Ano Taxa de natalidade Taxa de natalidade Nascidos vivos População residente (por mil habitantes) (por mil habitantes) 1990 5.016 203.977 24,6-1991 5.298 217.583 24,3 23,40 1992 4.920 225.939 21,7-1993 6.067 241.092 25,1-1994 7.172 251.792 28,5-1995 7.023 262.194 26,8-1996 7.373 247.131 26,7-1997 8.148 254.498 32,0-1998 8.208 260.701 31,4-1999 8.726 266.914 32,7 21,20 2000 9.698 324.397 29,9 20,86 2001 9.561 337.253 28,3 20,28 2002 9.188 346.866 26,5 19,73 2003 10.286 357.296 28,8 19,19 2004 9.751 367.701 26,5 18,66 2005 9.699 391.318 24,7 18,15 2006 9.598 403.340 23,8 17,65 2007 9.584 415.281 23,1 17,18 2008 10.093 412.783 24,4 16,72 2009 9.678 421.497 22,9 16,29 2010 9.720 450.479 21,6 15,88 2011 9.969 460.165 21,6 15,50 2012 10.582 469.524 22,5 15,13 2013 10.556 488.072 21,6 14,79 2014 10.322 496.936 20,7 14,47 2015 10.535 505.665 20,8 14,16 Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR.IBGE (Censo demográficos e projeções). Nota: 1. Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2000 e 2013. 2. Dados do SINASC fechado em 31/12 de cada ano. Sujeitos a correção. 3. Dados de 2014 - Incluídos sete nascimentos com município ignorado. Excluídos 204 nascimentos residentes de outros estados e países. - sem informação

No período de 1990 a 2015 a taxa de natalidade por mil nascidos vivos variou de 24,6 por mil nascidos vivos em 1990 para 20,8 em 2015, uma redução, desse taxa, de 15,44% no período. Em 2016 ocorrem 3.788 nascimentos no estado. Entre 2000 e 2012, observou-se uma redução de 13,3% no número total de nascimentos no País. Segundo dados corrigidos, esta redução, em 2012, representou 450 mil nascimentos a menos, se comparada com o ano de 2000 (Brasil 2014). Com relação à distribuição dos nascimentos, segundo o município de ocorrência do parto, observa-se uma mobilidade da população, especialmente vinculada à busca pela assistência aos eventos relacionados à sua saúde, fato este demonstrado na Tabela 3, onde a capital, Boa Vista, que concentra os serviços de saúde de referência, realizou 9.344 partos, incluindo 2.652 partos de mães residentes em outros municípios, totalizando 88,69% (9.344/10.535) dos partos ocorridos em Roraima no ano de 2015. Chama a atenção que o município de Rorainópolis após a inauguração do Hospital Regional Sul Ottomar de Souza Pinto tornou-se o segundo em número de partos, e em 2015 realizou 555 partos e destes 26,8% (149/555) foram de mães residentes em outros municípios. A distribuição dos nascimentos, segundo o município de residência da mãe, segue a distribuição da população residente. Quando se considera o porte populacional, verifica-se que quanto menor o município maior a proporção de nascimentos ocorridos em outro município, e podemos agregar a isso a distância entre o município e a capital. Tabela 3 Número e proporção de nascidos vivos segundo município de residência da mãe e município de ocorrência do parto. Roraima, 2015 Nascidos Vivos Município de residência Município de ocorrência De outros municípios da mãe do parto ocorridos em Boa Vista N % N % N % Roraima 10.508 100 7.751 73,76 2.652 25,23 Alto Alegre 190 1,80 19 10,00 170 89,47 Amajarí 180 1,70 12 6,66 168 93,30 Boa Vista 6.697 63,73 6.692 99,92 - - Bonfim 316 3,00 61 19,30 255 80,60 Cantá 315 3,00 16 5,07 298 94,60 Caracaraí 355 3,36 13 3,66 311 87,60 Caroebe 137 1,30 10 7,24 92 66,66 Iracema 125 1,18 0 0,00 121 96,80 Mucajaí 321 3,04 19 5,91 298 92,83 Normandia 371 3,52 128 34,5 240 64,69 Pacaraima 303 2,87 77 25,4 225 74,25 Rorainópolis 522 5,00 406 77,03 113 21,44 São João da Baliza 114 1,09 35 30,4 70 60,86 São Luiz 90 0,85 46 51,11 38 42,22 Uiramutã 471 4,47 217 46,07 252 53,50 Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. IBGE (Censo demográficos e projeções). * Excluídos 27 nascimentos com informação ignorada. A comparação entre os municípios de residência da mãe e de ocorrência do parto permite descrever, ainda que parcialmente, a mobilidade espacial das mulheres

35 30 25 20 15 10 5 0 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Roraima 24,6 24,3 21,7 25,1 28,5 26,8 26,7 32 31,4 32,7 29,9 28,3 26,5 28,8 26,5 24,7 23,8 23,1 24,4 22,9 21,6 21,6 22,5 21,6 20,7 20,8 Figura 4 - Taxa de natalidade (por mil habitantes). Roraima, 1990 a 2015 Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. IBGE (Censo demográficos e projeções). Nota: 1. Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2000 e 2013. 2. Dados do SINASC fechado em 31/12 de cada ano. Sujeitos a correção. 3. Dados de 2014 - Incluídos sete nascimentos com município ignorado. Excluídos 204 nascimentos residentes de outros estados e países.

na busca de assistência ao parto. Capta-se aqui a mobilidade intermunicipal, mas não a que ocorre dentro do município. Na Figura 5 observamos essa mobilidade no período de 2013 a 2016 (até 07/06) e chama a atenção a alta proporção de mobilidade das mães no estado de Roraima. % 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Rorai Alto Alegre AmajaríBonfimCantáCaracaraí Caroebe IracemaMucajai Norman dia Pacaraima São João nópo São Luiz da Baliza Uiramutã lis 2013 39,1 49 81,6 93,6 68,4 82 76 89,3 52,1 61,2 72,4 80 81 73,3 2014 93 92,9 86,1 93,7 82,3 90,2 99,1 93,1 63,4 66,1 56,3 82,9 96,9 68,4 2015 90 93,3 80,6 94,9 95,4 92,7 97,6 94 65,4 74,5 22,2 69,3 48,8 53,9 2016 89,9 96,1 82,1 98,4 98,2 93,2 100 98,2 66,9 72,9 15,2 33,3 89,6 76,2 Figura 5 Proporção de nascidos vivos ocorridos fora do município de residência da mãe. Roraima, 2013 e 2016* Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. IBGE (Censo demográficos e projeções). Nota: 1. Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2000 e 2013. 2. Dados do SINASC fechado em 31/12 de cada ano. Sujeitos a correção. 3. Dados de 2014 - Incluídos sete nascimentos com município ignorado. Excluídos 204 nascimentos residentes de outros estados e países. * até 07/06/2016 3.1 Estabelecimento de saúde Com relação à esfera administrativa do estabelecimento de saúde de ocorrência do parto, no período de 2001 a 2015 observa-se um absoluto predomínio de partos ocorridos em estabelecimentos de saúde públicos (Roraima, 2014). No ano de 2015, tem-se que dos 10.535 nascimentos, 9.533 ocorreram em estabelecimentos públicos (90,5%), 622 em estabelecimentos não públicos (5,9%), 344 (3,1 %) domiciliar e 0,05% (6) ignorados. As proporções de partos domiciliares foram de 12,7% (1.226/9.658) em 2006, 9,6% (930/9.653) em 2007, 11,3% (1.154/10.184) em 2008, 9,4% (927/9.807) em 2009, 7,6% (754/9.870) em 2010, 7,8% (795/10.131) em 2011, 10,3% (1.123/10.888) em 2011, 6,5% (685/10.556) em 2013, 1,7% (179/10.322) em 2014, 3,17% (334/10.535) em 2015, 1,2% (22/3.788) em 2016 (até 07/06), e provavelmente indica relação com os nascimentos em área indígena. 15

Tabela 4 Distribuição dos nascimentos segundo esfera administrativa do estabelecimento de saúde. Roraima, 2001 a 2016* Estabelecimento de Saúde Ano Público Não-público N % N % 2001 8.148 95,4 391 4,6 2002 8.226 94,7 459 5,3 2003 8.297 93,0 626 7,0 2004 7.788 92,6 624 7,4 2005 7.874 93,6 569 6,4 2006 7.962 95,1 410 4,9 2007 8.208 94,7 458 5,3 2008 8.388 93,4 591 6,6 2009 8.255 93,5 569 6,4 2010 8.447 93,3 604 6,7 2011 8.600 92,8 666 7,2 2012 8.830 93,4 621 6,6 2013 9.163 93,2 666 6,8 2014 9.352 90,6 727 7,0 2015 9.533 90,5 662 5,9 2016 3.530 93,2 211 5,5 Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. IBGE (Censo demográficos e projeções). Nota: 1. Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2000 e 2013. 2. Dados do SINASC fechado em 31/12 de cada ano. Sujeitos a correção. 3. Dados de 2014 - Incluídos sete nascimentos com município ignorado. Excluídos 204 nascimentos residentes de outros estados e países. * até 07/06/2016. A distribuição dos estabelecimentos de saúde segundo os municípios de residência é uniforme e apresenta o predomínio de nascimentos em estabelecimentos de saúde público. Boa Vista, a capital, concentra os serviços de saúde particulares razão pela a qual apresenta proporção elevada de nascimentos em estabelecimentos de saúde não público. Vale lembrar que é considerada na análise a esfera administrativa e não a origem do recurso financeiro do leito. % 95 85 75 65 55 45 35 25 15 5 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Domiciliar 12,7 9,6 11,3 9,4 7,6 7,8 10,3 6,5 1,7 3,17 1,2 Não domiciliar 87,3 90,4 88,7 90,6 92,4 92,2 89,7 93,5 98,3 96,8 98,8 Figura 6 Proporção de nascidos vivos segundo parto domiciliar e não domiciliar. Roraima, 2006 a 2016* Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. IBGE (Censo demográficos e projeções). Nota: 1. Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2000 e 2013. 2. Dados do SINASC fechado em 31/12 de cada ano. Sujeitos a correção. 3. Dados de 2014 - Incluídos sete nascimentos com município ignorado. Não incluídos 204 nascimentos residentes de outros estados e países. * até 07/06/2016. 16

3.2 Referentes à mãe 3.2.1 Idade da mãe Os dados do SINASC mostram que nos últimos anos houve um envelhecimento da estrutura etária das mulheres no momento do parto, com aumento da proporção de mães com 30 anos ou mais de idade, passando de 22,5 em 2000 para 30,2% em 2012. Cabe destacar, no entanto, que a proporção de nascimentos de mães com idades menores que 15 anos permaneceu constante ao longo do período, representando cerca de 30 mil nascimentos ao ano (Brasil, 2014). Em Roraima, a proporção de mães com 30 anos ou mais de idade passou de 20,3% em 2006 para 27% em 2016 (até 07/06), um aumento de 33% dessa proporção em 10 anos. Por outro lado, houve redução na proporção de nascimentos de mães com idades menores que 15 anos, passando de 2% em 2006 para 1,9% em 2016 (até 07/06), uma redução de 5% dessa proporção no período. A desagregação dos nascimentos por idade da mãe retoma a discussão da maternidade entre as adolescentes e jovens menores de 20 anos de idade e a gravidez em idades mais tardias. Este tema assume grande relevância social, pela vulnerabilidade em termos biológicos e de condições de sobrevivência das crianças, pois a gravidez em idade muito jovem eleva os riscos de mortalidade para a mulher e seus filhos. Em suma vários estudos relacionam a gravidez em idades precoces com condições de pobreza, baixa escolaridade, abandono escolar e menor procura a serviços de saúde. A persistência desse número de nascimentos ao longo dos anos evidencia a necessidade do incremento de políticas públicas voltadas para a redução de condições de vulnerabilidade desse grupo populacional (Brasil, 2014). Atribui-se nesta faixa etária um risco maior de ter um recém-nascido de baixo peso, pelo fato da mãe não possuir maturidade funcional do organismo. Tabela 5 Número e proporção de nascidos vivos por idade da mãe. Roraima, 2006 a 2016* Ano < 15 15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 40 e + N % N % N % N % N % N % N % 2006 182 2,0 2.308 24,0 3.102 32,3 2.045 21,3 1.251 13,0 552 5,7 158 1,6 2007 212 2,2 2.328 24,3 3.000 31,3 2.199 23,0 1.213 12,6 506 5,3 126 1,3 2008 209 2,1 2.346 23,2 3.076 30,4 2.378 23,5 1.335 13,2 587 5,8 162 1,6 2009 199 2,0 2.248 23,2 2.927 30,2 2.308 23,8 1.263 13,0 543 5,6 190 1,9 2010 191 1,9 2.254 23,1 2.869 29,5 2.270 23,3 1.388 14,2 584 6,0 172 1,8 2011 174 1,7 2.317 23,2 2.899 29,1 2.408 24,1 1.363 13,7 631 6,3 177 1,8 2012 233 2,2 2.478 23,4 2.968 28,0 2.424 23,0 1.602 15,1 685 6,5 192 1,8 2013 216 2,0 2.465 23,4 3.007 28,5 2.341 22,2 1.550 14,7 773 7,3 204 1,9 2014 174 1,7 2.448 23,7 2.912 28,2 2.269 22,0 1.609 15,6 731 7,1 178 1,7 2015 175 1,6 2.337 22,2 2.969 28,2 2.368 22,4 1.704 16,1 794 7,5 188 1,8 2016 72 1,9 826 21,8 1.026 27,1 837 22,0 586 15,4 356 9,4 85 2,2 Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. IBGE (Censo demográficos e projeções). Nota: 1. Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2000 e 2013. 2. Dados do SINASC fechado em 31/12 de cada ano. Sujeitos a correção. 3. Dados de 2014 - Incluídos sete nascimentos com município ignorado. Não incluídos 204 nascimentos residentes de outros estados e países. * até 07/06/2016. 17

3.2.2 Instrução da mãe O nível de instrução (escolaridade) da mãe é um diferencial no processo de acesso ao pré-natal e a educação, neste caso, se revela um fator importante na percepção da importância da assistência à saúde materno-infantil. Tabela 6 - Número e proporção de nascidos vivos por escolaridade (anos de estudo) da mãe. Roraima, 2006 a 2016* Nenhuma 1 a 3 anos 4 a 7 anos 8 a 11 anos 12 anos e + Não Ignorado Ano informado N % N % N % N % N % N % N % 2006 622 6,4 1.063 11,0 2.767 28,8 3.622 37,7 1.138 11,8 225 2,3 161 1,7 2007 388 4,0 1.348 14,0 2.538 26,5 4.079 42,5 867 9,0 317 3,3 47 0,5 2008 625 6,2 967 9,6 2.556 25,3 4.778 47,3 892 8,8 211 2,1 64 0,6 2009 613 6,3 577 5,9 2.493 25,7 4.700 48,6 1.068 11,0 84 0,8 143 1,4 2010 747 7,7 341 3,5 2.029 20,8 5.279 54,2 1.272 13,1 34 0,3 26 0,2 2011 464 4,6 350 3,5 2.057 20,3 5.432 54,6 1.298 13,0 108 1,1 260 2,6 2012 531 5,0 321 3,0 2.018 19,1 5.652 53,4 1.400 13,2 265 2,5 398 3,7 2013 524 4,9 288 2,7 1.997 18,9 5.813 55,0 1.549 14,6 231 2,2 154 1,4 2014 151 1,4 196 1,9 1.823 17,6 6.335 61,3 1.646 15,9 96 0,9 75 0,7 2015 183 1,7 328 3,1 1.791 17,0 6.306 60,0 1.789 17,0 61 0,5 77 0,7 2016 62 1,6 97 2,5 572 15,1 2.374 62,6 658 17,3 21 0,5 4 0,1 Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. IBGE (Censo demográficos e projeções). Nota: 1. Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2000 e 2013. 2. Dados do SINASC fechado em 31/12 de cada ano. Sujeitos a correção. 3. Dados de 2014 - Incluídos sete nascimentos com município ignorado. Não incluídos 204 nascimentos residentes de outros estados e países. * até 07/06/2016. No Brasil, em 2012, os dados do MS mostram que os nascidos vivos de primeira ordem representam 40% dos nascimentos. Entre as mães que não completaram o ensino fundamental (com menos de sete anos de estudo), chama a atenção a concentração de mães com menos de 20 anos (superior a 50%). Enquanto que entre as mães com níveis mais elevados de escolaridade (12 anos ou mais de estudos), o nascimento do primeiro filho acontece com elevada freqüência após a mãe completar 30 anos ou mais de idade. A freqüência de nascimentos em idades mais tardias entre as mães com maior nível de escolaridade foi de 45,1% em 2012, enquanto que essa freqüência não alcançou 15% entre as demais mães (Brasil, 2014). Em Roraima, na análise da escolaridade da mãe observamos que dos 10.322 nascidos vivos em 2015, 1,7% (183) eram de mães sem nenhuma escolaridade, 3,1% (328) de mães com escolaridade de 1 a 3 anos de estudo, 17 % (1.791) de 4 a 7 anos, 60% (6.306) de 8 a 11 anos, 17% (1.789) com mais de 12 anos de estudo. As mães com escolaridade não informada ou ignorada representaram 0,5% (61) e 0,7% (77) dos nascimentos, respectivamente. Em 2014, entre as mães que não tinham nenhuma instrução 12,7% não teve qualquer consulta pré-natal. Dentre as mães com 8 a 11 anos de estudo está a maior proporção de nascidos vivos cuja gestação teve o acompanhamento realizado por sete ou mais consultas pré-natal (63%), seguido das mães mais escolarizadas, isto é, com 12 anos ou mais de estudo, que concentrou 23,7% (Figura 8). 18

Figura 8 Proporção de nascidos vivos por escolaridade da mãe e número de consultas no pré-natal. Roraima, 2014 Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. IBGE (Censo demográficos e projeções). Nota: 1. Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2000 e 2013. 2. Dados do SINASC fechado em 31/12 de cada ano. Sujeitos a correção. 3. Dados de 2014 - Incluídos sete nascimentos com município ignorado. Não incluídos 204 nascimentos residentes de outros estados e países. 3.2.3 Cor da pele/raça da mãe Em Roraima, no ano de 2015, 74,4% (7.837/10.535) dos nascidos vivos foram de mães com cor da pele/raça parda, seguida de indígena com 15,7% (1.662), branca com 7,3% (773), preta com 1,7% (186) e amarela com 0,2% (21). Na Figura 10 temos a proporção de nascidos vivos de mães indígenas por município de residência em 2014. % % 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Nenhuma 1 a 3 consultas 4 a 6 consultas 7 e + consultas Não informado/ignorado 10,7 1,8 1,3 0,9 12 e + anos 5,9 4,6 11,4 23,7 8 a 11 anos 35,1 56,9 63,8 63 4 a 7 anos 30,7 30,8 20 10,8 1 a 3 anos 4,6 3,3 2,3 0,9 Nenhuma 12,7 2,3 1 0,5 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Não Informado 10,3 0,2 0,1 0,1 0,5 1,2 Indígena 18,3 22,8 21,9 13,3 15,7 17,2 Preta 1,7 1 1,7 1 1,7 3,1 Parda 60,5 70,2 71,1 76,9 74,4 70,5 Amarela 0,1 0 0 0,1 0,2 0,3 Branca 8,9 5,6 5,2 8,3 7,3 7,5 Figura 9 Proporção de nascidos vivos por cor da pele/raça da mãe Roraima, 2011 a 2016* Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. IBGE (Censo demográficos e projeções). Nota: 1. Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2000 e 2013. 2. Dados do SINASC fechado em 31/12 de cada ano. Sujeitos a correção. 3. Dados de 2014 - Incluídos sete nascimentos com município ignorado. Não incluídos 204 nascimentos residentes de outros estados e países. * até 07/06/2016. 19

No Brasil, a análise da idade da mãe segundo cor da pele/raça evidencia que as mães indígenas, pardas e pretas são mais jovens. Entre as mães indígenas, 28% dos nascimentos ocorrem antes que elas completem 20 anos. Entre as mães pardas e pretas, a proporção é menor, mas ainda elevada: entre essas, cerca de 20% dos nascimentos ocorrem antes dos 20 anos. Em contraste, mais de 35% de mães brancas e amarelas têm seus filhos com 30 anos ou mais de idade (Brasil, 2014). % 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Alto Alegr e Amaj arí Boa Bonf Cant Vista im á Cara ca raí Caro ebe Irace ma Muc ajai Nor man dia Paca raim a Rorai nó polis S.J. Baliz a São Luiz Não indígena 64,4 46,5 97,3 52,7 71,4 98 91,5 95,8 94,9 26,5 37,8 99,3 94,9 95,4 15 Indígena 35,6 53,5 2,7 47,3 28,6 2 8,5 4,2 5,1 73,5 62,2 0,7 5,1 4,6 85 Uira mu tã Figura 10 Proporção de nascidos vivos de mães indígenas por município de residência. Roraima, 2014. Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. IBGE (Censo demográficos e projeções). Nota: 1. Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2000 e 2013. 2. Dados do SINASC fechado em 31/12 de cada ano. Sujeitos a correção. 3. Dados de 2014 - Incluídos sete nascimentos com município ignorado. Não incluídos 204 nascimentos residentes de outros estados e países. 3.2.4 Situação conjugal da mãe No ano de 2015 dos 10.535 nascimentos vivos 61,4% (6.470) eram mães solteiras, 20,6% (2.179) casadas, 0,06% (7) viúvas, 0,6% (69) separadas judicialmente, 17,2% (1.810) tinham o estado civil não informado e ignorado. Estudos apontam que o número de nascidos vivos de mãe solteira é uma variável importante para caracterizar uma gestação com risco, pois sugerem que estas mães poderiam reunir um quadro mais desfavorável, ou seja, essa condição civil poderia estar ligada a alguns fatores socioeconômicos e culturais que limitariam um acesso pleno à assistência na gravidez. Por outro lado, as variáveis como estado civil das mães nas categorias casada, separada e viúva, determinam que estas mães possuam algum tipo de assistência, apoio do cônjuge ou do companheiro, ou mesmo uma rede de proteção familiar favorecendo um parto com condições mais estáveis, diferentemente das mães solteiras.

% 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Ignorado 7,1 7,7 4,1 1,2 1 34,2 46,2 45,4 26,2 17,2 29 Separada judicialmente 0,4 0,5 0,3 0,3 0,3 0,4 0,4 0,3 0,6 0,6 0,6 Viúva 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,06 0,05 Casada 34,9 33,4 31,2 37,8 44,9 30,8 24,3 21 20,8 20,6 23,2 Solteira 57,4 58,2 64,3 60,4 53,6 34,4 29 33,2 52,1 61,4 46,9 Figura 11 Proporção de nascidos vivos por situação conjugal da mãe. Roraima, 2006 a 2016* Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. IBGE (Censo demográficos e projeções). Nota: 1. Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2000 e 2013. 2. Dados do SINASC fechado em 31/12 de cada ano. Sujeitos a correção. 3. Dados de 2014 - Incluídos sete nascimentos com município ignorado. Não incluídos 204 nascimentos residentes de outros estados e países. * até 07/06/2016 3.2.5 Assistência ao pré-natal Desde 2000, a recomendação do Ministério da Saúde é de que a mãe realize no mínimo, seis consultas no pré-natal e as inicie tão logo comece a gravidez. Em relação às características da gravidez e do parto, mais especificamente à atenção pré-natal, a análise do indicador amplamente utilizado na avaliação da atenção à saúde materna e do recém-nascido (número de consultas pré-natais) evidencia no país que entre três em cada quatro nascimentos em 2012, as mães realizaram o número mínimo de consultas preconizadas pelo MS (seis ou mais). Entretanto, verificam-se expressivas desigualdades segundo região de residência da mães, cor da pele/raça, escolaridade e idade materna (Brasil, 2014). Quanto às desigualdades regionais, observa-se que, no Sudeste e no Sul, 83% das mães reportaram seis ou mais consultas no pré-natal, enquanto que essa proporção alcança somente 57% das mães no Norte e 67% no Nordeste. Considerando-se a proporção de mães que declararam ter realizado três consultas ou menos, chama a atenção da elevada proporção de mães nessa circunstância no Norte (21%) e no Nordeste (14,1%). Da mesma forma, encontram-se diferenças importantes entre as categorias de cor da pele/raça. A proporção de mães que reportaram o número mínimo de consultas preconizado pelo Ministério da Saúde é mais elevada na categoria de cor da pele/raça branca do que nas categorias parda e preta (85% contra 70%, respectivamente). É digna de nota a crítica situação das mães indígenas, com cerca de 40% delas declarando terem realizado no máximo três consultas pré-natais relativas ao nascido vivo em 2012 (Brasil, 2014). 21

O acesso à atenção à saúde da mulher no período gestacional também é desigual segundo a escolaridade da mãe. Quanto maior a escolaridade, maior é a proporção de mães que realizaram o número mínimo de consultas preconizado pelo MS. Entre as mães com 12 anos ou mais de estudos, 90,3% realizaram pelo menos seis consultas no pré-natal, contudo, essa proporção cai para 55,8% entre aquelas com mais baixa escolaridade (0 a 3 anos de estudo). Entre essas últimas, chama a atenção a elevada proporção daquelas que realizaram no máximo três consultas no pré-natal (23,2%) (Brasil, 2014). O número de consultas pré-natais segundo idade da mãe revela que quanto mais jovem a mãe, menor é a proporção daquelas que realizaram o número mínimo de consultas preconizado: entre as mães com menos de 15 anos essa proporção não alcança 60%, enquanto que entre as idades de 30 a 39 anos supera 80% (Brasil, 2014). Tabela 7 Número e proporção de nascidos vivos por número de consultas de pré-natal. Roraima, 2001 a 2016* Ano Nenhuma 1 a 3 4 a 6 7 e + Ignorado N % N % N % N % N % 2001 1.060 11,1 1.530 16,0 3.084 32,2 3.691 38,6 196 2,0 2002 658 7,1 1.954 21,2 3.622 39,4 2.910 31,6 44 0,5 2003 775 7,5 2.020 19,6 4.359 42,4 3.007 29,2 125 1,2 2004 798 8,2 1.802 18,5 3.737 38,3 3.206 32,9 208 2,1 2005 699 7,2 1.621 16,7 2.995 30,9 4.215 43,4 169 1,7 2006 655 6,8 1.850 19,3 3.549 37,0 3.365 35 179 1,8 2007 542 5,6 1.672 17,4 3.741 39,0 3.429 35,8 200 2,1 2008 466 4,6 2.016 20,0 3.874 38,4 3.572 35,4 165 1,6 2009 436 4,5 1.702 17,6 3.514 36,3 3.935 40,6 91 1,0 2010 456 4,7 1.577 16,2 3.756 38,6 3.898 40,0 41 0,4 2011 449 4,5 1.762 17,7 3.703 37,1 3.950 39,6 105 1,0 2012 557 5,2 2.065 19,5 3.950 37,3 3.882 36,7 131 1,2 2013 450 4,3 1.865 17,6 4.073 38,6 4.061 38,5 107 1,0 2014 407 3,9 1.397 13,5 3.750 36,3 7.753 46 15 0,1 2015 394 3,7 1.406 13,3 3.747 35,5 4.973 47,2 15 0,1 2016 142 3,7 485 12,8 1.330 35,1 1.831 49,6 0 0,0 Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. IBGE (Censo demográficos e projeções). Nota: 1. Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2000 e 2013. 2. Dados do SINASC fechado em 31/12 de cada ano. Sujeitos a correção. 3. Dados de 2014 - Incluídos sete nascimentos com município ignorado. Não incluídos 204 nascimentos residentes de outros estados e países. * até 07/06/2016. Há que destacar os casos extremos, ou seja, nenhuma consulta como um indicador de inadequação do uso desse serviço e sete ou mais consultas, como situação adequada. Nesse sentido, no período de 2001 a 2016 observamos no estado uma redução importante na proporção de mães sem consulta no pré-natal passando de 11,1% em 2001 para 3,7% em 2016, caindo 86,6% dessa condição totalmente inadequada, e aumento de 50,4% na proporção de mães com sete ou mais consultas no período. Porém consideramos baixo o número de mães consideradas assistidas no pré-natal, compreendendo 7 ou mais consultas, essa condição ocorre em menos da metade os nascimentos. O acesso à assistência pré-natal é considerado uma condição muito importante para que a gestação transcorra sem problemas tanto para a mãe quanto para o filho ou, pelo menos, que haja um acompanhamento médico para as situações de risco. Alguns estudos mostram que a maioria das mortes por causas maternas são evitáveis, se ações que 22

objetivam a qualidade da assistência perinatal e o acesso aos serviços de saúde da gestante forem tomadas. 3.2.6 Tipo de parto A literatura é abundante em mostrar as elevadas proporções dos partos cesáreos no Brasil, que facilmente têm ultrapassado 50% em muitas regiões do país. O MS afirma que há uma tendência crescente de cesáreas em todas as regiões do País entre 2000 a 2012, com destaque para o Nordeste com a maior variação passando de 25% a 48% dos partos cesáreos no período. Ressalta-se que nenhuma região atendeu a recomendação da OMS de no máximo 15% de partos cesáreos. Pelo contrário, no Brasil, desde 2009, mais de 50% dos nascimentos ocorreram por este tipo de parto (Brasil, 2013). O parto vaginal caracteriza-se por ser um tipo de parto de baixo custo, natural, mais acessível às mães e, portanto mais recomendado. Tabela 8 Proporção de nascidos vivos por tipo e parto. Roraima, 2001 a 2016* Ano Vaginal Cesáreo Ignorado N % N % N % 2001 7.169 75,0 2.390 25,0 2 0,0 2002 7.166 78,0 2.019 22,0 3 0,0 2003 7.932 77,1 2.351 22,9 3 0,0 2004 7.666 78,6 2.084 21,4 1 0,0 2005 7.561 77,9 2.135 22,1 3 0,0 2006 7.185 74,8 2.407 25,2 6 0,0 2007 6.858 71,5 2.772 28,5 4 0,0 2008 6.673 66,1 3.416 33,9 4 0,0 2009 6.174 61,9 3.500 38,1 4 0,0 2010 6.252 64,3 3.475 35,7 1 0,0 2011 6.806 68,3 3.156 31,7 7 0,0 2012 7.160 67,7 3.394 32,0 31 0,3 2013 6.889 65,2 3.651 34,7 16 0,1 2014 6.476 62,7 3.845 37,2 1 0,01 2015 6.404 60,8 4.129 39,2 2 0,02 2016 2.251 59,4 1.535 40,5 2 0,05 Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. IBGE (Censo demográficos e projeções). Nota: 1. Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2000 e 2013. 2. Dados do SINASC fechado em 31/12 de cada ano. Sujeitos a correção. 3. Dados de 2014 - Incluídos sete nascimentos com município ignorado. Não incluídos 204 nascimentos residentes de outros estados e países. * até 07/06/2016. Dados do MS para o país em 2012, quanto à escolaridade e à idade materna, menores proporções de partos cesáreos são encontrados em mães com baixa escolaridade e mais jovens. No outro extremo, mais de 83% das mães, com 12 anos ou mais de estudo, e mais de 67% de mães, com idades entre 25 e 39 anos, realizaram parto cesáreo em 2012 (Brasil, 2014). No que diz respeito à cor da pele, enquanto 67% das mães brancas realizaram parto cesáreo, este percentual foi de 18% entre as indígenas, percentual ainda superior àquele recomendado pela OMS (Brasil, 2014). A análise dos nascimentos por tipo de parto permite avaliar, em parte, as práticas obstétricas. Na série histórica da Tabela 8 observamos uma queda importante na proporção de parto vaginal em Roraima e aumento expressivo de parto cesáreo, este último possui proporção bem acima do preconizado pela OMS que aceita até 15% do total de partos, e 23

apesar dos especialistas alertarem para os riscos que essa prática traz a saúde da mãe e do recém-nascido. Na análise do tipo de parto por estabelecimento de saúde destacamos que o Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMINSN) maternidade pública de referência do estado concentrou 83,7% (8.826/10.535) dos nascidos vivos do estado em 2015 e na comparação pelo tipo de parto, os partos cesáreos foram responsáveis por 37,9% (3.347/8.826) dos partos. Nos hospitais privados que concentraram 5,9% (622/10.535) dos nascidos vivos do estado o parto cesáreo foi responsável por 95,6% (595/622) desses nascimentos, chamando a atenção para as altas proporções tanto no serviço público como no privado. % 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Ignorado 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,3 0,1 0,1 0,02 0,05 Cesáreo 25 22 22 21,4 22,1 25,2 28,5 33,9 38,1 35,7 31,7 32 34,7 37,2 39,2 40,5 Vaginal 75 78 77,1 78,6 77,9 74,8 71,5 66,1 61,9 64,3 68,3 67,7 65,2 62,7 60,8 59,4 Figura 12 - Proporção de nascidos vivos por tipo de parto. Roraima, 2001 a 2016* Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. IBGE (Censo demográficos e projeções). Nota: 1. Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2000 e 2013. 2. Dados do SINASC fechado em 31/12 de cada ano. Sujeitos a correção. 3. Dados de 2014 - Incluídos sete nascimentos com município ignorado. Não incluídos 204 nascimentos residentes de outros estados e países. * até 07/06/2016. Em Roraima, na análise do tipo de parto e a escolaridade da mãe, em 2014, ficou evidente que quanto maior a escolaridade da mãe maior o número de parto cesáreo, e quanto menor a escolaridade da mãe maior o número de parto vaginal. As mães sem nenhuma escolaridade tiveram 81,4% (123/151) dos partos vaginal contra 18,5% (28/151) de partos cesáreos; mães com ensino fundamental (1 a 4 anos de estudo) tiveram 76,9% (421/547) dos partos vaginal e 22,8% (125/547) cesáreos; mães com o ensino médio (antigo 2 grau) tiveram 67% (5.232/7.807) de parto vaginal e 33% (2.575/7.807) cesáreos; mães com ensino superior incompleto tiveram 44,4% (321/722) de parto vaginal e 55,5% (401/722) cesáreos; e mães com ensino superior completo tiveram 28% (259/924) de parto vaginal e 72% (665/924) de cesáreos. 3.3 Relacionadas ao Recém-nascido 3.3.1 Duração da gestação 24

O baixo peso ao nascer e a prematuridade são considerados importantes fatores de risco para a saúde da criança, implicando decisivamente na mortalidade infantil, especialmente a neonatal. No Brasil, em 2012, 8,5% dos recém-nascidos foram de baixo peso, com discretas variações regionais, de 9,2% no Sudeste a 7,5% no Norte. Quando desagregado por tipo de parto, as proporções de nascidos vivos com baixo peso foram praticamente iguais (Brasil, 2014). Com relação às características da idade gestacional, 12,5% dos nascimentos no Brasil em 2012 ocorreram com menos de 37 semanas, com discretas variações regionais. Dados os possíveis erros de estimação do tempo de gestação, segundo os diferentes métodos utilizados para a mensuração desta característica, considerou-se importante analisar os nascimentos ocorridos na 37ª e na 38ª semanas que representaram, no País, 10% e 22% dos nascimentos em 2012, respectivamente. As variações regionais destes percentuais são mais marcantes na 38ª semana (19% no Norte e no Nordeste e 24% nas demais regiões) (Brasil, 2014). No Brasil, quanto ao tipo de parto, as proporções de nascimento que ocorrem com menos de 37 semanas (nascimentos pré-termo) são próximas (12% para cesáreas e 13% para vaginais). No entanto, quando consideram as durações de 37 e, principalmente, de 38 semanas, as diferenças são expressivas (36,6% para cesáreas e 25,9% para vaginais), ou seja, 1 em cada 3 nascimentos por parto cesáreo ocorre neste período gestacional (Brasil, 2014). Em Roraima, com relação às características da idade gestacional, no período de 2006 a 2016 (até 07/06), houve um aumento na proporção de mães com menos de 37 semanas de gestação de 7% em 2006 para 16,7% em 2016, correspondendo a um aumento de 138,5% dessa proporção e das mães com 42 semanas e mais semanas de gestação que aumentou 233,3% nesse período passando de 0,9% em 2006 para 3 % em 2016. A proporção de mães com gestação entre 37 a 41 semanas, período considerado ideal para o nascimento, reduziu 15,6% no período, passando de 91,8% em 2006 para 79,4% em 2016. Falha no preenchimento da DNV é evidente quando observamos a proporção de informação ignorada/não informado na série histórica da Tabela 9. Tabela 9 Proporção de nascidos vivos por duração da gestação. Roraima, 2006 a 2016* Ignorado/Não < 37 semanas 37 a 41 semanas 42 semanas ou + Ano informado N % N % N % N % 2006 676 7,0 8.809 91,8 88 0,9 25 0,2 2007 496 5,1 8.991 93,8 66 0,7 31 0,3 2008 846 8,4 9.185 91,0 40 0,4 22 0,2 2009 903 9,3 8.704 90,0 45 0,4 26 0,3 2010 831 8,5 8.833 90,8 30 0,3 34 0,3 2011 1.495 15,0 7.688 77,1 522 5,2 264 2,6 2012 1.716 16,2 7.950 75,1 482 4,5 437 4,1 2013 1.591 15,0 8.513 80,6 355 3,3 97 0,9 2014 1.226 13,6 8.285 80,2 425 4,1 206 2,0 2015 1.440 13,6 8.387 79,6 366 3,4 342 3,2 2016 634 16,7 3.010 79,4 113 3,0 31 0,8 Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. IBGE (Censo demográficos e projeções). Nota: 1. Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2000 e 2013. 2. Dados do SINASC fechado em 31/12 de cada ano. Sujeitos a correção. 3. Dados de 2014 - Incluídos sete nascimentos com município ignorado. Não incluídos 204 nascimentos residentes de outros estados e países. *até 07/08/2016 25