Macrotema: Turismo Receptivo e Capacitação Profissional. Tema do Painel: Turismo Receptivo sobre Rodas. Palestrantes:



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Transcrição:

PALESTRA DA REUNIÃO DO CONSELHO DE TURISMO (CTUR), REALIZADA NO DIA VINTE E OITO DE MARÇO DE DOIS MIL E DOZE, NA CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO (CNC), NO RIO DE JANEIRO, RJ. Macrotema: Turismo Receptivo e Capacitação Profissional Tema do Painel: Turismo Receptivo sobre Rodas Palestrantes: Sr. Ricardo Kaiser Fundador e Coordenador do Comitê de Mobilidade Terrestre da ABGEV. Formado em Comunicação Social pela Universidade Paulista, com mais de 20 anos de experiência no segmento de viagens corporativas, vários cursos do segmento no Brasil e no exterior. Atuou na Varig durante 15 anos, nos últimos quatro anos, como gerente geral. Atualmente exerce a função de Corporate Sales Manager na Hertz. Sr. Alexandre Pinto Fundador e Coordenador do Comitê de Logística da ABGEV. Formado em Marketing e vendas pela Universidade Anhembi Morumbi, e professor da Academia de Viagens Corporativas. Diretor da Shift Mobilidade Corporativa, há mais de 20 anos atua no segmento de transporte de passageiros. Dr. Paulo Gaba Presidente do Conselho Nacional da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (ABLA). Graduado em Direito pela Universidade de São Paulo, com especialização em Direito Empresarial e MBA pela FGV. Foi presidente do Sindicato das Locadoras - Sindloc de São Paulo na gestão 2004 a 2010. Março de 2012

2 Moderador: Conselheiro José Oliveira Mesa diretora: Conselheiros Mario Braga e João Pedrosa SRA. VICE-PRESIDENTE ANITA PIRES - Para embasar nossa discussão, vou pedir ao Leonardo Fonseca que faça a leitura desse pequeno texto do nosso conselheiro Orlando Machado Sobrinho. SR. LEONARDO FONSECA (CTUR) Nosso conselheiro Orlando Machado Sobrinho esta semana nos mandou um pequeno artigo que vai servir para contextualizar nossa reunião de hoje. Vou fazer a leitura do texto enviado pelo conselheiro. Mobilidade urbana A sociedade se move em função do relógio, com o tempo marcado para cumprir compromissos agendados com hora certa, levando milhões de pessoas em busca de transporte, praticamente a grande maioria no mesmo período de tempo, cujos picos de procura tornam insuficientes os meios de transporte de massa, não havendo assim assentos para todos os passageiros. Esse moto continuum humano cada dia mais exige que a mobilidade urbana das cidades facilite a pontualidade dos seus compromissos, o que se tornou preocupante na vida das populações que vivem em grandes metrópoles, como no caso das cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. É impossível ser praticada ante os gargalos e engarrafamentos no trânsito de veículos cada dia mais numeroso. É desgastante para a qualidade de vida. Para resolver esse problema, que desafia a inteligência e a técnica, seria necessário criar espaços nas principais vias de trânsito. O que seria recomendável e está nos planos viários, por exemplo, do Rio de Janeiro. Palestra do Conselho de Turismo da CNC Março de 2012

3 Mas, certamente, não resolverá esse problema, fruto do desenvolvimento da indústria automobilística e da inclusão social de milhões de cidadãos na vida econômica do país. Sobre o cumprimento de agendas de compromissos com hora certa, conclusões coerentes indicam a implementação de um plano alternativo de consecução interpessoal, possível de ser testado sem ônus para o estado e o contribuinte. Simplesmente, mexendo no turno de trabalho do comércio lojista. O agendamento de compromissos com hora certa ocorre, no comum dos casos, coincidentemente, com o horário de funcionamento do comércio lojista, das 8 horas às 18 horas. Dividindo o turno em dois tempos de 7 horas, o primeiro das 7 horas às 14 horas e o segundo das 14 horas às 21 horas, aumentaremos o tempo para cumprir os compromissos agendados para 14 horas, incluindo a demanda de transporte para quatro picos, ao invés de dois como ocorrem em comum. Essa possibilidade mudará o ritmo da demanda dos serviços públicos de transportes coletivos, reduzirá o movimento de automóveis e transporte de cargas, hoje, bitolados às oito horas de funcionamento do comércio lojista. Será mais uma categoria profissional, como outras, a praticar horários diferenciados nos turnos de trabalho. Esse modelo poderá ser testado com prévia campanha de formação e orientação à população para que os compromissos sejam marcados e agendados ao longo de 14 horas. Com custo zero e muitos benefícios, esse modelo dará a cidades como o Rio e São Paulo uma nova face, principalmente ao turismo, com ganho na produtividade, na geração de empregos e a ocupações remuneradas. Essa foi a contribuição do nosso conselheiro, que traz no seu artigo uma contextualização para o momento que as grandes metrópoles vivem. Deixa, no final do seu texto, uma sugestão, um momento de reflexão. Com relação ao que cita referente ao horário de funcionamento dos lojistas, por conta de a CNC ser a entidade sindical que defende o comércio de bens, que inclui o comércio varejista, os lojistas em geral, esse assunto é tema de dois projetos de lei que tramitam no Senado e na Câmara Federal, justamente para flexibilização dos horários a serem cumpridos por shopping e lojas dos grandes centros. Março de 2012 Palestra do Conselho de Turismo da CNC

4 SR. RICARDO KAISER (ABGEV) Sou fundador do Comitê de Mobilidade Terrestre, um trabalho voluntário. Trabalhamos realmente em prol do segmento de viagens corporativas. (Apresentação Comitê de Mobilidade Terrestre da ABGEV) Hoje, faz parte do Comitê de Mobilidade Terrestre da ABGEV a Hertz, do qual sou representante; Localiza, Movida, ViaLandauto, ITM. Esses são os membros integrantes do nosso comitê, um comitê pequeno, mas com bastante trabalho e demanda para os outros comitês e o mercado Vou falar um pouco sobre a história da locação de veículos. No Brasil, ainda existe um problema cultural muito grande, mas a ideia veio dos Estados Unidos. Hoje, a frota americana tem mais de 2 milhões de veículos, faturou mais de US$ 20 bilhões. Tem 25 mil pontos de locação no país, e um crescimento estimado em 5% ao ano. Na Europa, começou nos anos 1950. Hoje, tem uma frota superior a 1,5 milhão de veículos, com um movimento de mais de US$ 10 bilhões ao ano, e um crescimento médio de 5% a 10%. Na Ásia, o mercado está concentrado no Japão. Uma característica marcante do japonês é o fato de as locadoras estarem mais ligadas às principais montadoras do país, a Toyota e a Mazda. Agora, vou falar sobre nosso negócio, o que nós trabalhamos muito forte na ABGEV, o rent a car para o mercado corporativo. Viagens corporativas via TMC, travel management company, como se divide nosso mercado hoje: os viajantes corporativos e o leasing, a terceirização de frotas, aquele segmento em que terceirizamos as frotas dos nossos clientes. Trouxe alguns dados do mercado. Nosso segmento, em números do mercado: US$ 3 bilhões ao ano. Esse é o número de faturamento de locação de veículos no Brasil. Para terem uma ideia, Palestra do Conselho de Turismo da CNC Março de 2012

5 76% estão justamente no comercial leasing. Está ligado às viagens corporativas e às empresas. Apenas 24% desse total dizem respeito ao turismo de lazer. Então, é muito importante. US$ 2.300 bilhões estão justamente no nosso negócio, focado nas viagens corporativas e nas empresas, e não no lazer. Por isso, nós focamos muito no corporativo. O lazer, ainda é bem pequeno no Brasil. Existe uma barreira cultural no brasileiro para alugar carros. O mesmo viajante, quando vai aos Estados Unidos, a primeira coisa com que se preocupa é alugar um carro, mas no Brasil pensa diferente. Prefere pegar um táxi ou usar outros meios de transporte. Quais são os principais desafios das viagens corporativas, hoje? O nosso cliente é muito mais exigente do que o viajante a lazer. Ele quer atendimento rápido, um atendimento personalizado, agilidade. Procura mais segurança. Nos Estados Unidos e na Europa a Hertz tem o Gold Service. Estamos trazendo justamente para o Brasil esse produto voltado para viagens corporativas. Aquele viajante que chega a trabalho, não quer perder tempo em fila de táxi. Ele quer simplesmente chegar e o carro já estar pronto para levá-lo a sua reunião, seu compromisso. Esse é o nosso foco. Outro desafio das viagens corporativas é a competitividade em alguns momentos com o táxi. O táxi, hoje, para um gerente de viagens de uma empresa, para TMC de uma empresa, é um serviço pouco gerenciável. Por mais que haja cooperativas, ainda é um serviço pouco gerenciável. E é muito caro. Às vezes, todo o trabalho dentro da empresa acaba indo embora no momento em que não gerencia bem o táxi. Dentro disso, tem a segurança. Hoje, as empresas estão trabalhando muito forte nisso. Onde está meu passageiro? Com quem está meu passageiro? Com o táxi, você perde um pouco essa segurança. Sobre falta de profissionalização, mesmo as cooperativas ainda são um nicho para trabalhar. Então, aproveitamos porque entendemos que é um desafio Março de 2012 Palestra do Conselho de Turismo da CNC

6 transformar toda essa parte de utilização de táxis nas empresas em locação de veículos. Nós entendemos que haverá um ganho de ambas as partes. Aqui, tive a oportunidade de fazer um comparativo. O valor de um carro popular com ar condicionado é R$ 95, contra R$ 130 do aeroporto de Guarulhos à Avenida Paulista. Quem conhece São Paulo sabe que é um trecho bastante longo. Do aeroporto de Guarulhos ao Brooklin, um bairro nobre de São Paulo onde estão concentradas grandes parte de nossas empresas do corporativo, a diferença ainda é maior. E tive a oportunidade de trazer o comparativo entre Galeão e Barra da Tijuca, também um valor muito diferente. Com essa diária de R$ 95 o viajante corporativo tem na mão o carro por 24 horas. Já R$ 130, R$ 145 é simplesmente uma perna do táxi. Além de toda a liberdade que teria com o carro alugado, em vez do táxi. Esse é o exemplo do Gold Service que a Hertz tem nos Estados Unidos e nos principais países do mundo. O carro fica disponível para o viajante corporativo. Quer dizer, não tem que esperar nada. O viajante chega, verifica o nome dele, a posição do carro. E o carro está pronto. Para 2012, estamos prevendo a inauguração em Congonhas, Guarulhos e Galeão desse sistema. O nosso maior problema hoje é espaço. Infelizmente, a Infraero não permite que as locadoras tenham espaço maior para que possamos prestar um maior serviço aos nossos clientes. Hoje, existe uma tendência muito forte no mercado nacional de migração da frota própria para a terceirização de frota. Isso é uma tendência, justamente porque as empresas têm que focar no seu core business, deixando que os automóveis e os veículos utilizados pela empresa sejam terceirizados para que todo o gerenciamento seja feito pela locadora. Há uma tendência muito grande hoje de crescimento na utilização do cartão de crédito como pagamento. Ainda existe uma parcela muito grande de faturamento, mas está migrando para o cartão de crédito. Esse é um trabalho Palestra do Conselho de Turismo da CNC Março de 2012

7 grande que temos feito junto a ABGEV, aos clientes, para que isso aconteça o mais rápido possível. Outra tendência do setor é a exigência do viajante corporativo. Cada vez mais, eles estão pedindo itens de segurança, como o air bag ABS. É um item ainda muito caro. Hoje, vem somente nos veículos de luxo. A Hertz, desde 2008, possui veículos médios com esses equipamentos. Verificamos essa tendência lá atrás, porque nossos clientes corporativos exigem mais segurança. Então, precisamos prover segurança com um preço mais atrativo. Por isso, temos carros menores com essa opção de segurança. SR. ALEXANDRE PINTO (ABGEV) Falando um pouco da ABGEV, como o Ricardo antecipou, é um trabalho voluntário. (Vídeo Comitê de Logística de Eventos da ABGEV) Somos 30 empresas, como podem ver, de diversos segmentos entre empresas de logística de transporte, organizadoras de eventos, espaços de eventos, medicina de viagens, audiovisual, entre outros. Fazendo uma analogia com duas palavras do macrotema, se os senhores me permitem, turismo receptivo. Separei aqui turismo VC & EC, que seriam viagens corporativas e eventos corporativos. Dentro da ABGEV, trabalhamos muito em cima de viagens corporativas e eventos corporativos. Consideramos o receptivo como o lazer, separando o turismo de negócios do turismo de lazer. Através dessas duas vertentes, vamos falar um pouco de logística de transporte terrestre, que atua tanto em viagens corporativas, eventos corporativos e lazer. Quais os principais desafios para o transporte de grupos de passageiros corporativos? Investimento em frota para grandes grupos, não só na quantidade e qualidade, como vou explicar. Março de 2012 Palestra do Conselho de Turismo da CNC

8 Por exemplo, em agosto, aqui no Rio de Janeiro, vai haver o Congresso Brasileiro de Pediatria, com 6 mil pessoas, se não me engano. Na logística de transportes serão 100 ônibus, durante quatro dias de trabalho. Pegando a maior empresa de transporte do Rio de Janeiro, grupos grandes que existem aqui, nenhuma delas tem 100 ônibus para atender a esse grande evento. Por quê? Porque 90% da frota que temos, e não só no Rio de Janeiro, mas no Brasil todo, falando de micros, vans, ônibus, estão alocados em fretamento contínuo. O que seria isso? Linhas de empresas, concessões em rodoviárias. 10% somente para fretamento eventual, justamente um evento corporativo. Então, hoje temos um déficit muito grande de frota no Brasil. Atualmente, empresas como a Shift, onde atuo, têm que somar forças com dois, três parceiros do mesmo segmento para executar, por exemplo, o Congresso Nacional de Pediatria. Não existem ônibus suficientes para atender a um evento desse porte. Um dos desafios é investimento em frota, não só na quantidade como na qualidade desses veículos. Falo em mão de obra qualificada: capacitação, treinamento. Nosso mercado é muito carente. Então, estamos fazendo esse trabalho na ABGEV há muito tempo, buscando melhores práticas, benchmark entre empresas, buscando o que há de melhor para entregar ao nosso cliente. Falamos muito em treinamento e capacitação, principalmente no mercado de logística de transporte terrestre, um mercado ainda muito amador. Poucas empresas atuam de forma séria nesse mercado. Então, temos uma dificuldade, visando a demanda da Copa do Mundo, das Olimpíadas, por exemplo, com idiomas. É uma coisa tão básica, mas pode atrapalhar muito nosso trabalho. Quando falamos em capacitação, também estamos falando em idiomas. Outro item é a sinalização com padrão internacional em rodovias que suportem o afluxo. Hoje, temos um gargalo, choveu, a cidade para. Há uma dificuldade enorme em se locomover, principalmente com uma demanda como a Copa. Palestra do Conselho de Turismo da CNC Março de 2012

9 Entre as cidades-sedes e seus estádios há uma distância a percorrer, rodovias, acessos. Precisamos investir nas rodovias, na qualidade, talvez na abertura de novas rodovias. Mas, principalmente, na sinalização. O Rio de Janeiro ainda trabalha com um perfil um pouco mais internacional de sinalização, mais ainda tem muito a melhorar. Em São Paulo, por exemplo, não há uma placa traduzida, uma sinalização internacional. Ou seja, quando o estrangeiro chega ao Brasil sofre muito para andar nas cidades. Como vencer a falta de segurança e infraestrutura no transporte de passageiros em nossas cidades? Tenho um case típico que todo dia enfrentamos com muita dificuldade. Falo que poderia ser uma opção, enfim, até para melhorar, abrir uma competitividade maior. E, com isso, trazer melhorias para esse tipo de serviço. Hoje, você desce em um aeroporto e quais são as opções, além de alugar um carro? Táxi. Se houvesse empresas de transfers dentro dos aeroportos como uma opção a competir com os taxistas, seria muito bom. Por exemplo, você desce no Santos Dumont, vai buscar um táxi. Entra na fila, o primeiro que tiver um Pálio simples aqui, no Rio, é comum o ar condicionado, mas em São Paulo nem sempre, pega você, que acaba entrando em um carro sem ar condicionado. Mas pagou um valor que poderia ser executado por um veículo executivo, de luxo. A falta de padrão, a idade média desses veículos varia de prefeitura para prefeitura, mas a média é de cinco anos para táxi, enquanto um veículo executivo é de no máximo dois, três, quando você contrata um transfer, tem um serviço personalizado, um padrão de veículo. Um Sedan médio para cima, um padrão de motorista, vestimenta, comportamento, idioma. Há a facilidade de pagar com cartão de crédito, mas às vezes os táxis não têm essa facilidade. Acho que seria uma solução, uma coisa para se pensar: cadastrar empresas de traslados como opção de transporte nos aeroportos. Talvez, isso fizesse com que os taxistas investissem um pouco mais na frota, um pouco mais em capacitação, em treinamento. De repente, todo mundo ganharia com a melhora do serviço. Março de 2012 Palestra do Conselho de Turismo da CNC

10 Como a logística de transportes integra os modais? Queria deixar claro que é um trabalho a três mãos, mas como assim? É um trabalho da travel manager and company TMC, a agência de viagens, como dizemos no Brasil, ou da organizadora de eventos. Muitas organizadoras fazem eventos, não só as agências. Juntamente com o cliente final que está contratando o serviço. E o player, a empresa que está fornecendo determinado serviço, no nosso caso, transporte. Então, é um trabalho a três mãos que tem que ser bem pensado. Quando vamos realizar um evento, o que temos que fazer? Analisar o público e local, porque é bom saber quem está transportando, é uma exigência desse público. E, quando falo em local de evento, hoje, o Brasil tem diversos locais de eventos, mas muitos com dificuldade de acesso, de embarque e desembarque. Então, é importante saber o público e o local em que vai ser realizado o evento. É preciso respeitar a política de viagens da empresa que está contratando o serviço. Muitas vezes, sabemos que pela política da empresa o diretor tem que andar em um carro executivo sozinho, não dirigir uma van, por exemplo. Então, quando for fazer, enfim, o briefing de um evento, essas questões da política de viagens têm que ser analisadas. O que seria preparar a logística aérea e terrestre? Na logística aérea, como citei no exemplo do Rio de Janeiro do Congresso de Pediatria, serão 6 mil pessoas do Brasil todo. Então, será uma malha aérea de pelo menos 3 mil passageiros. Como organizar isso? Como verificar os voos? Quanto tempo um passageiro pode esperar entre um voo e outro para ser transportado? Quanto tempo de espera ele pode ter no aeroporto? Ele pode dividir carro ou tem que ir em veículo individual? Fazer essa análise de malha aérea é bastante importante para que o evento ocorra da melhor forma possível. Assim como a logística terrestre, que consiste em definir os roteiros por onde o carro vai passar. Em São Paulo, há uma lei que proíbe a circulação de veículos mistos com capacidade superior de passageiros em horário de pico. Então, só conseguimos transitar com uma autorização, uma AET autorização especial Palestra do Conselho de Turismo da CNC Março de 2012

11 de transporte. Por isso, precisamos definir qual o carro e quem são os passageiros para conseguir essa autorização de tráfego. A logística terrestre, às vezes, é mais complexa. Você pega um hotel do lado esquerdo da rua, por exemplo, e, no Brasil, van, micro-ônibus tem desembarque pelo lado direito. Se for mão única, e o hotel é do lado esquerdo, o passageiro tem que ir para a rua para embarcar. Em São Paulo, na Fórmula I, tem mais de um acesso. Acesso por Interlagos, pela Washington Luiz, pela Marginal e pela Guido Calói. Esse acesso ninguém conhece, é feito por um bairro residencial. Mas o que acontece? O pessoal está acessando, em determinado momento, o trânsito para e eles abrem por dentro. Mas muitas vezes os motoristas não sabem nem como chegar ao autódromo, não tem sinalização. Então, temos que treinar os motoristas, preparar um segundo tipo de roteiro, um plano b. Ou até mesmo colocar sinalizadores nas ruas, como muitas vezes fazemos. Às vezes, colocamos pessoas em determinados pontos com bandeiras enormes para sinalizar o caminho correto. Além disso, otimizar rotas, providenciar mapas, roteiros e inspeções de locais para embarque e desembarque. Tudo isso é importante. É essencial também coordenar e monitorar todos os serviços. O que acontece? Muitas vezes, temos voos internacionais chegando às 5 horas. É ilusão nossa achar que o motorista vai estar lá na garagem, às 5 horas. E vai diretamente para o serviço. Muitas vezes, ele vai com o carro para casa, e de lá vai fazer o serviço. Às vezes, os motoristas são contratados porque moram mais próximos aos aeroportos, justamente para facilitar essa logística. O que acontece? A monitoração é encarregada de ligar para o motorista e acordá-lo: Bom dia.o serviço do passageiro tal, o voo tal está no horário. Se não conseguir fazer o contato, plano b. Desloca outro carro. A monitoração evita 90% dos problemas relacionados à logística terrestre. A coordenação também é essencial para ajudar no embarque de grandes grupos, no desembarque, autorizações, no treinamento dos motoristas. Muitas Março de 2012 Palestra do Conselho de Turismo da CNC

12 vezes, o coordenador é o link entre o motorista e os passageiros. Normalmente, falta um pouco de trato ao motorista, ainda mais falando de micro e de ônibus. São pessoas mais simples, que têm dificuldades na comunicação. Se o responsável pelo evento tratar direto com o motorista, certamente vai ser problema, reclamação. Para isso, existem os coordenadores, justamente para fazer essa interface entre o cliente e o motorista. Estudar o budget do cliente, o orçamento, quanto pode ser gasto no evento. Não adianta desenhar um evento enorme, com mil opções e serviços a parte, para depois descobrir que o cliente tem 1/3 daquele custo para gastar. Antes, tem que tentar entender o budget que o cliente tem para trabalhar. Solicitar as autorizações de tráfego e acesso, como citei situações em São Paulo. Em São Paulo, às vezes, nós temos que solicitar a AET para transitar em determinados horários e vias. No caso da Fórmula I, jogos de futebol, tem que ter uma autorização da CET Companhia de Engenharia e Tráfego colada no veículo para ter acesso aos arredores de onde está sendo realizado o evento. E, muitas vezes, mesmo para estacionar. São feitos bolsões temporários, com o apoio da CET de São Paulo, com seguranças, cavaletes, faixas. É obrigação da transportadora, da empresa de mobilidade cuidar das autorizações de tráfego a esses acessos. E, como falei inicialmente, trabalhar conjuntamente com a TMC, a agência de viagens ou a organizadora responsável. Hoje, temos as duas vertentes: a agência que faz eventos, não só viagens corporativas, e a organizadora, que faz eventos corporativos. É um trabalho a três mãos: a organizadora ou agência de viagens, o cliente final e o fornecedor que está atuando em determinada situação. SR. PAULO GABA JUNIOR (ABLA) O transporte vai ser muito importante para qualquer megaevento no Rio de Janeiro e no Brasil como um todo. Trouxemos alguns slides, algumas apresentações para mostrar o que a ABLA já está fazendo. Foi solicitado que comentássemos sobre o turismo receptivo Palestra do Conselho de Turismo da CNC Março de 2012

13 sobre rodas. O setor em geral quer saber: o que nós agregamos? O que nós representamos em automóveis? O que isso vai gerar? Muito se fala em Copa e Olimpíadas, mas a maior demonstração foi ontem, em São Paulo, e hoje, no Rio de Janeiro. Choveu, não tem logística, mais nada. Às 14h20min foi o embarque. Fomos pousar no Galeão após as 17 horas. No contrafluxo do Rio de Janeiro, chegamos às 18h30min aqui. Quer dizer, todos que conhecem o Rio de Janeiro sabem que não vamos chegar a lugar algum. Estou no ramo desde 1989, já fiz grandes eventos pela minha empresa. Fico escutando o Alexandre contar essas histórias, de montar um bolsão. Ninguém sabe o que está por trás de um evento, mas nós todos sabemos. Os agentes, os operadores de viagens, as agências de turismo sabem o que temos que passar para que o passageiro, o cliente não passe por tudo isso. Ele espera que a entidade de turismo vá suprir o que precisa para realizar seu evento. Lembro da Eco 92. Lembro da dificuldade que foi. Fiz comitiva para a Presidência da República de 1992 a 2008. E nós começamos a ver o que envolve: segurança, logística, não passar em cima de uma ponte, entrar em um túnel. Imaginem a Rio +20. Acho que três empresas foram habilitadas pelo edital, mas 26 empresas se habilitaram, muitas agências de viagens que não estavam capacitadas, achando que podem prestar serviços em um evento desse porte. (Apresentação: ABLA) Temos duas sedes, São Paulo e Brasília. Hoje, somos 1.100 empresas afiliadas. Temos um número de 2008 locadoras puras, apenas locadoras de veículos. Considerando os dados da Confederação Nacional de Transportes, somos 6 mil locadoras, empresas que são agências de viagens e locadoras, construtoras e locadoras. Hoje, nossa abrangência é nacional. Temos um diretor em cada estado da federação, e a frota já ultrapassa 500 mil automóveis. No final de 2010, estávamos falando em 265 mil empregos gerados. Hoje, passam de 320 mil empregos em locadoras de veículos. Março de 2012 Palestra do Conselho de Turismo da CNC

14 Compramos um carro a cada dois minutos. Quem compra esse carro está pagando ICMS, IPI a cada dois minutos. Ou seja, o que estamos gerando em impostos para o país? Falando das perguntas colocadas por nossa vice-presidente, como as locadoras se preparam para atender os turistas de lazer e corporativos? Acho que temos que falar basicamente em treinamento, em busca de informação, de aperfeiçoamento, o que temos feito há bastante tempo. Temos um Fórum ABLA bienalmente, no próximo ano teremos mais um com 3 mil participantes. Fazemos eventos globais. Pergunte o que estamos fazendo, como estamos preparando as locadoras? Para terem uma ideia, conseguimos levar 42 pessoas, 35 empresas, para o Car Rental Show em Las Vegas. Como vamos nos preparar para receber 5 mil pessoas por dia em uma locadora, se o número maior que já recebemos no balcão do aeroporto em uma Fórmula I foram 1 mil? Represento uma empresa multinacional no Brasil, e participei do comitê da Copa deles na Alemanha e na África do Sul. O que envolve a logística para uma empresa? Da mesma forma que um hotel não vai ser construído para um evento, ninguém vai comprar 5 mil carros a mais para atender 30 dias, 60 dias de uma Copa do Mundo, uma Olimpíada ou a Paraolimpíada. Isso requer um investimento. Esse carro terá que ser vendido depois de um determinado período. Então, ninguém vai fazer isso. E qual a nossa dificuldade? A hotelaria não vai construir um hotel a mais por uma semana, 15 dias. A companhia aérea não vai abrir uma rota nova ou comprar mais aviões por um determinado período. Nós também não temos como comprar um automóvel a mais só para usar naquele período. Não tem serviço, o agente que faça a entrega. Não dá tempo de capacitar, até porque tem que ser um freelancer só para aquele período. Lembro alguns eventos do passado, nós vamos ganhando experiência. O evento do Banco Mundial, o BID, em Fortaleza, em 2002. Imaginem precisar de 150 carros com motoristas bilíngues em Fortaleza? Não há 150 motoristas bilíngues em Fortaleza. Palestra do Conselho de Turismo da CNC Março de 2012

15 O contrato estava fechado, tinha que atender com 150 motoristas bilíngues em Fortaleza. Fui para uma escola de inglês, sentei, chamei um professor e falei: Queria treinar seus alunos. Comecei a conversar, apareceu uma meia dúzia falando: Meu irmão fala inglês. E começamos a montar um time. Na verdade, não havia 150 carros executivos disponíveis em Fortaleza. Esses eventos vão trazendo maturidade para chegarmos, depois de 20 anos da Eco 92, e falar: A Rio +20 vai ser um pouco mais fácil, mas fácil não vai ser. Para a Rio +20, estamos esperando 115 presidentes, ministros ou chefes de estado. Fora o que cada embaixada ou consulado vai nos pedir. Vai ter trabalho para todo mundo, mas será que estamos preparados e capacitados? Lógico que não! E nem vai dar tempo de capacitar. Mas, novamente, digo: não se preocupem. Todo mundo diz que na Alemanha foi diferente. Lógico que não! Tem metrô, as locadoras têm balcões maiores nos aeroportos. Mas tem fila. Como vamos treinar? Todo mundo sabe que não vai ser fácil. Vamos ter eventos prévios. Todo mundo fala em Copa e Olimpíadas, todo mundo só fala nisso. Vai dar lucro, vai ser difícil de operar, mas em todos os eventos que vêm antes, como a Copa das Confederações, a Rio +20, vai ser o caos no Rio de Janeiro. A ABAV no Riocentro já sofre. Não tem hotel na Barra, nem em Copacabana e nem no Centro, quando fazemos a ABAV. Então, o desafio não é só o do transporte aéreo, o caos do aéreo, a logística do transporte terrestre. A essa altura do campeonato, a locação pura e simples sem motorista, vai ser o menor dos problemas. Uma empresa que tenha sede em outro estado vai direcionar sua frota para cá. Essa é a parte mais fácil de fazer. Será que vai ter posto de gasolina para abastecer todos esses automóveis? O automóvel precisa ser abastecido. Na Copa tem que fechar toda a região, por Março de 2012 Palestra do Conselho de Turismo da CNC

16 segurança. Todo mundo tem que pegar um charter, um transfer até o local. Não vai poder estacionar a 2 quilômetros, 3 quilômetros, 5 quilômetros da proximidade do evento. Adianta alugar um automóvel e não ter onde estacionar? A dimensão continental do Brasil vai mudar essa Copa de uma forma. A pessoa que está em Porto Alegre não vai assistir ao próximo jogo em Recife de automóvel. Ele tem que voar. E aí? Acho que não vai conseguir dirigir e nem voar. Eu acho que a Copa vai ser fantástica, muito mais para os brasileiros. Mas esses desafios não são desafios que possamos suprir tão facilmente. Em Las Vegas, tivemos a oportunidade de ser convidados por um dos colegas de uma locadora internacional para a operação dele lá. Entre a devolução de um automóvel, o preparo para o check list e sair de novo, eles levam 9 minutos. Você leva 9 minutos? Talvez, 90 minutos entre pegar o automóvel, lavar, reabastecer. Lá, todo mundo reabastece. Aqui, quase ninguém reabastece. E tem que conferir, aqui tem buraco na rua, tem que ver se o automóvel não está avariado por baixo, para não alugar um automóvel desalinhado, desbalanceado. E, aí, dá tempo em um evento desse porte? O aluguel de automóvel é uma coisa muito complexa. Para ter um hotel bonito, o hoteleiro teve que comprar uma cama, mandou alguém limpar o banheiro. Em uma companhia aérea o raciocínio é o mesmo. O avião está abastecido, a refeição, o catering. No nosso caso, há uma série de fatores envolvidos que dependem de treinamento de quem está trabalhando conosco. Qual o principal desafio das locadoras no atendimento? Treinar pessoal. Temos um turnover alto. Costumo dizer que, quem está treinado para alugar carro, pode trabalhar em qualquer coisa. Você aprende sobre pessoas, tem contato direto com o cliente. Aprende sobre logística, tudo que envolve o setor de aluguel. Tudo que você tem que fazer antes de alugar um carro. É muito coisa. Palestra do Conselho de Turismo da CNC Março de 2012

17 Aquela ideia de que outro país é mais eficiente do que o Brasil, concordo que seja mais rápido. Mas nem sempre essa nossa busca pela eficiência é uma coisa simples. Tudo que envolve um aluguel de carro faz você refletir. Outra: a legislação brasileira não permite muita eficiência. Hoje, você vai alugar um automóvel na Europa, mas se tiver cadastrado nos Estados Unidos, aluga em dois, três minutos. Você pode pegar seu cartão e tirar a chave em uma máquina, por exemplo. No Brasil, quando alugamos um automóvel para um estrangeiro, preciso da cópia da entrada dele no país e do carimbo para mostrar que ele é um visitante e não um residente. Faz toda a diferença no tratamento da multa de trânsito. O residente tem que ter uma carteira traduzida. Então, mesmo que quiséssemos ter essa eficiência, essa rapidez, não conseguiríamos, porque nossa legislação não permite. Há uma série de restrições. Fora isso, o turista chega do exterior e tem que assinar o termo de autorização de débito do cartão de crédito. Não vou assinar. Não dou meu cartão. É isso que escutamos. Fui fazer um reembolso para um passageiro, pedimos uma conta dele no exterior. E ele disse: Vou dar minha conta para você por quê? Faça no cartão de crédito. No Brasil não pode, porque o cartão é de uma administradora, não do banco. A própria China, que não aceitava os cartões internacionais, passou a aceitar. Não tinha como não aceitar. Da mesma forma, acho que o Brasil tem que evoluir em legislação. E cabe a este Conselho nos apoiar para conseguirmos leis que possam agilizar a locação. Até 2010, vocês sabiam que estrangeiro tinha que traduzir a carteira de habilitação, mesmo o português? Não é piada. Um português chegou, mostrou a carteira, e precisou traduzir. Por quê? Porque era estrangeiro. Fui falar com o presidente do Denatran. Foi uma briga mudar. Levamos seis anos para mudar, para que o estrangeiro pudesse chegar ao Brasil e não precisar traduzir a carteira como turista. Março de 2012 Palestra do Conselho de Turismo da CNC

18 Imaginem o quanto temos batalhado para mudar esse tipo de situação. Passaram três, quatro ministros. E vai mudando ministro, vai mudando ministro... Foi uma briga de muito tempo para conseguir chegar a esse ponto. Falando de logística, sei que meus amigos falaram sobre toda a logística que envolve esses atendimentos. Mas digo a logística de uma locadora em si. O que nós precisamos para que seja entendido pela pessoa o que foi feito antes de uma locação? Cadê meu carro? Aquele carro foi comprado, produzido, lavado, licenciado, revisado, instalado um rádio, um GPS. Está pronto para ser alugado. Foi revisado a cada vez que foi alugado para sair em perfeitas condições. O quanto a ABLA tem investido no padrão internacional? Da mesma forma que existe apagão de mão de obra para tudo, não pensem que não falta mão de obra para nosso setor. Falta e muita! Conseguimos grandes vitórias. Uma delas foi o PQA Programa de Qualificação da ABLA. Demos cinco modelos de cursos e formamos 3 mil profissionais. Não dá para nada, mas é muita gente. Pelo menos, tivemos essa iniciativa. A bibliografia era inexistente. Hoje, já existe para o setor de aluguel. Lançamos livros e respeito, cursos. Falo isso há cinco, seis, sete, oito anos. Mas não sei até onde ou até quando as companhias aéreas vão pagar comissão. Muitas não pagam. Não sei até quando a hotelaria vai pagar comissão. Sei que o setor que paga mais comissão é o setor de carros. Ou ainda paga. Em 2010, fui falar na ABAV, a convite de amigos. Cheguei, mas fiquei tão decepcionado. Tínhamos uma sala para umas 200 pessoas, onde estavam 14, sendo 8 convidados meus. Vi o desinteresse do próprio agente de viagem. Isso tem que ser fomentado no agente. Vi o desinteresse dos agentes. Eles não tinham a menor ideia do que era o setor. Essa é uma luta nossa. Temos que mostrar o setor para o setor turístico, mostrar que está conectado com a companhia aérea, com o hotel. E mostrar que se não tiver capacitação, seja do agente de viagens ou de quem quer que seja, a cadeia vai cair. O transporte é um dos três pilares do turismo. Palestra do Conselho de Turismo da CNC Março de 2012

19 Aviação, hotelaria e transportes são os três pilares do turismo. Caindo um dos três pilares, vai cair. Como tem caído fragilmente em muitas situações. Termos capacitados 3 mil profissionais foi uma vitória. Fomos uma das únicas entidades que entregaram o projeto completo, e ainda devolvemos dinheiro para o Ministério do Turismo. Nós devolvemos dinheiro, e capacitamos 3 mil profissionais. Essa é a maior vitória que podemos mostrar, dentro do programa de qualificação do Ministério do Turismo. Tivemos um grande foco, nesse treinamento, em profissionais de gerência média e de linha de frente, quem realmente tem contato com o cliente. Esse profissional foi preparado para estar presente em um pequeno ou grande evento, para melhorar nosso setor, formando e capacitando gente para trabalhar em nosso setor. E estamos reeditando um programa do passado que deve estar saindo em junho. É o antigo Preço Certo ABLA. Está reeditado para que todo o setor de aluguel de carros possa fazê-lo. É gratuito. É um programa de formação de preços, que vamos fazer novamente em todas as capitais. Hoje, temos nossa bibliografia pronta. Quer aprender como se aluga um carro? Dá uma lida no que envolve, a manutenção etc. O Brasil está em alta como destino dos grandes eventos. A ameaça à vinda de mais eventos internacionais é um câmbio muito valorizado. O Brasil está muito caro. Mostramos, durante anos, que não era mais caro alugar um carro no Brasil. Mas, hoje, só está mais caro do que alguns outros destinos por conta do câmbio. Novamente, se você precisar alugar um carro, em um grande evento internacional em qualquer lugar do mundo, não vai ser barato. Não pode ser barato. Não tem como ser barato por conta de toda essa logística que estamos comentando aqui. O edital da Rio +20 foi a coisa mais curiosa. Havia 30 pré-requisitos, mas todo mundo achava que podia fazer. Um deles era exigência de 350 ônibus. Permitia que não fossem próprios, mas teriam que ser 350 ônibus, com motoristas de terno e gravata, treinados. E nem eles conseguiam nos passar o horário dos 350 ônibus. Então, nós sabemos que não vai acontecer. Março de 2012 Palestra do Conselho de Turismo da CNC

20 O edital ainda dizia outras coisas do tipo: 460 carros com motorista à disposição no período tal e a hora extra será computada... Enfim, eram tantas as dificuldades. Cada embaixada vai contratar para a Rio +20. E aí? Vai ter carro para todo mundo? Nem trazendo de fora, nem com motorista vindo de fora. Não tem. SR. MARIO BRAGA A primeira pergunta é dirigida a Alexandre Pinto: Se a frota nacional está em déficit hoje, como estará em 2014 e 2016?. A segunda, também para o Alexandre Pinto: Qual a percentagem da frota que está dotado no momento de GPS para ser útil ao turista nacional? Como isso funciona?. SR. ALEXANDRE PINTO (ABGEV) Respondendo à primeira pergunta, acho pouco provável que haja um investimento substancial em frota, como o Paulo comentou, para a Copa e as Olimpíadas. Estamos passando por um momento de investimento grande. Acredito que vá haver um investimento, mas de acordo com a demanda atual. Vai crescer pouco, acredito. Com relação à segunda pergunta, ao GPS, posso dizer que, nos veículos executivos, são utilizados com certa frequência. Diria que 90% dos veículos trabalhados com motoristas são equipados com GPS. Veículos executivos, no máximo vans. Falando em micro-ônibus e ônibus, muito dificilmente se encontram GPS em veículos desses. Até porque o ônibus tem certa dificuldade de trajeto, em determinados pontos é proibido de transitar. Não dá para contar muito com o auxílio do GPS nesse sentido. Agora, falando de GPS de localização de veículos, poderia dizer que boa parte das empresas já coloca, por segurança, para localização do motorista, para ter um acompanhamento mais próximo do serviço. SR. MARIO BRAGA Permita-me entender o seguinte: o déficit vai continuar e aumentar. Se não há investimento para corrigir o déficit, em 2014 e 2016 a situação vai ser pior? Sim ou não? Palestra do Conselho de Turismo da CNC Março de 2012