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Transcrição:

A C Ó R D Ã O SEDC/2008 GMFEO/MEV RECURSO ORDINÁRIO. DISSÍDIO COLETIVO DE NATUREZA ECONÔMICA. ULTRAFÉRTIL S.A. ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM. O sindicato-suscitante, na qualidade de representante de categoria profissional diferenciada (trabalhadores na movimentação de mercadorias em geral), pode ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica perante empresas e sindicatos patronais pertencentes a qualquer segmento econômico em que seja viável o labor por membro de categoria profissional dessa natureza, donde advém a legitimidade da empresa-recorrente para figurar no pólo passivo da relação processual. Eventual existência de contrato de prestação de serviços entre a Recorrente e o sindicato-suscitante ou entre ela e a empresa Terragrama do Brasil Empreendimentos e Construções Ltda., de natureza civil, para fornecimento de mão-de-obra de trabalhadores avulsos, no afasta a legitimidade da Recorrente para figurar no pólo passivo da relação processual, porque, a teor do acórdão recorrido, as normas e condições de trabalho instituídas por meio desta ação coletiva prevalecerão apenas em relação aos representados pelo sindicato-suscitante que mantiverem vínculo de emprego com as empresas-suscitadas. Recurso ordinário a que se nega provimento. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso Ordinário em Dissídio Coletivo n TST-RODC- 20.322/2002-000-02-00.4, em que é Recorrente ULTRAFÉRTIL S.A. e são Recorridos SINDICATO DOS TRABALHADORES NA MOVIMENTAÇÃO DE MERCADORIAS EM GERAL E DOS ARRUMADORES DE SANTOS, SÃO VICENTE, GUARUJÁ, CUBATÃO E SÃO SEBASTIÃO, BUNGE FERTILIZANTES S.A., IFC - INDÚSTRIA DE FERTILIZAN-TES DE CUBATÃO S.A., BUNGE ALIMENTOS S.A, PORÃ SISTEMA DE REMOÇÕES LTDA., PCS - FOSFATOS DO BRASIL LTDA., e TERRAGRAMA DO BRASIL EMPREENDIMENTOS E CONSTRUÇÕES LTDA. O Sindicato dos Trabalhadores na Movimentação de Mercadorias em Geral e dos Arrumadores de Santos, São Vicente, Guarujá, Cubatão e São Sebastião ajuizou dissídio coletivo perante Bunge Fertilizantes S.A., Bunge Alimentos S.A., Cargil Fertilizantes S.A., IFC - Indústria de Fertilizantes de Cubatão S.A., PCS - Fosfatos do Brasil Ltda., Porã Sistema de Remoções Ltda., Terragrama do Brasil Empreendimentos e Construções Ltda. e Ultrafértil S.A., pleiteando a fixação das condições de trabalho elencadas a

fls. 37/43 e 356/366, para o período de 1º de março de 2002 a 28 de fevereiro de 2003. Bunge Fertilizantes S.A. (fls. 157/165), Ultrafértil S.A. (fls. 202/210), Porã Sistema de Remoções Ltda. (fls. 262/263), Bunge Alimentos S.A. (fls. 313/327) e IFC - Indústria de Fertilizantes de Cubatão S.A. (fls. 333/338) apresentaram defesa à ação coletiva. O Sindicato dos Trabalhadores na Movimentação de Mercadorias em Geral e dos Arrumadores de Santos, São Vicente, Guarujá, Cubatão e São Sebastião manifestou-se sobre as contestações oferecidas pelas Suscitadas (fls. 342/343). A Procuradoria Regional do Trabalho da Segunda Região, nos termos do parecer de fls. 345/348, opinou pela rejeição das preliminares argüidas pelas Suscitadas nas contestações e pelo deferimento parcial das reivindicações. Bunge Alimentos S.A. e Sindicato dos Trabalhadores na Movimentação de Mercadorias em Geral e dos Arrumadores de Santos, São Vicente, Guarujá, Cubatão e São Sebastião, em conjunto, peticionaram a fls. 392. Noticiaram a celebração de acordo coletivo de trabalho e postularam a exclusão da empresa do polo passivo da relação processual. O Exmo. Juiz-Relator do processo no Tribunal Regional determinou à Bunge Alimentos S.A. que comprovasse a existência do acordo coletivo de trabalho mencionado na petição de fls. 392, o que se realizou a fls. 396/397. Parecer da assessoria econômica do Tribunal Regional a fls. 403/406, complementado a fls. 465/466. A Seção Especializada do Tribunal Regional do Trabalho da Segunda Região, nos termos do acórdão de fls. 513/534, rejeitou a preliminares de falta de interesse de agir e de ilegitimidade ativa e passiva ad causam, argüidas nas defesas apresentadas pelas Suscitadas, e, no mérito, julgou parcialmente procedentes as reivindicações da categoria profissional. A Cargil Fertilizantes S.A. (fls. 540/543) e a Ultrafértil S.A. (fls. 545/546) opuseram embargos de declaração. A Seção Especializada do Tribunal Regional do Trabalho da Segunda Região, conforme acórdão de fls. 549/551, deu provimento parcial aos embargos de declaração

opostos pela Cargil Fertilizantes S.A. e pela Ultrafértil S.A., a fim de acrescer ao acórdão embargado fundamentos relativos às argüições de falta de individualização da pauta de reivindicações, de inépcia da petição inicial e de "flexibilização" (fls. 551). Dessa decisão a Ultrafértil S.A. interpôs recurso ordinário (fls. 553/556). Argüiu a ilegitimidade passiva ad causam, tendo em vista a celebração de contrato de prestação de serviços com o Suscitante e, posteriormente, com a empresa Terragrama do Brasil Empreendimentos e Construções Ltda., de natureza civil, para fornecimento de mão-de-obra de trabalhadores avulsos, e não acordo coletivo de trabalho, inexistindo vínculo empregatício entre os trabalhadores sindicalizados e a empresa. Postulou a reforma do acórdão recorrido, a fim de que se reconheça a natureza civil do contrato celebrado com o Suscitante, afastando-se a hipótese de celebração de acordo coletivo de trabalho e, em conseqüência, se declare a sua ilegitimidade passiva ad causam. A Cargil Fertilizantes S.A. também interpôs recurso ordinário (fls. 559/569). Argüiu a falta do requisito do comum acordo para ajuizamento da ação coletiva, previsto no art. 114, 2º, da Constituição Federal, com a redação conferida pela Emenda Constitucional nº 45/2004, e renovou as argüições de falta de individualização da pauta de reivindicações e de ilegitimidade ativa ad causam. No mérito, insurgiu-se contra o estabelecimento das seguintes normas: 1) Vigência; 2) Reajuste Salarial; 3) Piso Salarial; e 4) Admitidos após a Data-Base. A Exma. Sra. Juíza-Presidenta do Tribunal Regional do Trabalho da Segunda Região admitiu os recursos ordinários por meio da decisão proferida a fls. 572. O Sindicato dos Trabalhadores na Movimentação de Mercadorias em Geral e dos Arrumadores de Santos, São Vicente, Guarujá, Cubatão e São Sebastião (fls. 574/576) e a Bunge Fertilizantes S.A. (fls. 578/579) apresentaram contra-razões ao recurso ordinário. A IFC - Indústria de Fertilizantes de Cubatão S.A. interpôs recurso ordinário (fls. 581/584). Argüiu a ilegitimidade passiva ad causam e a ausência de negociação prévia. Aduziu serem ilegítimas "todas as cláusulas invocadas" (fls. 584).

A Exma. Sra. Juíza-Presidenta do Tribunal Regional do Trabalho da Segunda Região denegou seguimento ao recurso ordinário, porque intempestivo (fls. 586). O Ministério Público do Trabalho opinou pelo conhecimento e desprovimento dos recursos ordinários interpostos pela Ultrafértil S.A. e pela Cargil Fertilizantes S.A. (fls. 591/593). Nos termos do despacho de fls. 613/614, o então Ministro-Relator do processo nesta Corte, Gelson de Azevedo, acolheu pedido de desistência da ação, formulado pelo Sindicato-Suscitante, no tocante à Mosaic Fertilizantes S.A., sucessora da Cargill Fertilizantes S.A. (fls. 595 e 604/606), e decretou a extinção do processo sem resolução do mérito, nos termos do art. 267, VIII, do CPC, em relação a essa empresa. É o relatório. V O T O 1. CONHECIMENTO Atendidos os pressupostos legais de admissibilidade do recurso ordinário interposto pela Ultrafértil S.A., dele conheço. 2. MÉRITO CAUSAM 2.1 ULTRAFÉRTIL S.A. ILEGITIMIDADE PASSIVA AD A Seção Especializada do Tribunal Regional, instada por meio de embargos de declaração a manifestar-se a respeito de questão suscitada em contestação, sob o título "Da Flexibilização" (fls. 205), consignou os seguintes fundamentos: "No que concerne ao que a embargante chama de flexibilização - pela elaboração de contratos de prestação de serviços com o suscitante e, posteriormente, com a empresa Terragrama do Brasil Empreendimentos e Construções Ltda. - o assunto foi abordado no voto, mas em relação à suscitada Bunge Alimentos S.A. que também colacionou contrato destinado a regular o fornecimento de mão de obra de trabalhadores avulsos. Aqui, como lá, tais contratos nenhum interesse têm na solução desta demanda, pois destinam-se, na verdade, a regular o fornecimento de mão de obra de trabalhadores avulsos, quando o que aqui se pretende, como já consignado no voto proferido, é a estipulação de condições de trabalho para os integrantes da categoria profissional representada eventualmente mantidos pelas empresas suscitadas na condição de empregados, com vínculos formalizados de emprego".

Nas razões do recurso ordinário (fls. 553/556), a Ultrafértil S.A. argüiu a ilegitimidade passiva ad causam, tendo em vista a celebração de contrato de prestação de serviços com o Suscitante e, posteriormente, com a empresa Terragrama do Brasil Empreendimentos e Construções Ltda., de natureza civil, para fornecimento de mão-de-obra de trabalhadores avulsos, e não acordo coletivo de trabalho, inexistindo vínculo empregatício entre os trabalhadores sindicalizados e a empresa. Postulou a reforma do acórdão recorrido, a fim de que se reconheça a natureza civil do contrato celebrado com o Suscitante, afastando-se a hipótese de celebração de acordo coletivo de trabalho e, em conseqüência, se declare a sua ilegitimidade passiva ad causam. Nos termos do art. 511, 1º e 2º, da Consolidação das Leis do Trabalho, a determinação da categoria econômica se dá em virtude de identidade, semelhança ou conexidade das atividades desenvolvidas pelo empregador, enquanto a categoria profissional é determinada em razão da similitude das condições de vida resultantes da profissão ou do trabalho comum. Em função, pois, da categoria econômica, determina-se a categoria profissional correspondente. A exceção a essa regra esta prevista no 3º desse artigo de lei, em que se dispõe a respeito das denominadas categorias diferenciadas, que são compostas por trabalhadores de certas profissões, independentemente da natureza das atividades econômicas desenvolvidas pelos seus empregadores. Os trabalhadores na movimentação de mercadorias em geral, representados pelo Sindicato-Suscitante neste dissídio coletivo, constituem categoria diferenciada, a teor dos arts. 511, 3º, 570 e 577 da CLT e, ainda, da Portaria MTB nº 3.204/1988. O Sindicato-Suscitante, portanto, na qualidade de representante de categoria profissional diferenciada, pode ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica perante empresas e sindicatos patronais pertencentes a qualquer segmento econômico em que seja viável o labor por membro de categoria profissional dessa natureza, donde advém a legitimidade da empresa ora Recorrente para figurar no polo passivo da relação processual. Registre-se que, a teor da jurisprudência desta Corte (Súmula nº 374), a instituição de cláusulas em instrumentos coletivos não obriga os empregadores, cujos empregados integrem categoria diferenciada, se aqueles não tiverem sido representados em juízo. Nesse contexto, a eventual existência de contrato de prestação de serviços entre a Recorrente e o Sindicato- Suscitante ou entre ela e a empresa Terragrama do Brasil

Empreendimentos e Construções Ltda., de natureza civil, para fornecimento de mão-de-obra de trabalhadores avulsos, não afasta a legitimidade da empresa ora Recorrente para figurar no pólo passivo da relação processual, inclusive porque, a teor do acórdão recorrido, as normas e condições de trabalho instituídas por meio desta ação coletiva prevalecerão apenas em relação aos representados pelo sindicato-suscitante que mantiverem vínculo de emprego com as empresas-suscitadas (fls. 521 e 551). Por fim, cumpre ressaltar que em momento algum a Corte Regional confunde os referidos contratos de prestação de serviços com acordo coletivo de trabalho, tampouco faz referência à esse tipo de instrumento coletivo ao tratar da questão em comento. Ao contrário, passa ao largo dessa discussão ao assinalar que "tais contratos nenhum interesse têm na solução desta demanda, pois destinam-se, na verdade, a regular o fornecimento de mão de obra de trabalhadores avulsos, quando o que aqui se pretende, como já consignado no voto proferido, é a estipulação de condições de trabalho para os integrantes da categoria profissional representada eventualmente mantidos pelas empresas suscitadas na condição de empregados, com vínculos formalizados de emprego" (fls. 551). Portanto, despropositada a pretensão recursal de se reconhecer nesta oportunidade a natureza civil do contrato celebrado com o Suscitante, afastando-se a hipótese de celebração de acordo coletivo de trabalho. Diante do exposto, nego provimento ao recurso ordinário. ISTO POSTO ACORDAM os Ministros da Seção Especializada em Dissídios Coletivos do Tribunal Superior do Trabalho, à unanimidade, negar provimento ao Recurso Ordinário interposto pela Ultrafértil S.A. Ciente: Brasília, 08 de maio de 2008. FERNANDO EIZO ONO Ministro-Relator Representante do Ministério Público do Trabalho

fls. PROC. Nº TST-RODC-20.322/2002-000-02-00.4 PROC. Nº TST-RODC-20.322/2002-000-02-00.4 C:\TEMP\APAAVFGQ\TempMinu.doc C:\TEMP\APAAVFGQ\TempMinu.doc