REFLEXÕES SOBRE LEITURA, INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO TEXTUAL NO IFPA CAMPUS ABAETETUBA. 1

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Transcrição:

REFLEXÕES SOBRE LEITURA, INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO TEXTUAL NO IFPA CAMPUS ABAETETUBA. 1 Jairo da Silva e Silva Mestrando em Letras Estudos Linguísticos Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, IFPA - Campus Abaetetuba Email: jairo.silva@ifpa.edu.br Leida Cristina Saraiva Teixeira Mestranda em Letras Estudos Literários Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, IFPA - Campus Abaetetuba Email: leida.teixeira@ifpa.edu.br Resumo: O presente texto tem por objetivo apresentar os resultados de oficinas de leitura do Projeto de Ensino Oficinas de Leitura, Interpretação e Produção Textual no IFPA Campus Abaetetuba. Trata-se, metodologicamente, de uma pesquisa bibliográfica em que a discussão teórica leva em consideração o incentivo à leitura e à produção de textos, realizada no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, IFPA - Campus Abaetetuba. Palavras-Chave: Letramento; Formação de leitores; Incentivo à produção textual. Introdução Como docentes das disciplinas de Língua Portuguesa, Português Instrumental, Leitura e Produção Textual e Redação Técnica, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará, Campus Abaetetuba 2, temos observado que os resultados dos alunos de 1º, 2º e 3º anos do Ensino Médio Integrado aos cursos técnicos, são bastante preocupantes, pois os alunos apresentam defasagens nas habilidades de leitura e escrita. Ao realizar análise das atividades e produções dos alunos, verificamos que possuem dificuldade para selecionar; organizar e interpretar informações, fatos, opiniões; relacionar; interpretar dados; relacionar informações em diferentes formas, inferir e argumentar. Esta análise confirmou que as dificuldades apresentadas têm impactado no desempenho dos alunos nas demais áreas de conhecimento. 1 Este trabalho tem sua origem a partir do desenvolvimento do Projeto de Ensino Oficinas de Leitura, Interpretação e Produção Textual no IFPA Campus Abaetetuba, cadastrado na Direção de Ensino, Pesquisa, Extensão e Pós-graduação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, IFPA - Campus Abaetetuba, sob a coordenação do primeiro autor, com participação da referida coautora. 2 O IFPA Campus Abaetetuba passou a ser assim denominado a partir da criação da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, que cria os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia por meio da Lei nº 11.892, de 29 de Dezembro de 2008. Abaetetuba: Município da região tocantina (nordeste) do estado do Pará, com cerca de 150 mil habitantes, segundo dados do IBGE/2015 ver site: <www.ibge.gov.br/>.

Avaliamos a situação e decidimos que se desenvolvêssemos um projeto diferenciado, voltado para o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita, utilizando diferentes estratégias, técnicas, métodos e procedimentos oportunizaríamos ao aluno novas situações de ensino, nas quais poderíamos aprofundar e ampliar as habilidades mais complexas exigidas para estes anos de escolaridade. A solução não vai acabar definitivamente com todos os problemas, mas sendo bem desenvolvido e conduzido irá contribuir significativamente no desempenho escolar dos alunos, pois irão ao encontro das necessidades específicas apresentadas por eles. A melhoria na leitura, na produção escrita e interpretação dos diferentes gêneros textuais, contribuirão com a melhoria nas demais áreas de conhecimento. Considerações sobre a leitura e produção textual sob implicações teórico-metodológicas do letramento Acredita-se ser imprescindível a motivação ao aluno à prática da leitura e da escrita, uma vez que a primeira descortina um universo de compreensões e possibilidades e, consequentemente, facilita e torna possível a segunda, na qual mais se atenua a criticidade de quem leu e compreendeu. Compreendemos a leitura como um ato social, entre dois sujeitos leitor e autor que interagem entre si, obedecendo a objetivos socialmente determinados (KLEIMAN, 2008, p. 10). Com o advento dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) nos anos 90, o ensino da língua portuguesa passou a ser diretamente relacionado com o uso de gêneros textuais. Prioriza-se então, o ensino contextualizado, em outras palavras, não ensinar aspectos gramaticais isoladamente, mas dentro de um texto (situação comunicativa) no qual o aluno pudesse perceber o uso da língua. A partir dos PCN, muito tem se debatido e pensado em relação aos gêneros textuais. Marcuschi (2005, p. 19.) nos ensina que os gêneros textuais são decorrentes de trabalho em conjunto e têm função comunicativa, caracterizam-se como eventos textuais altamente maleáveis, dinâmicos e plásticos. Surgem emparelhados a necessidades e atividades socioculturais, bem como na relação com inovações tecnológicas (...). De acordo com os PCN (BRASIL, 1998, p. 07-08), quando o aluno entra no ensino fundamental, é função da escola capacitá-lo para compreender a cidadania; conhecer, reconhecer e valorizar as diferentes culturas existentes no Brasil; posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas ; comunicar suas ideias utilizando as diferentes linguagens (verbal, corporal, plástica, etc.) para as diversas situações interacionais; questionar a realidade formulando-

se problemas e tratando de resolvê-los, utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando sua adequação. Sendo estes os objetivos gerais do ensino de língua portuguesa para o ensino fundamental, observamos assim que a intenção não é de apenas alfabetizar, mas alfabetizar letrando. Já no ensino médio, o aluno se depara com textos de maior complexidade. Esses textos serão de extrema importância, pois, por intermédio deles, o aluno poderá aumentar seu vocabulário e expressar-se de maneira adequada nas situações interacionais que se apresentarem a ele. Ao término dessa fase da educação básica, o aluno deve Considerar a Língua Portuguesa como fonte de legitimação de acordos e condutas sociais e como representação simbólica de experiências humanas manifestas nas formas de sentir, pensar e agir na vida social. (...) Analisar os recursos expressivos da linguagem verbal, relacionando textos/contextos, mediante a natureza função, organização, estrutura, de acordo com as condições de produção/recepção (intenção, época, local, interlocutores participantes da criação e propagação de ideias e escolhas). (...) Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes manifestações da linguagem verbal. (...) Compreender e usar a Língua Portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização do mundo e da própria identidade (BRASIL, 2006, p. 20 22). A esta maneira, compreende-se a relevância do ensino da língua portuguesa tendo como suporte, os gêneros textuais diversificados, tendo em vista a preparação de indivíduos letrados que possam comunicar-se em quaisquer situações interacionais apresentadas. A prática do letrar e alfabetizar, ou alfabetizar letrando, perspectiva dos estudos de letramento, postulada pela educadora e pesquisadora Magda Soares (2003), tendo um caráter de processos simultâneos, não podem ser entendidos à mesma maneira. Em entrevista ao jornal Diário da Escola (23 de agosto de 2003), esta pesquisadora pontua que letrar é mais que alfabetizar, é ensinar a ler e escrever dentro de um contexto onde a escrita e a leitura tenham sentido e façam parte da vida do aluno.. De acordo com Kleiman (2005, p. 75) A diferença entre ensinar uma prática e ensinar para queo aluno desenvolva uma competência ou habilidade não é mera questão terminológica. Na escola, onde se predomina uma concepção da leitura e da escrita como competências, concebe-se a atividade de ler e de escrever como um conjunto de habilidades progressivamente desenvolvidas até se chegar a uma competência leitora e escritora ideal: a do usuário proficiente da língua escrita. Os estudos do letramento, por outro lado, partem de uma concepção de leitura e de escrita como práticas discursivas, com múltiplas funções e inseparáveis dos contextos em que se desenvolvem.

Portanto, para esta autora, o posicionamento diante da prática do letramento volta-se para o contexto em que usamos a leitura e a escrita, em contraponto a adquirir habilidades e competências para se ter alunos leitores ideais sem que estes consigam numa situação real de comunicação fazer com propriedade o uso da leitura e da escrita. Oficinas de Leitura, Interpretação e Produção Textual no IFPA Campus Abaetetuba O referido projeto tenciona desenvolver práticas de letramento a partir de dinâmicas oportunizadas por oficinas de leitura e produção textual para alunos do ensino médio integrado a cursos técnicos do IFPA Campus Abaetetuba, evidenciando-se assim a necessidade da prática contínua do processo de letramento. Pretendemos inserir a prática de leitura no cotidiano escolar, bem como exercitar a produção de texto, ou seja, tanto oferecer oficina de leitura aos alunos selecionados, como demonstrar para o Instituto e demais professores, as possibilidades de estarem utilizando a leitura para o processo ensino-aprendizagem dos alunos (ROJO & MOURA, 2012). A prática do letramento permite a valorização da cultura local e do espaço onde o aluno esta inserido, pois como afirma Freire (2008), mais que ensinar a ler precisamos nos preocupar também com o contexto onde os nossos alunos esta inserido, pois a formação também deve valorizar a identidade do sujeito, mostrando a ele que independente de sua condição social, ele é um individuo cultural e social, construtor de sua historia e de sua cultura. Considerações Finais A escola é uma das instituições responsáveis por colocar o aprendiz em momentos onde ocorra a prática de letramento, portanto, cabe a ela criar condições de uso real da leitura e da escrita para, com essa ação, desenvolver alunos capazes de se comunicar nas diferentes esferas da sociedade de acordo com suas necessidades. Desta forma, ao concebermos algumas bases de definição do que seja o letramento, processo complexo e multifacetado que não deve ser confundido com método de alfabetização, mas concebido como prática de ensino que desperte nos aprendizes a condição de sistematizar as finalidades do que está sendo ensinado na escola, é que pensamos o Projeto de Ensino Oficinas de Leitura, Interpretação e Produção Textual no IFPA Campus Abaetetuba.

REFERÊNCIAS BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: introdução aos parâmetros curriculares nacionais / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.. BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Orientações curriculares para o ensino médio vol 1: Linguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006. SOARES, Magda. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Universidade Federal de Minas Gerais, Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita. 2003. KLEIMAN, Ângela Bustos. Texto e leitor: aspectos cognitivos. Campinas, SP: Pontes, 2008.. Letramento e suas implicações para o ensino de língua materna. São Paulo: Contexto, 2005, p. 73-87. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 49ª ed. São Paulo: Cortez, 2008. ROJO, Roxane; MOURA, Eduardo. (Org.). Multiletramentos na escola. São Paulo: Parábola, 2012. MARCUSCHI, Luiz. Antônio. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, A. P.; MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. Gêneros Textuais & Ensino. 3. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005.