Herculano Cachinho cachinho@fl.ul.pt O espaço o públicop Da rua ao centro comercial Mobilidade e Espaço Público, Odivelas, 11 de Maio 2006
Quatro questões Espaço público: conceito moribundo ou em expansão? Da rua ao centro comercial: a evolução da forma, das funções e do significado social. Centros comerciais, simulação da cidade e privatização do espaço público O espaço público nos subúrbios: os desafios da produção e gestão do espaço, dos lugares e dos equipamentos
Espaço o públicop Conceito moribundo ou em expansão?
Espaço público «Lugares da cidade, dotados de uma dimensão material e simbólica, que permitem o encontro, no anonimato, de indivíduos de classes sociais, etnias e religiões diferentes» Benevolo, 1993 Times Square, Nova Iorque
Espaço público «O espaço público é um legado, anónimo, transmitido por todos para todos, de geração em geração, e sobre o qual temos a consciência, mais ou menos clara, de ser um legado de liberdade» Perla Korosec-Serfaty, 1990 Rua Direita, Óbidos
Espaço público «Trata-se de um espaço em que o ser humano, como cidadão ou hospedeiro, tem uma liberdade total de circulação e onde é possível a interacção livre e não controlada entre indivíduos supostamente autónomos» Rémye Voyé, 1981 Avenida da Liberdade, 25 de Abril 74, Lisboa
Espaço público Um espaço de expressão colectiva, da vida comunitária, do encontro, do estar com e entre os outros, da celebração É também um espaço de acessibilidade totalmente livre, em qualquer momento e para qualquer um Rotunda do Marquês, Lisboa, Euro 2004
Espaço público O espaço público está em crise! Mas de que espaço falamos? E está em crise de quê? Está em crise ou a adquirir novas formas, funções e significado social? Rua Guilherme Gomes Fernandes, Odivelas
Espaço o públicop Forma, funções e significado social
Espaços privados Espaço público Edifícios públicos Espaços verdes públicos: Bosques, parques, jardins Vias públicas Vias privadas abertas à circulação pública Espaços aquáticos Espaços afectos aos veículos Espaços afectos aos peões Estacionamento Circulação Circulação Usos diversos Ruas, passeios praças Esplanadas Feiras
Esfera doméstica Lugar de sociabilidade e de intimidade familiar Espaço de conforto e segurança Relações primárias Referência da construção da personalidade da criança A moradia unifamiliar com jardim nos subúrbios versus Espaço público Liminaridade e transgressão Desordem e insegurança Liberdade, convivialidade entre anónimos Espaço de encontro espontâneo, não planeado A rua, a praça, o parque, o café
Causas do declínio do espaço público A progressiva interiorização e, mais recentemente, internetização das funções Suburbanização, fragmentação do território e especialização funcional Motorização da sociedade Crise dos públicos e agorofobia Odivelas
A interiorização das funções A interiorização das funções toca todos os quadrantes do quotidiano urbano O comércio encerra-se nas lojas o divertimento passa para os recintos desportivos, as discotecas, os cafés a política nas assembleias e pela TV Largo do Terreiro, Leiria
(Sub)urbanização urbanização suburbanização por ou contra o espaço público? Fragmentação do território e especialização funcional Empobrecimento da rua e da praça enquanto fórum Urbanização Quinta Nova, Odivelas
Motorização A cidade planeada em função do automóvel e do cidadão motorizado A primazia na facilidade de acesso, circulação e estacionamento, em detrimento da centralidade e da proximidade Radial de Odivelas
Agorofobia Se o vazio social do espaço público é determinado pela insegurança o enfraquecimento do papel social e socialização da cidade incrementa o sentimento da mesma, pela margem que dá à difusão de comportamentos de insegurança
O espaço o públicop Na metrópole pós-modernap
A cidade pós-moderna Cidade = consumo centro comercial parque temático Teatro, jogo, representação venda a retalho O consumactor...
A cidade pós-moderna A cidade está a converter-se num sistema de cenários e de campos de jogos onde cada um pode jogar e comportar-se como se Hoje, qualquer indivíduo pode subir ao palco, entrar em cena, actuar em consequência como se, sair de cena ou recomeçar o jogo cada partida ou espectáculo é, em si mesmo, um acontecimento, um novo lançamento de dados, um novo guião
Cidade = Shopping O fim do século XX talvez venha a ser lembrado como marco a partir do qual a cidade deixou de poder ser compreendida sem o recurso às compras Rem Koolhaas (2001)
Cidade = Shopping
Centro comercial = Espaço público Odivelas Parque
Centros comerciais: enclaves cénicos da cidade pósmoderna
Espaço o públicop Que desafios nos subúrbios?
Os desafios dos subúrbios Superar a carência de espaço público de centro de cidade, ancorado no anonimato, nas relações impessoais e na tolerância para com o comportamento do Outro Requalificar o espaço público dos bairros residenciais, destinado ao uso e à sociabilidade de proximidade Aprender com os centros comerciais, cujo sucesso depende do ambiente e das ambiências que conseguem criar no seu interior
Espaço público do centro Aprofundamento de centralidades a partir de espaços, lugares e edifícios públicos de interesse patrimonial Criação de novas centralidades através de âncoras, susceptíveis de criar identidade colectiva e potenciar a vivência de experiências significativas Millennium Park, Chicago
Espaço público de bairro Espaço público doméstico, que responde menos à condição do olhar ou do ser visitado, e mais à vivência e apropriação pelos habitantes Inserem-se nesta categoria as pequenas praças, ruas e jardins, mas também os cafés, as esplanadas, as bibliotecas
Aprender com os centros comerciais A simulação do simbolismo e dos usos dos espaços públicos tradicionais A riqueza do conteúdo comunicativo dos ambientes simulados Contrariar ou reinventar os centros comerciais?
Três domínios de acção Princípios de acção Diagnosticar problemas 1. Espaço público de centro de cidade (produzir) Identificar trunfos Reduzir fraquezas Aprofundar especificidades Ser competitivo face ao centro da metrópole 2. Espaço público de bairro (requalificar ) EPCUS 3. Espaços da simulação (reinventar)