A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA NO AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM: UM ESTUDO NA PERCEPÇÃO DE ALUNOS E PROFESSORES NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA



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Transcrição:

A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA NO AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM: UM ESTUDO NA PERCEPÇÃO DE ALUNOS E PROFESSORES NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA TONELLI, Elizangela Mestre em Cognição e Linguagem UENF. Professora no Instituto Federal do Espírito Santo IFES elizangelat@ifes.edu.br DEPS, Vera Lucia Doutora em Psicologia Educacional UNICAMP Professora na Universidade Estadual do Norte Fluminense UENF mielveh@uenf.br RESUMO: A Educação a Distância (EaD) é considerada uma forma de ensino que possibilita a autoaprendizagem, fazendo uso de uma mediação sistematizada com recursos didáticos que são apresentados em diferentes meios de informação. O aspecto instigante que levou a desenvolver este estudo foi o fazer docente nessa modalidade, no que se refere à qualidade e à maneira como os conteúdos programáticos chegam aos alunos. Ausubel diz que o indivíduo aprende a partir do momento em que ele consegue fazer a conexão entre o novo conteúdo e um conhecimento prévio já existente em sua estrutura cognitiva, ou seja, quando a aprendizagem é significativa. Por essa razão, o objetivo desse estudo foi identificar por meio da percepção de professores e alunos se a modalidade de ensino a distância oferece condições para a ocorrência da Aprendizagem Significativa. Para essa investigação foram aplicados questionários com 22 professores e 16 alunos do curso de Licenciatura em Informática, oferecido pelo IFES, na modalidade EaD. A partir das análises concluiu-se que o AVA e suas ferramentas, oferece condições para a ocorrência da Aprendizagem Significativa; porém, no que diz respeito ao diagnóstico do professor sobre o que o aluno já sabe, bem como seu desempenho acadêmico, professores e alunos concordaram que ainda existem limitações dentro da EaD em comparação ao Ensino Presencial. Palavras-chave: Aprendizagem Significativa; EaD; AVA; Prática docente. CONSIDERAÇÕES INICIAIS O advento das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC s) tem propiciado ao homem moderno a oportunidade de adquirir conhecimento em áreas específicas, por meio de um fazer pedagógico que

agrega material didático, metodologia de ensino, alunos e professores, em uma comunidade virtual. A Educação a Distância no Brasil, nos termos da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) 1, é considerada uma forma de ensino que possibilita a autoaprendizagem, fazendo uso de uma mediação sistematizada de recursos didáticos, apresentados em diferentes meios de informação, que são utilizados separadamente ou combinados. Os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA s), como são chamadas as comunidades virtuais de aprendizagem a distância, estão disponibilizados no ciberespaço em salas de aula virtuais com o intuito de quebrar as barreiras do espaço físico existente entre professor e aluno, bem como disponibilizar conteúdos distintos e promover a interação entre os envolvidos neste processo. O foco deste estudo é o desempenho pedagógico desenvolvido nessa modalidade, no que se refere à qualidade e à maneira como os conteúdos instrucionais chegam aos alunos, bem como a prática docente. Moran (2007), em suas avaliações referentes às práticas pedagógicas do Ensino a Distância, sugere que todas as universidades e organizações educacionais precisam experimentar como articular o presencial e o virtual, de maneira a garantir uma aprendizagem significativa. De acordo com a teoria de Ausubel (2000), a Aprendizagem Significativa requer a apresentação de material potencialmente significativo para o aprendiz, ou seja, que os conteúdos selecionados sejam relevantes e relacionáveis àqueles que o aluno já sabe. Em outras palavras, o autor considera que o fator que mais influencia na aprendizagem é aquilo que o aluno já sabe. Por esta razão, é de suma importância que se aplique um método de ensino que priorize os conhecimentos pré-adquiridos dos alunos antes de apresentar uma nova informação. Uma forma de verificar como essas adequações são feitas na Educação a Distância é compreender como se processa a relação entre professor e aluno 1 Definição que consta no Decreto n.º 2.494, de 10 de fevereiro de 1998, que regulamenta o art. 80 da LDB Lei n.º 9.394/96.

no Ambiente Virtual de Aprendizagem e se esta relação permite ao professor tomar conhecimento sobre aquilo que o aluno já sabe, de forma a adequar o conteúdo ao seu nível de compreensão. Sendo assim, este estudo foi norteado pelo seguinte questionamento: O fazer docente bem como o AVA do de Licenciatura em Informática na modalidade a distância, tem possibilitado a ocorrência de aprendizagem significativa, ou seja, a conexão de conceitos novos ou adquiridos com o conhecimento que o aluno já possui? O objetivo geral deste estudo foi identificar, na percepção de professores e de alunos do curso em estudo, se a modalidade de ensino a distância oferece condições para a ocorrência de aprendizagem significativa, de acordo com a teoria de David Paul Ausubel. A justificativa para a escolha desse tema ancorou-se no desafio significativo de professores e alunos da EaD mediante a dificuldade de aprendizagem, principalmente, nas disciplinas específicas do curso de Licenciatura em Informática que, consequentemente, tem aumentado o número de alunos evadidos a cada semestre. Sendo assim, é importante apontar, à luz da teoria ausubeliana, os fatores que contribuem para a compreensão dos conteúdos. Embasados pelo referencial teórico abordado neste estudo, concordamos que os recursos tecnológicos são relevantes para possibilitar a aprendizagem, mas não suficientes para promover a construção de uma ação educativa significativa caso os conteúdos específicos estiverem desarticulados dos conhecimentos que o aluno já possui em sua estrutura cognitiva. O USO DAS NTIC S NA EDUCAÇÃO Sabe-se que todas as dimensões da sociedade, e não menos do que a educação, vêm sofrendo transformações decorrentes da evolução das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTCI s). Segundo Castells (1999) essas inovações têm mudado a estrutura e o comportamento da sociedade de forma acelerada em todas as suas estâncias, seja individuais ou coletivas. Neste novo cenário no qual as políticas educacionais também se adaptam o modelo de professor que se mantém nos padrões da velha pedagogia de falar ou palestrar, como se fosse o detentor de todo o

conhecimento, se opõe ao modelo da nova pedagogia, no qual o aluno ensina a si mesmo com a orientação do professor, tendo a tecnologia como suporte a esse novo paradigma de ensino (PRENSKY, 2010, pp. 201-202). O ciberespaço tem favorecido a inserção dessa nova pedagogia mediada pelas ferramentas digitais. A comunicação e a interação já se fazem presente nos blogs, fóruns de discussão, wikis 2, hipertextos e outros que, tornaram-se ferramentas didáticas no processo de ensino e aprendizagem. Na verdade, estamos diante de uma nova concepção de mundo, de homem, de sociedade que, segundo Souza e Gomes (2008), não está relacionado a novos métodos de aprendizagem, mas às novas formas de pensar e de agir diante do conhecimento (SOUZA; GOMES, 2008, p. 106). Assim sendo, os sistemas de educação e formação necessitam de grandes reformas sendo uma delas, conforme sugere Lévy (1994), a adaptação dos dispositivos e da motivação para um Aprendizado Aberto e a Distância (AAD), em qualquer modalidade de ensino. Visto por esse ângulo, Villardi e Oliveira (2005) defendem que a Educação a Distância perpassa os limites dos modelos de ensino presencial, que por meio de um processo sistematizado proporciona a comunicação múltipla entre os sujeitos, em ambientes diversos em que se leva em consideração o ritmo individual da aprendizagem, tendo como característica marcante o aluno como protagonista do seu próprio aprendizado. Conforme descrito pelo Ministério da Educação - MEC (2007), a Educação a Distância é um processo de ensino que acontece quando professor e aluno estão separados fisicamente, sendo a mediação feita por meio da utilização das TIC s, pelas quais são desenvolvidas atividades educativas, em lugares e tempos diversos (MEC, art. 1º, 2007). Alguns estudiosos apresentam esse conceito de forma mais detalhada 2 Wiki é uma palavra do dialeto havaiano que significa rápido, veloz. O conceito foi criado em 1995 por Ward Cunningham. é um destino online onde os utilizadores podem criar ou editar com liberdade o conteúdo de uma página da Web, utilizando apenas um navegador.

uma atividade de ensino e aprendizado sem que haja proximidade entre professor e alunos, em que a comunicação bidirecional entre os vários sujeitos do processo (professor, alunos, monitores, administração) seja realizada por meio de algum recurso tecnológico intermediário. (ALVES; ZAMBALDE; FIGUEIREDO, 2004, p.6). De maneira semelhante, Aretio (1994) amplia esse conceito como, O Ensino a Distância é um sistema tecnológico de comunicação bidirecional, que pode ser massivo e que substitui a interação pessoal, na sala de aula, de professor e aluno, como meio preferencial de ensino, pela ação sistemática e conjunta de diversos recursos didáticos e pelo apoio de uma organização e tutoria que propiciam a aprendizagem independente e flexível dos alunos. (ARETIO, 1994, p. 40). Como forma de oportunizar a aprendizagem autônoma para alunos indisponíveis no mesmo tempo e espaço de seus professores, a EaD mostra como uma possibilidade concreta de uma educação que perpassa os centros urbanos permitindo que, a formação continuada se faça por meio das novas tecnologias, de forma a alcançar uma maior parcela da população, oferecendo uma forma de ensino mais flexível e personalizada. se O AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM (AVA) Em termos conceituais, o AVA consiste em mídias que utilizam o ciberespaço para veicular conteúdos e permitir interação entre os atores do processo educativo (PEREIRA, 2007, p.4). Em consonância com o avanço tecnológico e a nova realidade educacional, o Ministério da Educação (2007), conceitua Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA s) como: Programas que permitem o armazenamento, a administração e a disponibilização de conteúdos no formato Web. Dentre esses, destacam-se: aulas virtuais, objetos de aprendizagem, simuladores, fóruns, salas de bate-papo, conexões a materiais externos, atividades interativas, tarefas virtuais, modeladores, animações, textos colaborativos (BRASIL, 2007, p.11). Pode-se dizer que, Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) é um sistema que dá suporte a qualquer tipo de atividade realizada pelo aluno, isto é, um conjunto de ferramentas que são utilizadas para mediar o processo de ensino e aprendizagem a distância. Vale ressaltar que, a qualidade do processo educativo na EaD bem como o seu sucesso, depende, primeiramente, da disposição do aluno em aprender e de um conjunto de procedimentos educativos que envolvem

proposta pedagógica, material didático, qualificação da equipe multidisciplinar, ferramentas e recursos tecnológicos, didaticamente organizados e disponibilizados no ambiente virtual O AVA dispõe de um conjunto de recursos virtuais que podem ser usados pelo professor conteudista (responsável pela disciplina) de forma a ministrar os conteúdos de sua disciplina bem como facilitar a compreensão dos mesmos aos aluno, tais como: sala de bate-papo (chat), fórum, biblioteca, espaço de atividades e exercícios, produção de textos coletivos (wiki), envio de arquivos, glossário, oficinas e pesquisa de opinião. Conforme destaca Machado e Santos (2004), o ambiente virtual criado na plataforma Moodle 3 permite ao estudante estabelecer diversas associações entre os assuntos inter-relacionados, o que favorece a ampliação de sua visão sobre um determinado tema de estudo, sua capacidade de associar ideias e a integração de novos conceitos em sua estrutura cognitiva (MACHADO; SANTOS, 2004, p.83). A partir da percepção dos autores em relação aos inúmeros recursos de aprendizagem oferecidos no AVA, a princípio, embasados em filosofias sócioconstrutivistas, percebe-se uma funcionalidade favorável à teoria da Aprendizagem Significativa proposta por Ausubel. Podemos inferir ainda que os Ambientes Virtuais de Aprendizagem contam com características implícitas que, notadamente, dão importância ao bem-estar do aluno, ficando o mesmo receptivo às informações que irá dispor para seu aprendizado, o que aumenta a possibilidade de sucesso em seu percurso. A PROPOSTA DA APRENDIZAGEM AUSUBELIANA O norte-americano David Paul Ausubel (1918-2008) foi um dos grandes psicólogos da educação estadunidense. Ele dedicou seus estudos à educação, com o objetivo de promover condições favoráveis ao verdadeiro aprendizado. Sendo ele um dos representantes do cognitivismo, colocou-se contra a aprendizagem puramente mecânica (decoreba), propondo uma aprendizagem que explore os conhecimentos prévios do aprendiz, de forma a integrá-los com o novo, e organizá-los na estrutura cognitiva do indivíduo. 3 Modular Object-Oriented Dynamic Learning é um software livre com um sistema de gestão de ensino e aprendizagem destinado à criação de comunidades online voltadas para a aprendizagem colaborativa.

Para Ausubel a estrutura cognitiva representa todo o conteúdo informacional armazenado por um sujeito, e é organizado em qualquer tipologia de conhecimento. O conteúdo detido pelo indivíduo torna-se um forte influenciador do processo de aprendizagem. Novas ideias e informações podem ser aprendidas e retidas na medida em que conceitos relevantes e inclusivos estejam adequadamente claros e disponíveis na estrutura cognitiva do indivíduo e funcione, dessa forma, como ponto de ancoragem para as novas ideias e conceitos (AUSUBEL, 1980, apud in MOREIRA; MASINI, 1982, p. 4). Quando há interação entre a nova ideia e os conceitos já na estrutura cognitiva, de forma claramente articulada e precisamente diferenciada, ou seja, consciente, não arbitrária e substancial, ocorre a Aprendizagem Significativa. Não arbitrariedade quer dizer que o material potencialmente significativo se relaciona de maneira organizada a um conhecimento relevante já existente na estrutura cognitiva, os quais Ausubel chama de 4 subsunçores, que serão os pontos de ancoragem para uma nova informação. Substantividade significa que o que é incorporado à estrutura cognitiva é o significado do novo conhecimento e das novas ideias, não as palavras usadas para expressá-los. A sua essência está no relacionamento não arbitrário e substantivo de algum conceito relevante na estrutura de conhecimento do sujeito que seja adequado para interagir com a nova informação. Em outras palavras, esse processo ocorre quando o material novo, ideias e informações que apresentam uma estrutura lógica, interagem com conceitos relevantes e inclusivos, disponíveis na estrutura cognitiva, sendo por eles assimilados (AUSUBEL, apud MOREIRA; MASINI, 1982 p.4). CONDIÇÕES PARA A OCORRÊNCIA DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA Segundo Ausubel (2000. p.1), para que ocorra a Aprendizagem Significativa, são necessárias algumas condições como: 4 O termo subsunçor foi utilizado por Ausubel para designar um conceito, uma idéia ou um conhecimento pré-existente na estrutura cognitiva do aprendiz. (MOREIRA, 1982).

1) O material a ser assimilado deve ser potencialmente significativo, ou seja, os conceitos devem ser organizados de forma a ser relacionar com as ideias relevantes que o individuo possui; A manipulação das estruturas cognitivas do indivíduo não é uma tarefa fácil. Porém se o material a ser aprendido for apresentado de forma organizada, clara, substantiva (relacionável à outro conteúdo) e programática (sequenciada) essa dificuldade pode ser superada. Reforçamos que, o material não é o responsável pela Aprendizagem Significativa, ele é apenas um elemento potencialmente articulador da aprendizagem, modelando a estrutura cognitiva do aprendiz, previamente identificados com os conceitos relevantes de cada disciplina, afim de que, posteriormente, proceda a organização e apresentação do conteúdo. Se entendermos que o conhecimento prévio sobre um conceito facilitará a assimilação de idéias subsequentes, então o material apresentado deve seguir um sequência que prevaleça a coerência e dependência das etapas anteriores. 2) Existir conteúdo mínimo na estrutura cognitiva do indivíduo, ou seja, subsunçores em suficiência para assimilar a nova informação; Para que se obtenha sucesso nesse processo é preciso, primeiramente, considerar o quanto o aprendiz sabe sobre o assunto. As informações ainda não familiarizadas dificilmente serão assimiladas se não houver um ponto de ancoragem mínimo na estrutura cognitiva do receptor a qual ele possa relacioná-la. Daí a importância de se fazer o diagnóstico daquilo que o aluno já sabe. Insistindo na consolidação ou maestria das lições, antes de introduzir o material novo, asseguramos uma prontidão continuada do assunto e o êxito na aprendizagem sequencialmente organizada. (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN; 1980, p.165) Uma das principais estratégias para introduzir uma informação desconhecida é fazer uso dos organizadores prévios. Quando o material a ser aprendido é pouco familiar ao aprendiz, os organizadores introduzem ideias que aproximarão o conhecimento mínimo do indivíduo acerca do assunto, servindo de esteio para o conteúdo principal.

Dessa forma, os organizadores prévios funcionam como manipuladores na estrutura cognitiva do aprendiz, fazendo com que a informação, inicialmente totalmente desconhecida, se aproxime de algum subsunçor que possa ancorálo e proporcioná-lo algum significado relevante. 3) E, finalmente, o indivíduo deve manifestar uma disposição significativa para a aprendizagem. Ter uma postura ativa para relacionar a nova informação e não simplesmente memorizá-la, além de fatores importantes como atenção e motivação. A ausência de conhecimentos prévios bem como as variáveis sociais de motivação pode afetar, consideravelmente, a Aprendizagem Significativa. A capacidade de aprender significativamente também está ligada à disposição do individuo para tal fato. De acordo com Ausubel (2000) a aprendizagem não necessita necessariamente da motivação. Ela ocorre por si só. Quando se aprende algo, há uma satisfação inicial, que estimula o aprendiz a continuar aprendendo e se desenvolvendo. Sendo assim, a motivação advém da própria aprendizagem. Daí a importância de se promover uma prática pedagógica que proporcione desafios subordinados à capacidade do aluno de assimilar um novo aprendizado àquilo que ele já sabe, no intuito de favorecer a construção e reconstrução de conceitos bases para aquisição de novos conhecimentos. MÉTODOS E MATERIAIS Para este estudo fez-se uma pesquisa não-probabilística, adotando-se uma abordagem descritiva/comparativa, de caráter quanti-qualitativo. O estudo foi desenvolvido através da aplicação de questionários, com perguntas similares, com 16 alunos do 8º período do Curso de Licenciatura em Informática, ofertado na modalidade a distância pelo Instituto Federal do Espírito Santo/BR, pertencentes ao polo de apoio presencial de Cachoeiro de Itapemirim/ES, 10 professores conteudistas, 8 tutores a distância e 4 tutores presenciais. Os questionários foram elaborados com perguntas estruturadas e não estruturadas, relacionadas as condições propostas pela teoria ausubeliana para a ocorrência da aprendizagem significativa. Os dados coletados receberam o tratamento estatístico e descritivo, sendo os dados qualitativos

transformados em percentual e os dados qualitativos em categorias que foram analisadas separadamente por grupo de pesquisados (alunos e professores), e finalmente comparados em relação a convergência ou divergência de opinião. ANÁLISES E DISCUSSÃO Primeiramente, fez uma análise relacionada a presença física do professor no intuito de evidenciar alguns aspectos considerados relevantes, na percepção de alunos e professores, de modo a possibilitar a Aprendizagem Significativa. Vale reforçar que este estudo não tem a intenção de mensurar qual das duas modalidades de ensino é a melhor mas sim, a mais favorável. Em relação à figura do professor, Aretio (1994) diz que no Ensino Presencial ela é tida com fonte de conhecimento e juiz supremo da atuação do aluno, diferente da EaD que ele é, basicamente o produtor do material ou o tutor, ou seja um orientador da aprendizagem, um guia de atualização do aluno. Inicialmente, perguntou-se aos alunos se eles veem diferença em estudar na modalidade presencial e na modalidade a distância. Do grupo, 12 alunos (75%) responderam sim ; 3 alunos (19 %) responderam não e somente 1 aluno não soube responder. Aos professores foi questionado se eles veem diferença em lecionar na modalidade presencial e a distância. Dos pesquisados, 21 professores (95,45%) responderam sim, e somente 1 professor respondeu não conforme tabela 1. TABELA 1 Percepção da diferença em estudar/lecionar na modalidade Presencial e a Distância Indagando aos alunos, sobre as diferenças em estudar na modalidade presencial e EaD, eles fizeram os seguintes apontamentos:

A EaD exige maior gestão do tempo, maior esforço e dedicação porque o aluno não tem a presença do professor no dia a dia. A modalidade presencial propicia melhores condições para sanar as dúvidas, pois estamos mais próximos dos professores nos momentos em que elas ocorrem e oportuniza o debate sobre o tema de forma imediata. Os professores apontaram também algumas razões pelas quais considera o fazer docente diferente entre ambas. Primeiramente, faz-se necessário relembrar que no Curso de Licenciatura em Informática em EaD, existe três categorias de professor: o professor conteudista, o que prepara os conteúdos programáticos e a estrutura das salas virtuais, o tutor a distância, o que dá suporte às dúvidas em relação ao conteúdo e as atividades, e o tutor, o que dá suporte ao aluno no polo presencial. O professor conteudista diz que: O papel intermediário dos tutores a distância, em alguns casos, podem prejudicar a aprendizagem em decorrência da falta de comprometimento dos mesmos, exemplificando, dar o feedback em tempo hábil e de forma correta ao aluno quanto às suas dúvidas e desempenho. O tutor a distância mencionou que a EaD não permite a flexibilidade dos conteúdos e a improvisação, que são comuns no ensino presencial. Isso, de certa forma, leva a entender que a aprendizagem significativa no EaD é dificultada, uma vez que esse tipo de aprendizagem exige flexibilidade na execução dos conteúdos de forma a adequá-lo ao nível de compreensão dos alunos para que haja a conexão dos conhecimentos novos com os conhecimentos prévios. Reforça ainda esta ideia o fato de que a interação entre professor conteudista e tutor a distância com os alunos é menos direta, diferente do ensino presencial, em que o aluno tem a obrigatoriedade da presença nas aulas. Devido a esse fato, o professor conteudista alegou que encontra dificuldades em mapear a sala e identificar os alunos com dificuldades de aprendizagem. Há de se considerar também que, mesmo existindo o 5 feedback do professor conteudista e do tutor a distância para a aluno, este não é feito de forma imediata. O aspecto afetivo também fica comprometido, devido ao fato 5 Feedback é a troca de informações entre professor e aluno dentro do AVA.

de não haver a presença face a face, o que torna a relação entre os envolvidos mais distante e impessoal. Considerando a importância do diagnóstico daquilo que o aluno já sabe em relação ao novo conteúdo, perguntou-se aos alunos se antes de iniciar um novo conteúdo ou uma nova disciplina o professor verifica o que eles já sabem acerca do assunto. 6 alunos (38%) responderam que os professores não verificam seus conhecimentos prévios, 5 alunos (31%) responderam que às vezes, e outros 5 alunos (31%) responderam que sim, que antes de iniciar um novo conteúdo o professor verifica o que eles já sabem acerca do assunto conforme mostra a tabela 2. TABELA 2 Diagnóstico do potencial do aluno feito pelo professor antes do início de um novo conteúdo Vê-se assim que a opinião dos alunos está dividida: a maioria do grupo considera que os professores não verificam os seus conhecimentos antes de iniciar um conteúdo ou o faz às vezes. Evidenciando ainda a presença física do professor no que respeito a verificação dos conhecimentos prévios do aluno, perguntou-se aos professores se eles veem diferenças na forma de fazer o diagnostico daquilo que o aluno já sabe em se tratando de Educação a Distância e Ensino Presencial. A maioria dos entrevistados, 17 professores (77%), respondeu que há diferença (tabela 3). Entre as justificativas apresentadas: O processo de verificação do conteúdo prévio na modalidade presencial pode ser feito nos primeiros dias de aula. Dessa forma, o próprio conteúdo da disciplina na modalidade presencial pode ir se adaptando. Já no ensino a distância, penso ser mais difícil, pois no início da disciplina todo o conteúdo já deve estar formulado. Inclusive a própria apostila da disciplina já deve ter sido fechada antes. Cerca de 3 professores (11,5%) responderam que não percebem diferença em fazer o diagnóstico do que o aluno já sabe, em se tratando de ensino presencial e EaD. Eles Justificaram que esse diagnóstico pode ser feito também a distância, por meio dos fóruns, no início de cada disciplina.

Também um numero reduzido, 3 professores (11,5%), responderam que às vezes há diferença nesse diagnóstico entre as modalidades, justificando que alguns alunos ficam com vergonha de postar suas dúvidas (tabela 3). TABELA 3 - Percepção dos professores em relação à diferença no diagnóstico na modalidade de ensino presencial e a distância Em suma, através das falas dos professores percebe-se que no ensino presencial há maior flexibilidade para o diagnostico e adaptação do conteúdo ao nível de compreensão do aluno, e há maior interação e proximidade entre professor e aluno sendo esta mais dinâmica. Ausubel (1980) resume sua teoria dizendo que o fator isolado mais importante influenciando a aprendizagem é aquilo que o aluno já sabe (apud MOREIRA, 1982, p. 9). O percentual de professores que apontaram dificuldades em fazer o diagnóstico na modalidade a distância, devido à morosidade na interação entre professor e aluno, reforça a ideia de que a ocorrência da Aprendizagem Significativa é mais favorecida na modalidade presencial. Conforme referenciado anteriormente, a EaD é uma forma de ensino que favorece a autoaprendizagem, fazendo uso de recursos didáticos disponibilizados em Ambientes Virtuais de Aprendizagem. Mediante essa concepção perguntou-se aos alunos se as ferramentas disponibilizadas no AVA oferecem condições favoráveis para que o professor relacione o novo conteúdo àquilo que ele já sabe. Do grupo de entrevistados, 9 alunos (56%) responderam que às vezes elas oferecem condições para tal, 5 alunos (31%) responderam sim e uma minoria de 2 alunos (13%) responderam que as ferramentas não oferecem condições favoráveis para que o professor relacione o novo conteúdo àquilo que eles já sabem (tabela 4).

TABELA 4 Percepção dos alunos em relação às condições favoráveis das ferramentas do AVA à Aprendizagem Significativa foram: As justificativas apresentadas por aqueles que responderam às vezes Os fóruns e a hora do cafezinho poderiam ser usados para entrelaçarem aquilo que já sabemos com o que iremos aprender. Se o professor acompanhar o desenvolvimento do aluno, ele pode, por meio das ferramentas, implantar novas atividades e conteúdos. Os alunos que se posicionaram positivamente às condições favoráveis das ferramentas para a articulação dos conteúdos, disseram que o ambiente permite inserir qualquer recurso que possa facilitar a compreensão: videoaula, chat, fórum e outros. Entre os alunos que responderam que as ferramentas disponibilizadas no AVA não oferecem condições favoráveis para que o professor relacione o conteúdo com o que eles já sabem, um deles justificou que não vê como o professor pode avaliar os seus conhecimentos desse modo. Mediante os resultados apresentados acima, percebe-se que a maioria dos alunos considerou as ferramentas do AVA favoráveis à ocorrência da aprendizagem significativa, pois estas favorecem a interação do aluno com os sujeitos envolvidos no seu aprendizado.neste ambiente o professor tem o compromisso de auxiliar o aluno em sua aprendizagem com base nos seus conhecimentos prévios e habilidades. No entanto, faz-se necessário em outro estudo, para observar qual o nível de envolvimento de aluno e formadores com o objeto de aprendizagem, e de que maneira isto tem contribuído para a melhoria do desempenho no aprendizado. Mantendo-se ainda como foco o fazer docente entre as modalidades de ensino presencial e a distância, perguntou-se aos alunos e professores se a ausência física do professor interfere no desempenho do aluno. Metade dos alunos, ou seja, 8 (50%), responderam sim ; 5 alunos (31%) disseram que às vezes, e 3 alunos (19%) responderam que não interfere em seu

desempenho. Quanto aos professores, 10 deles (45,5%) responderam que às vezes interfere, outros 7 (31,85%) disseram não e uma minoria, 5 professores (22,75%), respondeu que sim. A partir dos resultados obtidos, percebe-se que os alunos se mostraram mais dependentes da presença física para o seu desempenho do que na percepção dos professores (tabela 5). TABELA 5 - Interferência da ausência física do professor no desempenho do aluno A maioria dos alunos justificou suas respostas atribuindo a presença física do professor como um facilitador na compreensão dos conteúdos, pois o contato face a face permite um feedback imediato e mais esclarecedor. Entre as justificativas apontadas, um aluno mencionou que o comprometimento dos professores a distância em relação ao aluno é menor e que, somente o tutor presencial os conhece, porém, quem avalia suas atividades é o tutor a distância, que não os conhece. Os professores por sua vez, se posicionaram mais favoravelmente quanto a não interferência da ausência física do professor no desempenho do aluno. Eles justificaram que essa ausência pode ser suprida por meio do uso das ferramentas síncronas e assíncronas de comunicação, disponibilizadas no AVA. Os professores também apontaram que, um dos fatores que pode comprometer o desempenho é a demora nas respostas do tutor a distância em relação às dúvidas do aluno, o que pode também causar o sentimento de abandono e insegurança. Ausubel, Novak e Hanesian (1980, p. 499) dizem que a medida e a avaliação são centrais em seus conceitos de aprendizagem, tendo em vista que, a verificação do que o aprendiz conhece antes de ensiná-lo algo é o fator determinante para a Aprendizagem Significativa. Sendo assim, vigiar a aprendizagem ocorrente para corrigir, esclarecer e consolidá-la faz a diferença,

bem como vigiar a eficácia de diferentes métodos de ensino e diferentes maneiras de organizar e seqüenciar os assuntos, faz-se necessário para que se saiba até que ponto os objetivos estão sendo alcançados. 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS A civilização em que vivemos, de transformações cada vez mais rápidas, em decorrência dos avanços tecnológicos, reforça que o indivíduo deve estar atendo às mudanças e engajar-se aos novos sistemas de educação e espaços de aprendizagem, os quais são marcados pela didática do aprender a aprender, do construir e (re) construir novos conhecimentos de forma crítica e seletiva. Ocorre que, fazer uso, aleatoriamente, das ferramentas e recursos disponibilizados pela internet no fazer docente, não é o bastante para um ensino eficaz. É necessário que a metodologia utilizada esteja intrinsecamente ligada às necessidades de compreensão do aluno, e a participação do professor é um fator determinante para o seu sucesso. A partir desse estudou observou-se que, em relação ao feedback do professor no ensino presencial e na EaD, professores e alunos concordam que, o contato face a face entre eles é mais adequado para se fazer o diagnóstico daquilo que o aluno já sabe, apesar de considerarem as ferramentas disponibilizadas no AVA muito eficazes, no sentido de facilitar a compreensão dos conteúdos. No que concerne ao fazer docente, observou-se que grande parte dos professores entrevistados sentem dificuldades em fazer o diagnóstico daquilo que seus alunos já sabem no intuito de relacionar os novos saberes aos saberes existentes, devido ao fato de que o conteúdo é elaborado previamente elaborado, ou seja, antes de iniciar a disciplina. Esse fato nos leva a refletir se os novos conhecimentos estão sendo assimilados de forma susbstancial ou simplesmente mecânica. A necessidade da presença física do professor também é reforçada quando os alunos afirmam, quase unanimemente, que o fato de não conhecerem seus professores pessoalmente interfere em seus desempenhos..

Ao final desse estudo alguns questionamentos permanecem expostos e valem para serem investigados. Os fatores evidenciados em relação à teoria ausubeliana, possivelmente não é um problema exclusivo da EaD. O fato do ensino presencial ser mais favorável à interação imediata do aluno com o professor não descarta a possibilidade da falta de conhecimentos prévios. Levando-se em conta o que foi observado e abraçando as teorias referenciadas neste estudo, faz-se necessário ressaltar que na EaD é de suma importância que o ensino seja bidirecional, e que as tecnologias de comunicação interativas simulem a experiência da sala de aula presencial sem cair no erro de padronizar ambientes para públicos diferenciados e com características cognitivas também diferenciadas. Entende-se ainda que, seja na modalidade EaD ou Presencial, os avanços tecnológicos precisam atender às necessidades de uma educação contínua, e favorecer a produção de conhecimentos a partir dos saberes existentes, da autonomia e da interação. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, R. M.; ZAMBALDE, A. L.; FIGUEIREDO, C. X. Ensino a Distancia. UFLA/FAEPE, 2004. ARETIO, L. G. Educación a distancia. Bases conceptuales. In: EDUCACIÓN A DISTANCIA HOY. Madrid: Universidad de Educación a Distância, 1994, p. 11 57. AUSUBEL, D.P. The Acquisition and Retention of Knowledge: A cognitive View. Boston: Kluwer Academic Publishers, 2000. AUSUBEL, D.P; NOVAK,J.D.; HANESIAN, H. Educational psychology: a cognitive view. 2ed. Holt, Rinehart & Winston, 1978.. Psicologia Educacional. Rio de Janeiro: Interamericana, 1980. BRASIL. Ministério da Educação. Referenciais para elaboração de material didático para EaD no Ensino Profissional e Tecnológico. 2007. Disponível em <http://www.etecbrasil.mec.gov.br/> Acesso em: 16 out. 2012.. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 24 dez. 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 20 dez. 2013. CASTELLS, M. A Sociedade em Rede. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1999.

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