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Governador Cid Ferreira Gomes Vice Governador Francisco José Pinheiro Secretária da Educação Maria Izolda Cela de Arruda Coelho Secretário Adjunto Maurício Holanda Maia Secretário Executivo Antônio Idilvan de Lima Alencar Assessora Institucional do Gabinete da Seduc Cristiane Carvalho Holanda Coordenadora de Desenvolvimento da Escola Maria da Conceição Ávila de Misquita Vinãs Coordenadora da Educação Profissional SEDUC Thereza Maria de Castro Paes Barreto

Disciplina: Administração Agroindustrial Agroindústria - Administração Agroindustrial 3

SUMÁRIO Unidade I - Gerenciamento de Sistemas Agroindustrial (Definições, Especificidades E Correntes Metodológicas)... 5 Introdução... 5 Conceitos básicos Origens e Definições de Agronegócios...6 COMMODITY SYSTEM APPROACH...7 ANÁLISE DE FILIÈRES (OU CADEIAS DE PRODUÇÃO)... 7 NÍVEIS DE ANÁLISE NO AGRONEGÓCIO... 10 SISTEMA AGROINDUSTRIAL (SAI)....10 Complexo Agro-Industrial... 11 Cadeia de Produção Agro-Industrial...11 GERENCIAMENTO... 14 Gerenciamento das Cadeias de Suprimentos (Supply Chain Management)...14 Características do Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos...17 Unidade II - Comercialização de produtos agroindustriais... 18 Aspectos da Demanda...18 Unidade III - Logística Agroindustrial...19 Unidade IV - Varejo de Alimentos...20 Comércio Varejista de Alimentos... 21 Análise Subjetiva... 21 Unidade V - Gestão da Qualidade Agroindustrial... 22 Gestão da Qualidade... 22 Cadeia de Produção Agroindustrial...23 O Exemplo da Carne: Gestão da Qualidade de forma Coordenada na Cadeia.... 28 Agroindústria - Administração Agroindustrial 4

Unidade I - Gerenciamento de Sistemas Agroindustrial (Definições, Especificidades E Correntes Metodológicas) Introdução De acordo com Rodrigues (1999), a agricultura brasileira viveu na primeira metade dos anos 90 uma brutal transição. Saiu de um cenário no fim da década anterior caracterizado por inflação alta, país fechado e políticas públicas razoáveis para outro, poucos anos depois, de inflação baixa, país aberto ao exterior, principalmente na agricultura, e estado falido. Nessa caminhada teve perda de renda inédita na história, tanto pela ação governamental (que descasou índices no Plano Collor estourou juros e engessou o câmbio no real), quanto pela desarticulação do setor privado. Duas diferentes tendências ficaram claras nessa transição que ainda não se completou: de um lado, uma imensa exclusão com milhares de produtores (especialmente pequenos) e trabalhadores rurais perdendo seus empregos e patrimônios, reforçando movimentos sociais que mais tarde se transformariam em políticos; de outro, uma surda batalha pela sobrevivência, via competitividade. Dois grupos de produtores rurais se embalam nesta onda: os que entraram no Plano Real com dívidas e os que não tinham dívidas. Os primeiros, acudidos por paliativos como a Securitização, o Programa Especial Sobre Ativos (Pesa), o Programa de Recuperação das Cooperativas (Recoop) e outras ações governamentais, esperam por solução definitiva para seus problemas. Os segundos estão fazendo a maior revolução deste século no cenário rural brasileiro. Essa revolução tem três facetas: uma bem evidente, que é a tecnológica, e outras duas pouco mensuráveis, a gerencial e a de modelo. A revolução tecnológica se caracteriza pelo uso do que há de mais evidente em matéria de inovação para o campo: tratores, máquinas e implementos, colheitadeiras de última geração rodando pelas fazendas brasileiras: cultivo mínimo, plantio direto, variedades novas, fórmulas diferentes de fertilizantes e defensivos, transferência de embriões, agricultura de precisão e o uso crescente da biotecnologia, o que equipara nossos produtores aos melhores do mundo. A revolução gerencial é ainda mais importante: administração comercial, financeira, fiscal e tributária são essenciais para o resultado positivo dos agricultores. A gestão de recursos humanos e a gestão ambiental, também. A informação em tempo real e confiável é um instrumento básico para o moderno agricultor, para o gerente contemporâneo. Assim, a propriedade rural toma uma importância fundamental, onde o empresário rural deve usar os conceitos mais modernos de economia, administração, comercialização e finanças para se ajustar às iminentes e rápidas mudanças de mercado. Mas, sem dúvida, a grande mudança está no modelo. Não é mais possível, ou não será no curto prazo, fazer renda no campo vendendo matéria prima para compradores tradicionais. Por mais que se tenha incorporado tecnologia, o mercado já não sustenta a renda rural para o produtor que não agrega valor à sua produção. Esta revolução, a de modelo, é a que exige o conceito de cadeia produtiva de agregação de valor às produções primárias. Os mecanismos clássicos para isto estão à disposição dos produtores: cooperativismo, associativismo, parcerias, alianças estratégicas, marketing, propaganda, industrialização, diferenciação e, todos outros fatores existentes e ainda não explorados adequadamente, e que também precisam ser modernizados. Há sem dúvida também um problema cultural emperrando avanços concretos na direção do agronegócio, embora o conceito já esteja disseminado e entendido. É a velha esperanças de que o Agroindústria - Administração Agroindustrial 5

governo resolva a questão da renda com algum tipo de intervenção. Já não há mais esta chance. As diversas cadeias produtivas precisam se articular para resolver seus dramas para oferecer ao consumidor produtos de qualidade a preços compatíveis com a sustentabilidade das atividades produtivas. O Fórum Nacional da Agricultura tratou destes temas definindo em suas Dez Bandeiras três grandes grupos de ações articulados: a) políticas públicas que garantam isonomia em relação a concorrentes de outros países, b) melhor organização privada dos agentes econômicos e c) boas negociações internacionais. Desatados estes três nós, a agricultura e o agronegócio brasileiro conduzirão o país ao seu lugar de destaque no cenário mundial. Para entender um pouco mais do funcionamento das cadeias produtivas e de suas inter-relações, torna-se necessário compreender alguns conceitos básicos sobre agronegócios. Conceitos básicos Origens e Definições de Agronegócios Segundo o GEPAI (1997), a bibliografia sobre o estudo dos problemas ligados ao agronegócio aponta, no cenário internacional, para dois principais conjuntos de idéias que geraram metodologias de análise distintas entre si. Embora defasadas quanto ao tempo e quanto ao local de origem, estas duas vertentes metodológicas, que serão apresentadas a seguir, guardam entre si muitos pontos em comum. A primeira delas teve origem nos Estados Unidos, mais precisamente na Universidade de Harvard, através dos trabalhos de Davis e Goldberg. Coube a esses dois pesquisadores a criação do conceito de agronegócios e, através de um trabalho posterior de Goldberg, a primeira utilização da noção de commodity system approach (CSA). Durante a década de 60 desenvolveu-se no âmbito da escola industrial francesa a noção de analyse de fílière. Embora o conceito de filière não tenha sido desenvolvido especificamente para estudar a problemática agro-industrial, foi entre os economistas agrícolas e pesquisadores ligados aos setores rural e agroindustrial, que ele encontrou seus principais defensores. Com o sacrifício de algumas nuançes semânticas, a palavra filière será traduzida para o português pela expressão cadeia de produção e, no caso do setor agro-industrial, cadeia de produção agro-industrial ou simplesmente cadeia agro-industrial (CPA). Os pesquisadores da Universidade de Harvard, John Davis e Ray Goldberg, já em 1957, enunciaram o conceito de agronegócios como sendo "a soma total das operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas, das operações de produção nas unidades agrícolas, do armazenamento, processamento e distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos a partir deles". Segundo esses autores, a agricultura já não poderia ser abordada de maneira indissociada dos outros agentes responsáveis por todas as atividades que garantiriam a produção, transformação, distribuição e consumo de alimentos. Eles consideravam as atividades agrícolas como fazendo parte de urna extensa rede de agentes econômicos que iam desde a produção de insumos, transformação industrial até armazenagem e distribuição de produtos agrícolas e derivados. Goldberg, em 1968, utilizou a noção de commodity system approach (Cadeia de Produção Agro-industrial) para estudar o comportamento dos sistemas de produção da laranja, trigo e soja nos Estados Unidos. O sucesso desta aplicação deveu-se principalmente à aparente simplicidade e coerência do aparato teórico, bem como a seu grande grau de acerto nas previsões. Cabe notar que ele efetuou um corte vertical na economia que teve como ponto de partida e principal delimitador do Agroindústria - Administração Agroindustrial 6

espaço analítico uma matéria-prima agrícola específica (laranja, café e trigo). Apesar de seguir uma lógica de encadeamento de atividades semelhante à utilizada por Goldberg, a analyse de filières pode diferir, segundo o objetivo do estudo pretendido, no que tange, sobretudo, ao ponto de partida da análise. Os trabalhos de Goldberg, que tiveram como ponto de partida a matriz de produção de Leontieff, tentam incorporar certo aspecto dinâmico a seus estudos através da consideração das mudanças que ocorrem no sistema ao longo do tempo. Este enfoque dinâmico é ressaltado pela importância assumida pela tecnologia como agente indutor destas mudanças. Este aspecto tecnológico é também bastante enfatizado pela analyse de filière. Finalmente, é interessante destacar que Goldberg, durante a aplicação do conceito de CSA, abandona o referencial teórico da matriz insumo-produto para aplicar conceitos oriundos da economia industrial. Assim, segundo Zylbersztajn (1995), o paradigma clássico da economia industrial - Estrutura è Conduta è Desempenho - passa a fornecer os principais critérios de análise e de predição. A aplicação das ferramentas da economia industrial também pode ser encontrada em autores ligados à análise das cadeias de produção. COMMODITY SYSTEM APPROACH A base teórica do Commodity System Approach (CSA) é derivada da economia industrial. Em 1968, Davis e Goldberg estudaram os sistemas de produção da laranja, trigo e soja na Flórida, através da metodologia de estudos de casos. Tal enfoque deu base à introdução da questão de dependência intersetorial. A metodologia serviu para promover uma visão sistêmica do agribusiness norte-americano, sendo muito bem aceita devido à exatidão das previsões feitas nos estudos de caso, através do paradigma clássico estrutura-conduta desempenho, em especial o CSA, pois serviu para mostrar o quanto o agribusiness contribui para a formação do produto nacional. Segundo Goldberg (apud Zylbersztajn, 1995), um CSA engloba todos os atores envolvidos com a produção, processamento e distribuição de um produto. Tal sistema inclui o mercado de insumos agrícolas, a produção agrícola, operações de estocagem, processamento, atacado e varejo, demarcando um fluxo que vai dos insumos até o consumidor final. O conceito engloba também todas as instituições que afetam a coordenação dos estágios sucessivos do fluxo de produtos, tais como as instituições governamentais, mercados futuros e associações de comércio. A abordagem proposta por Goldberg é baseada em um produto, em um determinado local geográfico bem definido, como é o caso da laranja na Flórida. Ele ainda ressalta as características diferentes entre os sistemas do agribusiness e outros sistemas industriais. Outra grande contribuição de Goldberg é a utilização de um enfoque sistêmico ao agribusiness. ANÁLISE DE FILIÈRES (OU CADEIAS DE PRODUÇÃO) A análise de cadeias de produção é uma das ferramentas privilegiadas da escola francesa de economia industrial. Apesar dos esforços de conceituação empreendidos pelos economistas industriais franceses, a noção de cadeia de produção continua vaga quanto ao seu enunciado. Uma rápida passagem pela bibliografia sobre o assunto permite encontrar grande variedade de definições. Morvan procurando sintetizar e sistematizar estas idéias, enumerou três séries de elementos que estariam implicitamente ligados a uma visão em termos de cadeia de produção: 1. a cadeia de produção é uma sucessão de operações de transformação dissociáveis, capazes de ser separadas e ligadas entre si por um encadeamento técnico; Agroindústria - Administração Agroindustrial 7

2. a cadeia de produção é também um conjunto de relações comerciais e financeiras que estabelecem, entre todos os estados de transformação, um fluxo de troca, situado de montante a jusante, entre fornecedores e clientes; 3. a cadeia de produção é um conjunto de ações econômicas que presidem a valoração dos meios de produção e asseguram a articulação das operações. De maneira geral, uma cadeia de produção agro-industrial pode ser segmentada, de antes da porteira (insumos) até depois da porteira (comercialização), em três macrossegmentos. Em muitos casos práticos, os limites desta divisão não são facilmente identificáveis. Além disso, esta divisão pode variar muito segundo o tipo de produto e segundo o objetivo da análise. Os três macrossegmentos propostos são: a. Comercialização. Representa as empresas que estão em contato com o cliente final da cadeia de produção e que viabilizam o consumo e o comércio dos produtos finais (supermercados, mercearias, restaurantes, cantinas, etc.). Podem ser incluídas neste macrossegmento as empresas responsáveis somente pela logística de distribuição. b. Industrialização. Representa as firmas responsáveis pela transformação das matérias-primas em produtos finais destinados ao consumidor. O consumidor pode ser uma unidade familiar ou outra agroindústria. c. Produção de matérias-primas. Reúne as firmas que fornecem as matérias-primas iniciais para que outras empresas avancem no processo de produção do produto final (agricultura, pecuária, pesca, piscicultura etc.). A Figura 1 representa esquematicamente duas cadeias de produção agroindustriais (CPA) quaisquer. Essa figura apresenta duas CPA não lineares, visto que a operação 7 pode ser seguida das operações 9 e 12 ou da operação 10, que, segundo o caso, darão origem ao produto 1 ou 2. Este é geralmente o caso para a maior parte das CPA em que uma operação anterior pode alimentar várias outras situadas à frente. Neste caso, pode-se falar de "ligações divergentes". Por outro lado, existem também "ligações convergentes" em que várias operações anteriores darão origem a um número menor de operações à frente. No caso do exemplo apresentado, as operações 4, 5 e 6 darão origem seja à operação 8, seja à operação 7. Não é raro encontrar no interior das CPA mecanismos de retroalimentação, onde um produto oriundo de uma etapa intermediária da CPA vá alimentar, nesta mesma CPA, outra operação situada à montante desta operação. A lógica de encadeamento das operações, como forma de definir a estrutura de uma CPA, deve situar-se sempre de jusante a montante, ou seja, do fim da cadeia para o começo da cadeia. Esta lógica assume implicitamente que as condicionantes impostas pelo consumidor final são os principais indutores de mudanças no status quo do sistema. Evidentemente, esta é uma visão simplificadora e de caráter geral, visto que as unidades produtivas do sistema também são responsáveis, por exemplo, pela introdução de inovações tecnológicas que eventualmente aportam mudanças consideráveis na dinâmica de funcionamento das cadeias agro-industriais. No entanto, estas mudanças somente são sustentáveis quando reconhecidas pelo consumidor como portadoras de alguma diferenciação em relação a situação de equilíbrio anterior. Vale ressaltar que as CPA não são estanques entre si. Determinado complexo agro-industrial pode apresentar operações ou estados intermediários de produção comuns a várias CPA que o compõem. Neste caso pode ocorrer o que será chamado de 4 operações-nó. Estas operações são muito importantes do ponto de vista estratégico, pois representam lugares privilegiados para a obtenção de sinergias dentro do sistema, além de funcionarem corno pontos de partida eficientes para a diversifi- Agroindústria - Administração Agroindustrial 8

cação das firmas. No caso da Figura 1, a operação 7 seria uma operação-nó, já que ela representa um interconexão entre as CPA 1 e CPA 2. As operações representadas na Figura 1 podem ser, do ponto de vista conceitual, de origem técnica, logística ou comercial. No entanto, a representação gráfica de uma CPA neste nível de detalhe seria de difícil execução prática, com ganhos de qualidade de informação, em termos de visualização, duvidosos. Assim, é válido que a representação seja feita seguindo o encadeamento das operações técnicas necessárias à elaboração do produto final (Batalha, 1993). Os aspectos tecnológicos assumem, neste caso, um papel fundamental. O "esqueleto" da CPA seria composto pela sucessão de operações tecnológicas de produção, distintas e dissociáveis, estando elas associadas à obtenção de determinado produto necessário a satisfação de um mesmo segmento de demanda. Estabelecido o fluxograma de produção, deve-se arbitrar o grau de detalhe da representação. Todas as operações de produção devem necessariamente ser representadas? Figura 1 Cadeia de Produção agro-industrial 1 e 2 Em geral, não é difícil decompor um processo industrial de fabricação segundo algumas etapas principais de produção. Assim, seria razoável considerar que, após passar por várias operações de fabricação, um produto possa alcançar um "estado intermediário de produção. Vale lembrar que o termo intermediário diz respeito ao produto final da CPA. A produção de óleo refinado de soja, por exemplo, poderia ser considerada estado intermediário de produção na fabricação dos produtos finais margarina e maionese. O produto deste "estado intermediário de produção" deveria ter estabilidade física suficiente para ser comercializado além, evidentemente, de possuir um valor real ou potencial de mercado. A existência destes mercados permite a "articulação" dos vários macrossegmentos da CPA, bem como das etapas intermediárias de produção que os compõem. Dentro de uma cadeia de produ- Agroindústria - Administração Agroindustrial 9

ção agro-industrial típica podem ser visualizados no mínimo quatro mercados com diferentes características: a) mercado entre os produtores de insumos e os produtores rurais, b) mercado entre produtores rurais e agroindústria, c) mercado entre agroindústria e distribuidores e, finalmente, d) mercado entre distribuidores e consumidores finais. O estudo das características destes mercados representa uma ferramenta poderosa para compreender a dinâmica de funcionamento da CPA. Assim, pode-se dizer que o sistema produtivo associado a uma CPA, que neste caso escapa das fronteiras da própria firma, teria como unidade básica de análise e de construção do sistema as várias operações que definem o conjunto das atividades nas quais a firma está inserida, estando as operações técnicas de produção responsáveis pela definição da "arquitetura" do sistema. Na verdade, é o formato destes "caminhos tecnológicos" que determinam, em grande parte, a viabilidade e a oportunidade do aparecimento das operações logísticas e de comercialização. O posicionamento da firma dentro do sistema, bem como o da concorrência, é facilmente identificável através da observação das operações pelas quais a firma é responsável no conjunto das atividades necessárias à elaboração do produto final. NÍVEIS DE ANÁLISE NO AGRONEGÓCIO A literatura que trata da problemática do agronegócio no Brasil tem feito grande confusão entre as expressões Sistema Agro-industrial, Complexo Agroindustrial, Cadeia de Produção Agroindustrial e Agronegócios. Estas expressões, embora relacionadas ao mesmo problema, representam espaços de análise diferentes e se prestam a diferentes objetivos. Na verdade, cada uma delas reflete um nível de análise no agronegócio. SISTEMA AGROINDUSTRIAL (SAI). O SAI pode ser considerado o conjunto de atividades que concorrem para a produção de produtos agro-industriais, desde a produção dos insumos (sementes, adubos, máquinas agrícolas etc.) até a chegada do produto final (queijo, biscoito, massas etc.) ao consumidor. Ele não está associado a nenhuma matéria-prima agropecuária ou produto final específico. O SAI, tal como é entendido neste trabalho, aproxima-se bastante da definição inicial de agronegócios proposta por Goldberg ou da definição de Sistema Agro-alimentar proposta por Malasis. Na verdade, o SAI, quando apresentado desta forma, revela-se de pouca utilidade prática como ferramenta de gestão e de apoio à tomada de decisão. O SAI, como pode ser visto na figura 2, é composto por seis elementos básicos: 1. agricultura, pecuária e pesca; 2. indústrias agro-alimentares (IAA); 3. distribuição agrícola e alimentar; 4. comércio internacional, 5. consumidor; 6. Indústrias e serviços de apoio (INA). Agroindústria - Administração Agroindustrial 10

Figura 2 Organização do Sistema Agro-industrial Conforme citado anteriormente, o SAI pode ser dividido nos seguintes elementos que são visualizados na Figura 3. Complexo Agro-Industrial Figura 3 Elementos que compõe o Sistema Agro-Indústrial. Um complexo agro-industrial, tal como ele é entendido neste trabalho, tem como ponto de partida determinada matéria-prima de base. Desta forma, poder-se- ia, por exemplo, fazer alusão ao complexo soja, complexo leite, complexo cana-de-açúcar, complexo café, etc. A arquitetura deste complexo agro-industrial seria ditada pela "explosão" da matéria-prima principal que o originou, segundo os diferentes processos industriais e comerciais que ela pode sofrer até se transformar em diferentes produtos finais. Assim, a formação de um complexo agro-industrial exige a participação de um conjunto de cadeias de produção, cada uma delas associada a um produto ou família de produtos. Cadeia de Produção Agro-Industrial O conceito de cadeia de produção agro-industrial já foi apresentado anteriormente. Cabe somente destacar que, ao contrário do complexo agroindustrial, uma cadeia de produção é definida a partir da identificação de determinado produto final. Após esta identificação, cabe ir encadeando, de jusante a montante, as várias operações técnicas, comerciais e logísticas, necessárias a sua produção. A Figura 4 a título de exemplo, apresenta as cadeias de produção da manteiga, margarina e requeijão. Agroindústria - Administração Agroindustrial 11

Existe ainda outro nível de análise representado pelas ditas Unidades sócio-econômicas de Produção (USEP) que participam em cada cadeia. São estas unidades que asseguram o funcionamento do sistema. Elas têm capacidade de influenciar e serem influenciadas pelo sistema no qual estão inseridas. No caso do SAI, as USEP apresentam uma variedade de formas muito grande. Não existem, porém, dúvidas de que a eficiência do sistema como um todo passa pela eficiência de cada uma destas unidades. Este é uni dos motivos que justificam a publicação deste livro. O termo agribusiness, quando transcrito para o português (agronegócio), deve necessariamente vir acompanhado de um complemento delimitador. Assim, a palavra agronegócios não está particularmente associada a nenhum dos níveis de análise apresentados anteriormente. O enfoque pode partir do mais global (agronegócios brasileiro) ao mais específico (agronegócios da soja ou do suco de laranja). Figura 4 Cadeia de Produção Agro-industrial da manteiga, margarina e requeijão. A visão Sistêmica do Agronegócio Pela definição original, agronegócios é a soma total das operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas, das operações de produção nas unidades agrícolas, do armazenamento, do processamento e distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos a partir deles. Dessa forma, o conceito engloba os fornecedores de bens e serviços para a agricultura, os produtores rurais, os processadores, os transformadores e distribuidores e todos os envolvidos na geração e fluxo dos produtos de origem agrícola até o consumidor final. Participam também desse complexo os agentes que afetam e coordenam o fluxo dos produtos, tais como o governo, os mercados, as entidades comerciais, financeiras e de serviços. As funções do agronegócios poderiam ser descritas em sete níveis, a saber: a) suprimentos à produção b) produção c) transformação d) acondicionamento Agroindústria - Administração Agroindustrial 12

e) armazenamento f) distribuição g) consumo. O termo agroindústria não deve ser confundido com agronegócios; o primeiro é parte do segundo. Ao longo do tempo, novos conceitos têm sido elaborados com o objetivo de dar uma definição mais precisa para agroindústria, ampliando-a na medida do possível. Um deles define-a nos seguintes termos: "No agronegócios, a agroindústria é a unidade produtora integrante dos segmentos localizados nos níveis de suprimento à produção, transformação e acondicionamento, e que processa o produto agrícola, em primeira ou segunda transformação, para sua utilização intermediária ou final". O agronegócios envolve os agentes que produzem, processam e distribuem produtos alimentares, as fibras e os produtos energéticos provenientes da biomassa, num sistema de funções interdependentes. Nele atuam os fornecedores de insumos e fatores de produção, os produtores, os processadores e os distribuidores. As instituições e organizações do agronegócios podem ser enquadradas em três categorias majoritárias. Na primeira, estão as operacionais, tais como os produtores, processadores, distribuidores, que manipulam e impulsionam o produto fisicamente através do sistema. Na segunda, figuram as que geram e transmitem energia no estágio inicial do sistema. Aqui aparecem as empresas de suprimentos de insumos e fatores de produção, os agentes financeiros, os centros de pesquisa e experimentação, entidades de fomento e assistência técnica e outras. Por último, situam-se os mecanismos coordenadores, como o governo, contratos comerciais, mercados futuros, sindicatos, associações e outros, que regulamentam a interação e a integração dos diferentes segmentos do sistema. A compreensão do funcionamento do agronegócios é uma ferramenta indispensável para que os tomadores de decisão autoridades públicas e agentes econômicos privados formulem políticas e estratégias com maior precisão e máxima eficiência. Toda a análise que se faça no âmbito do agronegócios deve levar em conta as especificidades do sistema de produção agrícola. Ao contrário dos bens manufaturados, a produção de bens agropecuários desenvolve-se em determinados períodos do ano apenas, em virtude das condições de clima e exigências biológicas das plantas e animais domésticos. As épocas de safra e entressafra influenciam e formam a tendência de variação sazonal dos preços, com reflexo na utilização de insumos, fatores de produção e no processamento e transformação das matérias-primas de origem agropecuária. Já o consumo, contrapondo-se à sazonalidade da oferta, é relativamente constante ao longo do ano. Assim como a produção agropecuária sofre a interferência de fatores, como adversidades climáticas e ataques de pragas e doenças - até certo ponto incontroláveis - os desequilíbrios nos mercados tomam-se, às vezes, inevitáveis. Além disto, os gêneros agrícolas são essencialmente perecíveis. Todos esses fatores são focos geradores de instabilidade da renda dos agricultores e dos outros segmentos do agronegócios. Nesse contexto, o papel das autoridades públicas e dos executivos das empresas - todos componentes do agronegócios - toma-se fundamental para a correção de distúrbios e instabilidades na cadeia Agro-alimentar. Complementares, cada parte tem seu campo específico de atuação e, uma vez sintonizadas, conseguem corrigir os problemas que surgem no agronegócios. Agroindústria - Administração Agroindustrial 13

Isto deixa claro que o fator gerencial é crítico no desenvolvimento de um sistema viável de produção de fibras, alimentos e energia renovável, cujo conjunto, dada sua magnitude, é forte determinante do crescimento econômico tanto dos países desenvolvidos quanto dos em desenvolvimento. Por essas e outras razões, vê-se que o enfoque sistêmico do agronegócios representa um instrumento poderoso de estudo e análise de uma parcela substancial do sistema econômico da sociedade contemporânea. A visualização da estrutura e organização operacional de toda a rede de alimentos, fibras e substitutos energéticos abre caminho para entender como os recursos escassos são alocados e dirigidos para a satisfação das necessidades e desejos do homem. Serve igualmente para, em qualquer tempo, aportar subsídios para responder a questões-chaves ligadas ao gerenciamento do agronegócios, em uma visão de planejamento. GERENCIAMENTO As funções básicas do administrador, já mencionadas por Fayol no início deste século, quando se está gerenciando uma empresa são de: prever, organizar, comandar, coordenar e controlar toda a atividade produtiva. O gerenciamento prevê todas estas atividades, sendo realizadas conjuntamente. Segundo Motta (1990), a gerência é a arte de pensar, de decidir e de agir; é a arte de fazer acontecer, de obter resultados. Resultados que podem ser definidos, previstos, analisados e avaliados, mas que têm de ser alcançados através das pessoas e numa interação humana constante. Ainda segundo Motta (1990), de um lado, pode-se tratar o gerenciamento como algo científico, racional, enfatizando as análises e as relações de causa e efeito, para se prever e antecipar ações de forma mais freqüentes e eficiente. De outro, tem-se de aceitar a existência, na gestão, de uma face de imprevisibilidade e de interação humana que lhe conferem a dimensão do ilógico, do intuitivo, do emocional e espontâneo e do irracional. Gerenciamento das Cadeias de Suprimentos (Supply Chain Management) Alguns autores como Beers, Beulens e Van Dalen (1998) propõem em um artigo fazer uma distinção do Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos das demais teorias que surgiram antes dela, trazendo à discussão a criação da chamada ciência de cadeia. Os autores procuram ressaltar a importância desta nova disciplina, considerando-a tão importante como a Produção ou Finanças, ou qualquer outra área dentro de uma organização. Eles também reconhecem as cadeias de suprimentos como entidades próprias, com especificidades, custos e legislação, devendo ser gerenciadas por especialistas da área. Os especialistas ou gerentes da cadeia devem prever, planejar, organizar, dirigir e controlar todas as atividades referentes a esta nova organização. Atualmente, com o alto nível de internacionalização das empresas, o gerenciamento da cadeia de suprimentos vem se tornando cada vez mais complexo, exigindo profissionais habilitados, capazes de manterem contato com fornecedores de diversas partes do mundo, bem como a colocação dos produtos em vários mercados. Portanto, a importância do gerente de cadeia fica bastante evidente para a nova realidade das empresas. A cadeia de suprimentos representa uma rede de organizações, através de ligações nos dois sentidos, dos diferentes processos e atividades produzindo valor na forma de produtos e serviços colocados ao alcance do consumidor final. O gerenciamento fundamenta-se em quatro características: - A cadeia de suprimentos deve ser vista como uma entidade única; Agroindústria - Administração Agroindustrial 14

- O suprimento deve ser entendido como uma atividade a ser compartilhada por praticamente todas as funções na cadeia e tem significado estratégico particular devido ao seu impacto sobre os custos totais e participação de mercado; - Os estoques devem ser usados como último recurso de balanceamento; - A chave do gerenciamento é a integração e não simplesmente interface entre os diferentes elos da cadeia (Christopher, 1997) Segundo Wood e Zuffo (1998), pode-se traçar uma evolução histórica do conceito de cadeia de suprimentos a partir do conceito de logística. Num primeiro momento, a logística da empresa reduzia-se somente à administração de materiais tendo como focos principais a gestão de estoques, a gestão de compras e a movimentação de materiais. Em um segundo momento, as empresas atribuíram mais uma função ao conceito de logística: o de distribuição. Numa terceira fase, chega-se a um conceito de logística integrada na qual o foco principal é de uma visão sistêmica da empresa e a sua integração através de sistemas de informações. O conceito de Supply Chain agrupa todos os focos das perspectivas anteriores, porém acrescenta algo a mais em relação a uma visão sistêmica das empresas: inclui fornecedores e canais de distribuição, como pode ser visto abaixo. O Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos é uma abordagem baseada na visão sistêmica da empresa, no conceito de cadeia de valores que une ferramentas de racionalização e sincronização da produção. Ela busca integrar os vários elos da cadeia. As empresas integrantes de uma cadeia de suprimento têm como principal objetivo se aliarem para somar competências e obter ganhos mútuos, aproveitando oportunidades de mercado, que juntas são mais fortes para explorar. O fluxo de produção segue em direção dos consumidores e o fluxo de informações deverá partir dos consumidores e chegar até o alcance dos fornecedores de insumos mais básicos para a fabricação do produto final. Outro aspecto importante diz respeito à modelagem da cadeia de suprimentos, ou seja, a identificação exata de todos os participantes da cadeia e de todos os elos existentes entre eles para possibilitar o seu gerenciamento. Agroindústria - Administração Agroindustrial 15

O Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos pode ainda ser definido como uma abordagem desenvolvida para alinhar todas as atividades de produção de forma sincronizada, visando reduzir custos, minimizar ciclos e maximizar o valor percebido pelo cliente final através do rompimento das barreiras entre empresas, departamentos e áreas. Segundo Poirier e Reiter (1996), Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos é um sistema que envolve todos os elementos de uma cadeia de produção, do fornecedor de matéria-prima até a entrega do produto (ou serviço) pelo comércio varejista (ou pela empresa prestadora de serviços) ao consumidor final, visando a otimização da cadeia como um todo. O que também pode ser visto esquematicamente na Figura abaixo. A cadeia de suprimento pode ser vista desde a mais simples, tal como a cadeia de suprimentos de uma casa, até uma complexa cadeia de fabricação de um carro possuindo mais de 10.000 componentes com diversos fornecedores, os mais variados distribuidores, muitas vezes em várias localidades geográficas. Portanto, o gerenciamento desta cadeia é de fundamental importância de forma a disponibilizar a matéria-prima na montadora na hora exata, os distribuidores recebam os carros sem defeitos e, principalmente, de acordo com os especificações desejadas pelos clientes. Não basta apenas o fabricante alcançar uma excelência empresarial, se os distribuidores, fornecedores, atacadistas e os pontos de venda dos produtos também não alcançarem o mesmo nível. Enfim, é necessário trabalhar com toda a cadeia de suprimentos de modo a torná-la um todo eficiente. Outro fator importante a ser considerado é a divisão dos riscos em uma cadeia de suprimentos, ou seja, em uma cadeia na qual todos participam os riscos ficam diluídos, ficam mais bem distribuídos. Os fabricantes não são mais os únicos responsáveis pelas condições do produto final. Os fornecedores, distribuidores e varejistas terão uma posição mais ativa e todos trabalharão em busca de um objetivo mais comum. Com esta integração quem acaba ganhando é o consumidor, que se encontra no final da cadeia. As empresas têm duas opções extremas para gerenciar sua cadeia de suprimentos. A primeira, a integração vertical, ou seja, ter sob seu controle todos os fornecimentos, ou pelo menos aqueles considerados estratégicos para o funcionamento do seu negócio. Esta é uma maneira de garantir confiança e flexibilidade. A empresa não precisa ter um grande poder de barganha para negociar com seus fornecedores. Porém, a verticalização poderá implicar em custos de gerenciamento e até uma certa rigidez burocrática. A segunda alternativa seria o estabelecimento de relações e acordos com os fornecedores, implicando em uma relação de confiança de ambas as partes, sendo construída ao longo de muitos anos, mas em contrapartida, pode trazer uma redução de custos e um incremento Agroindústria - Administração Agroindustrial 16

na qualidade. A tendência atual é da empresa focar em sua core competence e subcontratar aquelas atividades que não fazem parte de seu objetivo. O gerenciamento da cadeia de suprimentos difere da teoria tradicional de gerenciamento das necessidades de materiais, manufatura e entrega de produtos acabados ao menos de duas formas. Primeiro, a cadeia de suprimento é vista como um processo único e independente, não de forma isolada com funções controladas por diversos departamentos, a cadeia é comparada como uma organização única, com um gerenciamento global. Segundo, todos os participantes da cadeia são vistos como agentes tendo como objetivo o atendimento das necessidades e expectativas dos consumidores. O foco principal do Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos é a sobrevivência em um ambiente de crescente competitividade. Para atingir aos objetivos propostos neste trabalho optou-se pela escolha de um conceito de Cadeia de Suprimento e um de Gerenciamento de Cadeia de Suprimentos. O conceito eleito para o gerenciamento da cadeia de suprimentos é apresentado por Wood e Zuffo (1998), de evolução do conceito de logística e o conceito de cadeia de suprimentos está apresentado na forma da Figura anterior modelo de cadeia de suprimentos adaptada de Poirier e Reiter. Características do Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos Segundo Cooper e Ellram (1993), as principais características do Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos são: a) Gerenciamento dos estoques ao longo da cadeia, o que não significa necessariamente estoque zero ou Just-in-Time; b) Eficiência dos custos: avaliação dos custos ao longo da cadeia, identificando a vantagem de custos; c) Horizonte de tempo: as empresas integrantes de uma cadeia de suprimentos têm uma expectativa de longa duração deste relacionamento; d) Divisão mútua da informação e monitoramento: a cadeia é gerenciada mais eficientemente se todos tiverem acesso às informações necessárias. O monitoramento deve ser realizado em todas as direções, da manufatura para o cliente e vice-versa; e) Coordenação de muitos níveis do canal: a estrutura organizacional deve ser redesenhada para o melhor gerenciamento da cadeia; f) Planejamento conjunto: todas as entidades da cadeia devem participar do planejamento, tendo objetivos comuns; g) Compatibilidade com as filosofias corporativas: refere-se às diretrizes básicas da cadeia que devem ser compatibilizadas entre todas as empresas participantes da cadeia; h) Quantidade de fornecedores de base: deve haver uma redução do número de fornecedores para que possa haver uma maior integração; i) Liderança da cadeia: Assim como qualquer outra organização, a cadeia também deve ter um top management. Muitas vezes as cadeias têm uma organização responsável pela resolução de conflitos; j) Divisão dos riscos e das recompensas: é um jogo ganha-ganha, no qual todos participam e têm as mesmas chances de ganhar ou perder; k) Velocidade das operações: sistemas de informação como EDI (troca eletrônica de dados) podem ajudar para a velocidade das operações e redução dos lead times. Para Bowersox (1996), a cadeia de suprimentos é vista como uma estratégia, uma parte maior do negócio. Envolve uma seqüência de canais de distribuição e um conjunto de acordos de Agroindústria - Administração Agroindustrial 17

compra e venda e uma série de relacionamentos. A logística é, portanto, parte operacional da cadeia de suprimentos, objetiva a integração de transporte, armazenagem, movimentação de material, estoques e as informações necessárias a essas atividades. Portanto, um dos aspectos importantes ligados ao gerenciamento da cadeia de suprimentos é a questão logística, o que será descrito melhor na próxima seção. Unidade II - Comercialização de produtos agroindustriais Batalha (2001) cita que a maioria dos produtos processados são bastante perecíveis, como os derivados do leite, a beterraba, a couve-flor, o morango, entre outros. Enquanto que outros podem ser estocados por um período de tempo maior, sem a necessidade de ter muitos cuidados como, por exemplo, o café, as uvas passas, etc. Outros necessitam de um processamento mais complexo, como papel. Por outro lado, as frutas in natura exigem apenas de um acondicionamento adequado. Para Barros (2004), a comercialização é um processo social que envolve uma estrutura de demanda por bens e serviços. Esta é satisfeita através da concepção, promoção, intercâmbio e distribuição física de bens e serviços. Ainda este mesmo autor afirma que a comercialização envolve uma série de atividades onde bens e serviços são transformados em produtos mediante a utilização de capital e trabalho que atua sobre a matéria prima. No Brasil, a maior comercialização de hortaliças se faz via CEASA. No entanto, grande parte da produção é vendida diretamente pelos produtores aos mercados varejistas ou via mercado informal, como por exemplo, feiras livres. Nos CEASAS, o setor de hortaliças representa cerca de 75% do total de produtos comercializados diariamente. Nos mercados informais este número pode até aumentar, dependendo da época do ano e do local de comercialização (CARVALHO, 2006). Aspectos da Demanda De acordo com Batalha (2001), a demanda de produtos agroindustriais é relativamente estável. Por outro lado, a oferta é instável. A oferta de produtos agrícolas está sujeita a sazonalidade o que resultam, também, em preços sujeitos as constantes variações nos pontos de vendas, onde estes produtos estão disponíveis ao consumidor final. Esta incerteza é prejudicial á cadeia produtiva como um todo, pois estão envolvidos todos os participantes desta cadeia, do produtor de insumos ao consumidor de produtos processados. Segundo Batalha (2001), os produtos agroindustriais são essencialmente bens de primeira necessidade e de baixo valor unitário. Ainda de acordo com o mesmo, uma variação do preço dos produtos agroindustriais não afeta intensamente sua quantidade consumida. Exemplificando, uma família que possua alguma renda pode deixar de comprar um forno de microondas se este subir o preço, mas dificilmente deixaria de comprar arroz ou feijão, mesmo diante de uma alta de seus preços. Uma característica particular do Brasil e a outros países com renda per capita baixa e distribuição de renda concentrada. Merece ser mencionada. Como uma parcela considerável da população não tem acesso à renda suficiente para a aquisição mínima de alimentos, uma elevação do preço pode retirar esses consumidores do mercado e, com isso, reduzir a quantidade consumida. Ainda assim, é sensato dizer que a quantidade demandada de produtos agroindustriais é relativamente menos sensível às variações de preços. (BATALHA, 2001). Batalha (2001) conceitua demanda pela quantidade de bens de determinado bem ou serviço que o consumidor está disposto a adquirir em determinado período tempo. Ele ainda cita alguns Agroindústria - Administração Agroindustrial 18

componentes básicos: preço do bem; preços de outros bens substitutos do produto; renda do consumidor; gosto ou preferência do individuo. Na concepção de Arbage (2000), a demanda pode ser conceituada como sendo uma relação que descreve o quanto de um bem, ou serviço, os consumidores estão dispostos a adquirir aos diferentes níveis de preços, em um determinado período de tempo e dado um conjunto de condições. Para este autor, normalmente se espera que os consumidores demandem mais de um produto á medida que seu preço diminua e, do mesmo modo, quando este aumenta a demanda tende a encolher. Unidade III - Logística Agroindustrial Atualmente, o sistema agribusiness brasileiro enfrenta vários obstáculos para o seu integral desenvolvimento, sendo os dois principais (Fonseca e Silva, 1998): - a falta de planejamento e operação de um sistema integrado de transporte e do sistema portuário para facilitar e dinamizar o escoamento das safras, entressafras e produção agroindustrial (com efeitos diretos nos custos logísticos), e; - a falta de um Sistema de Informação, integrando todos os agentes econômicos participantes do agribusiness e coordenando suas ações. Segundo Ballou (1995), a logística empresarial estuda como a administração pode promover melhor nível de rentabilidade nos serviços de distribuição aos clientes e consumidores, através de planejamento, organização e controle efetivos das atividades de movimentação e armazenagem, visando facilitar o fluxo de produtos. Assim como a logística empresarial, pode-se atribuir um conceito bastante semelhante à logística agroindustrial, porém, com algumas diferenças em relação ao tipo de produto fabricado. Quando se fala em produto agroindustrial, existem certas peculiaridades que devem ser apontadas, tais como a perecibilidade, o curto tempo de vida, os cuidados especiais no transporte e armazenagem dos produtos gerados por esta indústria. Segundo Batalha (1997), a logística agroindustrial busca pôr em marcha um sistema permitindo, ao menor custo possível, dispor dos produtos no momento certo e na quantidade adequados, em diferentes lugares, orientando-se para um funcionamento com estoque mínimo necessário para atendimento às necessidades e com maior tempo de vida útil do produtos no momento da transferência de insumos entre os agentes da cadeia de abastecimento. Os componentes logísticos são: - Estrutura de instalações; - Procedimentos para processamento de pedidos e previsão de necessidades; - Transporte (Organização do serviço, nível do serviço, custo do serviço, modais de transporte, integração no transporte); - Manutenção de estoques; - Armazenamento e manuseio de materiais/produtos. Ainda segundo Batalha (1997), uma plataforma logística tem por objetivo: - Diminuir o custo de transformação e depósito nas fábricas e nos setores comerciais; - Otimizar as entregas aos clientes; - Minimizar os custos com manuseio; - Agilizar a recepção de mercadorias nas portas de entrega (pontos de venda a varejo), diminuindo o tempo operacional e o trabalho; - Otimizar os recursos utilizados; - Maior flexibilidade no uso de recursos. Agroindústria - Administração Agroindustrial 19

Unidade IV - Varejo de Alimentos O setor brasileiro varejista de alimentos representou aproximadamente 5,3% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil em 2006. De acordo com a ABRAS (Associação Brasileira de Supermercados), o setor varejista de alimentos no Brasil registrou receitas brutas de R$ 124,1 bilhões em 2006, representando um aumento de 4,8% sobre 2005. O setor varejista de alimentos no Brasil é altamente fragmentado. Todavia, apesar da consolidação dentro do setor varejista de alimentos, em 2006, as três maiores redes de supermercados representaram aproximadamente apenas 34,1% do setor varejista de alimentos em 2006. De acordo com a ABRAS, nossas vendas brutas representaram 13,3% das vendas brutas de todo o setor varejista de alimentos em 2006. A presença estrangeira no setor varejista de alimentos brasileiro começou com a rede varejista líder na França, o Carrefour, que inaugurou seu primeiro hipermercado há 32 anos. Na última década, a rede internacional Wal-Mart ingressou também no mercado brasileiro, a maior parte por meio da aquisição de redes domésticas de varejo de alimentos, e a competição no setor intensificouse. Os pequenos e médios varejistas representam 65,9% do setor segundo a ABRAS. Por esse motivo o setor de varejo de alimentos é bastante competitivos. O nível de penetração de supermercados no Brasil hoje, em termos de número de supermercados em relação à população e área geral, é estimado ser menor que os níveis dos Estados Unidos da América e de muitos países da Europa Ocidental, tais como França, e de alguns países sul-americanos, como o Chile. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população total do Brasil era de aproximadamente 186,8 milhões de habitantes no final de 2006, posicionando o Brasil como o quinto país mais populoso do mundo, com uma população que cresce atualmente a uma taxa de 1,7% ao ano. Pelo fato de aproximadamente 82,8% da população viver em áreas urbanas e essa população urbana tem crescido a uma taxa maior do que a população brasileira como um todo, nosso negócio está particularmente bem posicionado para se beneficiar em economia de escala decorrente do crescimento urbano brasileiro. A cidade de São Paulo, com aproximadamente 11,0 milhões de habitantes atualmente, e o Rio de Janeiro, com uma população de aproximadamente 6,1 milhões, são as duas maiores cidades brasileiras. O Estado de São Paulo tem uma população total que excede 41,1 milhões de habitantes, representando aproximadamente 22,0% da população brasileira. O Estado de São Paulo é o maior, e o Estado do Rio de Janeiro o segundo maior mercado consumidor no qual operamos. O setor brasileiro varejista de alimentos é essencialmente orientado para o crescimento, à medida que as margens do varejo são significativamente mais restritas do que aquelas de outros ramos de negócios. Somos, portanto, intrinsecamente dependentes das taxas de crescimento da população urbana do Brasil e de seus diferentes níveis de renda. Embora o custo de vida no Brasil seja menor em relação à América do Norte, à Europa Ocidental e ao Japão, a renda per capita no Brasil é substancialmente inferior. A tabela a seguir apresenta as diferentes classes brasileiras, conforme classificadas pelo Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística). Classe Renda anual (em reais) A Acima de R$ 33.648 B Entre R$ 20.028 e R$ 33.648 C Entre R$ 11.124 e R$ 20.028 Agroindústria - Administração Agroindustrial 20