IMPORTÂNCIA DAS COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS PARA O DESENVOLVIMENTO
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- Wagner Rodrigues Neiva
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1 Excelentíssimo Senhor GILBERTO JOSÉ SPIER VARGAS MINISTRO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO - MDA Esplanada dos Ministérios Bloco A, 8º Andar Brasília - DF Assunto: Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) IMPORTÂNCIA DAS COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS PARA O DESENVOLVIMENTO A UNICAFES (União Nacional de Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária) promove e defende a construção e a consolidação de processos de desenvolvimento social e econômicos ambientalmente equilibrados, com interação cooperativa capaz de promover maior geração e distribuição de renda, contribuindo assim, para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Neste cenário a produção de biocombustíveis deve promover todas estas prerrogativas, principalmente com o fortalecimento e autonomia dos agricultores familiares e das cooperativas agropecuárias na produção, no acompanhamento técnico e acesso a tecnologias, na autonomia da produção de sementes; transformação industrial e processos comerciais. Existem muitos estudos e experiências que mostram o potencial da economia familiar e das cooperativas. Considerando-se sua participação na estrutura fundiária brasileira e seu papel na produção de grande parte dos produtos que formam a base do abastecimento do mercado interno, além de outros fatores como ocupação e renda. Pode-se concluir que as cooperativas, juntamente com seu quadro societário baseado em agricultores familiares é uma categoria econômica com grande potencial de desenvolvimento, desde que haja condições e políticas de apoio a esse setor em pleno desenvolvimento.
2 Podemos perceber ao longo dos últimos anos que a produção de grãos destinada à fabricação de Biodiesel tem sido uma importante alternativa para o desenvolvimento das cooperativas agropecuárias e dos agricultores do estado do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. A produção de grãos historicamente foi o motor da produção primária, por sua vez, a transformação em biodiesel é um avanço em direção à sustentabilidade econômica, social e ambiental, buscando incorporá-la em nosso modelo de desenvolvimento. A forma como é realizada a contratação e a compra da produção, tanto de agricultores quanto de cooperativas, requer uma reavaliação, haja vista que as empresas compradoras da produção vêm adquirindo diretamente de agricultores pronafianos, os quais são associados das cooperativas, desestruturando as mesmas e causando à elas significativas perdas. Teme-se, com isso, que este processo acabe resultando em impactos negativos para as cooperativas e, consequentemente, para as economias locais nas quais as mesmas estão inseridas. Nos três estados do sul as cooperativas agropecuárias são responsáveis diretas pela manutenção de milhares de agricultores no campo, na medida em que não é raro se apresentarem como a mais importante, ou até mesmo a única, alternativa de integração dessas famílias aos mercados. A UNICAFES compartilha da perspectiva de que o desenvolvimento deve acontecer em um rural com gente. Isso significa dizer que as políticas públicas devem ir de encontro com iniciativas que promovam a manutenção da população no meio rural, produzindo alimentos com elevação da qualidade de vida. Considerando o importante papel exercido pelas cooperativas a partir dessa perspectiva, entende-se que a formulação e um conjunto de políticas públicas adequadas ao fortalecimento do cooperativismo é uma condição necessária para o próprio desenvolvimento do estado. O cooperativismo é um movimento, uma filosofia, um modelo de desenvolvimento que une o social ao econômico, fundamentado na união de pessoas e na prosperidade conjunta, visando às necessidades do grupo e não apenas o lucro. Isso explica o fato das cooperativas agropecuárias, diferentemente de empresas privadas, efetuarem importante trabalho de inclusão produtiva, quando passam a ter em seu
3 quadro de associados também os agricultores com baixos níveis de evolução tecnológica e gerencial de seus sistemas produtivos. Em razão disso é que deriva outra importante ação realizada pelas cooperativas agropecuárias, a de prestar um significativo serviço de assistência técnica e difusão tecnológica aos associados, buscando elevar sua produtividade, renda e a qualidade de vida de sua família. Esse compromisso social é o resultado da forma como grande parte das cooperativas tem atuado no estado, como organizações intimamente ligadas com o desenvolvimento das comunidades onde estão inseridas. A riqueza produzida pelas cooperativas é reinvestida diretamente no desenvolvimento local, pois o resultado econômico de suas atividades e distribuído aos associados. Outro aspecto que remete à importância do cooperativismo é a expressão de sua participação na composição da economia. As cooperativas Agropecuárias do RS, por exemplo, são responsáveis por 59,57% do PIB Agrícola do Estado e por 10,11% do PIB total do Estado (FEE-IBGE 2008). Na medida em que o setor cooperativo passa por dificuldades de manter-se e reproduzir-se no atual cenário econômico, o Estado, enquanto capitaneador das políticas de fomento, ao buscar o seu fortalecimento, está promovendo importante serviço para a sociedade que representa. É possível afirmar que atualmente as cooperativas vêm operando em um cenário econômico excludente. Muitos importantes setores da atividade econômica como leite, carnes e grãos, nos quais as cooperativas atuam, estão sofrendo concorrência desleal de grandes empresas que tem participação acionaria do BNDES PAR e PETROBRAS. (Podemos citar como exemplo um caso recente, a Petrobrás adquiriu 50% da BSBIOS, e ambas, por sua vez, adquiriram a ADUBOS COXILHA CEREALISTA que passa concorrer diretamente com cooperativas de agricultores familiares da região). Com essa política do BNDES de fortalecer poucas e grandes empresas, as cooperativas estão tendo extrema dificuldade de competir no mercado. No aspecto do acesso ao crédito também são desfavorecidas. As instituições financeiras as avaliam sob os mesmos critérios que avaliam as empresas privadas, enquanto que apresentam algumas especificidades, a saber:
4 (i) As cooperativas são empresas que, por não visar lucros, costumam remunerar melhor seus produtores, ou seja, fazem a distribuição das sobras durante sua operação produtiva; (ii) As cooperativas, como regra, buscam a inclusão de novos associados, sem praticar o que é conhecido como seleção adversa - escolher somente os melhores e mais aptos; (iii) As cooperativas de produção agropecuária são profundamente enraizadas no tecido socioeconômico local. Não se furtam, portanto, às tarefas que não são exatamente o foco da sua atividade empresarial, como dar suporte ao associado. Em suma, em razão das cooperativas atuarem na promoção do desenvolvimento local, através dos serviços de armazenamento de grãos, de assistência técnica, de difusão tecnológica, de oportunizar a geração de emprego e renda no campo através da inclusão produtiva de agricultores, avalia-se que as medidas que buscam o fortalecimento cooperativo, estarão também contribuindo para o desenvolvimento equilibrado e sustentável do espaço rural dos Estados. Em razão disso solicitamos a implantação de políticas que possam contribuir para o fortalecimento das cooperativas na sua atuação em relação ao mercado da produção agrícola, tais como: 1) Nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, para fins de comprovação e obtenção do selo social as indústrias de biodiesel devem adquirir a matéria prima integralmente de cooperativas agropecuárias com DAP Jurídica conforme estabelecido nos critérios do PNPB. Dessa forma, estaremos promovendo a inclusão social e econômica de milhares de agricultores associados a cooperativas e consequentemente reconhecendo o trabalho destas no desenvolvimento sustentável e endógeno. Portanto, a política pública efetivamente será de apoio ao cooperativismo, o qual deve ser estimulado, fortalecido, interrompendo a compra pelas indústrias diretamente do produtor nos três Estados do sul; 2) A partir de 2014, nos três Estados do Sul, aumentar o percentual de 35% para 50% das aquisições da matéria prima feitas pelas indústrias
5 produtoras de biodiesel das cooperativas agropecuárias para fins de comprovação e obtenção do Selo Social. Diga-se, de passagem, que a presente sugestão prende-se ao fato de que as cooperativas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná produzem quantidade suficiente de matéria prima para as indústrias manterem o selo social; 3) Realizar chamadas públicas de ATER direcionadas para cooperativas com DAP Jurídica que participam do PNPB, para que as mesmas possam melhorar os serviços de assistência técnica junto com seus associados. 4) Incentivar a agroindustrialização da cadeia produtiva do BIODISEL por organizações do cooperativismo da agricultura familiar. Março de 2013 Clamir Balen UNICAFES/RS Luis Possamai UNICAFES/PR e Nacional Genes Fonseca UNICAFES/SC
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