XXIV Congresso Brsileiro de Engenhri Biomédic CBEB 2014 O PERFIL DO PROFISSIONAL ATUANTE EM ENGENHARIA CLÍNICA NO BRASIL A. F. Souz*, R. F. More* *ABEClin, São Pulo, Brsil e-mil: lexndre.ferreli@beclin.org.br Resumo: A profissão de Clínico não é reconhecid no Brsil, logo, não há definição de qul profissionl pode exercer est tividde e sus tribuições. A ABEClin relizou um pesquis nível ncionl pr verificr o perfil do profissionl que tu em Engenhri Clínic, onde form coletds informções sobre formção, remunerção, entre outrs. Foi consttdo que existem profissionis tundo com remunerção bixo do piso, necessidde de formr mis profissionis pr tender um demnd potencil reprimid e que remunerção ument com especilizção no cso do profissionl grdudo. É importnte que sej feito o reconhecimento d profissão pr melhor determinr quis profissionis podem tur e sus tribuições. Plvrs-chve: Engenhri Clínic, Clínico, Engenhri. Abstrct: The Clinicl Engineer profession is not recognized in Brzil, so there is no definition of wht professionl cn perform this ctivity nd their ssignments. The ABEClin hs conducted reserch t the ntionl level to check the profile of the professionl working in Clinicl Engineering, where severl pieces of informtion were collected. It ws found tht there re professionls working with remunertion below the limit, the need to trin more professionls to meet the potentil demnd, nd tht remunertion increses with speciliztion. It is importnt to do the recognition of the profession to better determine which professionls cn ct nd their ssignments. Keywords: Clinicl Engineering, Clinicl Engineer, Engineering, Introdução A Engenhri no Brsil é regulmentd pelo Conselho Federl de Engenhri e Agronomi (CONFEA). O CONFEA define s especiliddes de Engenhri prticds no pís ssim como s tividdes e tribuições de cd modlidde [1]. A modlidde de Engenhri denomind Engenhri Clínic não é reconhecid pelo CONFEA. Porém, nos nos de 1993 e 1995, form instituídos cursos nuis de especilizção em Engenhri Clínic, finncidos pelo Ministério d Súde, com crg horári de 1935 hors, sendo 620 de teori e 1.315 de prátic. Esses cursos form implntdos ns universiddes UNICAMP (Cmpins-SP), USP (São Pulo-SP), UFP (João Pesso-PB) e UFRS (Porto Alegre-RS) destindos engenheiros eletricists que quisessem trblhr em hospitis [2]. Hoje existem cerc de um dezen de cursos de especilizção em Engenhri Clínic. Em fce do não reconhecimento pelo CONFEA e de existirem profissionis formdos e tuntes, Associção Brsileir de Engenhri Clínic (ABEClin) relizou um pesquis pr verificr qul er o perfil e s condições de trblho que estvm submetidos estes profissionis. Em virtude do não reconhecimento, muitos crgos de Engenhri Clínic são ocupdos por profissionis de outrs áres ou sem formção em engenhri: técnicos, tecnólogos, dministrdores, médicos, enfermeiros, fisioterpeuts, dvogdos, etc. A pesquis relizd pel ABEClin foi inspird por outrs dus pesquiss feits pelo Americn College of Clinicl Engineering (ACCE) [3] e pel Rede Brsileir de Mnutenção (RBM) [4]. A pesquis foi provd no Comitê de Étic e seus ddos form liberdos pr relizção deste trblho. Mteriis e métodos Foi preprdo um questionário, onde form borddos os seguintes itens: Idde Sexo Estdo Tempo de formdo Profissão Formção Tempo de experiênci n áre Fix slril Adicionis Beneficios Ferrments fornecids Vlor do Vle Refeição A pesquis foi divulgd pr os membros d ABEClin, e trvés ds mídis sociis (Linkedin, Fcebook e grupos de discussão). O prticipnte er identificdo pelo número do Cdstro de Pesso Físic e postv sus resposts n págin de pesquis do site d ABEClin. A pesquis foi relizd durnte o mês de bril de 2014 e bert todos os profissionis que tum n áre de Engenhri Clínic (engenheiros, tecnólogos e técnicos) e que prticipvm ds mídis sociis (mesmo não sendo d áre tecnológic). 1 1086
XXIV Congresso Brsileiro de Engenhri Biomédic CBEB 2014 O presente trblho será restrito s crcterístics sociis (idde, sexo, estdo e tempo de formdo), formção (grdução e especilizção) e remunerção. Resultdos O totl de prticipntes foi de 202 entre engenheiros, tecnólogos e técnicos oriundos de todo o território ncionl. Os resultdos obtidos serão exibidos seguir trvés ds figurs 1 12, disposts em três grupos (ddos sociis, formção e remunerção): Ddos Sociis 7 6 5 4 3 2 1 de 0 5 nos de 6 10 nos mis de 10 nos Figur 4: tempo de formdo dos prticipntes d pesquis por áre de tução. 4 35% 3 25% 2 1 5% 20 24 25 29 30 34 35 39 40 44 45 49 50 54 55 59 60 64 65 69 70 74 75 79 Formção 29% 21% 2 5% 3% 2% 2% 1% 1% 1% Figur 1: Fix etári dos prticipntes d pesquis por áre de tução. 10 8 6 4 2 Feminino Msculino Figur 2: Sexo dos prticipntes d pesquis por áre de tução. Figur 5: formção do profissionl que tu como Clínico. 35,9% Tecnologo em Sistems Biomedicos 25,6% 25,6% Não respondeu em Súde 10,3% em Automção Industril Figur 6: modlidde de formção do tecnólogo. 2,6% Tecnologo em Rdiologi Médic 9 8 56% 7 6 5 4 3 21% 4% 2% 2% 2% 2% 2% 2 1 AC AM BA CE DF ES GO MG MS PA PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP Figur 3: Estdo de origem dos prticipntes d pesquis por áre de tução. Figur 7: modlidde de formção do técnico. 2 1087
XXIV Congresso Brsileiro de Engenhri Biomédic CBEB 2014 2 Grdução 34% Espec. Eng. Clínic Figur 8: formção dos profissionis que ocupm o crgo de Clínico. Remunerção 11% 11% Espec. genéric 2 4% MBA Mestrdo Doutordo 4 35% 3 25% 2 1 5% Figur 9: remunerção do profissionl formdo em Engenhri que tu como Clínico. Figur 10: remunerção do profissionl que tu como Clínico. 1 1% 2% 3 1 Menor que R$1.500,00 à R$1.499,00 R$2.499,00 33% 14% 21% 13% 17% 23% 29% 13% 16% 1 14% Figur 11: remunerção do profissionl técnico que tu n áre de Engenhri Clínic. 4% 2% R$2.500 à R$3.500,00 à R$4.500,00 à R$6.000,00 à R$3.499,00 R$4.499,00 R$5.999,00 R$8.000,00 Acim de R$8.000,00 Figur 12: comprtivo entre s remunerções ds três profissões (engenheiro, tecnólogo e técnico). Discussão Perfil socil A bix idde dos profissionis pode indicr um migrção pr outrs áres de melhor remunerção e mis vlorizds (por exemplo, petróleo e gás, indústri, etc.). Existem poucs escols disponíveis pr formção de profissionis n mnutenção de equipmentos médicos (nível técnico) e especilizção em Engenhri Clínic conforme listgem n págin d ABEClin[5]. A Engenhri Clínic, como rmo d áre de Ciêncis Exts, presentou predominânci msculin entre os profissionis formdos. O Brsil possui 270.113 estbelecimentos de súde cdstrdos no DATASUS [6], sendo 61,51% loclizdos n região sudeste, o que pode explicr presenç mciç de profissionis tuntes em Engenhri Clínic nest região (onde tmbém se loclizm os principis cursos). Porém, quntidde de profissionis existentes no pís ind não tende demnd de mão de obr necessári (considerndo quntidde de serviços de súde e o totl de profissionis especilizdos em Engenhri Clínic em 20 nos). Formção O principl profissionl que tu como engenheiro clínico é o tecnólogo. Foi consttdo que o engenheiro biomédico (que present Engenhri Clínic em seu currículo) ocup qurt colocção. Como profissão não é reconhecid, qulquer profissionl (e de qulquer áre) pode ssumir gestão de um deprtmento de Engenhri Clínic. O tecnólogo present formção em sistems de súde ou simplesmente súde. O profissionl técnico com mior predominânci é o formdo em eletrônic. O técnico em equipmentos biomédicos ocup o segundo lugr, provvelmente em virtude ds poucs escols de formção. É importnte ressltr que existem diferençs de tribuições entre, tecnólogo e técnico, que podem levr processos de exercício ilegl d profissão 3 1088
XXIV Congresso Brsileiro de Engenhri Biomédic CBEB 2014 (muitos serviços de súde contrtm técnicos ou tecnólogos pr executr função de engenheiros). Conforme resolução 278 do CONFEA, s diferençs são [7]: : Atividde 01 à 18 : Atividde 06 à 18 : Atividde 07 à 12 e 14 à 18 Onde os códigos correspondem à: 01 - Supervisão, coordenção e orientção técnic; 02 - Estudo, plnejmento, projeto e especificção; 03 - Estudo de vibilidde técnico-econômic; 04 - Assistênci, ssessori e consultori; 05 - Direção de obr e serviço técnico; 06 - Vistori, períci, vlição, rbitrmento, ludo e precer técnico; 07 - Desempenho de crgo e função técnic; 08 - Ensino, pesquis, nálise, experimentção, ensio e divulgção técnic; extensão; 09 - Elborção de orçmento; 10 - Pdronizção, mensurção e controle de qulidde; 11 - Execução de obr e serviço; 12 - Fisclizção de obr e serviço técnico; 13 - Produção técnic e especilizd; 14 - Condução de trblho técnico; 15 - Condução de equipe de instlção, montgem, operção, repro ou mnutenção; 16 - Execução de instlção, montgem e repro; 17 - Operção e mnutenção de equipmento e instlção; 18 - Execução de desenho técnico. A especilizção foi feit por 34% dos profissionis que tum como Clínico, e lguns possuem lém d especilizção mestrdo ou doutordo. A pósgrdução pode ser considerd como um diferencil n crreir do profissionl. Os resultdos d pesquis (mestrdo 2 e doutordo 4%) estão cim dos resultdos presentdos pelo IBGE no censo demográfico de 2010 (mestrdo 0,32% e doutordo 0,12%) [8]. Remunerção A remunerção do profissionl de Engenhri não tem seguido Lei 4.950A que fix o slário mínimo dos profissionis dest áre [9]. Cerc de 41% dos profissionis formdos em Engenhri gnhm bixo do piso de 9,0 slários-mínimos pr um regime de 40 hors semnis (R$6.516,00). Este fto pode ser explicdo pel contrtção de outros profissionis de menor custo, visto profissão não ser reconhecid e não sofrer fisclizção do CONFEA. A remunerção dos técnicos vri conforme o sindicto do estdo. Dest form não foi possível fzer um vlição globl. O questionmento sobre o vlor d remunerção em relção o mercdo de trblho foi vlid trvés d comprção com remunerção d indústri (pesquis relizd pel RBM [4]). Em termos de vlores médios, indústri é trtiv pr engenheiros e técnicos. Pr os tecnólogos áre de Engenhri Clínic se mostrou mis interessnte conforme tbel 1. Profissionl Eng. Clínic Indústri Máximo: R$13.230,00 Médio: R$6.824,32 Máximo: R$7.500,00 Médio: R$2.692,70 Máximo:R$11.000,00 Médio: R$5.365,38 Máximo:R$13.186,67 Médio: R$7.190,22 Máximo: R$5.867,14 Médio: R$3.555,30 Máximo: R$5.807,00 Médio: R$3.836,91 A remunerção tmbém vriou conforme especilizção do profissionl. N Tbel 2, é mostrdo como remunerção é incrementd em relção o slário médio do grdudo. Foi utilizd médi slril pr cd formção, lém de ter sido considerd formção mis lt citd pelo prticipnte d pesquis. A pós-grdução é um diferencil n áre de Engenhri Clínic Tbel 2: créscimo slril médio em relção remunerção médi do grdudo em função do tipo de especilizção. Formção % de umento slril médio Especilizção 37% MBA 75% Mestrdo 54% Doutordo 93% Conclusão A presunção d tividde Engenhri Clínic sugerir que seu gente sej um engenheiro não se verific n relidde, em virtude d flt de reconhecimento d profissão de Clínico. Podendo função de ser exercid por qulquer profissionl. A flt de reconhecimento d profissão de Clínico permite que qulquer profissionl poss tur n áre. Um ftor secundário é flt de vlorizção do engenheiro que tu n áre refletindo em remunerção incomptível com responsbilidde que ger um migrção pr áres com melhores condições e slários. É essencil que profissão sej reconhecid, que sejm relizds cmpnhs pr vlorizr e fixr o profissionl já formdo. Deve ser incentivd bertur de mis cursos pr formr mão de obr pr tender necessidde um potencil demnd reprimid. Agrdecimentos Aos membros d ABEClin e profissionis tuntes em Engenhri Clínic que prticiprm d pesquis. Tbel 1: Comprção slril entre Engenhri Clínic e Indústri. 4 1089
XXIV Congresso Brsileiro de Engenhri Biomédic CBEB 2014 À Presidênci do CONFEA por ter recebido ABEClin e ter inicido o processo de regulrizção d profissão. Referêncis [1] BRASIL. LEI Nº 5.194, DE 24 DEZ 1966. Regul o exercício ds profissões de, Arquiteto e -Agrônomo, e dá outrs providêncis. Publicd no D.O.U. de 27 DEZ 1966.Redção dd pel Lei nº 6.619/78, no Art. 28, inciso IV. [2] RAMIREZ, E. F. F; CALIL, S. J. Engenhri clinic: Prte I - Origens (1942-1996). Semin: Ci. Exts/Tecnol. Londrin, v. 2 1, n. 4, p. 27-33, dez. 2000. [3] Bethune J. Annul Slry Survey. Mgzine 24x7, December 2013. Volume 18. Number 12. P.10-15. [4] WALTER L. Pesquis Slários e Benefícios 2014. Lim Wlter Consultori e Plnejmento LTDA. 2014. [5] ABEClin. Onde estudr. Págin: http://beclin.org.br/curso-de-especilizco/ cessd em 07/07/2014. [6] CNES DATASUS. Págin: http://cnes.dtsus.gov.br/list_tot_es_estdo.sp cessd em 07/07/2014. [7] BRASIL. CONFEA. RESOLUÇÃO Nº 278, DE 27 MAIO 1983. Publicd no D.O.U de 03 JUN 1983 - Seção I - Pág. 9.476. [8] GIANNI A. VOZ DO ENGENHEIRO. SENGE DF. Diploms n mão, dinheiro no bolso. P. 4-8. Mio 2014. Brsíli. [9] BRASIL. LEI Nº 4.950-A, DE 22 ABR 1966. Dispõe sobre remunerção de profissionis diplomdos em Engenhri, Químic, Arquitetur, Agronomi e Veterinári. Publicd no D.O.U de 29 ABR 1966 - Seção I - Pág. 4.547. 5 1090