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g r u p O p o n t o i n i c i a l d a c o m u n i c a ç ã o.

Transcrição:

Marketing e propaganda social na era digital: estratégias de comunicação interativa da Agência Propagação da FAAC 1 Daniele Ferreira Seridório 2 Lucilene dos Santos Gonzales 3 Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Bauru, SP RESUMO Este artigo pretende apresentar fundamentação teórica com o objetivo de elaborar um plano de comunicação para a mídia digital do projeto de extensão Agência Propagação, da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC). Esta proposta visa ampliar a comunicação institucional da Agência Propagação e do seu principal produto, as mensagens das propagandas sociais radiofônicas assinadas Minuto Consciente. Essas propagandas buscarão na Internet alcançar o público jovem para informá-lo e incitá-lo à tomada de atitudes socialmente mais construtivas. O estudo fundamenta-se nos conceitos de Cultura da Convergência (JENKINS, 2009), Marketing Digital (TORRES, 2009) e Comunicação Integrada (KUNSCH, 2003) para a compreensão do fenômeno da comunicação na era digital e da seleção das estratégias para estabelecer um fluxo contínuo de comunicação nesse meio. Trata-se, portanto, de uma pesquisa-ação. PALAVRAS-CHAVE: mídia digital; convergência midiática; plano de comunicação; extensão; propaganda social. INTRODUÇÃO O universo da pesquisa é o projeto de extensão da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC), Agência Propagação, agência experimental de propaganda social, cujo principal produto é o Minuto Consciente, propaganda social radiofônica transmitida em cinco inserções diárias pela Rádio Unesp FM. O rádio é a principal ferramenta de comunicação da Agência Propagação, meio que veicula as propagandas do Minuto Consciente, porém no contexto atual de convergência midiática, essas mensagens precisam transitar para outras plataformas de comunicação, integrando as diferentes mídias e atingido outros públicos. 1 Trabalho desenvolvido a partir da pesquisa de iniciação científica Convergência Midiática e Internet: uma proposta de ampliação da estratégia de comunicação da Agência Propagação e das propagadas do Minuto Consciente, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, Fapesp. 2 Estudante de Graduação em Comunicação Social Jornalismo na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Unesp Bauru, SP. seridorio@gmail.com. 3 Profs. Dra. Do Departamento de Ciências Humanas da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Unesp de Bauru. lucilenegonzales@uol.com.br. 1

A mídia digital já é utilizada como estratégia de comunicação da Agência Propagação. O site www.agenciapropagacao.com.br, e as mídias sociais twitter, blog e facebook alimentam a comunicação com o público externo e interno. As ações em meio digital, contudo, ocorrem de maneira desconexa já que carecem do conhecimento teórico, científico para que se tornem mais eficientes e se configurem uma política de comunicação consolidada. Estruturar a estratégia de comunicação na mídia Internet também levaria as mensagens do Minuto Consciente para o público jovem, parcela pouco representada pelos ouvintes da Rádio Unesp FM. E este é objetivo deste artigo: expor conceituação teórica para apresentar um plano de comunicação para a mídia digital do projeto de extensão Agência Propagação, da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC), visando ampliar a comunicação institucional da Agência Propagação e do seu principal produto, as mensagens das propagandas sociais radiofônicas assinadas Minuto Consciente.O público almejado é o jovem que, por meio da interatividade, obterá informação para a tomada de atitudes benéficas socialmente. A ERA DIGITAL: CONVERGÊNCIA, INTERATIVIDADE, RECONFIGURAÇÃO DA PUBLICIDADE Karsaklian (2001, p. 72) defende que a web não deve ser vista como uma vitrine, mas como parte integrante da estratégia da empresa e preponderante na estratégica de marketing. Não podemos esquecer que um site da web é ao mesmo tempo um difusor de informações [...] Assim, uma coordenação perfeita é necessária [...] A primeira dificuldade de tal coordenação reside na necessidade de criar um sistema interno de transmissão de informações (KARSAKLIAN, 2001, p. 15). Em sua análise do ambiente das redes sociais na Internet, Torres (2009, p. 35) volta sua atenção às pessoas. Embora a rede de computadores seja estruturada por máquinas, o que interessa ao profissional que pensa e estrutura a comunicação na Internet são as pessoas que irão receber as informações. Sempre que for planejar uma ação on-line, esqueça os computadores e os softwares e pense nas pessoas. Pense que eles estão ali, que elas são reais, 2

e não somente cliques e visitas em seu site. Cada clique tem uma pessoa segurando o mouse, cada visita tem um par de olhos vendo a página visitada (TORRES, 2009, p. 35). Segundo dados do Net Insight 4, pesquisa sobre Internet do IBOPE Media, os brasileiros foram os que passaram mais tempo ligados à rede em dezembro de 2012, o tempo médio foi de 43 horas e 57 minutos conectados. O estudo considerou os países Alemanha, Suíça, França, Itália, Espanha, Estados Unidos e Japão. A cada dia pessoas de todo o mundo conectam-se à Internet em interações com outras pessoas. Através dessas interações, cada uma dessas pessoas é exposta a novas ideias, diferentes pontos de vista e novas informações. Com o advento dos sites de rede social, essas conversações online passaram a criar novos impactos, espalhando-se pelas conexões estabelecidas nessas ferramentas e, através delas, sendo amplificadas para outros grupos. São centenas, milhares de novas formas de trocas sociais que constroem conversações públicas, coletivas, síncronas e assíncronas, que permeiam grupos e sistemas diferentes, migram, espalham-se e semeiam novos comportamentos. São conversações em rede (RECUERO, 2012, p. 121). Esses dados revelam que, para atingir o internauta, é preciso satisfazer seus anseios, oferecendo informação, diversão e relacionamento. A melhor plataforma digital para contemplar essas necessidades é a rede social, pois é nesse ambiente que os internautas buscam informação e interagem. Elemento que é característico das redes sociais na Internet é sua capacidade de difundir informações através das conexões existentes entre os atores. Essa capacidade alterou de forma significativa os fluxos de informação dentro da própria rede. O surgimento da Internet proporcionou que as pessoas pudessem difundir as informações de forma mais rápida e mais interativa. Tal mudança criou novos canais e, ao mesmo tempo, uma pluralidade de novas informações circulando (RECUERO, 2010, pp. 81-82). É na rede social que o internauta gera conteúdo, se informa, se diverte e se relaciona, simultaneamente. Um plano de comunicação que utiliza os conceitos de marketing digital precisa trabalhar integradamente diversas estratégias dentro da Internet. É a interação entre as 4 Fonte: http://www.ibope.com.br/pt-br/noticias/paginas/brasil-e-o-terceiro-pais-em-numero-de-usuarios-ativosna-internet.aspx. 3

diversas ações táticas e operacionais que produz sinergia e gera eficácia e consistência aos resultados obtidos (TORRES, 2009, p. 71). Também é preciso observar a necessidade de utilizar outras plataformas de comunicação, como os meios tradicionais. Santaella (2003) divide a história da comunicação em seis etapas: cultura oral, cultura escrita, cultura impressa, cultura de massa, cultura das mídias e cultura digital. Apesar de esta última constituir-se em uma nova fase da comunicação de massa, a autora afirma que na contemporaneidade não estão excluídas as mídias tradicionais impressa, radiofônica e televisa. Se o paradigma da revolução digital presumia que as novas mídias substituiriam as antigas, o emergente paradigma de convergência presume que novas e antigas mídias irão interagir de formas cada vez mais complexas. O paradigma da revolução digital alegava que os novos meios de comunicação digital mudariam tudo. Após o estouro da bolha pontocom, a tendência foi imaginar que as novas mídias não haviam mudado nada. Como muitas outras coisas no atual ambiente de mídia, a verdade está no meio-termo (JENKINS, 2009, p.32). E nesse novo contexto midiático, três princípios orientam o desenvolvimento do ciberespaço: a interconexão, a criação de comunidades virtuais e a inteligência coletiva. A interconexão constitui a humanidade em um contínuo sem fronteiras, cava um meio informacional oceânico, mergulha os seres e as coisas no meio banho de comunicação (LEVY, 2010, p. 129). Torna-se primordial, portanto, ao profissional de comunicação compreender esse espaço e o potencial das mídias digitais construídos nas comunidades virtuais pela inteligência coletiva. Ninguém sabe tudo. Todo conhecimento reside na humanidade. A inteligência coletiva refere-se a essa capacidade das comunidades virtuais de alavancar a expertise combinada de seus membros. O que não podemos saber ou fazer sozinhos, agora podemos fazer coletivamente (JENKINS, 2009, p.56). A inteligência coletiva é o conhecimento compartilhado, um processo social que ocorre nas redes, onde cada indivíduo contribui com um fragmento do conhecimento. O que consolida uma inteligência coletiva é o processo social de aquisição do conhecimento, que é dinâmico e participativo -, continuamente testando e reafirmando os laços socais do grupo social (JENKINS, 2099, p. 88). 4

Nesse contexto, a cultura contemporânea, denominada por Lemos (2008) de Cibercultura, é este ambiente online e digital no qual o homem está imerso. Antes, estar online significava estar à frente de um computador; com o surgimento dos dispositivos móveis tablets, notebooks, netbooks e smartphones, a conectividade adquiriu mobilidade. A tecnologia wireless aumentou a possibilidade territorial do online. As novas tecnologias parecem caminhar para uma forma de onipresença, misturando-se de maneira mais radical e quase imperceptível ao nosso ambiente cultural através do devir micros (torna-se invisível) e do devir estético (torna-se belo). Este movimento vai, como veremos, aprimorar a tecnologia contemporânea do prazer estético e do compartilhamento social (LEMOS, 2008, p. 17). A cultura da convergência é a convergência das mídias, não em um mesmo aparelho, mas em diversas plataformas de mídia, em que cada um amplia o conhecimento a respeito do assunto. O que estamos vendo hoje é o hardware divergindo, enquanto o conteúdo converge (JENKINS, 2009, p. 43). A convergência está ocorrendo dentro dos mesmos aparelhos, dentro das mesmas franquias, dentro das mesmas empresas, dentro do cérebro do consumidor e dentro dos mesmos grupos de fãs. A convergência envolve uma transformação tanto na forma de produzir quanto na de formar de consumir os meios de comunicação (JENKINS, 2009, p. 44). A multimidialidade da web também possibilita a utilização de diferentes plataformas para a transmissão da informação. Texto, foto, áudio e imagem sustentam o fato que as mídias tradicionais publicam com menos suportes midiáticos. As mídias tradicionais devem se adaptar a essa nova realidade. A audiência não se desloca exclusivamente para a mídia digital, ela vai buscar na web conteúdo personalizado e segmentado, e não espera encontrar o mesmo discurso dos meios tradicionais. A convergência das mídias depende tecnicamente de plataformas digitais que, assim como elas, transformaram o relacionamento entre homem e informação. A interatividade é um termo muito utilizado quando se fala nas possibilidades comunicativas do ciberespaço. Primo (20008, p. 13) defende que tanto um clique em um ícone na interface quanto uma conversação na janela de comentários de um blog são interações, mas existem níveis qualitativos distintos. A interação mediada por computador depende de fatores tecnológicos, mas não deve ser reduzida a isso, já que consiste na construção de uma conversação entre homem-máquina-homem. 5

Nossa formação de raízes na Teoria da Informação resiste e impregna a reflexão sobre a interação mediada por computador. a tão conhecida fórmula emissor -> mensagem -> meio -> receptor acaba sendo atualizada no seguinte modelo: webdesigner -> site -> Internet -> usuário. Os termos são outros, foram "modernizados", mas trata-se da mesma e caduca epistemologia. a diferença é que se destaca que não apenas se recebe o que o polo emissor transmite, mas também se pode buscar a informação que se quer. O novo modelo, então, seria: webdesigner -> site -> Internet <- usuário. essa seria a fórmula da chamada "Interatividade" (PRIMO, 2008, p11). O que Primo (2008, p 74) enfatiza são os relacionamentos que surgem das interações, mesmo conceito que aparece em Torres (2009), este, porém, voltado ao marketing digital. Para Torres (2009, p. 71), é a interação entre as diversas plataformas online que gera eficácia e consistência aos resultados obtidos, por isso, o plano de comunicação proposto deverá utilizar as estratégias de marketing digital e comunicação integrada para trabalhar sinergicamente essas plataformas dentro da Internet. Torres (2009) define como as diretrizes do marketing digital: marketing de conteúdo, mídias sociais, marketing viral, publicidade on line, pesquisa, mailing e monitoramento. Nos primórdios do ciberespaço, ou se sabia o endereço eletrônico do site ou era possível recorrer a catálogos que disponibilizavam essa informação. Ainda no início dos anos 2000, a popularização dos Blogs expandiu a produção de conteúdo para além das grandes corporações, pessoas comuns passaram a escrever sobre diversos assuntos, simplesmente porque eram apaixonadas pelo tema; nesse momento, cresce o número de informações disponíveis na Internet (TORRES, 2009, p. 82). O uso do modelo (comunicação, informação, relacionamento e informação) permite entender que o consumidor usa o Google principalmente para buscar informações e não para encontrar sites, portanto, dará mais atenção ao conteúdo do que a qualquer publicidade. Surge então a necessidade de se criar uma estratégia de marketing baseada em conteúdo (TORRES, 2009, p. 66). Dentro desta perspectiva surge também o conceito de Marketing de Conteúdo. O marketing de conteúdo é o uso do conteúdo em volume e qualidade suficientes para permitir que o consumidor encontre, goste e se relacione com uma marca, empresa ou produto [...] Trata- 6

se de aproveitar a dinâmica já criada na Internet, entre consumidores e ferramentas de busca, e utilizar isso a seu favor. A ideia é gerar conteúdo genuíno, útil e relevante para o consumidor, isento de interferência comercial (TORRES, 200, p. 87). Ações efetivas de marketing de conteúdo oferecem informações relacionadas ao produto ou marca e atingem o mesmo público-alvo. Assim, o marketing de conteúdo deve ser explorado principalmente no blog da Agência Propagação, ampliando os assuntos abordados pelas mensagens do Minuto Consciente veiculadas na Rádio Unesp FM. As mídias e redes sociais também auxiliam na divulgação e difusão do conteúdo que é produzido para a mídia tradicional e digital. O Facebook, por exemplo, é um grande aliado nas publicações no blog e no canal do You Tube, já que poucas pessoas acessam todas as suas redes sociais. Por isso, é preciso integrá-las com estratégias de divulgação constante, explorando o marketing de mídias sociais para veicular conteúdo. O ponto mais importante na mídia social é a possibilidade de relacionamento, assim, a marca passa a fazer parte do dia-a-dia dos públicos e passa a entender melhor seus gostos e comportamento. O marketing de relacionamento consiste em uma estratégia que visa construir ativamente relacionamentos duradouros entre a empresa e seu clientes, contribuindo para garantir resultados sustentáveis. O objetivo maior é manter o cliente por meio da confiança, credibilidade e sensação de segurança transmitidas pela empresa (TORRES, 2009, p. 117). As redes sociais devem promover divulgação do conteúdo produzido em seu blog e site institucional, e estabelecer comunicação e relacionamento com o internauta. Outra maneira de explorar a produção de conteúdo é pela criação de peças virais. O chamado marketing viral é a versão digital do antigo boca-a-boca. a ideia (do marketing viral) é criar uma mensagem que se comporte na Internet como se fosse um vírus e se espalhe pela rede espontaneamente, de consumidor em consumidor. Aqui a palavra vírus nada tem a ver com os vírus que infectam computadores, mas sim com o ato espontâneo de um consumidor enviar a mensagem para vários outros (TORRES, 2009, p. 191). O formato mais comum de produção viral são os vídeos, mas imagens também são utilizadas com essa finalidade. Uma ação de marketing viral, como qualquer outra ação, deve ter público-alvo, objetivo e mensagem a ser passada. 7

A peça viral é o elemento de transporte da sua mensagem. Pode ser um vídeo, um widget 5, um jogo em Flash, uma música ou qualquer outro tipo de serviço ou produtos que você cria para ser distribuído livremente e propagar sua mensagem. A peça viral é o elemento visível do marketing viral, mas não é o único. É importante porque é o que dará o impulso e criará o interesse necessário para que siga em frente de mão em mão, de boca em boca [...] A rede de distribuição, ou qualquer propagação, é a rede social ou meio pelo qual a peça viral será transmitida. É o suporte físico da peça viral, e muitas vezes é também a rede pela qual os consumidores passarão a mensagem adiante (TORRES, 2009, p. 194). O marketing viral relaciona-se com outra estratégia proposta por Torres (2009) a Publicidade on line, que devido aos indisponíveis recursos financeiros da Agência Propagação deve ser explorada nas midias socias. A publicidade nas mídias sociais, assim como os conceitos de marketing nas mídias sociais, está ligada à produção de conteúdo colaborativo, publicação de vídeos, fotos e artes gráficas virais. No caso de redes sociais, como, por exemplo, o Facebook, as possibilidade são restritas, pois a rede é fechada e controlada por uma empresa. Para Torres (2009, p. 243), é mais adequado publicar com banners, aplicativos e widgets sociais. O podcast também pode ser utilizado como publicidade on line. o podcast é a transmissão de áudio on-line. Ele pode ser utilizado para transmitir uma entrevista ou explicação, ou ainda para criar um verdadeiro programa de rádio na Internet. O podcast teve ciclos de sucesso e fracasso no Brasil e, nos últimos anos, voltou com força. Tecnicamente, o podcasting permite a transmissão de qualquer arquivo de áudio ou vídeo, mas aqui nos referimos somente ao podcast de áudio (TORRES, 2009, p. 244). A Internet utilizada como meio de publicidade quebra o paradigma cliente-agênciamídia, já que, agora, a própria agência mantém a suas plataformas de mídia no meio digital. E o próprio cliente pode propor ações em hotsites e em suas páginas nas redes sociais e em seu site. A Internet quebrou o paradigma da relação cliente-agência-mídia. Tradicionalmente, o cliente contrata uma agência de pubicidade, que elabora um planejamento de mída que cria uma peça publicitária e veicula nos veículos de comunicação existentes. Assim, o cliente, a agência e a mídia são sempre três entidades diferentes (TORRES, 2009, p. 267). 5 O widget é um aplicativo interativo, que pode ser utilizado em diversas plataformas, por exemplo, em um site, no desktop de um computador, dependendo da maneira como foi programado. 8

A produção de conteúdo e abordagem das estratégias nas mídias sócias não surtem efeito sem a devida divulgação, por isso, o Mailing entra como ferramenta de atingir um público que ainda não tem o costume de acessar a página em questão. A pesquisa e o monitoramento entram como estratégias para conhecer o públicoalvo e pensar em maneiras de melhorar a produção de conteúdo e o relacionamento com o internauta. A estruturação de uma pesquisa online inicia-se pela formulação das perguntas que a pesquisa deve responder, depois as mídias e as fontes, por fim, é preciso definir as palavraschave para implementar a pesquisa. A pesquisa on-line também auxilia a determinar a relevância de conteúdo no ciberespaço. Utilizando as ferramentas de busca é possível obter resultados da colocação do site na pesquisa do Google, quantas citações em outros sites e quais palavras-chave estão relacionadas ao site da empresa e marca. A pesquisa de mídia on-line consiste em buscar na internet as mídias que se adaptam a seu público-alvo e classificá-las de acordo com sua importância, permitindo o uso do futuro da informação na tomada de decisão da veiculação de propaganda (TORRES, 2009, p. 226). O monitoramento das ações e mídias digitais é, para Torres (2009), a ação central que regula uma atividade de marketing digital integrada. Ele também permite obter diversas informações referentes ao seu público-alvo, é justamente a configuração de códigos da Internet que possibilita o rastreamento e documentação destes dados. Quando o usuário seleciona um site, seu navegador envia uma série de mensagens pela rede, primeiro localizando onde está o site e depois solicitando ao servidor onde o site é hospedado qual a página inicial. Para solicitar essa página, o navegador abre uma seção de comunicação com o servidor, e depois solicita os arquivos relacionados à pagina. Se a página contém figuras e outros elementos, o navegador vai solicitando cada um dos elementos até que a página esteja completa (TORRES, 2009, p. 275). Compreendendo essas etapas técnicas de navegação é possível entender as estatísticas de monitoramento e relacioná-las a cada momento em que o usuário passou em determinado site. 9

Um passo importante para uma ação de marketing digital é integrá-la ao marketing convencional (TORRES, 2009, p. 179). As propostas de comunicação implementadas na web, portanto, devem ser estruturadas sinergicamente aos meios tradicionais, convergindo conhecimento e plataformas. O PLANO DE COMUNICAÇÃO Para a elaboração do plano de comunicação, enxergamos a Agência Propagação como produtor e o público jovem como internautas que acessam nossos perfis nas redes sociais, e também ouvintes do Minuto Consciente na Rádio Unesp FM. O diferencial entre esses dois perfis de públicos é que o ouvinte possui poder limitado de resposta, enquanto o internauta pode comentar e compartilhar uma informação, fazendo parte do processo de construção do conhecimento. Os públicos das mensagens da Agência Propagação possuem perfis diferentes. Enquanto o ouvinte da Rádio Unesp FM é adulto da classe A e B, os internautas que acessam o nosso conteúdo são universitários e jovens, a maioria concentrada na faixa etária de 18 a 34 anos 6. Outro fator a ser levado em consideração é que os ouvintes têm acesso às ideias sociais divulgadas pelo Minuto Consciente, e os jovens, por nossas mídias sociais e site, acessam conteúdo institucional (site) e curiosidades do mundo publicitário (blog, facebook e twitter). O principal suporte das propagandas do Minuto Consciente atualmente é o rádio, enquanto o principal difusor de propaganda institucional da Agência Priopagação é a Internet. Assim, vê-se que a estratégia de comunicação encontra-se segregada em duas mídias que em poucos momentos dialogam. O centro do plano de comunicação serão as mídias sociais, já que a partir delas é possível explorar estratégias de comunicação e marketing social, pela produção de conteúdo e construção de relacionamento. A Agência Propagação está presente em três mídias sociais: Blog, Facebook e Twitter 7. Outra plataforma utilizada como meio de divulgação do portfólio de produção do Minuto Consciente é o Podomatic; nele é possível montar uma página e agrupar arquivos de áudio. Percebeu-se, contudo, pela experiência da Agência Propagação, que o Podomatic 6 Segundos dados do facebook, 58% das pessoas alcançadas por nossa publicações têm entre 18 e 24 anos, e 23% entre 35 e 34 anos. Informação acessada em 18 de dezembro de 2012. 7 A coordenadoria de Assessoria de Comunicação que monitora e produz conteúdo para esses espaços, em parceria com as coordenadorias de Redação e a de Artes. 10

não oferece uma plataforma graficamente atrativa e não se constitui como um ambiente de portfólios, portanto, essa função será destinada ao BeHance, rede social que tem essa função. O portal da Faculdade de Arquitetura, Artes de Comunicação (FAAC), disponível no endereço eletrônico faac.unesp.br, fornece, um link direto ao site da Agência Propagação - no banner Projetos de Extensão. Além disso, o portal divulga notícias do projeto no espaço FAAC Notícias. O site da Rádio Unesp FM também divulga a Agência Propagação e as mensagens do Minuto Consciente. A parceira do projeto veicula a sua programação pelo endereço radio.unesp.br, sendo assim, transmite digitalmente as propagandas do Minuto Consciente, nos mesmos horários em que ela é transmitida pelas ondas da rádio na frequência 105.7 FM, e ainda disponibiliza a tabela com horário de veiculação 8. O Minuto Consciente possui veiculação online restrita ao formato e horário das propagandas utilizadas no meio tradicional. Neste plano de comunicação proposto para a Agência Propagação, todas as ações de comunicação e marketing propagam ações sociais, como as mensagens das propagandas radiofônicas do Minuto Consciente e constroem a imagem e reputação da Agência Propagação, por meio de ferramentas de marketing digital. A produção de conteúdo e abordagem das estratégias nas mídias sociais, contudo, não surtem efeito sem a devida divulgação, por isso o Mailing entra como ferramenta de atingir um público que ainda não acessa as páginas da Agência Propagação na Internet. Uma das estratégias que pode ser utilizada é manter contato com os estudantes da FAAC através da ACI, um projeto de extensão da FAAC formado por alunos de Comunicação. O grupo é responsável pelas coberturas de eventos, atualização do portal faac.unesp.br, possui uma lista de mailing com todos os alunos, funcionário e professores da FAAC. Também é importante ter uma lista de mailing, que deve ser atualizada regularmente. E o público da Propagação deve estar nessa lista por sua vontade e a ele deve ser dada a alternativa de sair em todos os e-mails enviados. É simples montar uma lista de mailing; basta disponibilizar um cadastro breve e o a opção deseja receber e-mails da Agência Propagação, ou ainda, em eventos e processos seletivos distribuir cadastros, com a mesma opção. 8 Tabela disponível em www.radio.unesp.br/minutoconsciente 11

Para monitorar suas ações, a Agência Propagação pode utilizar as estatísticas fornecidas pelos servidores de hospedagem, e o software gratuito Google Analytics. A convergência entre meio digital e tradicional não deve limitar-se ao rádio, portanto, para ampliar a conscientização do público jovem sobre as ações sociais, propõe-se então a realização de oficinas de radialismo nas escolas públicas, nas quais seriam discutidos os temas do Minuto Consciente e as crianças teriam a oportunidade de produzir roteiros de propagandas, conhecendo técnicas de redação publicitária para rádio, locução e edição. CONSIDERAÇÕES FINAIS A compreensão dos conceitos de Marketing Digital direciona a formulação de um plano de comunicação em quatro diretrizes propostas por Torres (2009): Relacionamento, Diversão, Comunicação e Informação. O plano de comunicação proposto une meios digitais e tradicionais (rádio), proporcionando um fluxo de comunicação contínuo e efetivo, melhorando a imagem institucional do projeto Agência Propagação e ampliando a abrangência das mensagens das propagandas sociais do Minuto Consciente. REFERÊNCIAS CASTELLS, M. A Sociedade em Rede. 11 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2008. JENKINS, H. Cultura da Convergência: Tradução Susana Alexandrina. 2 ed. São Paulo: Aleph, 2009. KARSAKLIAN E. Cyberm@rketing. São Paulo: Atpla S.S., 2001. LEMOS, A. Cibercultura: tecnologia e vida na cultura contemporânea. Porto Alegre: Sulina, 2008. LÉVY, Pierre. Cibercultura: Tradução de Carlos Irineu da Costa. 3 ed. São Paulo: Editora 24, 2010. PINHO, J. B. Comunicação em Marketing: Princípios da Comunicação Mercadológica. Campinas: Papirus, 2001. PRIMO, Alex. Interação mediada por computador. Porto Alegre: Sulina, 2008. 12

RECUERO, R. A conversação em rede: comunicação mediada pelo computador e redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2012. RECUERO, R. Redes Sociais na Internet: considerações Iniciais. Intercom, 2004. Disponível em: http://www.portcom.intercom.org.br/pdfs/121985795651418859729998795470196200751. pdf, Acessado em outubro de 2012. SAMPAIO, R. Propaganda de A a Z: como usar a propaganda para construir marcas e empresas de sucesso. Rio de Janeiro: Campus, 1997. SANTAELLA, L. Culturas e artes do pós-humano: da cultura das mídias à cibercultura. São Paulo: Paulus, 2003. TORRES, C. A Bíblia do Marketing Digital: tudo o que você queria saber sobre marketing e publicidade na internet e não tinha a quem perguntar. São Paulo: Novatec, 2009. VIEIRA, M. Comunicação Organizacional: um estudo de caso da Agência Propagação. Bauru: TCC. 2010. 13