Palavras-chave Antígeno Prostático Específico; Análise Forense, Crime Sexual.

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1 A IMPORTÂNCIA DO USO DO ANTÍGENO PROSTÁTICO ESPECÍFICO (PSA) NA PRÁTICA FORENSE JUNIOR, H.P.P 1 ; MACÊDO, L.H 2 ; COUTINHO, J.M.L 3 ; MOURA, M.L.V 4 ; ALENCAR, E.V.M 5 ; OLIVEIRA, J.M 6 ; SILVA, K.M.R 7 ; COSTA, S.T.S 8 ; SOUSA, L.V.S 9 ; SILVA, L.F 10 RESUMO FACULDADE MAURICIO DE NASSAU- ANLIANÇA 1 FACULDADE MAURICIO DE NASSAU ALIANÇA 2 INSTITUTO EDUCACIONAL SANTA CATARINA IESC 3 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUI 4 Introdução: No Brasil, não há dados precisos a respeito da incidência de crimes sexuais. Estudos epidemiológicos estimam que os registros das delegacias correspondam em média de 10 a 20% dos casos que realmente acontecem na população. Por ser de grande relevância acerca do tema, o objetivo desse estudo visa ressaltar a importância da utilização do PSA como marcador específico para a resolução de crimes de violência sexual. Metodologia: O presente trabalho foi desenvolvido por meio de revisão de literatura bibliográfica em periódicos indexados no SCIELO e Periódicos Capes, priorizando artigos publicados a partir do ano 2000, nos DeCs antígeno prostático específico; análise forense e crime sexual. Resultados e Discussão: Dados epidemiológicos estimam que os registros das delegacias correspondam em média, de 10 a 20% dos casos que realmente acontecem na população. A violência sexual é uma questão histórica e cultural que afeta crianças, adolescentes e adultos; independentemente de cor, religião, etnia, nacionalidade, opção sexual ou condição social. Vários fatores contribuem para o baixo conhecimento das autoridades acerca da violência sexual, dentre eles o preconceito, o julgamento e a intolerância em relação às vítimas, principalmente, mulheres jovens em idade reprodutiva É de extrema importância a identificação do sêmen nos casos de violência sexual Conclusões: Diante do constante crescimento da violência sexual na sociedade, é necessária adoção de recursos científicos sensíveis e específicos à prática forense, quanto a identificação do indivíduo agressor, através de uma fonte de amostra biológica, sendo esta imprescindível na apuração e resolução dos casos de crimes sexuais. Palavras-chave Antígeno Prostático Específico; Análise Forense, Crime Sexual.

2 ABSTRACT Introduction: In Brazil, there is no precise data regarding the incidence of sex crimes. Epidemiological studies estimate that the records of the precincts correspond to an average of 10 to 20% of the cases that actually happen in the population. Because it is of great relevance to the subject, the objective of this study aims to highlight the importance of the use of PSA as a specific marker for solving sexual violence crimes. Methodology: The present work was developed through a revision of bibliographical literature in periodicals indexed in the SCIELO and Capes periodicals, prioritizing articles published from the year 2000, in the DeCs antigen prostate specific; Forensic analysis and sexual crime. Results and discussion: Epidemiological data estimates that the records of the precincts correspond on average, from 10 to 20% of the cases that actually happen in the population. Sexual violence is a historical and cultural issue affecting children, adolescents and adults; Regardless of color, religion, ethnicity, nationality, sexual option or social condition. Several factors contribute to the low knowledge of the authorities about sexual violence, among them the prejudice, the judgement and the intolerance of victims, primarily, young women in reproductive age is of extreme importance the identification of semen In cases of sexual violence Conclusions: Faced with the constant growth of sexual violence in society, it is necessary to adopt sensitive and specific scientific resources to forensic practice, as to the identification of the aggressor individual, through a sample source This is indispensable in the determination and resolution of the cases of sexual crimes. Keywords Specific Prostate Antigen; Forensic Analysis, Sex Crime.

3 INTRODUÇÃO O PSA pode ser encontrado em duas formas moleculares no soro, livre e complexado: 10-30% de PSA total é livre, ou seja, não ligada a proteínas do soro. Os outros 70-90% de PSA total é ligada a a1-antiquimiotripsina (ACT) e a uma pequena quantidade de a1-antitripsina, e ainda outra pequena porção não mensurável pelos métodos habituais circula complexada com a2- macroglobulina (LILJA et al., 1991, STENMAN et al., 1991, MALM). Consequentemente a proteína finalmente ficou conhecida por p30, pois possuía peso molecular de aproximadamente 30 kda e apresentava reatividade com o anti-soro preparado contra a proteína E1. Por fim, foi descrita uma proteína com peso molecular entre kda como sendo específica da glândula prostática, a qual foi nomeada de PSA (antígeno prostático específico) (WANG, 1982; GRAVES, 1990; SENSABAUGH & BLAKE, 1990; JOHNSON & KOTOWSKI, 1993). A detecção e análise de proteínas como a p30, um biomarcador na prática forense, é muito relevante, pois permite a identificação do fluído seminal em evidências criminais deixadas por indivíduos vasectomizados, azoospérmicos ou oligospérmicos, casos onde pode não ser possível detectar a presença de espermatozóides por avaliação microscópica (HOCHMEISTER et al., 1999). Devido a sua grande relevância, o objetivo desse estudo é ressaltar a importância da utilização do PSA como marcador específico para a resolução de crimes de violência sexual. METODOLOGIA O presente trabalho foi desenvolvido por meio de revisão de literatura bibliográfica em periódicos indexados SCIELO e Periódicos Capes, priorizando artigos publicados a partir do ano 2000, no entanto, os artigos utilizados com data de publicação anterior a esse ano foram julgados como relevantes para a pesquisa. Os termos utilizados na pesquisa foram: Antígeno Específico Prostático, Análise Forense, Crime Sexual. Os critérios para a escolha dos artigos envolveram todo tipo de estudo relacionado ao tema não havendo exclusões. RESULTADOS E DISCUSSÃO Perícias que envolvem materiais advindos de crimes sexuais, onde o corpo de delito é o esperma, não podem relegar o possível envolvimento de indivíduos oligozoospérmicos, azoospérmicos e vasectomizados. A determinação da PSA, considerando sua alta titulação no esperma, é uma ferramenta extremamente valiosa nesses casos, já que a pesquisa microscópica para espermatozóides será negativa. A presença de PSA no esperma em concentrações milhões de vezes maiores que no soro de homens a caracterizou como um marcador valioso, já testado e validado pela comunidade forense, para a identificação de fluido seminal em evidências criminais deixadas por indivíduos como os citados

4 acima (SENSABAUGH, 1978; BAECHTEL, 1983; POYNTS; MARTIN, 1984; JOHNSON; KOTOWSKI, 1993; HOCHMEISTER et al., 1999;). Análises forenses têm uma característica peculiar quanto à conservação das amostras, pois elas estão sujeitas à degradação por ação ambiental, enzimática, física e/ou microbiana. Como a molécula de PSA é uma glicoproteína, também pode sofrer degradação, resultando em casos falsonegativos, principalmente em peças com manchas antigas de esperma e em swabs com secreção coletada de vítimas que têm um prolongado tempo entre o intercurso e a procura pelo serviço do Instituto Médico Legal (IML). Resultados falso-negativos para pesquisa de PSA em amostras contaminadas com detergente foram relatados na literatura, sendo este tipo de resultado frequente, já que a primeira reação normalmente observada nas vítimas de violência sexual é fazer higiene íntima (JOHNSON & KOTOWSKI, 1993). Resultados falso-negativos na pesquisa de PSA por imunocromatografia podem ocorrer devido ao excesso de PSA, causando o efeito hook, no qual o PSA livre em excesso chegará à zona de reação antes do conjugado, não desenvolvendo assim, cor na região teste (SAWAYA & ROLIM, 2003). Em testes rápidos para pesquisa de sêmen, como o PSA, é relatada uma boa concordância com o resultado de DNA utilizando marcadores STR (Short Tandem Repeats) do cromossomo Y. Por conseguinte, resultados positivos para PSA implicam em grande chance de se conseguir perfil genético da amostra, corroborando assim a relevância desse biomarcador como teste presuntivo da presença de esperma (ROMERO-MONTOYA, et al., 2011). Vestígios criminais como os fluidos biológicos são depositados diretamente na vítima, os quais podem ser colhidos utilizando um swabs, ou em diversos tipos de suportes, sob a forma de manchas. Em ambos os casos, o material deverá ser macerado e extraído. Na obtenção destes extratos, devemos considerar dois fatores já bem estudados e determinados: a diluição do fluido no líquido de extração e a eficiência desta extração. Esses fatores são relevantes quando analisamos os níveis de PSA encontrados nos diversas fluidos biológicos (GARTSIDE et al., 2003; LAUX; CUSTIS, 2003). A quantidade de água destilada adicionada à amostra no momento da extração das secreções de peças ou de suabes pode diluir a quantidade de PSA à níveis não detectáveis, dependendo da técnica utilizada. A imunocromatografia como teste qualitativo de PSA tem a sensibilidade de 4 ng/ml. Testes imunoenzimáticos, como ELISA, são sugeridos por diversos autores na prática forense, por possuírem uma sensibilidade maior em relação à imunocromatografia (JOHNSON & KOTOWSKI, 1993; HOCHMEISTER et al., 1999; SIMICH et al., 1999; LEVINE et al., 2004). O PSA também está presente em fluídos extra prostáticos, como no soro de mulheres e crianças, urina de mulheres, líquido amniótico, leite materno, saliva e líquido encefaloraquidiano. Apesar disso, a concentração desse antígeno no sêmen varia de 0,2 até 5,5 x 106 ng/ml sendo, portanto, um milhão de vezes mais concentrada do que no soro sangüíneo de indivíduos saudáveis. CONCLUSÃO A determinação qualitativa do antígeno específico prostático, em condições normais, torna-se uma ferramenta de auxílio ao diagnóstico confiável e seguro na prática forense para caracterização de crime em casos de conjunção carnal e/ou do ato libidinoso, hímem complacente, vida sexual ativa e azoospermia

5 patológica ou cirúrgica; resultando ao final em um laudo laboratorial consistente. Contudo, o PSA, mesmo com seu reconhecimento cientifico como marcador de presença de líquido seminal, se faz necessário uma avaliação conjunta, análise tanto microscópica quanto qualitativa, uma vez que exames laboratoriais sofrem influência das condições das amostras. REFERÊNCIAS GARTSIDE, B. O.; BREWER, K. J.; STRONG, C. L. Estimation of Prostate- Specific Antigen (PSA) Extraction Efficiency from Forensic Samples Using the Seratec? PSA Semiquant Semiquantitative Membrane Test. Forensic Science Communications, v. 5, n. 2, GRAVES, H. C. et al. Identity of prostate specific antigen and the semen protein P30 purified by a rapid chromatography technique. Journal of Urology, v. 144, n. 6, p , HOCHMEISTER, M.N., et al. Evaluation of Prostatic-Specific Antigen (PSA) Membrane Test Assays for the Forensic Identification of Seminal Fluid. Journal of Forensic Science, v. 44, p , JOHNSON, E. D.; KOTOWSKI, T. M. Detection of Prostate Specific Antigen by ELISA. Journal of Forensic Sciences, v. 38, p , LEVINE, B. et al. Use of prostate specific antigen in the identification of semem in postmortem cases. Journal Forensic Medical Pathology, 25(4): , LILJA, H. et al. Prostate-specific antigen in serum occurs predominantly in complex with alpha 1-antichymotrypsin. Clin Chem., v. 37, n. 9, p , MALM, J.; LILJA, H. Biochemistry of prostate specific antigen, PSA. Scand J Clin Lab Invest Suppl., v. 221, p , ROMERO-MONTOYA L. et al. Relationship of spermatoscopy, prostatic acid phosphatase activity and prostate-specific antigen (p30) assays with further DNA typing in forensic samples from rape cases. Forensic Science International; 206: , SAWAYA, M. C. T., ROLIM, M. R. S. Antígeno específico da próstata em fluidos biológicos: Aplicação forense. Visão Acadêmica, Curitiba, v. 5, p , SENSABAUGH, G. F.; BLAKE, E. T. Seminal Plasma Protein p30: Simplified Purification and Evidence for Identity with Prostate Specific Antigen. Journal of Urology, v. 144, p , SIMICH, J.P. et al. Validation of the Use of a Commercially Available Kit for the Identification of Prostate Specific Antigen (PSA) in Semen Stains. Journal of Forensic Sciences, 44 (6): , STENMAN, U. H. et al. A complex between prostate-specific antigen and alpha 1-antichymotrypsin is the major form of prostate-specific antigen in serum of patients with prostatic cancer: assay of the complex improves clinical sensitivity for cancer. Cancer Res., v. 51, n. 1, p , WANG, M.C. et al. A simplified purification procedure for human prostate antigen. Oncology, v. 39, n. 1, p. 1-5, 1982.