Oídio da vinha. necator). O fungo afeta todas as partes verdes da videira folhas, caules e bagos.
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- Maria Eduarda Lisboa Camelo
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1 Oídio da vinha O oídio é provavelmente a doença que mais impacto tem na maioria das regiões vitícolas portuguesas. Em vinhas não protegidas e/ou variedades suscetíveis pode causar perdas de produção e reduzida qualidade das uvas, afetar a qualidade do vinho e o desenvolvimento das videiras. Embora a pressão desta doença possa variar de ano para ano e de região para região, o oídio requer tratamentos regulares todos os anos. Esta doença é causada pelo fungo Erysiphe necator (antes denominado Uncinula necator). O fungo afeta todas as partes verdes da videira folhas, caules e bagos. Os sintomas iniciais, das primeiras infeções, manifestam-se nas folhas através de pequenas manchas translúcidas que posteriormente adquirem um aspeto enfeltrado branco e seguidamente mais escuro (figura 1). Estes sintomas também poderão ser observados em infeções nos caules dos novos lançamentos. As inflorescências e os cachos adquirem uma cobertura pulverulenta branca e à medida que a gravidade do ataque aumenta, os bagos começam a ressequir e a rachar (figuras 2). Figura 1- manchas de infeções de oídio nas folhas (D.R.A.D.M.) Figura 2- cachos infetados (GWRDC)
2 Ciclo biológico As fontes hibernantes que originam os inóculos primaveris de oídio poderão ser de duas formas, micélio que hiberna nos gomos das videiras e que esporula e produz os conídios dando origem ao aparecimento das bandeiras, ou através de ascósporos provenientes de cleistotecas que hibernam no ritidoma e nas varas da videira, sendo esta a principal fonte de infeções primárias na região do Douro (bem como na maioria do país). Por esta razão é frequente observar as primeiras infeções na primeira folha do lançamento basal, devido à proximidade do ritidoma. As cleistotecas dão origem à formação de conidióforos e conídios, dando início às infeções primárias e ciclos de infeções secundárias que em condições favoráveis ocorrem em períodos de 7 a 10 dias. Figura 3-Cleistotecas (Servizio Fitosanitario Regione Emilio-Romagna) As infeções secundárias observam-se com maior frequência nos cachos entre a floração e vingamento, sendo este período o de máxima virulência da doença. Os bagos afetados nesta fase começam a rachar e podem originar podridões, afetando gravemente a qualidade da produção. A partir do pintor, a sensibilidade do cacho ao oídio diminui consideravelmente.
3 Figura 4- Ciclo biológico do oidio (Servizio Fitosanitario Regione Emilio-Romagna) Aspetos relevantes para a gestão da doença No início do ciclo, sob condições climáticas favoráveis, uma infeção não controlada irá propagar-se exponencialmente a níveis epidémicos. Níveis mais altos de inóculo primário (cleistotecas) originam um mais rápido desenvolvimento da doença. Este aspeto é muito importante ter em conta a severidade da doença no presente ano é fortemente influenciada pela presença de cleistotecas formadas no ano anterior. A presença de cleistotecas hibernantes depende muito das condições climáticas do outono e dos ataques do ano anterior. Graves ataques e um outono seco são condições predisponentes para um forte inóculo no ano sucessivo. Já chuvas abundantes no outono irão favorecer um precoce amadurecimento e libertação dos ascósporos, reduzindo assim a fonte de inóculo da primavera seguinte. As cleistotecas só sobrevivem de um ano para o outro e apenas nas videiras (não nos restos vegetais no solo). A produção e dispersão de esporos, bem como o crescimento miceliar do oídio são favorecidos por temperaturas de 20-28ºC, elevada humidade relativa e baixa intensidade solar. Estas condições são frequentes em dias
4 nublados, mas também no interior das videiras com excesso desenvolvimento vegetativo. Baixos índices de raios UV aumentam a suscetibilidade da vegetação às infeções, a qual será agravada quando a videira contém altos níveis de azoto. A humidade é dos fatores mais importantes. Embora o oídio tolere baixas humidades relativas (40% ou menos), a produção de esporos é diretamente proporcional ao aumento da Humidade Relativa. No entanto, HR> 90% são já desfavoráveis devido à presença de água livre. Os esporos do oídio abortam ou germinam anormalmente na presença de água. Por esta razão, o oídio é menos frequente em anos vitícolas muito chuvosos. Meios de proteção Luta cultural Ter em conta o local da parcela, selecionar material vegetativo certificado e optar por castas menos sensíveis e adaptadas ao local. Sistematização do terreno, dando preferência à instalação de vinha ao alto ou patamares de um bardo, permitindo o acesso a ambas as faces da videira e controle da vegetação no talude. Promover uma correta orientação da vegetação por forma a promover o arejamento dos cachos e controlar o vigor da planta, racionalizando as fertilizações e as regas. Optar por um sistema de condução que permita ao cacho um bom arejamento e uma correta exposição à luz. Destruir os restos de vegetação infetados. Vigilância nos períodos de maior sensibilidade, cachos visíveis ao fecho do cacho. Ter em conta o potencial de inóculo hibernante e deteção e avaliação da intensidade das infeções primárias.
5 Luta química A luta química deve ser efetuada de forma preventiva, sistemática e contínua e com maior relevância nos períodos de maior sensibilidade - cachos visíveis, e entre a pré-floração e o fecho do cacho. Na decisão do tratamento deverá ter em conta as condições favoráveis da doença e seguir os Sistema de Nacional de Avisos Agrícolas. Dar preferência ao enxofre em pó nas aplicações precoces e durante a floração (desde que as condições meteorológicas o permitam), pelos efeitos benéficos no vingamento. Não deve ser aplicado com temperatura inferior a 16-18ºC (devido à reduzida eficácia) e com temperatura superior a 32ºC (risco de provocar fitotoxicidade - queima). Em casos de alto potencial de inoculo hibernante, nos primeiros tratamentos poderá ser uma boa estratégia a utilização da substância meptildinocape devido à sua capacidade anti-esporulante e baixo risco de formação de resistências. Nas fases de rápido crescimento da vinha, dar preferência a fungicidas sistémicos, tais como os IBE s triazois (miclobutanil, tebuconazol, etc) e a espiroxamina (que embora seja um IBE atua de forma diferente dos restantes IBE s). Utilizar uma estratégia que diminua a probabilidade de ocorrência de resistências aos fungicidas por parte do oídio. Para tal, deverá utilizar não só diferentes substâncias químicas, como também diferentes modos de ação. A título de exemplo num tratamento utilizar a trifloxistrobina (Estrobilurina análoga (oxiiminoacetato), inibidor da respiração QoI) e no tratamento seguinte utilizar fluopiroxade (grupo pirazóis-carboximidas, inibidor do complexo II, inibindo a enzima sucinato desidrogenase (SDHI)). Nos últimos tratamentos, com os cachos fechados, para que o efeito fungicida consiga atingir o interior dos cachos, deverá dar preferência a substâncias que tenham ação de vapor, tais como a piriofenona, a metrafenona e a quinoxifena.
6 Utilização correta das doses homologadas para evitar as sobredosagens ou subdosagens que favorecem o desenvolvimento de populações resistentes do fungo. A informação contida neste documento deve ser complementada com a leitura das indicações enviadas pelos serviços oficiais do Ministério da Agricultura e ou os rótulos dos produtos. Para mais esclarecimentos podem consultar os operadores de venda e os técnicos da Zona Agro. Fontes ADVID - Cadernos técnicos da ADVID Caderno técnico nº5 Oídio da videira. Bottura, Mauiricio, Manuale di viticoltura. Fondazione Edmund Mach Centro Trasferimento Tecnologico. Bugiani, R. Grapevine Poedery Mildew. Servizio Fitosanitario Regione Emilio- Romagna. DRADM Ficha técnica 100 de Emmett, Bob - Session 2 Powdery Mildew. Australian Government GWRDC. Note Number: AG Organic Farming: Managing Grapevine Powdery Mildew. Department of Environment and Primary Industries, Victoria, Australia.
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