Hospital São Paulo SPDM Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina Hospital Universitário da UNIFESP
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- Olívia Rijo Dinis
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1 Página: 1/7 1. INTRODUÇÃO A taxa de queda de pacientes em uma instituição é considerada como indicador de qualidade da assistência. Esse incidente no ambiente hospitalar tem sido motivo de preocupação para os profissionais de saúde e administradores, pois elas compõem uma das maiores categorias de eventos adversos em pacientes hospitalizados. Segundo dados do Ministério da Saúde/Sistema de Informação Hospitalar, a taxa de mortalidade hospitalar por queda, em fevereiro de 2000, foi de 2,58%. Em relação ao local de ocorrência, mais de 70% das quedas em pacientes hospitalizados ocorrem dentro do quarto, durante a transferência da cama ou de assentos (cadeira de rodas, poltronas, vaso sanitário, cadeira higiênica, banheira, trocador de fraldas, bebê conforto, berço etc.) e cerca de 19% ocorrem na deambulação durante o trajeto de ida e volta ao banheiro. A queda é definida como um evento não-intencional do corpo para um nível inferior em relação a sua posição inicial, provocada por circunstâncias multifatoriais que comprometem a estabilidade do paciente com incapacidade de correção em tempo hábil, o qual pode gerar ou não comprometimento da estrutura ou função do corpo e ou qualquer efeito deletério dele oriundo, incluindo doenças, dano ou lesão. Considera-se queda quando o paciente é encontrado no chão ou quando, durante o deslocamento, necessita de amparo, ainda qua não chegue ao chão. Pessoas de todas as idades apresentam risco de queda, no entanto em pessoas com 65 anos ou mais, a queda é a principal causa de morte por acidente. Cerca de um terço dos indivíduos nessa faixa etária tem a probabilidade de cair a cada ano e esta incidência sobe para 50% em indivíduos com 80 anos ou mais. Um evento de queda pode desencadear uma série de complicações. Além de causar prejuízos físicos, como fraturas, gera também prejuízos psicológicos, como por exemplo, o medo de cair novamente pode ser a complicação mais incapacitante de uma queda, pois pode provocar diminuição da mobilidade com conseqüente perda da capacidade funcional, aumentando a suscetibilidade a um novo evento no futuro. Em idosos o medo de cair novamente tem relação direta com a restrição da vida diária e atividades sociais, pois após a queda, as atividades relacionadas à capacidade funcional - realização das atividades básicas da vida diária e atividades instrumentais da vida diária são prejudicadas. 2. OBJETIVOS O Protocolo de Prevenção de Quedas do Hospital São Paulo tem como objetivo a padronização condutas de avaliação de riscos, implementação e monitoramento de medidas preventivas, além de intervenções na ocorrência de queda.
2 Página: 2/7 3. AVALIAÇÃO - Todos os pacientes devem ser avaliados diariamente pelo enfermeiro quanto ao risco de queda, desde a admissão até a alta. Na admissão, é realizada durante a coleta de dados, identificado os fatores de risco, incluído o diagnóstico de enfermagem na prescrição de enfermagem e implementada as medidas preventivas; - No paciente considerado em risco será colocado uma pulseira de identificação de cor amarela. -Na admissão, o profissional de enfermagem deverá realizar as orientações sobre queda ao paciente e familiar, e ser entregue o impresso da Diretoria de Enfermagem: Orientações sobre queda aos pacientes e acompanhantes (obs- esse impresso deve ser assinado pela pessoa que recebeu as informações, e o profissional que fez as orientações, sendo uma via entregue ao paciente/familiar e outra ficará no prontuário). - Os fatores de risco devem ser reavaliados diariamente, e estão descritos na prescrição de enfermagem. 4. FATORES DE RISCO São múltiplas as causas que provocam as quedas e estas ocorrem devido a um somatório de fatores de risco, entre eles: idade acima de 65 anos, alterações no nível de consciência, uso de medicamentos (antidepressivos, benzodiazepínicos, anti-hipertensivos), síncope e hipotensão postural, incontinência urinária e/ou intestinal, distúrbios do equilíbrio, déficit motor, déficits sensoriais, falta de segurança no meio ambiente e ocorrência prévia de quedas. Esses fatores ainda podem ser agrupados em fatores intrínsecos e extrínsecos, sendo difícil restringir um evento de queda a um único fator de risco ou a um agente causal. Os fatores intrínsecos são relacionados às alterações fisiológicas, fatores psicológicos, efeitos colaterais de medicamentos e/ou uso concomitante de medicamentos, alterações patológicas, sendo que as principais que predispõem a queda são: doenças cardiovasculares, neurológicas, endocrinológicas, osteomusculares, geniturinária, psiquiátricas e sensoriais. Com o processo natural do envelhecimento, em idosos há outros fatores que contribuem para a ocorrência da queda, tais como: imobilidade e incapacidade funcional para realizar as atividades de vida diária, diminuição de força muscular de membros inferiores, déficit de equilíbrio, déficits cognitivo, visual e/ou auditivo, hipotensão postural, distúrbios da marcha e doenças crônicas. Já os fatores extrínsecos são aqueles relacionados ao comportamento de risco (subir em cadeiras), atividade dos indivíduos, aos riscos ambientais (iluminação inadequada, piso escorregadio), calçados inadequados, entre outros. 5. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO Todos os pacientes internados no Hospital São Paulo devem ser avaliados e se for identificado um dos itens a seguir será considerado de risco e utilizar a pulseira amarela, além de seguir outras medidas descritas no protocolo:
3 Página: 3/7 - idade <5 ou > 65 anos - déficit auditivo/visual/sensitivo - dificuldade de marcha - mobilidade física prejudicada - urgência urinária ou fecal - uso de sedativos ou pós sedativo - distúrbios do comportamento (agitação psicomotora) - hipotensão postural - hipóxia/hipoxemia - história de queda anterior 6. ORIENTAÇÕES PARA PREVENÇÃO DE QUEDAS NO AMBIENTE HOSPITALAR Condutas - profissionais de saúde: Após avaliação e identificação do paciente em risco pelo enfermeiro, realizar prescrição de enfermagem com as medidas profiláticas e implementá-las; Colocar a pulseira de identificação de risco de queda (amarela); Os pacientes em risco para queda devem ter o monitoramento feito de forma intensiva, em relação às medidas preventivas; Conscientizar a família sobre a importância da presença de um acompanhante; Manter paciente em cama com as grades de proteção elevadas. Se necessário utilizar protetores entre o vão das grades; Manter a cama na posição baixa (se possível) e com rodas travadas; Comunicar à equipe multiprofissional sobre o risco de queda; Manter a campainha e os objetos pessoais ao alcance do paciente; Manter vigilância e agilidade no atendimento às campainhas (atender prontamente); Certificar-se de que a mobília esteja firme o suficiente para que o paciente possa usá-la para se apoiar ao querer se levantar ou andar; Manter o quarto e corredores livre de obstáculos como equipamentos desnecessários ou mesmo suporte de soro, biombos, entre outros equipamentos de uso hospitalar, certificando-se de que todas as passagens a portas estão desobstruídas;
4 Página: 4/7 Intensificar a atenção a pacientes que estão em uso de sedativo e hipnótico, tranqüilizante, diurético, antihipertensivo, anti-parkinsonianos; Em pacientes confusos e agitados, em acordo com equipe médica, medicar e/ou conter no leito. A contenção somente deverá ser realizada quando todas as intervenções tiverem sido ineficazes e o paciente estiver em condição de ser um risco para si mesmo; Não deixar o paciente sozinho no banheiro ou durante o banho; Os pacientes que apresentarem dificuldade de marcha ou déficit sensitivo ou motor, devem ser auxiliados na deambulação; Utilizar cintos de segurança nas mesas do Centro Cirúrgico; Garantir a segurança quando em cadeira de rodas (por exemplo, deixar os freios travados); Orientar a equipe de higienização para manter o piso seco; Manter acesa a luz do banheiro durante o período noturno; Notificar os Serviços de Diagnósticos ou Centro Cirúrgico quanto ao risco de queda, e não deixar paciente desacompanhado. Orientações ao paciente e acompanhante: Orientar o paciente e/ou seus familiares/cuidadores quanto ao Risco de Queda e necessidade de solicitação da enfermagem para sua locomoção e mobilização e reavaliar compreensão periodicamente. Instruir quanto: - aos possíveis riscos e complicações de uma queda; - a utilizar a campainha se precisar de ajuda; - a utilização de acessórios e calçados adequados (que não deslizem), para impedir quedas; - não ir ao banheiro sozinho, solicitar auxílio. Em lactentes ou crianças, instruir o cuidador quanto: - nunca deixar o lactente em uma superfície elevada e desprotegida (ex: berço e cama sem a grade elevada, trocador ou divã sem acompanhante); - evitar o uso de cadeira alta até que a criança possa sentar-se bem com apoio; - nunca dormir com a criança no colo; - conter a criança na cadeirinha de segurança e nunca a deixar sem auxílio enquanto o assento estiver descansando sobre uma superfície elevada; - calçar o lactente e a criança com sapatos e roupas seguras (laços de sapato apertados, calças cuja bainha não toquem o chão).
5 Página: 5/7 7. AÇÕES, ACOMPANHAMENTO E MONITORAMENTO DO PACIENTE NA OCORRÊNCIA DE QUEDA - Em caso de ocorrência de queda, o paciente deve ser encaminhado ao leito, avaliado e feito exame físico pelo enfermeiro de plantão; - Concomitantemente, comunicar ao médico responsável pelo paciente para avaliação e conduta condizente com a gravidade da ocorrência. - De acordo com avaliação médica, exame físico e neurológico, pode ser solicitado em caráter de urgência exames diagnósticos como Raio X ou tomografia. Esses exames poderão contribuir no sentido de identificar alguma lesão e propor o tratamento, ou mesmo descartar qualquer lesão decorrente da queda. 8. REGISTROS E NOTIFICAÇÃO NA OCORRÊNCIA DE QUEDA - Os profissionais de enfermagem devem registrar diariamente as condições clínicas e neurológicas do paciente, orientações fornecidas, bem como as medidas implementadas para a prevenção da queda; - Diariamente, o enfermeiro do setor deve incluir no Sistema Informatizado de Indicadores de Qualidade da Assistência de Enfermagem o número de pacientes com risco de queda e sem risco; - Caso haja uma queda, deve ser aberto no Sistema Informatizado de Indicadores de Qualidade da Assistência de Enfermagem, um Relatório de Queda com informações necessárias para registro e acompanhamento. Quando a queda causar um dano ou óbito ao paciente, deverá ser preenchida a notificação de Evento Adverso e encaminhar ao superior imediato. - Quando preencher o formulário manual, o mesmo deve ser encaminhado para a Diretoria de Enfermagem. - Deve-se registrar no espaço referente a dia/hora da evolução/anotação a ocorrência da queda com as circunstâncias em que ocorreu, conduta de enfermagem e médica; No Relato de Queda, consta as seguintes informações: - Período do dia em que ocorreu o evento; - Local da queda; - Ações preventivas pré-queda; - Risco de queda, identificado no dia da ocorrência; - Fatores que predispõem ao risco; - Medicações em uso; - Se o paciente estava sozinho ou com acompanhante; - Relato objetivo da queda testemunhada ou como o paciente foi encontrado caso a queda não tenha sido presenciada; - Avaliação de Enfermagem; - Registro das lesões ou relato do paciente;
6 Página: 6/7 - Morbidade presente; - Conduta médica; - Conseqüências/ complicações decorrentes da queda; - Notificação da família do paciente, se houver indicação; - Orientações fornecidas ao paciente e sua família/cuidador. 9. COMITÊ DE ESPECIALISTAS A Coordenação Assistencial de Enfermagem e o Grupo Assessor da Diretoria de Enfermagem do HSP, dentre suas atribuições destacam-se o desenvolvimento e revisão periódica do protocolo, monitoramento dos indicadores, acompanhamento dos casos críticos, orientação e capacitação da equipe de enfermagem. OBS: O Procedimento Operacional Padrão (POP) sobre Prevenção de Quedas foi desenvolvido e implementado em 2007 pela Diretoria de Enfermagem. Em 2012 ele foi atualizado e ampliado, sendo adotada a forma de um Protocolo. 10. REFERÊNCIAS 1. Diccini S, Pinho PG, Silva FO. Avaliação de risco e incidência de queda em pacientes neurocirúrgicos. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2008; 16(4): Fabrício SCC, Rodrigues RAP, Junior MLC. Causas e conseqüências de quedas de idosos atendidos em hospital público. Rev Saúde Pública. 2004; 38(1): Garcia R, Leme MD, Leme LEG. Evolution of Brazilian elderly with hip fracture secondary to a fall. Clinics. 2006; 61(6): Hamra A, Ribeiro MB, Miguel OF. Correlação entre fratura por queda em idosos e uso prévio de medicamentos. Acta Ortop Bras. 2007; 15(3): Marin HF, Bourie P, Safran C. Development of a system to prevent inpatients falls. Rev Latino-Am Enfermagem. 2000; 8(3): Menezes RL, Bachion MM. Estudo da presença de fatores de riscos intrínsecos para quedas, em idosos institucionalizados. Ciência & Saúde Coletiva 2008, 13(4): Nogueira SL, Geraldo JM, Machado JC, Ribeiro RCL. Distribuição espacial e crescimento da população idosa nas capitais brasileiras de 1980 a 2006: um estudo ecológico. Rev Bras Estud Popul. 2008; 25(1): Paiva MCMS, Paiva SAR, Berti HW, Campana AO. Caracterização das quedas de pacientes segundo notificação em boletins de eventos adversos. Rev Esc Enferm. USP 2010; 44(1):
7 Página: 7/7 9. Pereira SEM, Buksman S, Perracini M, Py L, Barreto KML, Leite VMM. Quedas em Idosos;2001. Disponível em: Perracini MR. Prevenção e Manejo de quedas no idoso. [online]. PEQUI Portal Equilíbrio e quedas em idoso. Disponível em: acoes-estrategicas-gtae/saude-da-pessoa-idosa/oficina-de-prevencao-de-osteoporose- quedas-e-fraturas/artigo_prevencao_e_manejo_de_quedas_no_idoso_- _monica_rodrigues_perracini.pdf 11. Morse JM et al. Development of a scale to identify the fall-prone patient. Canadian Journal on Aging. 1989;8(4): Urbanetto JS, Creutzberg M, Franz F, Ojeda BS, Gustavo AS, Bittencourt HR et al. Morse Fall Scale: tradução e adaptação transcultural para a língua portuguesa. Rev Esc Enferm USP. 2013; 47( 3 ): Ministério da Saúde/ Anvisa/ Fiocruz. Anexo 1: Protocolo de Prevenção de Quedas. Programa Nacional de Segurança do Paciente ELABORAÇÃO Elaborado por: Revisado por: Aprovado por: 2007, 2008, 2009 Luiza Hiromi Tanaka- COREN/SP: Celina Mayumi Morita Saito COREN/SP:49756 Profa. Dra. Maria Isabel S. Carmagnani - COREN: Vanessa Grespan Setz - COREN/SP: Flávio Trevisani Fakih - COREN/SP: Diretora de Enfermagem do HSP Leila Blanes - COREN/SP: Kátia Kazumi Kitazuka - COREN/SP: Flávio Trevisani Fakih COREN: , 2016 Nathalia Perazzo Tereran- COREN/SP:99953 Leila Blanes - COREN/SP: Nathalia Perazzo Tereran- COREN/SP:99953 Leila Blanes - COREN/SP: Heloisa Baccaro Rossetti Santana Crefito: 8946-f Profa. Dra. Maria Isabel S. Carmagnani - COREN: Diretora de Enfermagem do HSP Angelica G. S. Belasco COREN/SP: Diretora de Enfermagem do HSP Angelica G. S. Belasco COREN/SP: Diretora de Enfermagem do HSP
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