Fiec entra na Justiça contra norma fiscal sobre importados

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1 Fonte: Dr. Richard Dotoli (sócio do setor tributário na SCA Rio de Janeiro) MEDIDA DO CONFAZ Fiec entra na Justiça contra norma fiscal sobre importados A ação requer que indústrias importadoras não precisem cumprir com obrigações exigidas pelo Confaz A Federação das Indústrias do Ceará (Fiec) ajuizou na manhã de ontem, na 8ª Vara da Fazenda Pública do Ceará, ação contra a Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz), para que se abstenha de adotar o Ajuste Sinief nº 19, de 7 de novembro de 2012, editada pelo Conselho nacional de Política Fazendária (Confaz). A nova norma, que passa a vigorá a partir de hoje, obriga as empresas a destacarem na Nota Fiscal Eletrônica (NFe), nas operações interestaduais, os valores dos produtos importados, o percentual de conteúdo estrangeiro incorporado aos produtos, bem como o número da Ficha de Conteúdo de Importação (FCI). No Ceará, três empresas já conquistaram na Justiça decisões liminares que as desobrigam de cumprir deveres acessórios previstos no Ajuste Siniel nº 19, do Confaz. Indústrias têxteis são as mais afetadas FOTO: KID JUNIOR Na ação, o presidente da Fiec, em exercício, Carlos Prado, pediu que o juiz desobrigue as empresas filiadas aos 39 sindicatos patronais associados à Federação, de prestar tais obrigações acessórias. Previsto na Resolução nº 13/2012 do Senado,

2 que trata do novo sistema unificado de tributação do ICMS, o Ajuste Sinief nº 19, - votado e aprovado por todos os secretários estaduais da Fazenda -, determina que todas as empresas que utilizem insumos importados deverão preencher e transmitir ao fisco estadual, respectivo, uma ficha para cada item vendido. Na FCI devem constar, dentre outras informações, o valor total dos insumos importados que o industrial utiliza em seu processo produtivo, o valor total do preço de venda e o porcentual de conteúdo importado de um produto ou bem, sem similar nacional, quando este for processado e conter mais de 40% de insumos ou componentes adquiridos no mercado externo. Questionamentos "Essa é uma burocracia a mais para quem trabalha com produtos importados", protesta o presidente do Conselho de Relações Tributárias da Fiec, José Fernando Castelo Branco Ponte. Para ele, a medida irá prejudicar as indústrias, à medida em que torna público, inclusive à concorrência, o preço de aquisição dos insumos e produtos importados pelas empresas brasileiras. Segundo ele, no Ceará, as indústrias do setores têxteis, de calçados sintéticos e de informática, que utilizam muitos componentes e insumos importados, serão as mais prejudicadas. Castelo Branco disse acreditar em uma posição favorável do juiz ao pedido de liminar da Fiec, tendo em vista que já há decisão similar na justiça cearense, em favor de três empresas, sendo uma do setor têxtil, de Santa Catarina, e que tem uma filial no Ceará. Para o advogado tributarista, Richard Dotoli, do escritório de advocacia Siqueira Castro, o Ajuste Sinief nº 19, além de prejudicar a competição entre as empresas, é inconstitucional, por ferir os incisos 10º, 11º e 12º, do Artigo 5º, que reza sobre o princípio de igualdade, e o artigo 170, ambos da Constituição Federal, que trata da livre iniciativa das pessoas e das empresas. "Esta norma preocupa porque obriga as empresas a abrirem seus custos (à concorrência), criando um ambiente anti competitivo", avalia Dotoli. Para ele, a norma extrapola a competência fiscalizatória do Estado, na medida em que pretende, ainda que por via transversa, obrigar o empresário nacional a revelar informações comerciais quanto ao seus custos, ao seu processo produtivo, e sua rentabilidade, protegidas pelo sigilo comercial. Para o advogado, a medida vai gerar grande desconforto comercial entre os agentes do mercado. Sefaz

3 Um dos signatários da medida no Confaz, o titular da Sefaz, Mauro Benevides Filho, explica que "com a mudança, vamos conseguir visualizar o que é importado ou não". Ele avalia que "se for um modelo de declaração simplificado, isso não será um problema às empresas da indústria, e não haverá dificuldade em implantar o sistema". Para ele, não discriminar na nota o que é importado, torna difícil o acompanhamento fiscal desses produtos pelo fisco. Segundo a 8ª Vara da Fazenda Pública, o processo ainda está sob análise do juiz competente. CAE confirma votação adiada de novo projeto Brasília. Na abertura da reunião da manhã de ontem, o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Lindbergh Farias (PT-RJ), confirmou o adiamento, para a próxima terça-feira, dia 7, da votação do projeto que altera as alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em operações interestaduais. A comissão também adiou a análise do projeto de lei complementar que dispõe sobre a criação de um fundo da União para auxiliar Estados, Distrito Federal e municípios, em razão das perdas resultantes da mudança da alíquota do ICMS. O colegiado aprecia agora, outros itens da pauta, como um que obriga os estabelecimentos comerciais a repassar a gorjeta aos garçons. Parecer Na semana passada, a CAE aprovou um parecer do senador Delcídio Amaral (PT- MS), que tenta por fim à chamada guerra fiscal entre os Estados. O texto do relator reduz de 12% para 7%, as alíquotas de ICMS sobre produtos manufaturados e agroindustriais para os Estados do Norte, Nordeste, Centro-Oeste e o Espírito Santo. Para os demais casos, a alíquota cairá paulatinamente de 7%, para 4%. O texto recebeu aval da equipe do Ministério da Fazenda. Originalmente, o governo enviou a proposta de 4% para todas as operações. Nesta semana, os senadores da comissão iriam apreciar os destaques apresentados ao parecer de Delcídio Amaral. Uma das propostas é do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), que defende a ampliação da alíquota de 7% do ICMS também para operações do comércio, nos mesmos moldes da indústria. CARLOS EUGÊNIO REPÓRTER

4 Estado perde R$ 323 mi com mudança Caso a alteração nas alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em operações interestaduais seja aprovada no Congresso Nacional, o Ceará deixará de arrecadar cerca de R$ 323 milhões por ano, segundo o titular da Secretaria da Fazenda, Mauro Filho. Secretário da Fazenda, Mauro Filho, ressalta que maior prejuízo de uma mudança desfavorável ao Estado será econômico FOTO: POMPEU VASCONCELOS A votação do projeto que modifica os percentuais do tributo entre os Estados seria feita, ontem, pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, mas foi remarcada para a próxima terça-feira (7). Depois de votada, a matéria segue para apreciação em plenário. Mauro filho ficou sabendo do adiamento minutos antes de participar de almoço, na Câmara de Desenvolvimento Lojista (CDL) Jovem de Fortaleza, no Centro. Na sede da CDL, o gestor ouviu as principais demandas dos jovens empreendedores e discutiu assuntos referentes ao novo pacto federativo do Brasil, relativos ao ICMS e royalties. Em entrevista ao Diário do Nordeste, o secretário disse que o adiamento da votação da matéria estaria ligado ao encontro do governador do Ceará, Cid Gomes, com a presidente Dilma Rousseff, em Brasília, na última quarta-feira (24). Segundo Mauro Filho, o assunto central da reunião foi a possível mudança nas alíquotas do imposto em operações interestaduais. "Esse encontro implicou no adiamento da votação. Nós estamos pressionando. Juntos, os Estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste vão conseguir reverter essa situação", acredita. O presidente da CAE, Lindbergh Farias (PT-RJ), enviou comunicado aos integrantes do colegiado dizendo que o cancelamento da votação aconteceu devido ao feriado do Dia do Trabalho, comemorado hoje. Arrecadação

5 No Ceará, em 2012, a arrecadação do ICMS saltou 103,59%, em relação a Naquele ano, foram recolhidos R$ 3,7 bilhões, enquanto no ano passado a receita foi de R$ 7,6 bilhões. Impactos econômicos Embora considere negativo o fato de o Estado perder R$ 323 milhões por ano com a mudança nas alíquotas do ICMS interestadual, Mauro Filho destaca que o problema mais grave não são os impactos financeiros, mas econômicos. "A gente corre um grande risco de perder a capacidade de ser competitivo. A mudança acaba com o estímulo que é dado pelo Estado para atrair novas empresas e afasta, inclusive, empresas já instaladas aqui", diz. Guerra fiscal Na semana passada, a CAE aprovou um parecer do senador Delcídio Amaral (PT-MS) que tenta por fim à chamada guerra fiscal entre os estados. O texto do relator reduz de 12% para 7% as alíquotas de ICMS sobre produtos manufaturados e agroindustriais às federações do Norte, Nordeste, Centro-Oeste e o Espírito Santo. Para os outros casos, a alíquota cairá paulatinamente de 7% para 4%. O texto recebeu apoio do Ministério da Fazenda. Originalmente, o governo enviou a proposta de 4% para todas as operações, pressionado por São Paulo e Minas Gerais. FIQUE POR DENTRO Como funciona a tributação e o que é previsto Atualmente, as operações interestaduais têm duas alíquotas. A maior parte dos Estados cobra 12% de ICMS nessas transações. A exceção acontece quando as mercadorias ou serviços vêm das regiões Sul e Sudeste (menos o Espírito Santo). Neste caso, a alíquota é de 7%. A proposta inicial do governo era unificar a alíquota, em todos os Estados, em 4%, até Porém, representantes das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e do Espírito Santo se posicionaram contra a unificação por acharem que isso prejudica a competitividade. Posteriormente, o senador Delcídio Amaral (PT-MS), autor da nova legislação, aceitou fazer ajustes no projeto. O produtos dessas regiões que forem negociados com os demais Estados do Sul e Sudeste terão uma alíquota de 7%. O projeto ainda será votado do Senado.

6 RAONE SARAIVA REPÓRTER Diário do Nordeste, Fortaleza, 01 de maio de Negócios,