PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 9ª REGIÃO "A conciliação é o melhor caminho para a paz"
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- Mafalda Andrade de Escobar
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1 ENQUADRAMENTO SINDICAL. COOPERATIVA DE CRÉDITO RURAL. ENQUADRAMENTO. O fator de agregação dos trabalhadores não é a profissão por eles exercida, mas a natureza da atividade preponderante do empregador (artigo 570 e seguintes da CLT). O enquadramento sindical dos empregados ocorre, em regra, em relação à atividade principal do empregador, entendida, na esteira do que dispõe o 2º do artigo 581 do Diploma Consolidado, como aquela "[...] que caracterizar a unidade do produto, operação ou objetivo final, para cuja obtenção todas as demais atividades convirjam, exclusivamente, em regime de conexão funcional". Excepcionam-se as hipóteses de categoria diferenciada, consoante artigo 511, parágrafo 3º e artigo 577 da Carta Consolidada. A categoria econômica correspondente, por sua vez, é formada pelo grupo de empresas do mesmo setor, que desenvolvem preponderantemente a mesma atividade. É certo que a cooperativa de crédito, caso da primeira demandada, possui algumas características peculiares que a definem como instituição financeira, a exemplo do fato de integrar o Sistema Financeiro Nacional (art. 192 da Constituição da República), ter sua atividade condicionada a prévia autorização do Banco Central (art. 18, 1, da Lei 4.595/64) e sujeitar-se à intervenção e liquidação extrajudicial efetuada e decretada pelo Banco Central do Brasil (art. 1 da Lei 6.024/74). Todavia, a cooperativa de crédito rural, embora realize atividades financeiras, não pode ser equiparada às instituições financeiras bancárias, dadas as diferenças estruturais e operacionais que apresentam entre si, dentre elas o fato da cooperativa constituir associação de pessoas com objetivos sociais e econômicos comuns, sem objetivo de fls.1
2 RECURSO ORDINÁRIO, provenientes da lucro. A cooperativa de crédito rural não exerce todas as atividades tipicamente bancárias e seus empregados não são integrantes da categoria dos bancários, como, aliás, é entendimento consagrado pela OJ/SDI/TST 379. Em essência, dessarte, não há como equiparar as cooperativas de crédito com entidades bancárias para efeito de representação sindical. V I S T O S relatados e discutidos estes autos de VARA DO TRABALHO DE ROLÂNDIA - PR, sendo recorrente SINDICATO DOS TRABALHADORES E EMPREGADOS EM ESTABELECIMENTOS BANCARIOS E SIMILARES OU CONEXOS DE LONDRINA E REGIÃO e recorridos FEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES CELETISTAS NAS COOPERATIVAS NO BRASIL e CREDIALIANCA COOPERATIVA DE CRÉDITO RURAL. RELATÓRIO Inconformado com a sentença de fls , complementada pela decisão resolutiva de Embargos de Declaração de fls , , e , que julgou improcedentes os pedidos formulados na inicial, recorre o autor a este Tribunal, postulando o reconhecimento de representante dos empregados da cooperativa de crédito rural demandada e a nulidade do ACT firmado com o Sindicred (fls. 251/262). Custas processuais recolhidas (fls. 264) Contrarrazões apresentadas pelas rés às fls e fls.2
3 Em conformidade com o art. 20 da Consolidação dos Provimentos da Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho e a teor do disposto no art. 45 do Regimento Interno deste E. Tribunal Regional do Trabalho, os presentes autos não foram enviados ao Ministério Público do Trabalho (Lei Complementar 75/93). FUNDAMENTAÇÃO ADMISSIBILIDADE Presentes os pressupostos legais de admissibilidade, CONHEÇO do recurso ordinário interposto, bem assim das contrarrazões oferecidas. MÉRITO REPRESENTAÇÃO SINDICAL - COOPERATIVA DE CRÉDITO RURAL O MM. juízo de primeiro grau rejeitou o pedido de declaração de nulidade do acordo coletivo firmado entre as rés (CREDIALIANÇA COOPERATIVA DE CRÉDITO RURAL e FEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES CELETISTAS NAS COOPERATIVAS NO BRASIL) e indeferiu os demais pedidos formulados na inicial pelo SINDICATO DOS TRABALHADORES E EMPREGADOS EM ESTABELECIMENTOS BANCÁRIOS E SIMILARES OU CONEXOS DE LONDRINA E REGIÃO. A sentença teve como fundamento precípuo o fato da primeira reclamada (CREDIALIANCA) não exercer atividades tipicamente bancárias e de seus empregados não serem integrantes da categoria dos bancários: fls.3
4 "É certo que a atividade da reclamada de financiamento de crédito aproxima as condições de trabalho de seus empregados aos bancários, mas não as iguala. Ainda que o ramo de atuação preponderante da reclamada se refira a formação de poupança e assistência financeira aos associados, suas atividades não são tipicamente bancárias, pois a sua finalidade social não objetiva o lucro, mas tem como objetivo primordial prestar assistência aos seus cooperados. Ademais, a atividade desenvolvida pela cooperativa de crédito não abrange todas as atividades prestadas por banco, pois estas não se restringem apenas ao empréstimo de dinheiro. Assim, em razão das atividades executadas pela reclamada não abranger as atividades de banco, sendo inclusive diversas as suas finalidades sociais, deve ser aplicado à primeira reclamada o instrumento coletivo trazido aos autos". Irretocável a decisão de fundo. A regra prevista no 2º do artigo 511 da CLT define o enquadramento sindical a partir da "[...] similitude de condições de vida oriunda da profissão ou trabalho em comum, em situação de emprego na mesma atividade econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas, compõe a expressão social elementar compreendida como categoria profissional". Assim, o fator de agregação dos trabalhadores não é a profissão por eles exercida, mas a natureza da atividade preponderante do empregador (artigo 570 e seguintes da CLT). O enquadramento sindical dos empregados ocorre, em regra, em relação à atividade principal do empregador, entendida, na esteira do que dispõe o 2º do artigo 581 do Diploma Consolidado, como aquela "[...] que caracterizar a unidade do produto, operação ou objetivo final, para cuja obtenção todas as demais atividades fls.4
5 convirjam, exclusivamente, em regime de conexão funcional". Excepcionam-se as hipóteses de categoria diferenciada, consoante artigo 511, parágrafo 3º e artigo 577 da Carta Consolidada. A categoria econômica correspondente, por sua vez, é formada pelo grupo de empresas do mesmo setor, que desenvolvem preponderantemente a mesma atividade. No sentido acima exposto é a doutrina abaixo transcrita: [...] O enquadramento sindical patronal faz-se pelo princípio da atividade preponderante da empresa, sendo que em decorrência da categoria econômica cria-se a categoria profissional, isto é, os trabalhadores são enquadrados na associação correspondente àquela em que estão enquadrados os respectivos empregadores. (SOUZA, Mauro César Martins de. Vigia e Vigilante - Elementos Caracterizadores no Direito do Trabalho. Publicada na Síntese Trabalhista fevereiro de 2002, p. 144). ilustre jurista Maurício Godinho Delgado: A respeito do tema, transcreve-se também a orientação do [...] O ponto de agregação na categoria profissional é a similitude laborativa, em função da vinculação a empregadores que tenham atividades econômicas idênticas, similares ou conexas. A categoria profissional, regra geral, identifica-se, pois, não pelo preciso tipo de labor ou atividade que exerce o obreiro (e nem por sua exata profissão), mas pela vinculação a certo tipo de empregador. Se o empregado de indústria metalúrgica labora como porteiro (e não em efetivas atividades metalúrgicas), é, ainda assim, representado legalmente pelo sindicato de metalúrgicos, uma vez que seu ofício de porteiro não se enquadra como categoria diferenciada. Nessa linha é que sintetiza Amauri Mascaro Nascimento: "sindicato por categoria é o que representa os trabalhadores de empresas de um mesmo setor de atividade produtiva ou prestação de serviços. As empresas, do mesmo setor, por seu lado, formam a categoria econômica correspondente. fls.5
6 Esse tipo de associação é chamado de sindicato vertical. Efetivamente, ele se estende no mercado de trabalho abrangendo, regra geral, a ampla maioria dos empregados das várias empresas, na respectiva base territorial da entidade, que tenham similitude de atividades econômicas. Portanto, ele atinge, verticalmente, as empresas economicamente afins (empresas bancárias, comerciais, metalúrgicas, etc.)". (DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 13. ed. LTr: São Paulo, 2014, p. 1394). É certo que a cooperativa de crédito, caso da primeira demandada, possui algumas características peculiares que a definem como instituição financeira, a exemplo do fato de integrar o Sistema Financeiro Nacional (art. 192 da Constituição da República), ter sua atividade condicionada a prévia autorização do Banco Central (art. 18, 1, da Lei 4.595/64) e sujeitar-se à intervenção e liquidação extrajudicial efetuada e decretada pelo Banco Central do Brasil (art. 1 da Lei 6.024/74). Todavia, a cooperativa de crédito rural (fl. 191), embora realize atividades financeiras, não pode ser equiparada às instituições financeiras bancárias, dadas as diferenças estruturais e operacionais que apresentam entre si, dentre elas o fato da cooperativa constituir associação de pessoas com objetivos sociais e econômicos comuns. De acordo com o artigo 3º da Lei n /71, a sociedade cooperativa, diferentemente das instituições financeiras, não objetiva lucro e compõe-se por pessoas com interesses e objetivos comuns, que se obrigam reciprocamente a colaborar com bens ou serviços para a persecução destes, ou seja são sociedades de pessoas constituídas para prestar serviços aso associados (art. 4º). Em essência, dessarte, não há como equiparar as cooperativas de crédito com instituições financeiras bancárias. fls.6
7 Nesse sentido, inclusive, sinaliza a jurisprudência mais atual, notória e iterativa do Colendo TST, ao analisar a questão do enquadramento sindical dos empregados de cooperativas de crédito para efeito de jornada de trabalho, como se observa da OJ/SDI 379 a seguir reproduzida: EMPREGADO DE COOPERATIVA DE CRÉDITO. BANCÁRIO. EQUIPARAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Os empregados de cooperativas de crédito não se equiparam a bancário, para efeito de aplicação do art. 224 da CLT, em razão da inexistência de expressa previsão legal, considerando, ainda, as diferenças estruturais e operacionais entre as instituições financeiras e as cooperativas de crédito. Inteligência das Leis n.os 4.594, de , e 5.764, de Oportuno salientar, conforme argutamente ponderou o MM. Juízo de origem, que o sindicato autor sequer suscita alguma irregularidade em relação à legitimidade do Sindicato dos Trabalhadores em Cooperativas de Crédito do Estado do Paraná, pois fundamenta sua impugnação exclusivamente no princípio da anterioridade (fls. 222/223). Inclusive, a respeito do sindicato representativo da categoria bancária não representar os membros das cooperativas de crédito já se pronunciou este Egrégio TRT, em acórdão da Egrégia 5ª Turma deste Tribunal, da lavra do Excelentíssimo Desembargador Dirceu Buys Pinto Junior, nos autos sob n. TRT-PR , em que salientado: "o objetivo primordial da cooperativa de crédito não guarda relação com a atividade principal das instituições bancárias", enfatizando: "Em que pese o ramo de atuação preponderante da reclamada se referir à assistência financeira aos cooperados, suas atividades não são fls.7
8 tipicamente bancárias. O lucro não consta como um de seus objetivos sociais e a atividade desenvolvida diz respeito a uma pequena parte dos negócios bancários. Como cooperativa de crédito, a ré não tem acesso direto, por exemplo, ao serviço de compensação de cheques e outros papéis, à reserva bancária e ao mercado interfinanceiro. (...) Uma vez que a reclamada executa apenas algumas atividades prestadas por banco, que não possui as mesmas finalidades sociais que este e que sua atuação restringe-se ao atendimento da clientela cooperada, aos seus empregados não se aplicam os instrumentos coletivos referentes à categoria dos bancários". Por todo o exposto, não sobressai razoável definir no caso vertente a representação sindical das demandadas a partir de decisão proferida em ação de consignação em pagamento, na medida de seus efeitos intra partes, restritos ao âmbito daquela demanda, em que "a cognição na ação consignatória limitou-se a indicar qual seria o sindicato legítimo a receber os valores que foram objeto daquela ação. Não houve desta forma, apreciação efetiva sobre a legitimidade de representação sindical da consignante naqueles autos" (fls. 231/235). firmado entre as rés. Mantém-se. Nesse contexto, descabe a pretensa nulidade do ACT Pelo que, ACORDAM os Desembargadores da 3ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, por unanimidade de votos, CONHECER DO RECURSO ORDINÁRIO DO SINDICATO AUTOR, bem assim das contrarrazões. No mérito, sem divergência de votos, termos da fundamentação. NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, nos fls.8
9 Custas inalteradas. Intimem-se. Curitiba, 22 de outubro de ROSEMARIE DIEDRICHS PIMPÃO DESEMBARGADORA RELATORA amc fls.9
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