Teoria do Treino da Tomada de Decisão no Desporto

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1 Teoria do Treino da Tomada de Decisão no Desporto Duarte Araújo (1), Pedro Passos (1)(2) & Pedro Esteves (1) (1) Laboratório de Psicologia do Desporto Faculdade Motricidade Humana Universidade Técnica de Lisboa (2) Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Contacto: daraujo@fmh.utl.pt 1

2 Não há nada mais prático que uma boa teoria Kurt Lewin 1. Introdução Um dos aspectos fascinantes no desporto é o comportamento decisional do atleta nos seus variados níveis de perícia: como é que o jogador resolve a situação onde está inserido para atingir o seu objectivo? A explicação da tomada de decisão tem sido feita sobretudo com base na teoria do processamento de informação de Claude Shannon e Warren Weaver (1949), ambos engenheiros e matemáticos. Nesta influente teoria, a informação refere-se à quantidade de incerteza que é reduzida quando aparece um sinal. Por exemplo, no meio de uma situação com muitos jogadores (com ruído, que por isso mesmo é tido como gerador de incerteza), o árbitro distingue aquele que agarra o adversário (o sinal ). A quantidade de informação contida num sinal (aquilo que se pretende identificar) é medida em bits (que quer dizer binary digits dígitos binários). Um bit é uma escolha sim/não (ou 1/0) entre diferentes alternativas. O número de bits indica o menor número de decisões sim/não necessárias para resolver o problema criado numa dada situação. Por exemplo, se numa situação forem possíveis oito escolhas, um atleta deveria responder em três passos binários (i.e., respostas de sim/não), o que implica um processamento de informação de 3 bits. Esta forma de tomar decisões (de processar informação) não é condizente com o comportamento humano mas sim com o funcionamento de sistemas informáticos. No enquadramento complexo e dinâmico do mundo onde vivemos as fontes de informação e as situações nem sempre estão definidas à partida, nem são respondíveis apenas em sim/não ou 1/0. Esta tendência computacional da teoria do processamento de informação é entendível a partir da sua génese, já que a sua criação correspondeu à necessidade de explicar os aspectos formalmente definidos da comunicação em sistemas de controlo (p.ex., envio e recepção de 2

3 mensagens de telégrafo) e não os aspectos subjacentes às interacções informacionais entre um indivíduo e o ambiente onde se insere. Uma primeira evidência de que esta teoria não corresponde a muitos dos processos psicológicos do atleta em acção, é que a teoria da informação aplica-se, na melhor das hipóteses, à capacidade de discriminar entre alternativas definidas a priori. Contudo, se se pretender que essa selecção seja informativa, o conjunto de opções tem de ser, por princípio, previamente conhecido. Por sua vez, o reconhecimento dessa fonte de informação depende de um processo perceptivo empobrecedor já que equivale a variável informacional a um mero conjunto de estímulos Se a informação até ser interpretada apenas equivalesse a estímulos, a problemática que envolve a distinção entre diferentes estímulos, como por exemplo a bola, o adversário, ou os colegas seria irresolúvel. Na verdade, para o atleta, estas situações oferecem-lhe informações bem distintas. Curiosamente, na psicologia tradicional não há uma resposta para a questão qual é a informação de um estímulo?. As interacções entre o indivíduo e o ambiente exigem informação no sentido de ser informação acerca de alguma coisa, ou específica a alguma coisa; ou seja, um tipo de informação que permita a percepção (a detecção) de alguma coisa, em vez de ser a discriminação (a distinção) entre coisas. Os lugares, os objectos, ou os acontecimentos especificam aquilo que são realmente, ou seja, quando são percepcionados, o indivíduo detecta a informação que estes têm disponíveis sobre eles próprios e que é por si só detectável. Perante a mesma situação, uns indivíduos detectam uma informação e outros outra, de acordo com as capacidades de cada um (há variáveis informacionais que alguns indivíduos não conseguem detectar, mesmo que esteja disponível no ambiente: por exemplo, um indivíduo que nunca tenha visto um jogo de futebol não conseguirá identificar um fora de jogo. Isto não impede que essa fonte de informação esteja disponível no jogo). A informação é específica simultaneamente do ambiente e das capacidades do indivíduo. 3

4 Uma das premissas mais questionáveis das teorias da tomada de decisão vigentes (p.ex., o processamento de informação) é a assunção do jogador enquanto máquina que necessita de um estímulo para iniciar o seu funcionamento, caso contrário, continua passivo. Além desta visão mecanicista, as teorias clássicas da tomada de decisão prevêem apenas decisões estáticas, que acontecem num dado momento (ou em momentos sequenciais), e não a interdependência de decisões e acções que caracteriza o funcionamento do jogador em competição. No cerne desta nossa análise está, portanto aquilo que Laguna (2002) define como táctica individual: a capacidade do jogador para tomar decisões durante o jogo (p.5), conceito este que é partilhado por muitos outros treinadores de diversas modalidades. A tomada de decisão do atleta em competição num desporto como o Basquetebol, por exemplo, acontece na sua acção, não sendo um processo prévio que decorre apenas na cabeça do jogador. O jogador pode ter planos para a competição, mas o modo como resolve as situações é muito influenciado pelo que está a acontecer na própria situação. Sabendo que a acção de verbalizar é diferente da acção de jogar, se o treinador pretende ensinar o jogador a jogar bem, necessita de compreender e desenvolver a acção táctica dos seus atletas. Defendemos, com isto, que a afinação perceptiva é a essência da acção táctica, enquanto a reflexão consciente (verbalizável) assume um papel secundário no processo de tomada de decisão dinâmica. Porém, estamos de acordo que esta reflexão pode ajudar muitos jogadores a tornarem-se perceptivamente afinados (i.e., sensibilizados a detectar fontes de informação que permita juízos perceptivos mais eficazes) às fontes de informação relevantes do contexto onde actuam. O que queremos dizer é que esta competência de se reflectir sobre a tomada de decisão em competição ou em treino, designada por meta-decisão, não é o mesmo que decidir em competição ou em treino. E aquilo que se pretende do jogador é que decida bem (i.e. atinja os objectivos específicos de uma tarefa), sendo a meta-decisão uma possível ajuda, e não um fim em si mesma. 4

5 Ao analisarmos a competição, verificamos que as acções nunca são iguais nem os jogos se repetem, por mais semelhanças que possam existir entre eles. Isto indica precisamente que, embora a estratégia possa ser planeada antecipadamente, a resolução das situações do jogo é sempre única. Esta realidade é ainda mais evidente quando constatamos que os jogadores previsíveis (que programam ou mecanizam as suas acções) não são os que constituem maior perigo para a equipa adversária. Pelo contrário, os jogadores criativos que resolvem autonomamente as situações numa lógica colectiva são os que mais problemas criam aos adversários. 2. A ecologia da competição como um sistema complexo A ecologia do jogo é fundamental para a compreensão do desempenho eficaz dos atletas (Araújo, 2005; 2006; Araújo et al., 2006). Para a consecução deste propósito, ao contrário do que a teoria do processamento de informação advoga, é necessário que se atenda à complexidade e à dinâmica do jogo. O conceito de Complexidade detém uma conotação multidimensional. Uma perspectiva sistémica mostra como as competições desportivas podem diferir em complexidade. Por exemplo, algumas são caracterizadas por interacções directas entre atletas e adversários (e.g. judo), ao passo que outras são caracterizadas essencialmente pela interacção entre dois grupos de atletas que cooperam internamente entre os seus elementos (e.g. rugby). Para perceber o desporto é necessária uma descrição com múltiplas escalas, desde a neuronal, passando pela hormonal, biomecânica, psicológica, social, até à organizacional e cultural. Uma abordagem que ligue e atenda às diferentes escalas de influência do desempenho desportivo permite compreender, entre outras coisas, que parâmetros de uma escala micro são mais relevantes para uma escala macro. Por exemplo, de que modo 5

6 jogadores excepcionais têm tanto impacto na sua modalidade e na sociedade em geral (Maradona, Michael Jordan,...), ou simplesmente porque há equipas que diminuem muito o seu rendimento quando determinado jogador titular não joga. A formação de padrões é talvez a maior contribuição que os sistemas complexos podem dar ao desporto. Quando se analisa a formação de padrões, um aspecto interessante é o de se perceber como o padrão anterior (p.ex., equilíbrio entre atacantes e defesas) originou o padrão actual (vantagem dos atacantes). Diversos estudos efectuados no desporto (Araújo, 2006) demonstraram que pequenas variações (perturbações) podem permitir a recuperação do padrão anterior, mas variações de maior magnitude podem originar mudanças radicais nas propriedades desse sistema, originando um novo padrão. O estudo da dinâmica de fenómenos com várias transições de padrões (p.ex., um jogo) não deverá sustentar-se em estatísticas descritivas, já que se corre o risco de perder o essencial do fenómeno, isto é, como se originam e mantêm os padrões (p.ex., como se origina uma situação de ataque que culmina em golo). A manutenção do padrão (p.ex., transição defesa-ataque) depende de tendências autónomas de organização, e não de um supra-organizador que controla os diversos intervenientes. A auto-organização, enquanto capacidade de manter relações padronizáveis estáveis e instáveis entre as partes do sistema, é o processo que explica o facto das partes se ajustarem espontaneamente umas às outras. Naturalmente que uns subsistemas (p.ex., sectores da equipa) podem limitar ou influenciar o comportamento de outros subsistemas. Ao passo que a auto-organização mantém os padrões na sua dinâmica, a transição entre padrões dá-se essencialmente devido a um fenómeno chamado emergência. Este conceito está relacionado com a dependência que o todo tem das partes, com a interdependência das partes, e com a especialização das partes. O estudo da dinâmica dos sistemas deve implicar a análise das partes integradas no todo, porque só assim é que estas expressam representatividade e conferem sentido e identidade ao todo (p.ex., acção do 6

7 guarda-redes relativa à dinâmica posicional do bloco defensivo). A natureza dos sistemas complexos pode ser identificada pela investigação dos efeitos que uma das partes produz no comportamento das outras (p.ex., como é que os defesas influenciam os médios), e do todo (p.ex., qualidade de jogo da equipa). As transições nos padrões comportamentais e a coordenação entre atletas são manifestações de emergência que desafiam o conceito de representações mentais. Esta acepção sustenta-se na frágil plausibilidade das soluções encontradas pela equipa se encontrarem na cabeça dos atletas. A lista seguinte de características interrelacionadas pretende ser abrangente o suficiente para incluir os diferentes tipos de complexidade que podem ser encontrados em sistemas complexos como é o caso da competição desportiva (cf., Araújo et al., 2006, Davids, Button & Bennett, 2007): 1) Possibilidades ilimitadas. A competição desportiva tende a ser composta por muitos elementos e forças de natureza diversa. Como resultado, o número de factores potencialmente relevantes que devem ser tidos em consideração pelos treinadores e pelos atletas pode ser enorme. Por exemplo, num jogo de futebol a possibilidade de combinações entre jogadores é ilimitada. Neste sentido, a sessão de treino deve ser rentabilizada para permitir que o atleta aprenda a lidar com todo o espaço de possibilidades, sem exceder os recursos disponíveis (energéticos, informacionais, materiais). 2) Interacção social. A competição desportiva é normalmente composta por muitas pessoas (i.e. atletas, treinadores, dirigentes, médicos, familiares, etc.) que devem trabalhar em conjunto de modo a permitir que todo o sistema funcione devidamente. Isto cria a necessidade de uma comunicação clara entre as diferentes partes envolvidas para que as acções sejam eficazmente coordenadas. 7

8 3) Localização distribuída. As exigências associadas à coordenação social são afectadas pelo facto de diferentes pessoas se localizarem em lugares distintos, quando pretendem comunicar e coordenar as suas acções e decisões para atingir um objectivo (p.ex., os jogadores durante o jogo). 4) Ocorrência de acidentes. Há também um elevado grau de potenciais acidentes em certos tipos de competições uma vez que crenças, objectivos, ou acções inapropriadas podem induzir consequências catastróficas (p.ex., a morte), ameaças à segurança pública (p.ex., o comportamento violento de um atleta pode instigar lutas violentas entre claques rivais), consequências económicas (p.ex., desinteresse por parte dos patrocinadores), ou estragos ambientais (p.ex., práticas desadequadas de montanhismo). Nestes casos, não existe espaço para uma metodologia de tentativa e erro. 5) Acoplamento constitutivo. Os eventos desportivos também tendem a ser compostos por muitos subsistemas que estão altamente acoplados (i.e., dependem da interacção para funcionar). Esta característica faz com que seja muito difícil, senão impossível, predizer todos os efeitos de uma acção, pois as vias de propagação podem ser divergentes (Araújo et al., 2004). 6) Incerteza. Há tendência para haver incerteza nas fontes de informação disponíveis para os atletas (p.ex., grau de contribuição dos jogadores suplentes, decisões estratégicas do treinador adversário). Devido a esta característica, o acesso ao verdadeiro estado de uma competição é, em teoria, impossível. Além disso, os atletas devem distinguir mudanças que são causadas por acontecimentos na competição, daquelas que são causadas por variações aleatórias. Portanto, haverá sempre a necessidade de resolução continuada de problemas (Araújo, Davids & Serpa, 2005). 8

9 7) Perturbações. Os atletas são também responsáveis por lidarem com acontecimentos não antecipáveis (p.ex., dois cartões vermelhos a jogadores da mesma equipa no mesmo jogo). Os jogadores devem improvisar e adaptar-se rapidamente às contingências de eventos não antecipados para manter a produtividade da equipa (McGarry et al., 2002). Assim, os programas de treino não se podem basear estritamente nas situações esperadas ou frequentes. Mas também em condições raras, difíceis de antecipar, quer pelos treinadores, quer pelos atletas. 8) A indeterminação do comportamento. Tal como temos vindo a evidenciar o comportamento não é determinista (Glimcher, 2005). Para o comportamento ser eficiente é necessário manter uma certa dose de aleatoridade irredutível. 9) Existência de múltiplos graus de liberdade independentes e variáveis. Graus de liberdade são componentes independentes de um sistema que podem agregar-se de muitas formas (p.ex., numa equipa os jogadores são graus de liberdade independentes que se relacionam entre si, constituintes de uma entidade maior). 10) O potencial para comportamento não-linear. Uma vez que as partes do sistema podem interagir de muitas formas, os estados de organização do sistema podem manifestar transições abruptas. Por exemplo, as flutuações no desempenho de uma equipa ao longo de um jogo ou de uma época. É importante enfatizar que nem todas as competições desportivas têm a mesma expressão em todas estas dimensões. Há diferenças importantes entre diversos desportos (p.ex., vela e basquetebol), portanto algumas características podem até nem ser relevantes nalguns sistemas, enquanto outras serão. Importa sobretudo destacar que estas dimensões devem ser analisadas de modo a que se perceba como constrangem a eficácia do atleta em competição. Uma vez analisadas as características dos sistemas complexos, clarificaremos com maior detalhe a sua dimensão temporal enquanto sistemas dinâmicos. 9

10 2.1. Características dos sistemas dinâmicos Além de ser complexa, a competição desportiva é dinâmica. A hipótese subjacente à aplicação da teoria dos sistemas dinâmicos é que a morfologia do comportamento humano pode ser formalizada matematicamente em termos mais simples que a descrição única de cada situação, i.e., em termos de sistemas dinâmicos com menores dimensões (Kugler et al., 1980). Os modos estáveis e preferidos do sistema de comportamento podem ser identificados em termos de atractores e transições qualitativas entre estes, através de bifurcações. As ideias básicas sobre sistemas dinâmicos incluem: 1) o conceito de espaço de estado (i.e., a totalidade hipotética de todos os estados de ordem possíveis, os quais são alcançáveis através de um sistema de acção; 2) a ideia de um conjunto de possíveis trajectórias que um sistema de acção pode tomar no espaço de estado; e 3) o uso da matemática para descrever as leis que determinam as formas das trajectórias do sistema de movimento. As aplicações da teoria dos sistemas dinâmicos ao comportamento humano estudam como padrões de movimento coordenado emergem, persistem e transitam. Baseia-se na ideia de que os sistemas biológicos consistem num grande número de partes em interacção, que têm a capacidade de formação espontânea de padrões. A criação espontânea de padrões macroscópicos nos sistemas biológicos de movimento é importante pois fornece pistas sobre os processos de tomada de decisão. Deste modo é possível o estudo de padrões macroscópicos emergentes (p.ex., decidir rematar ou passar) em termos da dinâmica de uma ou de várias variáveis colectivas (p.ex.,relação entre jogador adversário directo, colega e baliza), sem que se tenha de saber todos os estados microscópicos do sistema (p.ex., pensamentos, emoções, direcção do olhar, preferências pessoais, instruções do treinador, etc.). Por seu lado, quando a dinâmica dos fenómenos microscópicos é identificada, é mais compreensível a dinâmica do sistema global mesmo numa lógica de cima para baixo, analisando-se, por sua vez, a sua 10

11 influência (macro) nos componentes (micro) do sistema. Simultaneamente, esta abordagem expande e modifica o conceito de auto-organização em sistemas não-vivos pela introdução de novos conceitos de forma a atender ao facto do comportamento humano ser também caracterizado por formas de auto-organização dirigidas ou supervisionadas (i.e., através das intenções pessoais ou da condução de um treinador). Contudo, tal como argumentou Van Gelder (1998), a teoria dos sistemas dinâmicos é uma perspectiva muito geral que deve ser adaptada, complementada e refinada para se ajustar ao fenómeno a ser analisado, tal como a tomada de decisão no desporto. Esta aplicação implica normalmente fundir o estudo da dinâmica do sistema com outras abordagens teóricas, como acontece com a psicologia ecológica. Por isso, é necessária uma abordagem teórica ao comportamento humano para situar a dinâmica específica observada em sistemas biológicos de movimento. Uma vez que a interpretação dos sistemas dinâmicos do comportamento humano cruza os limites tradicionais a nível do cérebro, corpo e ambiente, os fenómenos cognitivos podem ser analisados na interacção entre atleta e ambiente, numa concepção teórica e vocabulário uniformes, facilitando a compreensão das interacções complexas entre os dois. 3. A dinâmica ecológica da tomada de decisão em competição Em competição os jogadores não estão perante um conjunto de estímulos conhecidos à partida, mas antes influenciam uma situação com inúmeras variáveis, que muda ao longo do tempo. As fontes de informação estão no contexto, e os jogadores peritos distinguem-se precisamente por agir para encontrar as variáveis informacionais que lhes permitem atingir o seu objectivo. Estes contextos caracterizados pela variabilidade implicam obrigatoriamente que o jogador seja activo, que acompanhe a dinâmica do que se passa à sua volta, em vez de passivamente esperar por estímulos para dar respostas. Mais do que trazer toda a informação 11

12 do jogo para dentro da sua cabeça, o jogador tem de detectar e usar as fontes de informação que estão no jogo e que estão sempre a ser actualizadas. É esta interacção jogador-jogo que forma o sistema onde são resolvidos os problemas. Portanto, as situações não podem ser previamente resolvidas no cérebro do jogador, nem são resolvidas exclusivamente por este. Pelo contrário, o jogador explora e alcança aquilo que o contexto permite. Naturalmente que o jogador tem objectivos e intenções. Estas intenções constrangem, obviamente as suas acções. Mas as acções são também constrangidas, ou influenciadas, por outras variáveis, como por exemplo as acções do adversário, as acções dos colegas, etc. É da interacção de todas estas variáveis que emerge a decisão, e não apenas da intenção do jogador. Esta abordagem ecológica, distingue-se por rejeitar o dualismo e ao fazer isso está a defender que a psicologia não está na cabeça do praticante, mas antes na interacção entre o praticante e o ambiente. Outro aspecto importante desta abordagem é ser funcionalista, ou seja procura mais saber para que serve uma dada capacidade (p.ex., a tomada de decisão) do que o que a constitui. Um dos aspectos mais distintivos desta abordagem é o facto de ser realista. Ou seja parte do princípio que o mundo existe enquanto tal e que os indivíduos o percepcionam de acordo com as suas próprias características. Portanto, o mundo não é uma interpretação, nem um conjunto de símbolos na mente, nem mesmo uma construção mental feita pelo indivíduo. O mundo é o que é (é a realidade), independentemente do que o organismo percepciona. Vemos aqui que a psicologia ecológica se distingue da visão construtivista do ensino do jogo para a compreensão (Bunker & Thorpe, 1982), a qual tem influenciado (e a nosso ver positivamente) os jogos desportivos com bola (ver Araújo, 2006, para uma discussão). Neste sentido torna-se óbvio que, segundo a psicologia ecológica, a capacidade psicológica pela qual acedemos ao mundo e agimos nele é a percepção. Em contraste com a primazia da memória assumida pelas correntes tradicionais, tais como as construtivistas (a interpretação do mundo constrói-se e armazena-se na mente), a psicologia 12

13 ecológica orienta-se para a primazia da percepção (acede-se ao mundo por via empírica). A generalidade das abordagens tradicionais da psicologia ao sublevarem o papel da memória, arrogam que é através dela que se controla e organiza o comportamento e que é através dela que conhecemos o mundo (medeia o nosso acesso ao mundo). Por outro lado, a psicologia ecológica defende que temos acesso directo ao mundo (i.e., a percepção é directa), ao passo que as outras perspectivas defendem que não temos acesso directo ao mundo, mas antes a uma representação mental, a um esquema mental, a um estado neuronal, o qual, esse sim, acede ao mundo e lhe dá significado (a percepção é indirecta ou mediada, ou seja a percepção dos estímulos tem de ser interpretada pela mente/mediador para se tornar compreendida pelo sujeito). Todos os aspectos que acabámos de referir desembocam numa hipótese que distingue a psicologia ecológica de Gibson: a percepção é específica das propriedades ambientais que são percepcionadas, i.e., a informação especifica as propriedades ambientais. Esta hipótese da especificidade diz que são os objectos, as superfícies e os eventos que têm disponível a informação que diz o que estes são. As relações que existem entre o mundo e a energia ambiente deram azo ao que Gibson (1979) designou por especificação. Uma tarefa (p.ex., uma pancada no golfe) que o indivíduo tenha para realizar tem-lhe inerentes padrões de energia (potencial estimulação sensorial), e o indivíduo tem-lhe inerente o poder de recolher essa informação. A hipótese da especificidade não exige nenhum processo perceptivo particular, mas antes, torna possível que a percepção seja directa e verídica (por oposição a construída). Gibson (1979), na sua teoria da percepção directa, enfatizou que os humanos e os outros animais percepcionam e agem em substâncias (e.g., água), superfícies (e.g., o chão em torno da água), lugares, (e.g., uma piscina), objectos (e.g., uma bola) e acontecimentos (e.g., uma competição de pólo aquático) existentes no ambiente. Tais propriedades fornecem oportunidades para a acção definidas ao longo da relação complementar entre o ambiente e a 13

14 pessoa. Estas oportunidades, ou possibilidades para a acção, conhecidas como affordances (Gibson, 1966, 1979) não são nem fenomenológicas, nem subjectivas. As affordances são definidas pelas relações complementares entre propriedades objectivas, reais e físicas, e são ecológicas, uma vez que são propriedades do ambiente em relação ao atleta (Turvey & Shaw, 1999). As affordances são, então, o ponto de partida para o estudo ecológico do que os indivíduos percepcionam, o que aprendem e sabem, e como decidem e agem (Turvey, 1992). Este ponto de vista implica que, por exemplo, para uma affordance, o que uma substância é e o que uma substância significa são inseparáveis. O constrangimento do comportamento pela detecção de affordances inclui, numa actividade unitária, o processo de percepcionar e o de cogitar (Turvey & Shaw, 1999). De acordo com Fajen, Riley & Turvey (in press) há vários pontos que devem ser clarificados sobre o conceito de affordances: a) As affordances são reais. O que quer dizer que estas podem ser especificadas em padrões de energia ambiental disponível para o atleta utilizar. Neste caso, as affordances não dependem de nenhum processo de construção mental podendo ser percepcionadas directamente. b) As affordances não são propriedades dos objectos ou do ambiente, mas sim específicas do atleta. Isto quer dizer que são definidas de acordo com as capacidades de acção de um dado indivíduo. Implícito a esta proposição é a afirmação de individualidade: o que constitui uma certa affordance para uma pessoa pode não constituir uma affordance para outra pessoa. c) As affordances captam a reciprocidade da percepção e acção. O que os indivíduos percepcionam no ambiente não é uma simples descrição métrica em unidades de distância, volume, luz ou temperatura, mas as suas possibilidades de acção. O indivíduo capta propriedades invariantes do ambiente (e.g., foco de expansão óptico) as quais especificam a sua acção determinando, por exemplo, se um objecto está suficientemente próximo para ser 14

15 agarrado. Portanto, o ambiente promove ou inibe certos comportamentos, dependendo dos limites de acção de cada indivíduo. Uma implicação desta assumpção é que as acções são escalonadas ao corpo, numa base morfológica e funcional, e a percepção é guiada por unidades intrínsecas relacionadas com as capacidades de acção individuais e com os constrangimentos biomecânicos e não por unidades extrínsecas ou medições absolutas. d) As affordances permitem o controlo prospectivo da acção. O controlo prospectivo do comportamento diz respeito ao ajustamento da acção aos constrangimentos e às oportunidades no ambiente. A percepção tem um papel preparatório na acção bem como no seu ajustamento on-line à medida que esta decorre. Na ausência de controlo prospectivo a acção seria reduzida a mera reacção, o que seria insuficiente para corresponder a diversas situações do dia-a-dia e ao fenómeno desportivo em si (Montagne, 2005). e) As affordances são significativas. Gibson (1979) propôs que o ambiente é percepcionado fundamentalmente em termos daquilo que permite ao observador, por contraponto à concepção do ambiente com propriedades neutras, desprovidas de significado para o atleta (ou para a sua acção), tais como extensão, forma ou cor por si só. Se os atletas fossem perceptivamente sensíveis apenas a esses tipos de propriedades do ambiente, tal como a maioria das teorias modernas de comportamento defendem, então o significado da percepção deveria ser complementado pelo observador através de algum tipo de estruturas mentais. Pelo contrário, as affordances são inerentemente significativas no que respeita ao que um animal pode ou não pode fazer num dado ambiente. Se as affordances podem ser percepcionadas directamente então a percepção pode ser significativa sem que o significado seja fornecido por processos cognitivos construtivos. Gibson propôs que a viabilidade da percepção directa das affordances depende dos processos sujeitos às leis naturais que ditam a relação entre padrões de energia do estímulo (i.e. o arranjo óptico) e as propriedades ambientais que dão origem a esses padrões. Se os padrões da energia do estímulo são 15

16 específicos (i.e. relacionam-se com base em leis naturais) ao ambiente, este pode ser percepcionado sem mediação cognitiva. f) As affordances são dinâmicas. As oportunidades para a acção podem aparecer e desaparecer com os movimentos do atleta, mesmo sabendo que as superfícies e os objectos no ambiente do atleta se mantêm estáticos, ou mesmo que as mudanças ocorram no ambiente do atleta enquanto este se mantém estático. As possibilidades de acção podem evoluir rapidamente, e também ao longo de grandes escalas temporais. Em suma, as affordances são propriedades do sistema atleta-ambiente e podem ser especificadas em padrões de energia do estímulo, os quais podem ser directamente percepcionados (Fajen et al., in press). A psicologia ecológica assume a mutualidade e a reciprocidade atleta-ambiente, na qual ambos se combinam para formar um ecossistema. Sob esta sinergia, a biologia e a física juntam-se com a psicologia para definirem uma ciência a uma nova escala a escala ecológica (Turvey & Shaw, 1995). Numa física ecológica emergente, um desafio maior é o de compreender a capacidade de cada indivíduo para percepcionar a configuração envolvente do ambiente onde actua, à escala do seu corpo e potencialidades de acção (Turvey & Shaw, 1995, 1999). Nesta perspectiva, o papel da informação e intencionalidade na tomada de decisão e acção precisam de ser compreendidos em termos físicos (i.e., há a necessidade para uma compreensão baseada em leis naturais dos aspectos discretos e dinâmicos do comportamento humano). No contexto desta abordagem, a dinâmica (leis evolutivas de movimento e mudança) e os sistemas dinâmicos (evolução temporal de quantidades observáveis de acordo com a lei natural) podem ajudar-nos a compreender a tomada de decisão no desporto, tal como foi iniciado por Kugler, Kelso e Turvey (1980, 1982). Surge assim a dinâmica ecológica que recorre aos sistemas dinâmicos para compreender fenómenos que acontecem à escala ecológica a escala onde os indivíduos e os seus contextos são definidos. A tomada de 16

17 decisão, nesta perspectiva é considerada um processo complexo que se desenvolve continuamente e onde a decisão não antecede a sua expressão comportamental (Beer, 2003). Na verdade, se as decisões são expressas por acções (Turvey & Shaw, 1995), a análise ecológica do movimento humano é a forma fundamentada de se compreender a tomada de decisão. Esta análise funcional da tomada de decisão contrasta com as abordagens tradicionais do processamento de informação, nas quais os humanos têm sido modelados como decisores racionais, computando e seleccionando opções de entre aquelas representadas em modelos mentais ou neuronais, concebidos para maximizar o desempenho (Mellers et al., 1998). 4. A tomada de decisão assenta nas capacidades de percepção e de acção Se as decisões não fossem realizadas pela acção, a cognição manter-se-ia para sempre fechada numa caixa preta. Concordamos com Turvey e Shaw (1995) quando argumentam que a compreensão da cognição deve começar com a locomoção controlada. Um jogador de rugby com bola quando ataca a zona de ensaio tem de percepcionar os caminhos disponíveis no campo. Para isso ele tem de identificar os obstáculos que estão na sua linha de corrida, bem como os espaços que permitem a sua passagem, de acordo com o seu tamanho (escalonamento corporal). Dado o elevado número de jogadores no campo, o jogador deve percepcionar selectivamente os jogadores da sua equipa, bem como as zonas favoráveis ao passe e evitar aquelas que poderão colocar estes objectivos em risco. Ao avançar pelo campo em corrida e ao fugir aos adversários, o jogador deve também percepcionar os momentos que induzam contacto com um adversário, (nos casos de manutenção das mesmas condições de velocidade e direcção), de modo a que se possam fazer ajustamentos relativamente à sua posição (corporal). Paralelamente, o atleta deve também percepcionar a distância para o adversário, bem como se está a desacelerar ou acelerar apropriadamente para chegar à linha de ensaio, ou evitar uma placagem. 17

18 O sistema jogador de rugby-campo mostra porque a locomoção controlada é uma forma fundamental de cognição. Para Gibson (1966) esta é a melhor forma de se compreender como é que a percepção pode regular a acção: por detectar os constrangimentos informacionais específicos às vias disponíveis para atingir um dado objectivo (Shaw & Turvey, 1999). Os movimentos voluntários de um atleta situam-se para além da situação na qual o movimento é iniciado e podem estar orientados para consequências posteriores à acção. As acções (comportamentos orientados para objectivos) e as percepções são intencionais porque o seu significado situa-se para além das suas origens causais. Estas ideias exemplificam as interacções complexas entre constrangimentos intencionais e informacionais durante a tomada de decisão emergente. Mostram que pretender um dado objectivo comportamental (i.e., uma condição final), implica que o atleta seleccione as condições iniciais que permitam a obtenção da condição final sob as leis físicas existentes. Com cada passo mais próximo do objectivo a informação detectada e usada para a acção deve tornar-se mais específica, estreitando as vias de acção possíveis e disponíveis para o sistema de movimento, até que finalmente, no momento da obtenção do objectivo, a via emergente torna-se unicamente definida (Kugler et al., 1990; Shaw, 2001). Com esta perspectiva, a tomada de decisão é vista como um processo funcional e emergente no qual a selecção é feita entre vias convergentes para um objectivo pretendido. As escolhas são feitas em pontos de bifurcação onde informação mais específica se torna disponível, constrangendo o sistema atleta-ambiente a passar para a via mais funcional. Quando decide, o atleta usa as suas fontes de energia interna para influenciar as interacções contextuais e para definir uma via em direcção a um objectivo específico. Em suma, a capacidade para estar sensível e afinado aos constrangimentos ecológicos sustenta a emergência de ordem num sistema de movimento e sustenta a tomada de decisão eficaz em ambientes complexos (Araújo et al., 2006). 18

19 Quando um indivíduo age num determinado contexto, todos os seus sistemas (biológicos e psicológicos) auto-organizam-se de forma a possibilitar-lhe atingir o seu objectivo. Ou seja, as acções não são componentes (mecanismos) do organismo, mas ajustamentos do indivíduo ao seu meio. Dito de outro modo, a flexibilidade nos processos garante um maior sucesso na obtenção de invariância funcional (i.e., de maior robustez na sucessiva realização de objectivos). Esta auto-organização dos sub-sistemas do indivíduo em função de um objectivo ocorre em função da afinação perceptiva do indivíduo às propriedades do ambiente. De seguida apresentamos os diferentes estádios de evolução das habilidades decisionais dos atletas. 5. Estádios de desenvolvimento das habilidades decisionais dos atletas Segundo o fisiologista Russo Nicolai Bernstein (1967) há três estádios de desenvolvimento que se relacionam directamente com a mudança sistemática na organização da dinâmica do movimento: bloquear, explorar e amplificar os graus de liberdade. Por exemplo, a perna tem apenas os dois graus de liberdade que a articulação do joelho lhe possibilita: extensão e flexão. Mas todo o membro inferior tem um elevado número de graus de liberdade que resulta da combinação de todas as articulações que o constituem. Este número continua a aumentar exponencialmente se pensarmos na combinação de ambos os membros inferiores, membros superiores, a totalidade das articulações do nosso corpo, e das possíveis contracções combinadas dos músculos, e das possíveis congregações de neurónios, etc. E ainda estamos a situar-nos no organismo. Se pensarmos em todas as combinações possíveis de interacções que o organismo pode ter com o contexto, rapidamente concluímos que temos infinitos graus de liberdade. Por isso, os estádios de Bernstein captam genericamente as mudanças qualitativas na dinâmica do movimento. É portanto necessário atender ao facto da evolução da aprendizagem não ser um fenómeno contínuo e linear, 19

20 principalmente em tarefas complexas. Contrariamente ao que as curvas clássicas de aprendizagem pressupõem, o caminho é muito tortuoso, tem uma variabilidade imensa e é comum haver significativos retrocessos de desempenho antes de se avançar no sentido pretendido. Especialmente se, tal como defenderemos aqui, as habilidades decisionais implicarem a coordenação de graus de liberdade entre o atleta e o contexto de competição ou de treino. Esta ideia está para além do que defendeu Bernstein, não sendo portanto uma questão de controlo motor, mas antes uma questão de controlo perceptivo (Savelsbergh & Van der Kamp, 200) e decisional (Araújo & Carvalho, 2007) Bloquear graus de liberdade. Numa abordagem inicial a uma tarefa desportiva, o cumprimento dos seus objectivos exige a coordenação dos graus de liberdade redundantes. Sendo assim, começam-se por estabelecer relações básicas com o contexto de modo a adquirir-se um mínimo de controlo para realizar a tarefa. Esse controlo é obtido à custa de se fixar ou de se bloquear as soluções que primeiro sejam descobertas. Neste ponto não é de estranhar que diferentes indivíduos bloqueiem diferentes movimentos para uma mesma tarefa. Por exemplo, isto acontece quando um atleta aprende uma técnica nova no basquetebol mudar de mão para fintar o adversário e em que sempre que recebe a bola essa finta é imediatamente realizada, mesmo quando não é muito pertinente. Nesta primeira fase, o movimento fica acoplado a uma fonte de informação, sendo por isso desejável que o treinador leve o atleta a focar a sua atenção, por exemplo, na distância a que se posiciona o adversário. Esta variável informacional funciona (i.e., permite que se resolva o problema), mas não é necessariamente a mais eficaz, pois facilita apenas a identificação da oportunidade para realizar essa técnica. Esta primeira fase caracteriza-se pelo aparecimento do controlo dos graus de liberdade redundantes a partir da relação entre 20

21 movimento e informação. Os graus de liberdade que requerem ser constrangidos para que a acção seja bem sucedida são normalmente em maior número que aqueles requeridos para resolver a própria tarefa motora, por isso são redundantes. É a redundância do sistema que permite o largo e flexível repertório de comportamento decisional Explorar graus de liberdade Numa fase posterior o atleta explora os graus de liberdade disponíveis na sua interacção com as tarefas de treino. O atleta terá de recrutar novas possibilidades de acção e integrá-las gradualmente na forma como desempenha a tarefa. Ele vai descongelando gradualmente os graus de liberdade que tinha congelado no estádio anterior. Cada vez que o jogador faz um batimento terá de estar atento às perturbações decorrentes, pelo que novas sinergias serão criadas, provavelmente com a libertação de articulações ou com a eliminação de acoplamentos entre informação e movimento, de forma a que a eficiência seja superior. Mas, nesta fase, ainda é comum existirem muitas acções que se dirigem à eliminação de problemas de postura ou de forças reactivas indesejáveis, como por exemplo receber a bola e deixá-la fugir logo a seguir. Portanto, do padrão de coordenação anteriormente manifestado, o atleta começa a conseguir realizar acções mais flexíveis e eficazes. É precisamente esta variabilidade do movimento que permite adaptar o comportamento à alteração permanente dos constrangimentos da tarefa. Em termos perceptivos, o atleta liberta-se da fonte de informação anteriormente usada e selecciona outras fontes de informação que também lhe permitem atingir o objectivo. A interacção que foi inicialmente estabelecida entre o praticante, a tarefa e o ambiente passa a ser sensível a outras fontes de informação que proporcionam acções, percepções e decisões mais eficazes que as anteriores. 21

22 5.3. Amplificar os graus de liberdade Numa fase seguinte os movimentos parecem fluidos, aproveitando mesmo forças externas (por exemplo, a utilização do bloqueio no basquetebol), e todas as suas capacidades no sentido de um desempenho óptimo. Em vez de se opor às forças reactivas ou de as procurar eliminar, o atleta utiliza-as na elaboração do seu movimento. Nesta fase, a utilização dos graus de liberdade e o aproveitamento dos constrangimentos é bastante eficiente. Este processo caracteriza-se pelo escalonamento eficaz que o atleta faz dos seus recursos, usando as forças reactivas geradas durante o movimento. A amplificação dos graus de liberdade motores e perceptivos permite que o indivíduo seja adaptável às variações das exigências tanto internas (mecânicas, metabólicas, atencionais) como externas (forças como a gravidade, fontes de informação contextual). Além disso, o indivíduo começa cada vez mais a ser influenciado pela antecipação das consequências de futuros acontecimentos, incluindo a própria acção. Os lançamentos de recurso por baixo do cesto, ou o passe para jogo aéreo com finalização (remate) sobre a área de baliza no Andebol são exemplos de manifestações neste terceiro estádio. A libertação de graus de liberdade pode também proporcionar mais variabilidade na tarefa e no indivíduo. A razão para esta variabilidade é a numerosa quantidade de soluções para um conjunto particular de constrangimentos da tarefa. É precisamente por esta razão que a variabilidade é essencial no treino, sendo esta proporcionadora do aparecimento de soluções unicamente ajustadas ao atleta, num dado ambiente para realizar uma dada tarefa. O desenvolvimento da habilidade decisional é um processo sequencial, mas não homogéneo porque depende da interacção particular dos constrangimentos do indivíduo e do ambiente. Por isso não é necessário que os indivíduos passem necessariamente por todos os estádios quando praticam uma nova tarefa. É também possível que um atleta habilidoso bloqueie os seus graus de liberdade numa dada situação (por exemplo, numa situação de protecção a uma zona lesionada). 22

23 6. O treino da tomada de decisão no desporto A estrutura do processo de treino da tomada de decisão parte do princípio que o treino deve atender às concepções ou modelos (teorias!) do treinador. Dois treinadores com pontos de vista diferentes sobre um mesmo assunto, implementarão processos de treino distintos. Dito de outro modo, aquilo que cada treinador pensa que deve ser o treino, ou a sua planificação, corresponde à sua própria teoria de treino. Contudo, o treino da tomada de decisão parte do pressuposto que o treinador conhece os fundamentos da tomada de decisão, tal como temos vindo a apresentar até aqui. Nesta base, o treino (os exercícios, os métodos, etc.) só tem sentido se for ao encontro daquilo que o treinador diagnosticou como sendo o mais relevante a ser treinado. Em função do desenvolvimento das habilidades decisionais pensamos que há cinco questões sucessivas que situam o diagnóstico a ser realizado pelo treinador: 1. Quais as características da tarefa (objectivo, regras.) em que se pretende ter um desempenho eficaz? 2. A que fontes de informação dessa tarefa deve o atleta estar afinado? 3. O atleta tem movimento funcional acoplado a essas fontes de informação? 4. Este acoplamento está demasiado rígido? 5. O atleta pode antecipar mais cedo, de modo a tornar as suas acções mais fluidas? Uma vez diagnosticados os aspectos relevantes para serem treinados, é necessário identificar qual a melhor forma de atingir os objectivos propostos para os atletas ou para a equipa. Neste sentido passa-se a uma fase de prescrição dos exercícios e de organização do treino. Quer o diagnóstico quer a prescrição são passíveis de reavaliações e de reajustamentos em função da evolução dos atletas ou da equipa. De acordo com os fundamentos anteriormente expostos, 23

24 pensamos que a tomada de decisão deve ser treinada seguindo a Abordagem Baseada nos Constrangimentos ABC (Araújo, 2005; Davids et al. 2007) Abordagem baseada nos constrangimentos para treinar a tomada de decisão A ABC tem como princípio central a manipulação dos constrangimentos chave que influenciam o comportamento em competição. Por constrangimentos entendemos as pressões que são postas à acção, sejam elas aspectos tão diversos como as instruções do treinador, a lei da gravidade ou a amplitude de uma dada articulação. No treino da tomada de decisão, o treinador pode manipular os constrangimentos da tarefa, intervir no jogador, ou usar os constrangimentos do ambiente, embora estas categorias não sejam independentes (Figura 1) Manipular os constrangimentos da tarefa A estruturação das tarefas de treino exige, a par de princípios científicos sólidos, um diagnóstico competente da parte do treinador. Neste sentido, os constrangimentos da tarefa assumem-se, provavelmente, como a categoria mais relevante a ser manipulada pelo treinador no processo de treino. Este tipo de constrangimentos é caracterizado principalmente pelos objectivos e pelas regras que especificam ou constrangem a dinâmica do movimento (Newell & Jordan, 2007). O objectivo da tarefa normalmente é estabelecido numa ou mais dimensões (p.ex., espaço e tempo), mas a forma de se atingir esse objectivo está constrangida pelas regras do desporto ou pelas regras apresentadas pelo treinador (e.g, realização de cinco passes antes de rematar). De notar que a intervenção do treinador pode ir modificando os constrangimentos da tarefa, sendo portanto, a sua própria intervenção constitutiva da dinâmica da tarefa. Neste sentido o próprio feedback do treinador sobre o desempenho do atleta, pode ser integrado nas propriedades de sub-tarefas ou das condições ambientais da prática, no sentido de uma maior adaptação à tarefa. Outras estratégias que podem ser usadas pelo treinador são: 1) amplificar fontes de informação presentes no contexto, por exemplo, 24

25 alguns treinadores de ténis colocam uma manga de cor berrante no braço com raquete do atleta que serve, para que o atleta que recebe o serviço foque a sua atenção neste braço de modo a melhor antecipar a direcção da bola; 2) realizar gestos e toda uma panóplia de acções não verbais a que um treinador pode recorrer; 3) utilizar linguagem verbal, o que corresponde ao chamado feedback aumentado, ou informação de retorno extrínseca verbal, e ao método interrogativo. A ideia de fundo é que estas informações não são passivamente recebidas pelos atletas, mas antes tornam-se disponíveis no contexto para o jogador explorar, tal como este explora o jogo, a competição, o treino, ou qualquer situação com que se depare. O treinador que compreenda este facto poderá estruturar diversas situações de treino que promovam uma eleição selectiva, por parte do atleta, de determinada fonte de informação contextual. Se nalgumas situações é vantajoso haver competição de fontes de informação para que o jogador aprenda a atender às que são mais importantes para atingir um dado objectivo, noutras situações esta competição (por exemplo entre o que o jogo oferece e o que o treinador diz) pode ser inibidora de um desempenho eficaz. Isto quer dizer que a tomada de decisões do atleta é um processo social, que para além da exploração, por parte desse atleta, da informação disponível no contexto, implica também a selecção e a transformação de muita dessa informação no contexto, por parte do treinador. Tarefa Intervenção do treinador Melhoria do desempenho em competição Ambiente Atleta Figura 1 Processo de treino da tomada de decisão tendo por referência a competição. 25

26 É importante destacar que os objectivos da tarefa devem ser concebidos de tal modo que não compitam com os objectivos do jogo. Por exemplo, para que o ataque da equipa de andebol seja eficaz é indispensável a rápida circulação da bola entre os jogadores. Mas muitas vezes observa-se que a equipa (principalmente no início da fase ofensiva) fica empenhada em passar a bola, sem manifestar qualquer intenção de ataque à baliza adversária (Araújo & Volossovitch, 2005). Isto indicia que os jogadores estão sobretudo focados em passar a bola e não em marcar golo. Ou seja esta acção, em vez de ser o meio, passou a ser o fim. Chegámos à noção de representatividade da tarefa. Ou seja de que modo a tarefa de treino permite um comportamento competente no jogo. Para se criarem contextos proporcionadores de perícia, as tarefas propostas no treino não devem quebrar os acoplamentos entre percepção e acção que acontecem em competição. Por outras palavras, o treino deve ter affordances semelhantes às da competição. Do que vimos sobre o desenvolvimento das habilidades decisionais, o desenvolvimento do desempenho perito requer que se estabeleça a ligação entre informação e movimento a curto prazo, e o aperfeiçoar desta ligação a longo prazo. Portanto o trabalho do treinador será promover este desenvolvimento através da organização da interacção entre atleta e ambiente para um determinado fim (tarefa). Esta interacção só pode evoluir se houver um ajustamento continuado do indivíduo à situação de desempenho. Todavia, este ajustamento não é conhecido antecipadamente pois as situações mudam a todo o momento, sendo que a intenção é que o indivíduo não seja previsível, estereotipado, mas sim criativo na busca de soluções específicas. Para isso a organização da tarefa deve possibilitar que o atleta fique sensível, ou afinado para detectar a fonte de informação que reclama a acção eficaz para atingir o seu objectivo. O desafio do treinador é o de responder a questões do género Como é que se sabe que aquilo que se faz no treino se aplica à competição? Porque é que se joga como se treina?. 26

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