PALAVRAS-CHAVE: Extensão universitária, Exposições itinerantes, Vale do Ribeira.
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- Sophia Affonso Galindo
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1 PROJETO MUSEU DINÂMICO DA MATA ATLÂNTICA COMO ESPAÇO DE EDUCAÇÃO INFORMAL E DIFUSÃO DO CONHECIMENTO Patrícia Gleydes Morgante (UNESP C. E. Registro) João Vicente Coffani-Nunes (UNESP C. E. Registro) Kelly Botigeli Sevegnani (UNESP C. E. Registro) Giovana Bertini (UNESP C. E. Registro) Ana Caroline Conrado (UNESP C. E. Registro, Bolsista BEU PROEX) Camila Aparecida Nunes de Souza (UNESP C. E. Registro, Bolsista BEU PROEX) Pamela Carrara Ladislau (UNESP C. E. Registro, Bolsista BEU PROEX) RESUMO O Projeto Museu Dinâmico da Mata Atlântica tem como objetivo principal a divulgação e democratização do conhecimento no Vale do Ribeira. Dentre as ações e atividades que desenvolve, destacam-se no presente trabalho suas exposições temáticas itinerantes, as quais foram realizadas em escolas estaduais, no Programa Escola da Família. A escolha desse espaço e dessa forma de divulgação científica teve como elemento norteador a necessidade de promover a educação de forma democrática, envolvendo a comunidade escolar e não-escolar em um rico processo de ensino-aprendizagem, valorizando a educação informal dentro da própria escola. Os resultados revelaram a importância do trabalho para todos os atores envolvidos e foram motivadores para a continuidade dessa ação de elevada relevância social. PALAVRAS-CHAVE: Extensão universitária, Exposições itinerantes, Vale do Ribeira. INTRODUÇÃO O Projeto Museu Dinâmico da Mata Atlântica (MDMA), cuja concepção e início de atividades datam de , junto à UNESP de Registro, tem caráter de extensão universitária e tem por objetivo principal a divulgação e democratização da informação e conhecimento no Vale do Ribeira. Com acervo amplo e diversificado, porém sem contar com espaço permanente para exposição e visitação, o projeto tem desenvolvido várias formas de atuar em sua missão, promovendo cursos, participando de eventos, disponibilizando materiais para empréstimo 6309
2 pelas escolas da região, mantendo site com banco de dados bibliográficos e, mais recentemente, promovendo exposições itinerantes junto às escolas públicas, aos fins de semana, em ações conjuntas com o Programa Escola da Família (PEF). O PEF, que foi iniciado no ano 2000, por meio da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, caracteriza-se como um espaço democrático de ensino não-formal que pretende articular a escola com a comunidade, com vistas a contribuir para a difusão do conhecimento e para a construção da cidadania. O programa está baseado em princípios como inclusão, participação e autonomia, valorizando a comunidade, a realidade e as necessidades locais na educação escolar (ABDALLA; SANTOS, 2011). A coordenação do PEF na escola é de responsabilidade dos vice-diretores, sendo que quanto maior seu envolvimento, maior o sucesso do programa e a participação do público nas atividades (MORGANTE et al., 2015). Espaços como esses, se bem utilizados, são fundamentais para processos de democratização do acesso ao conhecimento, cada vez mais necessários em nossa sociedade, permitindo, por exemplo, a promoção da alfabetização científica, seja em seu sentido mais restrito de viabilizar a correção de conceitos ou conhecimentos difundidos, por vezes, de maneira equivocada pelos meios de comunicação, como em seu sentido amplo de melhorar a compreensão da ciência que permeia o dia-a-dia das pessoas, aprimorando a compreensão da linguagem que está escrita na natureza (CHASSOT, 2003). De acordo com a UNESCO (2005), o Brasil precisa se inserir com sucesso no mundo globalizado para aumentar a renda e promover sua distribuição mais adequada e, este processo, passa pelo ensino de Ciências. Isso se justifica porque a população precisa ter acesso ao ensino de forma geral e, para ter inserção adequada no mundo contemporâneo, necessita de desenvolvimento científico e tecnológico. Além disso, para ter um desenvolvimento sustentável, o acesso ao conhecimento precisa ser amplo, não podendo ser privilégio de apenas algumas classes sociais. No entanto, no Brasil, a maior parte da população ainda está à margem desse processo, apesar de viver num mundo modelado pela ciência e tecnologia (UNESCO, 2005). Um agravante nesse contexto é que em nosso país as escolas, em sua maioria, limitam o ensino de Ciências à transmissão de conteúdos, desconsiderando, entre outras coisas o desenvolvimento do potencial emocional e a bagagem cultural dos estudantes (PEREIRA et al., 2008). Dessa forma, a criança que chega à escola repleta de curiosidades e questionamentos, perde o interesse depois de algum tempo (PAVÃO, 2006 apud PEREIRA et al., 2008). 6310
3 Considerando, ainda, que a educação é tarefa de todos, não estando limitada à escola, mas sendo uma atividade elementar e necessária da sociedade humana (GORCZEVSKI; KONRAD, 2013), atuar em sua democratização em todas as dimensões, garantindo o acesso universal (LEMUS, 2010) parece ser compromisso de toda a sociedade e motivo de preocupação por parte dos educadores de todos os níveis. Nesse contexto, as exposições científicas itinerantes assumem papel educacional de grande relevância, levando o conhecimento a todos os lugares, podendo alcançar público diversificado e que, muitas vezes, não conseguiria acessar tais conhecimentos de outra maneira. Segundo Ferreira e colaboradores (2007), a divulgação científica itinerante busca popularizar a ciência além dos muros dos museus, maravilhar a população e motivar os jovens a se interessarem mais pelo universo científico. Um dos pontos positivos destacado por entrevistados do Ciência Móvel: Vida e saúde para todos (FIOCRUZ) foi exatamente o fato de a exposição ser itinerante, porque foi entendida como geradora de oportunidade à população escolar e não-escolar de visitar um museu (FERREIRA et al., 2007). Santos e colaboradores (2005) revelaram que as exposições itinerantes têm capacidade de imprimir mudanças gradativas em atitudes e representações. Os autores afirmam que informações, imagens e possibilidades de interação contidas nas exposições científicas fornecem elementos que podem contribuir para modificar concepções e avaliações que seus visitantes possuam sobre algum objeto social. Com base no exposto, o Projeto MDMA organizou suas exposições itinerantes, objetivando difundir e democratizar o conhecimento em diferentes temáticas no âmbito das escolas, envolvendo, também, a comunidade em seu entorno. METODOLOGIA As exposições itinerantes ocorridas em 2014 e 2015 foram organizadas nas escolas estaduais em parceria com a Diretoria de Ensino Região de Registro, na pessoa de Adriana Grabowski, Professora Coordenadora do Núcleo Pedagógico da disciplina de Biologia e Coordenadora do Programa Escola da Família (PEF), utilizando-se do espaço do PEF nas escolas. Também foi executada uma exposição em colégio particular do município de Registro, atendendo a convite dos dirigentes da escola para realização de atividades da Semana do Meio Ambiente. As temáticas abordadas, inicialmente descritas por Morgante e colaboradores (2015), foram: 6311
4 1- Animais (Figura 1A, B): exposição de coleção de animais conservados em álcool e insetários. Os animais acondicionados em frascos contendo álcool ficaram organizados em Filos e identificados com informações sobre a Ordem a que pertencem, nome científico e nome comum. Os insetários estavam apresentados em caixas entomológicas com tampa de vidro transparente, sendo que vários tipos de insetos foram colocados à disposição para observação pormenorizada das estruturas em estereomicroscópios. Na apresentação feita pelos membros da equipe, chamava-se atenção para exemplares encontrados na região e era dado suporte para a observação no estereomicroscópio. 2- Relevo, vegetação, hidrografia e distribuição dos municípios da Vale do Ribeira (Figura 1C): abordagem feita por meio de maquete e pôster sobre a porção paulista do Vale do Ribeira. A maquete desmontável, confeccionada sob encomenda para o projeto por Mary Lúcia da Silva Ferreira Lima, Lllian Mayumi Endo e Ronei Pacheco de Oliveira, possui os municípios como blocos separados que são montados em uma base dobrável, permitindo que seja transportada com facilidade para exibição em diversos lugares. O pôster traz informações sobre áreas produtivas, áreas de conservação e aspectos turísticos. Usados em conjunto, permitem explorar assuntos diversos sobre a região. 3- Tecnologia pesqueira (Figura 1D): apresentação de peças em tamanho natural ou miniaturas de instrumentos ou construções utilizadas na pesca caiçara artesanal. A exposição traz informações gerais sobre as comunidades caiçaras e sua tecnologia pesqueira. Apresenta um covo (armadilha móvel para obter peixes) e um remo em tamanho natural e réplicas reduzidas de canoa caiçara (esculpida em um único tronco), Gerival (aparelho de pesca de camarão semelhante a uma tarrafa) e Cerco caiçara (armadilha fixa de pesca). Todos os componentes são identificados com placas contendo sua descrição e são apresentados pela equipe com demonstração de uso, podendo ser manuseados pelos visitantes. Esta parte da exposição permite explanar sobre o benefício dessas práticas ao meio ambiente e permite, ainda, explorar a temática sobre uso de recursos naturais pelas comunidades caiçaras, apresentando um pequeno tronco de Caixeta, espécie arbórea utilizada na confecção do remo e da canoa caiçaras e um tapete artesanal de Piri, sobre o qual ficam dispostas as peças que compõem a temática. 4- Casa de farinha (Figura 1E): exposição de peças artesanais em tamanho reduzido. O instrumental utilizado na produção artesanal da farinha de mandioca e da 6312
5 farinha de milho está representado em miniaturas esculpidas em madeira, abrangendo a Sevadeira ou Roda de ralar (usada para ralar a mandioca in natura ), a Prensa de fuso (importante para eliminar o líquido com componentes tóxicos da mandioca ralada), o Forno (para produção da farinha torrada) e o Monjolo (usado para triturar os grãos de milho). A montagem da exposição era feita de acordo com espaço disponível na escola, necessitando-se de mesas e ponto com energia elétrica para utilização dos estereomicroscópio. O público era convidado a assinar o livro de registro de visitantes. Em 2015, foi aplicado um questionário para pesquisa de opinião, buscando-se amostrar pessoas de diferentes faixas etárias, em cinco escolas visitadas. Figura 1: Imagens da exposição. A, B) Representação de parte da exposição de animais. C) Ilustração da maquete montada. D) Destaque para as peças que compõem a temática da pesca caiçara. E) Destaque para as peças da Casa de farinha. RESULTADOS OBTIDOS E AVALIAÇÃO DA EXPERIÊNCIA Nos anos de 2014 (segundo semestre) e 2015 foram visitadas 13 escolas, sendo 12 estaduais e uma particular. O público total registrado foi bastante expressivo atingindo visitantes, sendo 551 em 2014 e em
6 A pesquisa de opinião realizada com 100 visitantes que estiveram nas exposições de 2015 revelou resultados bastante positivos: a) Em relação à avaliação geral sobre a exposição houve 83% que optaram por ótima, 16% por boa, 1% regular e nenhum apontamento de ruim. Esses números sugerem que, de modo geral, a exposição teve uma recepção bastante positiva pelo público. b) Quando perguntado sobre qual temática agradou mais, notou-se que a diversidade de animais, seus ambientes e curiosidades despertaram maior interesse entre os visitantes entrevistados, pois 69% optaram pelos animais (desses, 19% foram específicos em dizer que gostaram da visualização em estereomicroscópio, 7% dos exemplares de cobra, 3% das esponjas do mar e 1% dos girinos e sapos), 20% responderam terem gostado de tudo, 8% da tecnologia pesqueira (pesca caiçara) e 3% citaram a Casa de farinha. c) Quando perguntado sobre qual temática menos agradou, 60% disseram que não tinha nada de que não gostaram, 31% citaram itens específicos da exposição de animais (7% - insetos, 6% - lombriga, 6% - cobra, 4% - alguns animais marinhos, 3% - sapos e 5% - observação em estereomicroscópio), 8% citaram a tecnologia pesqueira (pesca caiçara) e 1% respondeu que não gostou do fato da exposição ser de apenas um dia. Esses resultados sugerem que as temáticas trabalhadas agradaram o público de maneira satisfatória. A maior parte dos relatos de desagrado (31%) referiu-se a itens específicos, em relação aos quais os entrevistados disseram ter medo, nojo ou aflição e, no caso da observação em estereomicroscópio demonstraram dificuldade em visualizar, mesmo com o apoio da equipe do projeto. d) Quando questionado se já havia visitado alguma exposição anteriormente, a maioria respondeu que não (57%), outros que sim (26%) e outros não quiseram ou não souberam responder (17%), o que pode indicar a carência de oportunidades ou acesso da maior parte do público a atividades dessa natureza, que difundem conhecimento e cultura. No grupo que disse ter visitado alguma exposição anteriormente, o tema foi muito diversificado, desde Feira de Ciências da própria escola ao Aquário de Santos. e) A faixa etária dos entrevistados variou de 6 a 54 anos, sendo que a metade (52%) tinha entre 11 e 15 anos. Declararam-se do sexo feminino 41% e do sexo masculino 43%, havendo 16% que não responderam. Dentre aqueles do sexo feminino, a média de idade foi de 21,17 anos e no sexo masculino foi de 15,93 anos. A participação de membros adultos da escola e da comunidade, em especial de familiares, pode ter sido 6314
7 responsável pela média de idade mais elevada no público feminino do que o esperado para um grupo de estudantes do Ensino Fundamental e Médio. De acordo com a UNESCO (2006 apud SOUZA 2009), o Programa Escola da Família (PEF) transforma as escolas estaduais em centro comunitários, uma vez que funciona aos finsde-semana, abrindo esse espaço para os jovens e seus familiares. Assim, levar a exposição para o âmbito escolar no PEF tornou a ação de difusão do conhecimento ainda mais importante e abrangente, envolvendo não somente crianças e jovens estudantes, mas também a comunidade do entorno. Em vários momentos, após alguns dias da realização da exposição, eram recebidas falas de retorno positivo por parte de vice-diretores ou professores das escolas visitadas, ocorrendo por vezes observações de forte despertamento de interesse por prosseguir nos estudos e buscar uma profissão relacionada a algo explorado nas atividades levadas pelo Projeto Museu Dinâmico da Mata Atlântica (Projeto MDMA). Todos os membros da equipe do Projeto MDMA destacaram a importância das exposições itinerantes para o público-alvo, como fica evidenciado em alguns relatos a seguir: Acredito que as exposições do Museu da Mata Atlântica, em especial a Coleção dos animais Invertebrados a qual sou responsável, são uma maneira da comunidade em geral ter a possibilidade de conhecer muitos animais que muitas vezes são comuns no ambiente, mas desconhecidos pela maioria das pessoas. Especificamente o público infantil, gosta muito dessa parte da exposição, fazem muitas perguntas sobre os animais tais como: onde vivem, onde foram coletados, se são perigosos, se são de verdade, etc. Dessa maneira as exposições causam um impacto muito positivo, levando a todos terem uma visão abrangente da importância dos seres vivos no ambiente. (Professora Giovana Bertini). Em várias escolas os professores foram visitar a exposição, aproveitavam esse momento para interagir um pouco mais com seus alunos e também conosco. Ou ainda, passaram atividades para seus alunos desenvolverem junto ao acervo da exposição, visando integrar com o conteúdo visto em sala de aula. Também foi muito forte perceber o interesse dos visitantes, em especial de crianças e adolescentes. Eles além de mostrar interesse, muitas vezes 6315
8 demonstravam conhecimento, um conhecimento adquirido por sua história familiar ou local, ou ainda um conhecimento por estudo, curiosidade, interesse de querer saber mais sobre uma área do conhecimento. Era muito gostoso ver o deslumbre das crianças com a descoberta de um mundo diferente ao fazer uso dos estereomicroscópios. Em uma ocasião, após passar boa parte do dia no espaço da exposição e manipulando o estereomicroscópio, uma garotinha de cerca de 8 anos falou com um sorriso e com brilho nos olhos: já sei o que vou ser, vou ser bióloga! Também era muito gostoso quando a partir do interesse de uma criança, essa buscava a família para ver a exposição e ensinava aos pais o que tinha aprendido. Por vezes, pessoas mais velhas relatavam momentos de sua vida a partir das lembranças que as réplicas da casa de farinha traziam. E muitas relatavam que tinha a casa de farinha na propriedade da família, nos tempos dos avós. (Professor João Vicente Coffani-Nunes). As exposições do Museu Dinâmico da Mata Atlântica são importantíssimas porque levam um pouco do trabalho da Universidade à comunidade. Nesses encontros, pode-se notar o interesse e a curiosidade das pessoas em observar, tocar, conhecer os vários elementos que fazem parte da exposição. Das que fazem mais sucesso, a observação de insetos na lupa de aumento incentiva as crianças a buscarem outros insetos, plantas, flores e outros pequenos pedacinhos da natureza, passando o dia todo na correria para observá-los. A exposição leva até eles vários aspectos de nosso próprio Vale do Ribeira, muitas vezes desconhecidos. A própria comunidade troca informações entre si, entre as várias gerações quando se reconhece em algum elemento exposto. Um exemplo é a casa de farinha, conhecida por várias pessoas mais velhas e desconhecida dos mais novos. Em uma das exposições, numa escola de Cananeia, um jovem de 14 anos, estudante da escola, passou o dia observando a representação da pesca artesanal conhecida como cerco caiçara. Sua família utiliza-se deste artifício de pesca há muitos anos e dava para notar seu orgulho em poder explicar aos visitantes o 6316
9 modo como tudo aquilo funcionava. (Professora Kelly Botigeli Sevegnani). Nas visitas às comunidades e escolas onde fazíamos as exposições o que mais me chamava à atenção, era ver todo aquele material, desde animais em meios de conservação até mini estruturas de pesca tradicionais; ver que tudo aquilo as crianças tinham em suas próprias casas, mas não paravam para escutar o que os mais velhos tinham para passar e ali, com pessoas estranhas, elas escutavam e ficavam encantadas com todo aquele mundo que parecia ser tão distante para eles, mas estava ao alcance das mãos quando eles quisessem; uma das coisas que mais me deixava fascinada era quando colocávamos os insetos nas lupas para observação e descrevíamos as estruturas dos animais para as crianças, até mesmo os adultos e, eles observavam como se fosse um universo distante tudo aquilo; tirávamos dúvidas sobre os animais conservados, os quais alguns deles já haviam visto e até mesmo comido sem saber ao menos o nome correto ou a origem do animal, mas a simplicidade no olhar e o jeito de escutar era a coisa mais gostosa do mundo... (Engenheira Agrônoma, ex-bolsista do Projeto MDMA, Pamela Carrara Ladislau). Reações como essas em que se verificou que determinadas crianças ou jovens passavam horas no local da exposição, traziam amigos e familiares ou mesmo começavam a explicar aos visitantes a respeito de determinado tema abordado também foram registradas e avaliadas de forma muito positiva nas atividades museais de Pereira e colaboradores (2008). Alguns relatos de membros da equipe do Projeto MDMA evidenciam a importância da atuação nas exposições para sua formação ou conhecimento de mundo, como pode ser verificado a seguir: A vivência com a Exposição Itinerante foi muito gratificante! Vários aspectos foram importantes, um deles foi a possibilidade de ir a regiões, cidades que eu não conhecia e que ajudam a entender um pouco mais sobre a diversidade humana e cultural do Vale do Ribeira. Em nossas visitas acessamos um pouco mais dessa diversidade cultural, das diferentes formas de conhecimento e realidades em cada município. (...) As exposições possibilitaram ver e conhecer vários aspectos que eu não vi e nem conhecia de nossa 6317
10 região. Faz a gente ver muito além dos muros da universidade e do nosso universo cotidiano, e perceber o quanto os projetos de extensão universitária são importantes, talvez até mais importantes para nós do que para a própria comunidade. (Professor João Vicente Coffani- Nunes). Minha participação no projeto do Museu Dinâmico da Mata Atlântica do Campus Experimental da Unesp de Registro, foi algo que me ajudou a entender melhor a flora e fauna local e também a entender costumes e tradições; me ajudou a ver como tudo isso é de grande importância não só para os nativos, mas também para as pessoas que visitam o local, e enxerga o quanto tudo isso é importante para o planeta; me fez ver o quão essencial é preservar as tradições e costumes e como também é importante passar esse conhecimento para as gerações futuras, e ensiná-los que devemos continuar protegendo e multiplicando todo esse conhecimento e essa essência para os mais novos, para que eles possam entender a origem de tudo e o quanto é importante. (...) ir até as escolas e multiplicar o conhecimento recebido, transmitir toda aquela essência para quem quisesse escutar e aprender, foi uma das coisas que mais contribuíram para minha formação, além de transmitir, nós também recebíamos conhecimento muitas das vezes, com os adultos que passavam por lá. (Engenheira Agrônoma, ex-bolsista do Projeto MDMA, Pamela Carrara Ladislau). O contato direto com os visitantes, que em sua maioria eram crianças e adolescentes, muitos deles de famílias carentes, proporcionou um salto qualitativo na minha formação tanto profissional, quanto pessoal. Na última exposição de 2014, quando estávamos arrumando as coisas para ir embora, uma das crianças entrou na sala, deveria ter entre 6-7 anos, e em suas palavras disse que achou muito legal e estava muito grata pela visita, e como forma de agradecimento, abraçou os membros do Projeto ali presentes; todos ficaram emocionados com este gesto, o que evidencia a importância do trabalho e nos motiva a continuar. (Estudante de Engenharia Agronômica, ex-bolsista do Projeto MDMA, Camila Aparecida Nunes de Souza). 6318
11 A participação em projetos de extensão desta natureza propicia aprendizado constante aos seus atores e permite reflexões sobre a Educação em todos os seus aspectos, tal como evidenciado no relato a seguir: Em todas as escolas, suas equipes sempre nos receberam muito bem, por vezes, até com um aspecto de convidado para um evento especial. Esse aspecto muitas vezes me chamou a atenção no sentido de mostrar a distância que a universidade está das escolas e dos pequenos municípios, bem como da carência e, por que não dizer, do isolamento que esses profissionais sentem pelo distanciamento não só com as universidades, mas com outras fontes de troca de conhecimento e atividades. (...) Além disso, desde as reuniões iniciais de planejamento junto à equipe da Diretoria de Ensino da Região de Registro, ao encontro com os professores, com as várias crianças e adolescentes nas escolas, a minha percepção é de que há um hiato entre a realidade observada de pessoas dedicadas, participativas e interessadas em relação à imagem deteriorada da escola pública na grande mídia. Problemas existem, mas há muita gente se dedicando para fazer da escola pública um lugar melhor! (Professor João Vicente Coffani-Nunes). CONSIDERAÇÕES FINAIS O Projeto Museu Dinâmico da Mata Atlântica entende as exposições itinerantes como espaços fundamentais de educação não-formal e divulgação do conhecimento, um dos seus objetivos primordiais desde o início de suas atividades. Por meio de ações como essa, a Universidade pública amplia seu papel social e permite a popularização da ciência e da cultura. Dessa forma, as exposições continuam em andamento e aprimoramento constante, com o intuito de percorrer os vários municípios do Vale do Ribeira, mantendo a parceria profícua com as Diretorias de Ensino Regionais. AGRADECIMENTOS À Diretoria de Ensino Região de Registro, à UNESP C. E. Registro e à PROEX/UNESP pelas Bolsas de Extensão Universitária e Auxílio financeiro. 6319
12 REFERÊNCIAS ABDALLA, M. F. B.; SANTOS, M. R. O programa escola da família e a educação para cidadania: limites e desafios para seus educadores. Revista Múltiplas Leituras, v. 4, p , CHASSOT, A. Alfabetização científica: uma possibilidade para a inclusão social. Revista Brasileira de Educação, n.22, p , FERREIRA, J. R.; SOARES, M.; OLIVEIRA, M. Ciência Móvel: Um Museu de Ciências Itinerante. X Reunión de la Red de Popularización de la Ciencia y la Tecnología en América Latina y el Caribe (RED POP - UNESCO) y IV Taller Ciencia, Comunicación y Sociedad, San José, Costa Rica, GORCZEVSKI, C.; KONRAD, L. R. A Educação e o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos: Efetivando os Direitos Fundamentais no Brasil. Revista do Direito UNISC, n.39, p.18-42, LEMUS, M.L.A. Democratização da educação. In: OLIVEIRA, D.A.; DUARTE, A.M.C.; VIEIRA, L.M.F. Dicionário: trabalho, profissão e condição docente. Belo Horizonte: UFMG/Faculdade de Educação, MORGANTE, P. G.; COFFANI-NUNES, J. V.; SEVEGNANI, K. B.; BERTINI, G.; CONRADO, A. C.; SOUZA, C. A. N.; IZUMI, K. K.; LADISLAU, P. C. Exposições Itinerantes do Projeto Museu Dinâmico da Mata Atlântica. Anais do 8º Congresso de Extensão Universitária da UNESP, p. 1-6, PEREIRA, G. R.; CHINELLIA, M. V.; COUTINHO-SILVAC, R. Inserção dos centros e museus de ciências na educação: estudo de caso do impacto de uma atividade museal itinerante. Ciências & Cognição, v.13, n.3, p , SANTOS, M. E.; NASCIMENTO-SCHULZE, C. M.; WACHELKE, J. F. R. A exposição itinerante enquanto promotora de divulgação científica: Atitudes, padrões de interação, e percepções dos visitantes. Psicologia: Teoria e Prática, v.7, n.2, p.49-86, SOUZA, A. O. Programa Escola da Família é possível educar para a cidadania? Tese (Mestrado) - Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, UNESCO. Ensino de Ciências: O futuro em risco. Série Debates VI,
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