EDIÇÃO ESPECIAL PÓS-GRADUAÇÃO EM ANÁLISES CLÍNICAS TURMA III
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- João Gabriel Candal Avelar
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1 57 EDIÇÃO ESPECIAL PÓS-GRADUAÇÃO EM ANÁLISES CLÍNICAS TURMA III PREVALÊNCIA DE GESTANTES HIV-SOROPOSITIVAS EM TRÊS MUNICÍPIOS PARANAENSES Lariane Batista da Silva (1), Lais de Souza Braga (2), Mariana Felgueira Pavanelli (3) (1) Pós-graduanda do curso Análises Clínicas III - lariane.batista@gmail.com (2)Professora do curso de Biomedicina - lais.braga@grupointegrado.br (3) Professora Orientadora do curso Análises Clínicas III - mariana.pavanelli@grupointegrado.br. RESUMO O Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) pode ser transmitido de diversas formas, incluindo amamentação e na hora do parto. Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi determinar a prevalência de gestantes portadoras de HIV em três municípios paranaenses. Este estudo se utilizou de dados disponíveis no site da Secretaria de Vigilância em Saúde entre o período 2003 e Foram colhidos os dados de gestantes soropositivas e a taxa de detecção por nascidos vivos nos municípios de Campo Mourão, Sarandi e Fazenda Rio Grande, os quais possuem população semelhante. Observou-se que Campo Mourão possuiu o menor índice casos positivos (35 casos), seguido de Sarandi e Fazenda Rio Grande, com 60 e 69 casos, respectivamente. Conclui-se que no decorrer dos anos avaliados, houve diminuição dos casos de infecção materna, porém mais estudos na área são necessários para subsidiar os profissionais da saúde envolvidos no combate à essa infecção. PALAVRAS CHAVE: AIDS; gestação; HIV; soropositiva. PREVALENCE OF HIV-SEROPOSITIVE PREGNANT WOMAN IN THREE MUNICIPALITIES OF PARANÁ ABSTRACT The Human Immunodeficiency Virus can be transmitted by several ways, including breastfeeding and childbirth. Regarding this fact, this work aimed to determine the prevalence of pregnant woman with HIV in three municipalities of Paraná. This study used data available on Vigilance on Health Secretary between 2003 and The data of pregnant woman with HIV and the rate of detection by 1000 born alive were collected for Campo Mourão, Sarandi e Fazenda Rio Grande, municipalities whose population is similar. Campo Mourão had the lowest number of positive cases (35 cases), followed by Sarandi and Fazenda Rio Grande, with 60 and 69 cases, respectively. Through the evaluated years, the cases of maternal infection diminished, however, more studies in this area are necessary in order to subsidize the health professionals involved in combat against this infection. KEYWORDS: AIDS; pregnancy; HIV; seropositive.
2 INTRODUÇÃO 58 O Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) pode ser transmitido de diversas formas: relação sexual, troca de fluidos corporais, transplantes de órgãos, agulhas contaminadas, durante a gravidez, durante o parto e através da amamentação (1). De acordo com um estudo realizado por Garbin et al. (2), 97,4% das mulheres entrevistadas entendiam como a ocorre a transmissão do HIV, porém, apenas 36,8% se utilizavam de maneiras protetivas; nenhuma delas sabia o que significava Transmissão Vertical, mas conheciam o termo transmissão de mãe para filho, mesmo sem saber como ocorria. Desde o aparecimento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), por volta da década de 80, no Brasil, até meados de 2015, foram registrados mais de casos em homens e em mulheres quase casos; apesar da taxa de mulheres soropositivas ter se elevado entre os anos de , a partir de 2009, houve uma redução no número de casos em mulheres com elevação nos casos em homens, havia 19 casos de AIDS em homens para cada 10 casos em mulheres. Entre o período de 2004 a 2008, a relação de casos de homens soropositivos e de mulheres foi de 15 para 10, respectivamente. A tendência de mulheres com AIDS em 2014 foi de 16,3 casos em 100 mil habitantes, em contrapartida, no mesmo ano, para o sexo masculino foi de 27,7 (3). Segundo o boletim epidemiológico AIDS-DST, publicado em 2015, a prevalência de gestantes HIV positivas aumentou entre 2005 e 2014 em 30%; a região sul teve um aumento na detecção em comparação à média nacional de 2,1. Em 2015, na região sul, foi de 30,8%, perdendo apenas para o sudeste com 40,5%. De acordo com o mesmo boletim, em 2015, o número de gestantes infectadas foi de 212 no estado do Paraná, valor alto se comparado a Mato Grosso do Sul que foi de 67 no mesmo ano (3). A meta é acabar com a epidemia até 2030 (4). Estudos do Ministério da Saúde indicam o aumento da positividade de HIV em mulheres e o alto risco de contaminação materno-fetal, desse modo, partiu-se do seguinte ponto: pesquisar a epidemiologia dos casos de infecção por HIV/AIDS em parturientes é necessário para apoiar profissionais da saúde que desejam planejar ações focadas nesse público-alvo, gerando implementos à assistência de qualidade no pré-natal e diminuindo os riscos da transmissão materno-infantil do HIV, já que existem poucas publicações à respeito.
3 Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi determinar a prevalência de 59 gestantes portadoras de HIV em três municípios paranaenses, no período de 2003 a MATERIAL E MÉTODOS Este estudo se utilizou de dados disponíveis no site da Secretaria de Vigilância em Saúde no período de 2003 a Foi verificada a quantidade de gestantes soropositivas para o vírus HIV e a taxa de detecção por nascidos vivos nos municípios Campo Mourão, Sarandi e Fazenda Rio Grande. Foram intencionalmente selecionados esses três municípios por estarem localizados em diferentes regiões do estado e possuírem populações equivalentes. Tais dados foram comparados para analisar se houve aumento ou diminuição do número de casos de HIV em gestantes e tentar explicar o motivo desse desenvolvimento. Não houve tratamento estatístico, pois as tabelas foram retiradas completas do site DST, AIDS e Hepatites Virais. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO A cidade de Campo Mourão possui população estimada de habitantes, enquanto Fazenda Rio Grande e Sarandi possuem e habitantes, respectivamente (5). Na Tabela 1 são demonstrados os valores do Produto Interno Bruto (PIB), para o ano de 2012, e os dados relacionados aos números de gestantes infectadas pelo HIV para os três municípios em estudo estão disponíveis nas Tabelas 2, 3 e 4. Tabela 1. Produto Interno Bruto por município no ano de UF Município PIB (em Reais) PR Campo Mourão ,58 PR Fazenda Rio Grande ,06 PR Sarandi ,72 Fonte: IBGE, em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e Superintendência da Zona Franca de Manaus - SUFRAMA. NOTA 1: Os dados do Produto Interno Bruto dos Municípios para o período de 1999 a 2012 (série encerrada) têm como referência o ano de NOTA 2: Os dados do Produto Interno Bruto dos Municípios para o período de 2010 a 2013 (série revisada) têm como referência o ano de 2010, seguindo, portanto, a nova referência das Contas Nacionais.
4 Tabela 2. Gestantes infectadas pelo HIV (casos e taxa de detecção por nascidos vivos) por ano do parto em Fazenda Rio Grande, Paraná Total HIV em gestantes Taxa de detecção em gestantes 1,6 6,0 4,3 3,9 3,1 6,8 5,4 2,0 3,1 4,4 1,7 2,3 - - Fonte: MS/SVS/Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais Notas: (1) Casos notificados no SINAN até 30/06/2015; (2) Dados preliminares para os últimos 5 anos; (3) Utilizados nascidos vivos no ano de 2013 para o cálculo da taxa de Tabela 3. Gestantes infectadas pelo HIV (casos e taxa de detecção por nascidos vivos) por ano do parto em Sarandi, Paraná Total HIV em gestantes Taxa de detecção em gestantes 3,4 4,3 6,0 1,7 5,9 3,4 0,9 0,0 3,8 2,3 4,4 6,6 - - Fonte: MS/SVS/Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais Notas: (1) Casos notificados no SINAN até 30/06/2015; (2) Dados preliminares para os últimos 5 anos; (3) Utilizados nascidos vivos no ano de 2013 para o cálculo da taxa de Tabela 4. Gestantes infectadas pelo HIV (casos e taxa de detecção por nascidos vivos) por ano do parto em Campo Mourão/PR Total HIV em gestantes Taxa de detecção em gestantes 1,7 2,4 0,0 2,5 1,9 0,8 6,3 2,4 0,0 5,4 0,8 4,5 - - Fonte: MS/SVS/Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais Notas: (1) Casos notificados no SINAN até 30/06/2015; (2) Dados preliminares para os últimos 5 anos; (3) Utilizados nascidos vivos no ano de 2013 para o cálculo da taxa de
5 Comparando apenas o último ano do período em estudo, observa-se o número de casos por município na Tabela Tabela 5. Gestantes infectadas em 2015 de acordo com o município. Município N de casos em 2015 Campo Mourão 00 Sarandi 02 Fazenda Rio Grande 03 Para Campo Mourão, no período de 2009 a 2012, (período de um mandato) houve um número maior de infecções se comparado aos outros anos. Em 2015 foi nulo o valor de gestantes HIV positivas, uma hipótese para isso é a subnotificação dos casos de gestantes adoecidas pelo HIV às secretarias de saúde de cada cidade, já que envolve fator humano. A maior taxa de detecção em gestantes a cada nascidos vivos foi de 6.3, 5,4 e 4,5, nos anos de 2009, 2012 e 2014 respectivamente. Seguindo essa linha, podemos considerar que a infecção em mulheres grávidas está diminuindo aos poucos, na cidade de Campo Mourão, ou as notificações estão sendo falhas. Analisando as taxas das cidades de Fazenda Rio Grande e Sarandi, que possuem uma população semelhante à de Campo Mourão, nota-se que Campo Mourão possui o menor índice total de 35 casos positivos, contra 69 e 60, respectivamente. Segundo o estudo de Ferezin, Bertolini e Demarchi (6), que avaliou a prevalência de sorologia positiva para o HIV, no noroeste do estado do Paraná, dentre as pacientes que realizaram a sorotipagem para HIV, quatro (0,3%) foram reagentes e não houve associação estatística com a idade. Vieira et al. (7), analisaram a prevalência de gestantes HIV positivas em Vitória-ES e em um período de seis anos, das gestantes, 0,44% (137) estavam infectadas, sendo quatorze crianças contaminadas por transmissão vertical e, desse total, apenas sete tinham mães sabidamente soropositivas. Conforme a Tabela 1, podemos notar que a cidade de Campo Mourão tem um PIB mais elevado que as outras duas cidades, sendo assim, subentende-se que os investimentos em saúde são mais elevados. Dessa forma, existe a hipótese para valores mais baixos em Campo Mourão e vários estudos são condizentes com essa realidade como em Vieira et al. (7), que encontraram relação entre maior prevalência
6 62 de mães soropositivas e bairros de menor qualidade urbana. Outro estudo que aponta essa questão foi o de Holanda et al. (8), que também correlaciona baixo índice socioeconômico e de infraestrutura que coincidem com taxas de infecção acima da média. Não existe relação entre idade e contágio com o HIV, porém, os estudos citados anteriormente explicitam a relação entre menor índice de qualidade urbana, maior grau de analfabetismo e menor renda financeira à maior exposição ao vírus. Também para Carvalho e Silva (9), 40,42%, das gestantes analisadas obtiveram o resultado positivo para HIV anterior a gestação em estudo; pode-se entender que a infecção não diminuiu o desejo pela maternidade. São escassas as publicações nessa área, o que dificulta a comparação dos dados. As diferenças encontradas entre os anos de um mesmo município podem ser explicadas pelas ações sociais, que tanto o governo federal quanto municipal empreende para diminuir o contágio da AIDS todos os anos, principalmente em épocas comemorativas como o carnaval e festas de fim de ano. 4 CONCLUSÃO Diante do exposto neste artigo, a média da taxa de detecção por 1000 nascidos vivos, no período estudado, para a cidade de Fazenda Rio Grande é de 3,71, para a cidade de Sarandi é 3,55, e, para o município de Campo Mourão, a média é de 2,39. Os dados avaliados mostram que com o passar dos anos as infecções por HIV em gestantes estão diminuindo nas três cidades, especialmente em Campo Mourão, em que no ano de 2015 não foi registrado nenhum caso da doença. Sendo assim, é indispensável manter os trabalhos de incentivo à população feminina, da mesma forma que se fazem necessários estudos nessa área para subsidiar os profissionais da saúde a implantar ações focadas nesse público alvo, visando melhorar a qualidade do pré-natal, diminuindo, assim, a transmissão vertical do HIV. REFERÊNCIAS (1) HIV/AIDS. Médicos sem fronteiras. Disponível em: < Acesso em: 24/09/2016.
7 (2) GARBIN, C. A. S.; et al. Transmissão vertical do HIV na percepção de mulheres brasileiras. Revista Odontológica de Araçatuba, v.33, n.1, p , (3) BRASIL, Boletim Epidemiológico, 2015, Ministério da Saúde, HIV-AIDS, Brasília Ano IV - nº 01 da 27ª à 53ª semana epidemiológica - julho a dezembro de 2014 ISSN B O L E T I M EPIDEMIOLÓGICO HIV AIDS da 01ª à 26ª semana epidemiológica - janeiro a junho de ISSN (4) UNAIDS. AIDS BY THE NUMBERS, 2016 Disponível em: < 2015>. Acesso em: 24/09/2016. (5) IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Cidades, Disponível em: < >. Acesso em: 22/10/2016 (6) FEREZIN, R.I.; BERTOLINI D.A.; DEMARCHI I.G. Prevalência de sorologia positiva para HIV, hepatite B, toxoplasmose e rubéola em gestantes do noroeste paranaense. Rev Bras Ginecol Obstet. v.35, n, 2, p.66-70, (7) VIEIRA, A. C. B. C.; et al; Prevalência de HIV em gestantes e transmissão vertical segundo perfil socioeconômico, Vitória, ES. Rev. Saúde Pública v.45, n,4, (8) HOLANDA, E.R.; et al. Análise espacial da infecção pelo vírus da imunodeficiência humana entre gestantes. Rev. Latino-Am. Enfermagem, v. 23, n, 3, p , (9) CARVALHO, C. F. S; SILVA, R. A. R. Perfil Sociodemográfico E De Saúde De Mulheres Soropositivas Em Um Pré-Natal De Alto Risco. Cogitare Enferm. v.19, n.2, p.292-8, Enviado: 27/02/2017 Aceito: 29/03/2017 Publicado: 06/2017
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