A PRÁTICA DO PROFESSOR DO ENSINO DE LÍNGUA MATERNA NO ENSINO FUNDAMENTAL NO TOCANTE AS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS COM A ESCRITA
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1 A PRÁTICA DO PROFESSOR DO ENSINO DE LÍNGUA MATERNA NO ENSINO FUNDAMENTAL NO TOCANTE AS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS COM A ESCRITA Marciel Alan Freitas de CASTRO (Bolsista CAPES/INEP/UERN/UAB/IFRN) Maria Raquel BEZERRA (Bolsista PIBID/CAPES/UERN) Sueilton Junior Braz de LIMA (Bolsista PIBID/CAPES/UERN) RESUMO: No presente trabalho, pretendemos analisar e observar o processo de construção da atividade pedagógica do professor de língua materna, assim como diagnosticar como se apresenta o processo de aquisição da linguagem escrita de estudantes no Ensino Fundamental. Buscamos nesta pesquisa, especificamente, observar e refletir sobre a prática pedagógica do professor do ensino de língua materna. No âmbito deste trabalho, buscamos embasamento teórico nas ideias de Abaurre (1997), Capistrano (2007), François (2006), Scarpa (2001), Stampa (2009), PCNs ( ); autores que contribuem significativamente no entendimento do processo de aquisição da escrita convencional (con sagrada). A realização deste trabalho dá-se ainda pela necessidade de observar o processo de desenvolvimento da escrita em que os alunos se encontram. Portanto, essa observação nos foi de grande importância para essa etapa de nossa formação acadêmica, possibilitando relacionar à prática de ensino com as teorias estudadas até o momento em sala de aula. PALAVRAS-CHAVE: Língua Materna; Ensino Fundamental; Prática Pedagógica. INTRODUÇÃO A linguagem é fundamental na formação do indivíduo, uma vez que a mesma se manifesta de várias formas desde os seus primeiros indícios de vida. No processo de formação de qualquer indivíduo, a escrita também exerce, sem dúvida, papel indispensável, ainda mais quando se vive numa sociedade permeada de atividades mediadas pela prática leitura e escrita, nas interações sociais. Diante da necessidade de analisar e observar como se apresenta o processo de construção da atividade pedagógica do professor de língua materna, assim como diagnosticar como se apresenta o processo de aquisição da linguagem e da escrita de estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental, de uma escola pública municipal, buscamos neste trabalho, especificamente, observar e refletir sobre a prática pedagógica do professor do ensino de língua materna, no tocante as atividades desenvolvidas com a escrita no ensino fundamental, cumprindo assim uma exigência curricular do Curso de Letras da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte UERN. No âmbito deste trabalho, buscamos embasamento teórico nas ideias de Abaurre (1997), Capistrano (2007), François (2006), Scarpa (2001), Stampa (2009), Travaglia (2001), autores que contribuem significativamente no entendimento do processo de aquisição da
2 escrita convencional (consagrada). O espaço escolar analisado foi a Escola Municipal Augusta Leopoldina do Monte, localizada na Zona Urbana do município de Francisco Dantas RN, em uma classe do 6º ano A do Ensino Fundamental I, comporta por 22 alunos com faixa etária de 10 a 14 anos, em aulas de língua portuguesa. Na ocasião, com a permissão da diretora, vice-diretora e da professora da referida disciplina, procede-seu a observação de 5h/a, nas quais a professora pediu que os alunos, de acordo com a temática trabalhada, fizessem um artigo de opinião ou uma entrevista, sendo as mesmas coletadas e selecionadas para compor as análises de dados deste trabalho. A realização deste trabalho dá-se ainda pela necessidade de observarmos o processo de desenvolvimento da escrita em que os alunos se encontram. Analisando as propostas para a prática do ensino de língua portuguesa, o diagnóstico deste trabalho corrobora em torno de alguns objetivos específicos, são eles: a análise e a observação de aulas do ensino de Língua Portuguesa mediante o uso ou não do Livro Didático no ambiente escolar transmitidos no Ensino Fundamental, observando a metodologia de ensino e os conteúdos abordados, levando em consideração as atividades desenvolvidas com a escrita no processo escolar. Esse trabalho encontra-se estruturado da seguinte forma: na fundamentação teórica abordaremos alguns conceitos básicos e fundamentais acerca do processo da escrita e apresentaremos as concepções linguagem enfatizadas por Travaglia (2002 ). Após essas explicitações teóricas, o trabalho se encaminhará para análise do corpus, ou seja, analisando os dados, tentamos organizar os textos selecionados na observação no âmbito de atender aos objetivos deste trabalho, no que diz respeito à prática do professor de Língua Materna, tocante ao trabalho com a escrita. E por fim este será retomado nas discussões inscritas nas considerações finais. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O ensino de Língua Portuguesa vem sendo alvo de muitas discussões, diversas pesquisas e foco de diferentes preocupações e inclusive estudos por parte dos estudiosos e professores. Assim nos propomos a discutir que para se definir o objeto de ensino, precisamos partir do entendimento de que é necessário compreender a concepção de linguagem, ou seja, tratar da (s) concepção (ões) de linguagem que utilizamos em nossas práticas pedagógicas. Considerando a necessidade de compreender e analisar o processo de aquisição da linguagem, mais precisamente da escrita desenvolvida pelo aluno, percebemos a importância da interação professor e aluno no ambiente escolar. Pois o professor é o responsável pela
3 organização das atividades que proporcionam condições de aprendizagem, pela metodologia de ensino e pela forma como o aluno participa do processo de aprendizagem em sala de aula. Visto que para o educador realizar essas ações, o mesmo se apropria dos conhecimentos que tem acerca da linguagem para definir o percurso pelo qual a aula se desenvolve. Os PCNs (1999, p.36) nos mostra que, O aluno como pessoa humana; e a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico com flexibilidade, em um mundo novo que se apresenta, no qual o caráter da Língua Portuguesa deve ser basicamente comunicativo. Os PCNs defendem o ensino interativo/comunicativo da língua, que os alunos sejam capazes de compreender, interpretar e produzir diferentes textos dentro e fora do espaço escolar. Textos esses que o auxiliem nas interações sociais. Pois o ensino de língua materna nas escolas deve ser desenvolvido sob a forma de textos que comunicam e que cumprem sua função comunicativa. Talvez o fato de o aluno não estudar a língua como elemento de interação social, apresente mais dificuldades em compreender a importância da estrutura da língua nos textos do cotidiano. Em outras palavras, quando os PCNs defendem o uso da língua como interação, o objetivo seja o de levar o aluno a entender que os textos assumem uma função comunicativa e que, por essa razão, precisam ser textos organizados. Os PCNs de Língua Portuguesa do ensino médio (1999, p.43) nos mostram que, A língua dispõe de recursos, mas a organização deles encontra no social sua matéria prima. Mesmas estruturas linguísticas assumem significados diferentes, dependendo das intenções dos interlocutores. Há uma diversidade de vozes em um mesmo texto. O trabalho com textos que apresentem com clareza o que o autor defende para que o seu interlocutor possa construir sentidos nos que está posto a fim de desenvolver ou aperfeiçoar a habilidade tanto de leitura quanto a escrita do aluno. Para essa organização textual, além de saber o que deve ser dito como conteúdo, o autor, no caso o aluno, necessita utilizar as estruturas da língua, portanto, cabe a escola levá-lo a refletir acerca da função da análise linguística na compreensão e produção de textos. É importante salientar que o processo de escrita como comunicação não se limita apenas à sala de aula, mas tem seu inicio muito antes de a criança entrar no ambiente escolar. Como afirma Scarpa,
4 Desde o nascimento, o bebê é mergulhado num universo significativo por seus interlocutores básicos, que atribuem significado e interação às suas emissões vocais, gestos, direção do olhar. Até mesmo os diversos tipos de choro são interpretados, significativos e classificados pelo adulto interlocutor. (SCARPA, 2001, p. 215). Scarpa (2001, p. 215) mostra que, segundo alguns autores favoráveis à abordagem behaviorista, a aprendizagem da linguagem em si aconteceria através do processo de exposição ao meio social e decorrente de mecanismos comportamentais como estimuloresposta, ou seja, através de movimentos, e posteriormente a partir de gestos, choro e olhares. Enquanto outros autores, centrados numa vertente inatista, defendem que a aquisição da linguagem resulta do desabrochar de uma faculdade inata, portanto, sem que seja necessário o contato com a língua materna. Por último, há ainda uma outra vertente, intitulada como sociointeracionista. Afirma Scarpa (2001, p. 214): Segundo esta postura, p assam a ser levados em conta fatores sociais, políticos e culturais para a aquisição da linguagem. Assim, a interação social e a troca comunicativa entre a criança e seus interlocutores são vistos como prérequisito básico no desenvolvimento linguísticos. Portanto percebemos que a construção dessa vertente ou teoria de aprendizagem se dá pela interação, e segundo essa teoria, a aprendizagem dá-se em contextos sociais históricos e culturais. 1. Concepções de linguagem Partindo do pressuposto enfatizado por Travaglia (2002, p. 21) de que a linguagem está intimamente ligada ao processo de comunicação entre os indivíduos, ou seja, presente na fala ou na escrita, a produção da linguagem nasce do resultado da atividade comunicativa humana, que se realiza por intermédio das concepções de linguagem: linguagem como expressão do pensamento, linguagem como instrumento de comunicação, como meio objetivo para a comunicação e por fim linguagem como forma ou processo de interação. Como veremos a seguir: A primeira concepção compreende a linguagem como expressão do pensamento, que se configura como é algo internalizado, ou seja, individual, pois a linguagem traduz aquilo que pensamos; a linguagem constrói-se no interior da mente e sua exteriorização é apenas uma tradução daquilo que a mente já havia construído. Pois há regras a serem seguidas para a
5 organização lógica do pensamento e da linguagem, no que diz respeito à transmissão dos enunciados de forma organizada e clara com base na gramática normativa. Já para a segunda a linguagem é vista como instrumento de comunicação, tanto verbal quanto não verbal, ou seja, a língua é vista como um código, capaz de transmitir uma mensagem de um emissor a um receptor no ato de comunicação verbal. No qual, observamos que o professor colaborador da pesquisa, se alia na prática pedagógica a 2ª concepção de linguagem como forma de comunicação, e traz inúmeras atividades focalizadas ao estudo da gramática normativa a partir de atividades mecânicas, tais como: atividades de caracterização de cenas, personagens e ações apresentadas nos cartuns, atividades de substituição e classificação dos gêneros, sobretudo, a apresentação de gêneros discursivos e jornalísticos, afim de trabalhar os fatores de texto e textualidade presente nesses tipos de gêneros. A 3º concepção diz respeito à língua como atividade social, ou como processo de interação, no qual, apresenta a linguagem como forma de interação, e, sobretudo, resulta da influência entre o falante e o ouvinte sob o interlocutor dentro de um contexto social. ANÁLISE DE DADOS Partindo do pressuposto de que a escrita é um processo que exige envolvimento e cuidado, podemos perceber que esse processo de aquisição e desenvolvimento da linguagem escrita e oral não acontece de uma ora para outra, pois estes possuem semelhanças entre si, havendo elementos da oralidade que se assemelham aos da escrita como também os da escrita que se assemelham aos da oralidade. Diante disso, no âmbito deste trabalho, iremos analisar a seguir a representação das formas de interferência de traços oralidade e escrito a partir das produções escritas de alunos do 6º ano do ensino fundamental em dois momentos: 1º P1 (produção 1), P2 (produção 2) e p3 (produção 3) correspondente ao gênero entrevista e 2ª P1 (produção 1) e p2 (produção 2) corresponde ao gênero crônica. Fragmento 01
6 (P1) Ao analisar a produção 1 (P1), podemos p erceber que ao tentar representar o que venha ser a escrita, o produtor da P1, assim como a maioria das crianças na fase inicial, representam a escrita como uma reprodução da fala, deixando revelar traços da oralidade na sua escrita. Tais aspectos são observados nas palavras como: profisão (profissão), ussa (essa), importe (importante), faz (fazer), pra (para), mim (me) e formi (forme), onde podemos perceber nessa última a insegurança ao escrever tal palavra que na primeira vez ele escreve de forma correta e depois escreve diferente como se estivesse a procura da escrita adequada, mas mesmo assim podemos perceber que tais interferências não influenciam no sentido do texto e que elas podem ser corrigidas. Fragmento 02
7 (P2) Na produção 2 (P2), podemos perceber que o aluno apresenta uma relevante carência com relação à representação da escrita, tendo em vista que, para escrever de forma correta de acordo com a gramática normativa, é necessário haver uma boa articulação de palavras, percebe-se no texto que o mesmo possui erros na escrita de algumas palavras como: prefereda (preferida), ea (é), esforca (esforça), es (tudo), nó último caso houve a separação da sílaba inical da palavra estudar. Fragmento 03
8 (P3) Na produção 3 (P3), podemos perceber que existem várias representações da oralidade na escrita, em que as palavras foram transcritas assim como são faladas, como é o caso de: discuções (discussões), niguém (ninguém) e home (homem). Diante disso, percebe -se que os alunos procuram registrar graficamente como imaginam ser a forma correta da escrita, ou seja, uma representação da fala. Portanto, essas interferências não implicam na compreensão do texto. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho foi realizado como créditos práticos da disciplina Didática da Língua Portuguesa, na ocasião tivemos a oportunidade de observar aulas em uma turma do 6º ano do ensino fundamental, com o intuito de observar e refletir sobre a prática pedagógica do professor do ensino de língua materna, no tocante as atividades desenvolvidas com a escrita no ensino fundamental, cumprindo assim uma exigência curricular do Curso de Letras da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte UERN. Tanto na observação quanto na análise dos textos selecionados podemos perceber que na turma, a reescrita e a revisão de textos é pouca desenvolvida, mas que a professora apresentava segurança ao lidar com os conteúdos selecionados para aula. Visto que existia interação entre aluno e professor no ambiente escolar, pois havia questionamentos, quanto ao conteúdo abordado em aula, por parte da professora direcionada ao aluno.
9 Portanto, essa observação nos foi de grande importância para essa etapa de nossa formação acadêmica, possibilitando relacionar à prática de ensino com as teorias estudadas até o momento em sala de aula, desenvolvido pelo professor Ms. José Gevildo Viana, pois permite ao discente ter uma aproximação a respeito da atual realidade escolar. REFERÊNCIAS ABAURRE, M. B. M. Cenas de aquisição da escrita: o sujeito e o trabalho com o texto. Campinas, SP: associação de Leitura no Brasil (ALB): Mercado de Letras, CAPISTRANO, C. C. O que nos indica a linguagem da criança : algumas considerações sobre a linguagem. In: DEL RÉ, A. (org). Aquisição da linguagem. Uma abordagem psicolinguística. São Paulo: Ed, Contexto, 2006, p SCARPA, E. M. A. Aquisição da linguagem. In: BENTES, A. C.; MUSSALIN, F. (orgs.) Introdução a linguistica: domínios e fronteiras. v1. São Paulo: Cortez, 2001.p STAMPA, M. Aquisição da leitura e a escrita: uma abordagem teórica e prática a partir da consciência fonológica. Rio de Janeiro: Wak. Ed, BRASIL. Ministérios da Educação. Parâmetros curriculares nacionais: Terceiros e quarto ciclo do ensino fundamental: língua portuguesa/secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: Ensino Médio: Linguagens, códigos e suas tecnologias/ministério da Educação. Brasília: Ministério da Educação/Secretaria de Educação Média e Tecnologias, TRAVAGLIA. L. C. Gramática e Interação: uma proposta para o ensino de gramática no 1º e 2º graus. São Paulo: Cortez, 2002.
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