Lucinalva Andrade Ataíde de Almeida-UFPE/CAA i Maria Geiziane Bezerra Souza-UFPE/CAA ii Iara Emanuele de Melo Gomes -UFPE-CAA iii
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- Raphaella Pinto Macedo
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1 OS RECURSOS DIDÁTICOS ABORDADOS NAS METODOLOGIAS DO ENSINO E AS POSSIBILIDADES DE SUA MATERIALIZAÇÃO NO COTIDIANO DA PRATICA DOCENTE DO PROFESSOR DO ENSINO FUNDAMENTAL Lucinalva Andrade Ataíde de Almeida-UFPE/CAA i Maria Geiziane Bezerra Souza-UFPE/CAA ii Iara Emanuele de Melo Gomes -UFPE-CAA iii RESUMO Este trabalho se inscreve no campo das discussões sobre práticas curriculares e formação de professores e visa contribuir com as discussões em torno dessas temáticas. Neste sentido, para pensarmos nosso objeto de estudo nos apoiamos em autores como Felício e Possani (2013), Pacheco (2005), entre outros. Temos como objetivo analisar no discurso do aluno/professor o movimento entre os recursos didáticos abordados nos componentes curriculares referentes às Metodologias do ensino e as possibilidades de sua materialização no cotidiano da pratica docente do professor do ensino fundamental. Para tanto, procuramos identificar nas falas dos alunos/professores quais os recursos didáticos trabalhados em cada Metodologia que mais contribuíram com processo de ensino-aprendizagem na sala de aula do ensino fundamental e qual uso que se fazia deles antes e depois do contato com as Metodologias. Assim, partimos do seguinte problema de pesquisa: como ocorre o movimento entre os recursos didáticos abordados nas Metodologias do ensino e as possibilidades de sua materialização no cotidiano da pratica docente do professor do ensino fundamental? Em se tratando do percurso metodológico, realizamos pesquisa bibliográfica e entrevista semiestruturada com os alunos do curso de Pedagogia que atuam como professores e que cursaram as Metodologias do Ensino em uma Universidade pública do Agreste pernambucano. Nossas primeiras análises apontam que o movimento entre os recursos didáticos abordados nos componentes curriculares referentes às Metodologias do ensino revelam possibilidades de materialização no cotidiano da pratica docente do professor do ensino fundamental, na medida em que proporciona reflexões acerca de alternativas didáticas para o trabalho com os diversos conteúdos. Palavras-chave: Currículo pensado. Formação de professores. Prática curricular. INTRODUÇÃO Este trabalho se inscreve no campo das discussões sobre práticas curriculares e formação de professores e busca analisar o discurso do aluno/professor o movimento entre os recursos didáticos abordados nos componentes curriculares referentes às Metodologias do ensino e as possibilidades de sua materialização no cotidiano da pratica docente do professor do ensino fundamental. Assim, num primeiro momento trouxemos o nosso dialogo teórico sobre políticas e práticas curriculares e formação, que configuraram os conceitos que tomamos como base para realização de nossas análises. Num segundo momento 03413
2 2 apresentamos o percurso teórico-metodológico, tendo sua base na Análise de Discurso, e por fim a discussão dos dados e as considerações finais. DIALOGANDO COM AS POLÍTICAS E PRÁTICAS CURRICULARES Para analisar no discurso do aluno/professor o movimento entre os recursos didáticos abordados nos componentes curriculares referentes às Metodologias do ensino e as possibilidades de sua materialização no cotidiano da pratica docente do professor, faz-se necessário compreender o que são políticas curriculares, já que tanto o currículo pensado, quanto as práticas curriculares fazem parte deste contexto mais geral influenciando e sendo influenciados por ele. Entendemos políticas curriculares como uma ação simbólica, permeada por ideologias e relações de poder, que tem por objetivo a organização da autoridade e a regulamentação daquilo que deve ser ensinado em âmbito escolar, e que, portanto dizem respeito às decisões tomadas no âmbito macro, isto é, no contexto da Administração central, quanto em âmbito micro, referente às decisões tomadas nos diversos contextos das instituições escolares (PACHECO, 2005, p. 105). Nesta direção, o currículo está relacionado de forma intrínseca com as políticas curriculares, e como aponta Felício e Possani (2013) é preciso compreender o currículo como um processo historicamente situado permeado por uma série de influências ocorridas concomitantemente, tanto de forma coerente, quanto contraditória, e que por assim dizer é gerador de uma ação pedagógica que envolve tanto a teoria quanto a prática (FELÍCIO e POSSANI, 2013, p.131). Desse modo, o currículo não é estático, nem tão pouco neutro e não se restringe à teoria ou à prática, mas abarca ambas em um processo dinâmico que reproduz as ideologias na qual foi pensado, cria, recria e ressignifica suas ações estando sempre em movimento. Neste sentido, Pacheco (2005) afirma que O currículo não pode ser separado nem do contexto amplo que o define no tempo e no espaço nem da organização escolar que o concretiza (PACHECO, 2005, p. 104). Dizendo de outro modo, o currículo não pode ser separado nem das políticas curriculares que o pensam, nem das práticas curriculares que o concretizam. Em se tratando de prática curricular Busnardo e Lopes (2010) compreendem que ela faz parte das políticas curriculares, uma vez que seus discursos influenciam e são influenciados por ela, ou seja, muito da prática integra os textos e contextos das 03414
3 3 políticas. Assim um movimento constante de troca entre política e prática curricular, sendo esta a materialização do currículo pensado, mas não dizendo respeito apenas a ela, mas também às múltiplas interferências do contexto, da cultura escolar, dos sujeitos protagonistas, de sua subjetividade e de um conjunto complexo de inter-relações que influenciam de forma direta ou indireta tal materialização. Assim, a formação de professores não provém unicamente da ação de docentes do curso superior, ou da Universidade, mas também das experiências educativas vivenciadas nos diversos grupos, da cultura e da subjetividade de tal indivíduo, gerando conhecimentos que são mobilizados no cotidiano da sala de aula gente as diversas situações de ensino-aprendizagem. CAMINHO TEÓRICO-METODOLÓGICO Com vista a atingir os objetivos propostos nesse trabalho realizamos um estudo qualitativo, uma vez que consideramos que ele possibilita uma maior compreensão da temática abordada. Realizamos também uma pesquisa bibliográfica por compreendermos que este tipo de pesquisa nos propiciaria uma relevante quantidade de conhecimentos teóricos. Utilizamo-nos também da Análise do Discurso-(AD) como instrumental teóricometodológico, uma vez que a AD é um instrumento mediador, indispensável, para entender a relação entre o homem, a mulher e a realidade social, em que o discurso é seu objeto (ORLANDI,2010), para analisar nas falas dos aluno/professor do curso de pedagogia como se dá o movimento entre os recursos didáticos abordados nos componentes curriculares referentes às Metodologias do ensino e as possibilidades de sua materialização no cotidiano da pratica docente do professor do ensino fundamental. DISCUSSÃO DOS DADOS Com base nos enunciados obtidos nas entrevistas realizadas com os alunos/ professores foi possível identificarmos recursos didáticos trabalhados em cada Metodologia que mais contribuíram com processo de ensino-aprendizagem na sala de aula do ensino fundamental, os quais foram: Jogos do CEEL nas Metodologias do Ensino de Língua Portuguesa; Jogos matemáticos, materiais concretos diversos, ábaco e material dourado nas Metodologias do Ensino da Matemática; Recursos tecnológicos nas Metodologias do Ensino de História, de Geografia e de Ciências; E experiências científicas e filmes e vídeos, nesta última
4 4 A utilidade desses recursos antes do contato com as Metodologias do Ensino pode ser evidenciada no discurso de AP2 (aluno/professor 2), quando diz: A de Ciências mesmo, trabalhava muito com experiências como as da plantinha mesmo, né? Que ela trazia bastante experiência que a gente não sabia, era aquela coisa eu mesmo trabalhava mais com o quadro, mas agora eu trabalho mais com o concreto com o real [...]. Português usou também bastante jogos, na escola tem também tem aqueles jogos do CEEL que ele também trabalhou, eu comecei a usar mais. É porque na verdade assim a gente não conhecia assim aqueles recurso, né? Na escola tinha tanto, por exemplo, as bibliotecas. Mas a gente não sabia pra que servia aquele material, via e não sabia como usar. E aqui essa Metodologia ele ensino a gente como trabalhar com todo esse material. Pronto, na minha escola mesmo tinha tudo, mas a gente não sabia, não ligava em trabalhar com eles. (ALUNO/PROFESSOR, 2014). Assim, esse discurso aponta que antes das experiências vivenciadas nos componentes curriculares referente às Metodologias do Ensino, os professores do ensino fundamental tinham acesso a certos recursos didáticos, mas não tinham o hábito de trabalhar com eles, muitas vezes devido ao fato de não saber como utilizá-los ou de não compreenderem a relevância de sua utilização o processo de ensino aprendizagem. O uso e a utilidade de recursos depois do contato com as Metodologias do Ensino pode ser percebida tanto na fala de AP2: ai, depois dessa aulas de Metodologia a gente começo mais a trabalhar com esse material. Eles tem ajudado assim, a trabalhar de forma mais lúdica, mais criativa (ALUNO/PROFESSOR 2, 2014), quanto na fala de AP4: aprendi a manuseá-los com a ajuda das aulas de metodologia. Esse material auxilia bastante (ALUNO/PROFESSOR 4, 2014). Desse modo, fica evidenciado que os professores passaram a utilizar os recursos didáticos apresentados, trabalhados ou construídos nas Metodologias do Ensino que antes não utilizavam porque aprenderam a fazer uso deles, utilizando-os como ferramentas dinamizadoras do processo de ensino-aprendizagem. A fala de AP4 evidencia as contribuições dos recursos didáticos utilizados: Muita coisa né, principalmente na interação das crianças, porque existe maior interesse quando a gente trabalha com jogos, eles participam mais, eles se envolvem mais, quando se trata de tecnologias faz parte da linguagem deles, aquilo que eles vivenciam no dia a dia, fica mais lúdico, mais prático pra eles, existe um interesse diferenciado das crianças (ALUNO/PROFESSOR 4, 2014). Assim, este discurso nos mostra que tais recursos ao permitirem a (re) configuração da aula, numa dimensão de movimento passaram a contribuir com a ação dos discentes no que tange ao desenvolvimento das atividades e a despertar seu interesse, possibilitando, dessa forma uma aprendizagem mais significativa
5 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir da análise do discurso dos alunos/professores acerca dos recursos didáticos abordados nas Metodologias do Ensino, foi possível perceber que estes componentes curriculares possibilitam uma nova configuração na prática docente no cotidiano da sala de aula. Identificamos também que os professores além de passarem a compreenderem a relevância dos recursos didáticos apresentados, aprendem a como lidar com eles, oferecendo assim a possibilidade de utilizá-los em diversas situações do processo de ensino-aprendizagem, proporcionando assim, reflexões acerca de alternativas didáticas para o trabalho com os diversos conteúdos. REFERÊNCIAS BUSNARDO, F.; LOPES, A. C. Os discursos da comunidade disciplinar de ensino de biologia: circulação em múltiplos contextos. Ciência & Educação, vol. 16, nº 1, p., FELÍCIO, H. M. S.; POSSANI, L. F. P. Análise crítica do currículo: um olhar sobre a prática pedagógica. Currículo sem Fronteiras, v. 13, n. 1, p , Jan./Abr PACHECO, J. A. Políticas curriculares descentralizadas. In: PACHECO, J. A. Escritos curriculares. São Paulo: Cortez, ORLANDI, E. P. Análise de discurso: princípios e procedimento.9. ed. Campinas, SP: Pontes Editores, i Doutora em Educação, UFPE/CAA. nina.ataide@gmail.com. ii Graduanda do curso de Pedagogia e Bolsista de Iniciação Científica do PIBIC/UFPE/CNPq, UFPE/ CAA. geiziane16@hotmail.com. iii Graduanda do curso de Pedagogia e Bolsista de Iniciação Científica do PIBIC/UFPE/CNPq, UFPE/ CAA. iaraemanuele76@gmail.com
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