1. (CESPE TRF 5ª REGIÃO JUIZ FEDERAL 2011)
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1 RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA QUESTÕES 1. (CESPE TRF 5ª REGIÃO JUIZ FEDERAL 2011) O nome de Jonas Neto, ex-sócio da Locus Amoenus Ltda., que detinha 10% das respectivas quotas do capital social e cuja retirada da sociedade ocorreu em 25/3/2002 (data do arquivamento da alteração societária no registro do comércio), foi consignado no rol de corresponsáveis tributários de uma certidão de dívida ativa, lavrada em 24/3/2006, em desfavor da aludida empresa, relativa a débito de contribuição previdenciária sobre folha de salários, das competências de janeiro a março de Tal débito tributário é objeto de execução fiscal aforada em 24/3/2010, contra a qual foram opostos embargos à execução ainda pendentes de julgamento. Jonas Neto, que nunca figurou como administrador da referida empresa, é titular de um crédito de indenização, por responsabilidade civil da União, inscrito em precatório judicial. Sabendo da iminente liberação do crédito do precatório, a União atravessou petição pugnando pela compensação do respectivo crédito com a noticiada dívida previdenciária, ou, alternativamente, pela suspensão do pagamento do precatório em razão da dívida objeto de execução fiscal. Em face da situação hipotética acima apresentada, responda, de forma fundamentada, se procede a pretensão da União. ESPAÇO PARA RESPOSTA (60 LINHAS)
2 ANTÔNIO AUGUSTO JR
3 RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA
4 ANTÔNIO AUGUSTO JR. 2. (PGE/PR PROCURADOR DO ESTADO DO PARANÁ 2011) Acerca da sujeição passiva tributária, estabeleça a distinção entre responsabilidade por transferência e responsabilidade por substituição. ESPAÇO PARA RESPOSTA (15 LINHAS)
5 INFRAÇÕES E SANÇÕES TRIBUTÁRIAS QUESTÕES COMENTADAS 1. (PGE/RS PROCURADOR DO ESTADO RS 2010) Discorra sobre o uso de sanções políticas contra o contribuinte inadimplente, dizendo o que são essas sanções, indicando exemplos e abordando a possibilidade ou impossibilidade do seu uso por parte da Fazenda Pública. Neste último caso, a resposta deve indicar os dispositivos constitucionais, infraconstitucionais e jurisprudenciais que a fundamentam. RESPOSTA DO AUTOR Sanção é a consequência prevista no direito positivo para a violação de uma regra de conduta. Uma vez constatado o descumprimento de uma norma jurídica (ilicitude), legítima a incidência da sanção. No direito tributário, a sanção advém do descumprimento de uma obrigação tributária, acessória ou principal. A aplicação de multas pelo descumprimento de obrigações tributárias é um meio constitucional de desestimular o comportamento ilícito do contribuinte. É comum, desse modo, as sanções por infrações formais, autorizadas de forma genérica no artigo 113, 3º do Código Tributário Nacional, segundo o qual a obrigação acessória, pelo simples fato de sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente a penalidade pecuniária. O que a doutrina e a jurisprudência rechaça são as sanções políticas, que, em matéria tributária, significam as restrições e impedimentos impostos aos contribuintes com a finalidade de compeli-los ao pagamento de tributos. São exemplos dessa espécie de sanção a interdição de estabelecimento e a apreensão de mercadorias. Tais mecanismos de cobrança são inconstitucionais porque violam o direito fundamental ao livre exercício de trabalho, ofício ou profissão (artigo 5º, XIII, da CF) e a liberdade do exercício de atividade econômica (artigo 170, parágrafo único, da CF). Uma vez que a Fazenda Pública possui meios próprios de cobrança judicial dos seus créditos tributários (ação de execução fiscal, disciplinada pela Lei 6.830/80), inclusive com uma série de prerrogativas em relação aos credores comuns, não lhe é lícito obstruir o exercício da atividade econômica para forçar o pagamento de tributos devidos por parte dos contribuintes. 225
6 ANTÔNIO AUGUSTO JR. Nesse sentido, há súmulas do STF que vedam a interdição de estabelecimento e a apreensão de mercadorias como meio coercitivo de cobrança de tributos. O que a jurisprudência admite, contudo é o cancelamento de registro especial para a fabricação de cigarros em caso de inadimplemento sistemático de tributos, porque nesse caso a medida seria proporcional e razoável, dada a peculiaridade do mercado de cigarros. Atenção!!!! O tema dessa questão costuma ser cobrado em provas orais, como o foi nos concursos de Procurador do Estado do Rio Grande do Sul (2012) e Procurador da Fazenda Nacional (2012) CRITÉRIO DE CORREÇÃO DA BANCA Resposta adequada a respeito da definição das sanções políticas (no sentido de que são formas oblíquas de cobrança dos débitos fiscais). Atribuir 20 pontos Indicação de exemplos válidos (ex. mais comum: a negativa do fornecimento de autorização para impressão de notas fiscais). Atribuir 20 pontos Resposta quanto ao seu uso pela Fazenda Pública (no sentido de que esse tipo de sanção não encontra amparo no direito, de modo que ela está impossibilitada de fazer uso desses meios de cobrança). Atribuir 30 pontos 226 Indicação dos dispositivos que fundamentam a resposta: 1) Resposta indicando dispositivos constitucionais: constitui ofensa aos artigos 5º, XIII (liberdade de trabalho, ofício ou profissão) e 170, único (livre exercício da atividade econômica), da CF/88. Atribuir 10 pontos 2) Resposta indicando dispositivos infraconstitucionais: o uso de tais sanções também não encontra amparo na legislação infraconstitucional, já que a Fazenda Pública detém meio próprio para a cobrança dos seus créditos, i.é, a ação de execução fiscal, Lei nº 6.830/80. Atribuir 10 pontos 3) Indicação de jurisprudência ou súmulas: algum acórdão ou as Súmulas nºs 70 e 323 do STF. Atribuir 10 pontos DOUTRINA TEMÁTICA Prática antiga, no Brasil, remonta aos tempos da ditadura de Vargas, é a das denominadas sanções políticas, que consistem nas mais diversas formas de restrições a direitos do contribuinte como forma oblíqua de obrigá-lo ao pagamento de tributos. São exemplos mais comuns de sanções políticas a apreensão de mercadorias em face de pequena irregularidade no documento fiscal que as acompanha, o denominado regime especial de fiscalização, a recusa de certidão negativa de débito quando não existe lançamento consumado contra o contribuinte, entre muitos outros.
7 INFRAÇÕES E SANÇÕES TRIBUTÁRIAS As sanções políticas são flagrantemente inconstitucionais, entre outras razões, porque: a) implicam indevida restrição ao direito de exercer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, assegurado pelo art. 170, parágrafo único, da vigente Constituição Federal; e b) configuram cobrança sem o devido processo legal, com grave violação do direito defesa do contribuinte, porque a autoridade que a este impõe a restrição não é a autoridade competente para apreciar se o tributo é ou não legal. (MACHADO, 2005, p. 487 e 488) Providência até certo ponto comum é a apreensão de mercadorias e de documentos, bem como dos veículos que os transportarem, em função de irregularidades verificadas pela fiscalização. A devolução ficará condicionada ao pagamento do tributo devido, com as penalidades cabíveis, ou então, querendo discutir a legitimidade do procedimento fiscal, o interessado terá de oferecer fiança idônea ou depósito de valor correspondente à mais elevada multa aplicável à espécie. Todavia, acerca dessa medida sancionatória, consistente na retenção de bens para forçar o recolhimento do tributo ou da multa, já se manifestou o Supremo Tribunal Federal, entendendo que é inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento de tributos (Súmula n. 323). ( ) A sujeição a regime especial de controle é outro expediente sancionatório de que a Fazenda Pública se utiliza, com relação a certos impostos, como o IPI e o ICMS. Aplica-se ao sujeito passivo que se mostra renitente quanto ao cumprimento de suas obrigações e deveres tributários. Consiste na rotulagem especial, na numeração ou no controle quantitativo dos produtos; no uso de documentos ou livros de modelos especiais; na prestação de informações periódicas sobre as operações de seu estabelecimento; e até na vigilância constante dos agentes do Fisco, que poderão fazer plantões à porta do estabelecimento. (CARVALHO, 2013, p. 496 e 497) Convencionou-se chamar de sanções políticas as indevidas restrições impostas ao exercício de direitos do contribuinte, de molde a compeli-lo ao cumprimento de suas obrigações. Em outras palavras, constituem meios coercitivos para o pagamento de tributos, tais como a recusa de autorização para a emissão de notas fiscais ou a inscrição do nome do contribuinte em cadastro de inadimplentes que conduza a restrições de direitos. Tais modalidades punitivas devem ser rechaçadas diante de sua evidente desproporcionalidade, tendo a jurisprudência se consolidado nesse sentido. No entanto, certas restrições ao exercício de direitos, decorrentes do necessário exercício do poder de polícia pela Administração Pública, são legítimas, uma vez fundadas na supremacia do interesse público sobre o particular e impostas com observância ao princípio da razoabilidade. É o caso, por exemplo, da exigência de certidão negativa ou de regularidade de situação para que o contribuinte possa participar de licitação e celebrar contrato administrativo ou, mesmo, da imposição de certos regimes especiais de fiscalização, hipóteses nas quais exsurge claramente a finalidade de proteção ao patrimônio público. (COSTA, 2014, p. 306 e 307) 227
8 ANTÔNIO AUGUSTO JR. A legislação permite a retenção de livros e documentos, para serem examinados pela fiscalização fora do estabelecimento; a apreensão de mercadorias de procedência estrangeira encontradas fora da zona primária, em situações específicas; bem como a apreensão de bem ou mercadoria que constituir prova material de infração às normas tributárias. Estes procedimentos têm por escopo averiguar a situação fiscal do contribuinte, inserindo no regular exercício do poder de polícia que norteia as atividades da Administração Pública. Entretanto, 'é inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento de tributo' (Súmula nº 323 do STF), em razão do que, procedendo ao lançamento tributário (intimação, notificação, ou lavratura de auto de infração), não se justifica a manutenção dos bens apreendidos com a repartição fiscal, a fim de não prejudicar o livre exercício das atividades profissionais. Assim é inconstitucional a norma que permite ao Fisco deixar de proceder à devolução do bem, livro, documento, impresso, papel, programa ou arquivo magnético. (MELO, 2005, p. 260) JURISPRUDÊNCIA TEMÁTICA `` 228 STF Súmula 70 do STF: É inadmissível a interdição de estabelecimento como meio coercitivo para cobrança de tributo. Súmula 323 do STF: É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento de tributos. Súmula 547 do STF: Não é lícito à autoridade proibir que o contribuinte em débito adquira estampilhas, despache mercadorias nas alfândegas e exerça suas atividades profissionais. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. SANÇÃO POLÍTICA. NÃO-PAGAMENTO DE TRI- BUTO. INDÚSTRIA DO CIGARRO. REGISTRO ESPECIAL DE FUNCIONAMENTO. CAS- SAÇÃO. DECRETO-LEI 1.593/1977, ART. 2º, II. 1. Recurso extraordinário interposto de acórdão prolatado pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região, que reputou constitucional a exigência de rigorosa regularidade fiscal para manutenção do registro especial para fabricação e comercialização de cigarros (DL 1.593/1977, art. 2º, II). 2. Alegada contrariedade à proibição de sanções políticas em matéria tributária, entendidas como qualquer restrição ao direito fundamental de exercício de atividade econômica ou profissional lícita. Violação do art. 170 da Constituição, bem como dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. 3. A orientação firmada pelo Supremo Tribunal Federal rechaça a aplicação de sanção política em matéria tributária. Contudo, para se caracterizar como sanção política, a norma extraída da interpretação do art. 2º, II, do Decreto- -lei 1.593/1977 deve atentar contra os seguintes parâmetros: (1) relevância do valor dos créditos tributários em aberto, cujo não pagamento implica
9 INFRAÇÕES E SANÇÕES TRIBUTÁRIAS a restrição ao funcionamento da empresa; (2) manutenção proporcional e razoável do devido processo legal de controle do ato de aplicação da penalidade; e (3) manutenção proporcional e razoável do devido processo legal de controle da validade dos créditos tributários cujo não-pagamento implica a cassação do registro especial. 4. Circunstâncias que não foram demonstradas no caso em exame. 5. Recurso extraordinário conhecido, mas ao qual se nega provimento. (RE , Rel. Min. Joaquim Barbosa, Pleno, j , DJe ) (grifado pelo autor). CONSTITUCIONAL. DIREITO FUNDAMENTAL DE ACESSO AO JUDICIÁRIO. DIREI- TO DE PETIÇÃO. TRIBUTÁRIO E POLÍTICA FISCAL. REGULARIDADE FISCAL. NOR- MAS QUE CONDICIONAM A PRÁTICA DE ATOS DA VIDA CIVIL E EMPRESARIAL À QUITAÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS. CARACTERIZAÇÃO ESPECÍFICA COMO SANÇÃO POLÍTICA. AÇÃO CONHECIDA QUANTO À LEI FEDERAL 7.711/1988, ART. 1º, I, III E IV, PAR.1º A 3º, E ART. 2º. 1. Ações diretas de inconstitucionalidade ajuizadas contra os arts. 1º, I, II, III e IV, par.1º a 3º e 2º da Lei 7.711/1988, que vinculam a transferência de domicílio para o exterior (art. 1º, I), registro ou arquivamento de contrato social, alteração contratual e distrato social perante o registro público competente, exceto quando praticado por microempresa (art. 1º, III), registro de contrato ou outros documentos em Cartórios de Registro de Títulos e Documentos (art. 1º, IV, a), registro em Cartório de Registro de Imóveis (art. 1º, IV, b) e operação de empréstimo e de financiamento junto a instituição financeira, exceto quando destinada a saldar dívidas para com as Fazendas Nacional, Estaduais ou Municipais (art. 1º, IV, c) estas três últimas nas hipóteses de o valor da operação ser igual ou superior a cinco mil Obrigações do Tesouro Nacional à quitação de créditos tributários exigíveis, que tenham por objeto tributos e penalidades pecuniárias, bem como contribuições federais e outras imposições pecuniárias compulsórias. 2. Alegada violação do direito fundamental ao livre acesso ao Poder Judiciário (art. 5º, XXXV da Constituição), na medida em que as normas impedem o contribuinte de ir a juízo discutir a validade do crédito tributário. Caracterização de sanções políticas, isto é, de normas enviesadas a constranger o contribuinte, por vias oblíquas, ao recolhimento do crédito tributário. 3. Esta Corte tem historicamente confirmado e garantido a proibição constitucional às sanções políticas, invocando, para tanto, o direito ao exercício de atividades econômicas e profissionais lícitas (art. 170, par. ún., da Constituição), a violação do devido processo legal substantivo (falta de proporcionalidade e razoabilidade de medidas gravosas que se predispõem a substituir os mecanismos de cobrança de créditos tributários) e a violação do devido processo legal manifestado no direito de acesso aos órgãos do Executivo ou do Judiciário tanto para controle da validade dos créditos tributários, cuja inadimplência pretensamente justifica a nefasta penalidade, quanto para controle do próprio ato que culmina na restrição. É inequívoco, contudo, que a orientação firmada pelo Supremo Tribunal Federal não serve de escusa ao deliberado e temerário desrespeito à legislação tributária. Não há que se falar em sanção política se as restrições à prática de atividade econômica objetivam combater estruturas empresariais que têm na inadimplência tributária sistemática e consciente sua maior vantagem concorrencial. Para ser tida como inconstitucional, a restrição ao exercício de atividade econômica deve ser desproporcional e não-razoável. 4. Os incisos I, III e 229
10 ANTÔNIO AUGUSTO JR. 230 IV do art. 1º violam o art. 5º, XXXV da Constituição, na medida em que ignoram sumariamente o direito do contribuinte de rever em âmbito judicial ou administrativo a validade de créditos tributários. Violam, também o art. 170, par. ún. da Constituição, que garante o exercício de atividades profissionais ou econômicas lícitas. Declaração de inconstitucionalidade do art. 1º, I, III e IV da Lei 7.711/'988. Declaração de inconstitucionalidade, por arrastamento dos parágrafos 1º a 3º e do art. 2º do mesmo texto legal. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. SANÇÃO POLÍTICA. PROVA DA QUITAÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS NO ÂMBITO DE PROCESSO LICITATÓRIO. REVOGAÇÃO DO ART. 1º, II DA LEI 7.711/1988 PELA LEI 8.666/1993. EXPLICITAÇÃO DO ALCAN- CE DO DISPOSITIVO. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE NÃO CONHE- CIDA QUANTO AO PONTO. 5. Ação direta de inconstitucionalidade não conhecida, em relação ao art. 1º, II da Lei 7.711/1988, na medida em que revogado, por estar abrangido pelo dispositivo da Lei 8.666/1993 que trata da regularidade fiscal no âmbito de processo licitatório. 6. Explicitação da Corte, no sentido de que a regularidade fiscal aludida implica "exigibilidade da quitação quando o tributo não seja objeto de discussão judicial" ou "administrativa". Ações Diretas de Inconstitucionalidade parcialmente conhecidas e, na parte conhecida, julgadas procedentes. (ADI 173-DF, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Pleno, j , DJe ) (grifado pelo autor). Fabricante de Cigarros: Decreto-lei 1.593/77 e Cancelamento de Registro Especial 1. O Tribunal, por maioria, indeferiu medida cautelar em ação cautelar proposta contra a União por empresa fabricante de cigarros, na qual visava à atribuição de efeito suspensivo a recurso extraordinário por ela interposto em face de acórdão proferido pelo TRF da 2ª Região que, ao dar provimento à apelação da União, declarara a constitucionalidade do art. 2º, II, do Decreto-lei 1.593/77, com a redação dada pela Lei 9.822/99, que autoriza a Secretaria da Receita Federal a cancelar, a qualquer tempo, o registro especial para o exercício, por empresa do setor tabagista, de atividade de fabricação e comercialização de produtos do tabaco, ante o descumprimento de obrigação tributária. Tendo em conta a singularidade factual e normativa do caso, entendeu-se faltar razoabilidade jurídica ao pedido, salientando-se que poderia haver periculum in mora inverso, consistente na exposição dos consumidores, da sociedade em geral e, em particular, da condição objetiva da livre concorrência, ao risco da continuidade do funcionamento de empresa para tanto inabilitada. Fabricante de Cigarros: Decreto-lei 1.593/77 e Cancelamento de Registro Especial 2. Aduziu-se que o Decreto-lei 1.593/77 impôs como condição inafastável para o exercício da atividade econômica em questão um conjunto de requisitos que, não atendidos, acarretam a ilicitude da produção, e que haveria justificativa extrafiscal para a exigência da regularidade tributária, que, em princípio, à vista das características do mercado concentrado da indústria de cigarros, seria proporcional e razoável. Afirmou-se que o IPI Imposto sobre Produtos Industrializados é rubrica preponderante no processo de formação do preço do cigarro, produto extremamente gravoso à saúde e tributado pela mais alta alíquota desse imposto, e que a diferença a menor no seu recolhimento tem reflexo superlativo na definição do lucro da empresa. Considerou-se, diante das características do
11 INFRAÇÕES E SANÇÕES TRIBUTÁRIAS mercado de cigarros, que tem na tributação dirigida um dos fatores determinantes do preço do produto, ser compatível com o ordenamento limitar a liberdade de iniciativa em prol de outras finalidades jurídicas tão ou mais relevantes, como a defesa da livre concorrência e o exercício da vigilância estatal sobre setor particularmente crítico para a saúde pública, não havendo se falar em lesão a direito subjetivo da autora, mas em ato administrativo regular que impediu a continuidade de uma situação ilegal. Fabricante de Cigarros: Decreto-lei 1.593/77 e Cancelamento de Registro Especial 3. Registrou-se, ainda, que a empresa não estaria se recusando a pagar tributo controvertido, nem teria apresentado justificativas convincentes contra a argüição de inadimplemento, revelando, na verdade, adotar estratégia de não recolhimento sistemático de tributos como meio de obter vantagens competitivas indevidas, e figurando, inclusive, como uma das maiores sonegadoras de tributos do país. Concluiu-se não estar configurado caso de sanção política tendente a compelir contribuinte inadimplente a pagar tributo, diante da finalidade jurídica autônoma de que se reveste a norma, em resguardo da livre concorrência, e também de sua razoabilidade, e de não se aplicarem, à espécie, o precedente invocado pela recorrente (RE / RS, DJU de ) e os Enunciados das Súmulas 70, 323 e 547, do STF. Vencidos os Ministros Joaquim Barbosa, relator, Marco Aurélio, Celso de Mello e Sepúlveda Pertence que deferiam a cautelar, para preservar o resultado útil do processo, dada a gravidade da sanção imposta à empresa e a possível irreversibilidade dos efeitos dela decorrentes. AC 1657 MC/RJ, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, rel. p/ o acórdão Min. Cezar Peluso, , noticiado no informativo 473/2007. (grifado pelo autor). Atenção!!!! Fique atento ao julgamento da ADI 3952, que tem como relator o Ministro Joaquim Barbosa, em que ao tudo indica, o Tribunal vai ratificar novamente o entendimento exposto nos julgados acima. QUESTÕES DE CONCURSO RELACIONADAS 01. (PGE GO Procurador do Estado GO 2013) A interdição de estabelecimento como meio para cobrança de tributo é admissível, desde que estabelecida em lei. ÊÊ Gabarito: assertiva errada. 02. (PGE GO Procurador do Estado GO 2013) A autoridade administrativa tributária encontra-se autorizada a proceder à interdição de estabelecimento comercial, quando da inadimplência contumaz do contribuinte. ÊÊ Gabarito: assertiva errada. 231
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