GEOGRAFIA E EDUCAÇÃO INCLUSIVA: AS TECNOLOGIAS ASSISTIVAS NO ENSINO DA CARTOGRAFIA NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
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1 GEOGRAFIA E EDUCAÇÃO INCLUSIVA: AS TECNOLOGIAS ASSISTIVAS NO ENSINO DA CARTOGRAFIA NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Ticiana Couto Roquejani Profª. Drª. Vera Lúcia Messias Fialho Capellini Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho Eixo Temático: Práticas pedagógicas inclusivas Palavras-chave Geografia, Educação Inclusiva, Tecnologia Assistiva 1. Introdução O currículo de Geografia nos anos finais no Ensino Fundamental adaptado à Educação Inclusiva ainda é um campo de novos debates. A intervenção deste trabalho surge do fato de que ainda, o professor de Geografia em sua prática diária, tem dificuldades em propor e desenvolver atividades aos alunos com deficiência nas classes comuns. Os questionamentos constantes de como trabalhar temas geográficos, sobretudo a Cartografia, com alunos com deficiência, vem trazer o anseio de encontrar práticas e metodologias, as quais possam realmente colocar em exercício aquilo que os debates e deliberações políticas proclamam. Esta pesquisa depara-se em responder o seguinte questionamento: Como as Tecnologias Assistivas podem ser utilizadas pelos professores de Geografia, nos anos finais do Ensino Fundamental na rede pública e estadual no município de Avaré-SP, para a aprendizagem da linguagem cartográfica dos alunos com deficiência? Dentre as hipóteses está o fato de que as Tecnologias Assistivas, na disciplina de Geografia, referentes à temática da Cartografia, podem estar sendo desenvolvidas, em várias escolas: por meio das salas de recursos, materiais didáticos e metodologias diversas. No entanto, as dificuldades da utilização dessas tecnologias encontram-se na seleção do que realmente tem significado para este aluno possuidor de necessidades especiais, assim como na
2 falta de contato ou conhecimento, sobre os novos recursos, por parte dos docentes. Dentre os entraves encontrados no trabalho docente, para a inserção de novas tecnologias em sua prática, está a possível falta de condições estruturais e de planejamento coletivo na comunidade escolar para o atendimento especializado. Por isso, é na busca por essas Tecnologias Assistivas, no ensino geográfico, nos últimos ciclos do Ensino Fundamental, que este projeto tem seu foco, possibilitando assim, por meio de um ajuntamento de informações e práticas na disciplina, que novas abordagens venham colaborar com os objetivos reais da Educação Inclusiva. Na perspectiva de discutir e oportunizar novas práticas de ensino, este projeto de pesquisa, apresentado e aprovado no Programa de Pós-Graduação em Docência para a Educação Básica, da Faculdade de Ciências da UNESP, Campus de Bauru-SP no ano de 2016, será desenvolvido e previstamente, concluído até o primeiro mês do ano de Para isso, além de análises bibliográficas, levantamentos de dados e entrevistas, este trabalho contará com a aplicação de tecnologias que englobem práticas inclusivas, voltadas à Cartografia, para alunos com deficiência dos anos finais do Ensino Fundamental da rede estadual de ensino no município de Avaré-SP. E ainda, contará como produto final, a produção de uma tecnologia de informação e comunicação para a divulgação do material produzido e testado. 2. Objetivos OBJETIVO GERAL Planejar e implementar sequências didáticas utilizando Tecnologia Assistiva no ensino de Geografia dos anos finais do Ensino Fundamental em turmas inclusivas. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Eleger algumas sequências didáticas do currículo de Geografia e planejar a adequação curricular com o uso da Tecnologia Assistiva. Testar Tecnologias Assistivas que envolvam a temática da linguagem cartográfica. Elaborar como produto final a apresentação de um blog, no qual as práticas deste projeto serão disseminadas. 3. Métodos A análise qualitativa dos dados dar-se-á por meio do recorte da realidade vivenciada pelos professores de Geografia e alunos com deficiência, da rede estadual, dos anos finais do
3 Ensino Fundamental. Este trabalho está sendo desenvolvido em oito etapas, cada uma com três meses (trimestre). A primeira etapa em andamento consiste no levantamento bibliográfico e investigação dos dados sobre os alunos com deficiência e seus professores de Geografia da rede estadual. A segunda etapa dar-se-á na construção dos questionários a serem aplicados na comunidade escolar. Na terceira etapa ocorrerá o planejamento de sequências didáticas. A quarta etapa será coleta de vídeos, imagens e documentações que demonstrem a aplicação das sequências planejadas com o uso das TA, voltadas à Cartografia, aos alunos com deficiência. Na sexta etapa, serão realizadas as análises dos resultados, relacionando-as às hipóteses e embasamento teórico. A sétima etapa consiste na elaboração do blog, no qual constará a coletânea dos materiais desenvolvidos durante o projeto e início da escrita da redação final. E por fim, na oitava etapa, ocorrerá a apresentação do produto final. 4. Resultados Espera-se com o projeto e elaboração do blog dar visibilidade aos produtos elaborados no mestrado profissional, bem como contribuir para minimizar as barreiras impostas aos alunos com deficiência. 5. Discussão Os dados do Censo Escolar de 2014 indicam que das quase novecentas mil pessoas com deficiência matriculadas na Educação Básica, 79% estavam em turmas comuns. Enquanto no ano de 1998, das duzentas mil pessoas matriculadas com deficiência, 13% estavam em classes comuns (BRASIL, 2015). A promulgação de leis quanto à Educação Inclusiva na Constituição Brasileira de 1988 (BRASIL, 1988), a participação na Convenção da Guatemala (UNESCO, 1999), a inserção das Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (BRASIL, 2001) e a nova discussão sobre a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2015), vêm demonstrar o compromisso formal do oferecimento de uma educação inclusiva de qualidade e sugerir a reformulação e construção do currículo (BRASIL, 2015). No entanto, como defende Alves e Barbosa (org. 2006, p.18): pouco se tem falado sobre a viabilidade do cumprimento do disposto constitucional que garante o direito de todos à educação, isto é, há uma ausência de se tratar das práticas advindas das deliberações. Uma dessas barreiras estaria vinculada ao fato de como, nos dias atuais, a inclusão vem sendo amplamente discutida e ressignificada (FARIAS; SANTOS; SILVA, 2009, p.42).
4 Dentro desta perspectiva, entende-se que, muito mais do que adaptar o currículo, a escola deve possibilitar ao indivíduo desenvolver autonomia. E, como aponta Callai (1999), a formação do profissional de Geografia necessita ser analisada à medida que as mudanças vêm ocorrendo, procurando tornar assim, o ensino mais significativo. De forma a compreender, e realmente, selecionar o que é válido e essencial para merecer ser considerado parte do currículo (SILVA, 2000, p.13 apud VARELA, 2013, p.20). Sendo assim, ao tratar o que é válido, Sena (2010, p.3) pressupõe a importância da Cartografia no estudo geográfico, defendendo que o conhecimento do espaço geográfico passa pelo uso do mapa, sendo ele a representação gráfica da realidade. Portanto, trabalhar as linguagens cartográficas vinculadas ao que Bersch (2007, p. 31) denomina como novas alternativas para a comunicação, escrita, mobilidade, leitura, brincadeiras, artes, utilização de materiais escolares e pedagógicos, exploração de temas através do computador, isto é, Tecnologias Assistivas, possibilitam a oportunidade de aprendizagem e participação a todos os alunos, de forma a garantir a evolução na sua trajetória escolar (OLIVEIRA, org., 2006, p.133). Do mesmo modo que Vygotsky (1994) também defendia que os instrumentos e signos faziam a mediação e possibilitaria o desenvolvimento da aprendizagem. Galvão (2012, p.65-66) afirma que essas diferentes alternativas e concepções pedagógicas, são muito mais que meras ferramentas ou suportes para a realização de tarefas, elas geram e ampliam os contornos de uma lógica diferenciada nas relações do homem com os saberes e com os processos de aprendizagem. 6. Conclusão A discussão do referido trabalho permeará na prática de como as Tecnologias Asssistivas são possíveis de serem trabalhadas no cotidiano de ensino-aprendizagem da Geografia, sobretudo, voltadas à Cartografia, a qual é um grande suporte para todas as temáticas da ciência geográfica, durante todos os anos finais do Ensino Fundamental. Logo, supõe-se que, além de servir como respaldo e instigação, esta pesquisa será um instrumento que, sobretudo, viabilize a igualdade de direitos e garantia de respeito. 7. Referências ALVES, D. O.; BARBOSA, K. A. M. Experiências Educacionais Inclusivas: refletindo sobre o cotidiano escolar. In: ROTH, B. W. (org.). Experiências educacionais inclusivas: Programa
5 Educação Inclusiva: direito à diversidade. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2006, cap.1, p BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de Disponível em: < Acesso em: 20 nov BRASIL. BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR. Brasília, Disponível em: Acesso em: 15 nov BRASIL. RESOLUÇÃO CNE/CEB Nº 2, DE 11 DE SETEMBRO DE Disponível em: < >. Acesso em: 20 nov BERSCH, R. Tecnologia Assistiva- TA. In Schirmer, Carolina R. São Paulo: MEC/ SEESP, CALLAI, H. A formação do profissional de Geografia. Injuí. RS. Ed. Unijuí FARIAS; SANTOS; SILVA. Reflexões sobre a inclusão linguística no contexto escolar. In: Educação inclusiva, deficiência e contexto social: questões contemporâneas/ DÍAS, F.; BORDAS, M; GALVÃO, N; MIRANDA, T. (orgs.); Salvador: EDUFBA, 2009, p GALVÃO,T. A.G.Tecnologia assistiva: favorecendo o desenvolvimento e a aprendizagem em contextos educacionais inclusivos. In: GIROTO; ROSIMAR; BORTOLINI; POKER; SADAO; OMOTE (orgs.). As tecnologias nas práticas pedagógicas inclusivas. Marília; Oficina Universitária. São Paulo; Cultura Acadêmica, 2012, p MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO (MEC). Dados do Censo Escolar indicam aumento de matrícula de alunos com deficiência. Brasília, Disponível em: < Acesso em: 13 nov OLIVEIRA, M. M. B. C. Ampliando o Olhar sobre as Diferenças através de Práticas Educacionais Inclusivas. In: ROTH, B. W. (org.). Experiências educacionais inclusivas: Programa Educação Inclusiva: direito à diversidade. Brasília: MEC, SEE, 2006, p SENA, C.C.R.G. Experiência na aplicação da cartografia tátil no ensino de Geografia. Universidade de São Paulo, Disponível em: < artografia/ensino_geo_tatil.pdf >. Acesso em: 16 nov. de VARELA, B. L. O Currículo e o Desenvolvimento Curricular: Concepções, Práxis, Tendências. Praia Cabo Verde: Edições UniCV, VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
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