Prova Auditor-Fiscal da Receita Federal - AFRF Área: Tecnologia da Informação
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- Maria do Carmo Santiago Quintanilha
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1 Analisaremos a seguir a última prova para o cargo de Auditor Fiscal da Receita Federal, na matéria Finanças Públicas, aplicadas para a área de Tecnologia da Informação. Essa prova foi elaborada pela Escola Superior de Administração Fazendária ESAF e aplicada em todo o território nacional Edson Ronaldo Nascimento Prova Auditor-Fiscal da Receita Federal - AFRF Área: Tecnologia da Informação Questão 53- Os mecanismos da tributação afetam grande parte do sistema econômico. Com relação à teoria da tributação, identifique a afirmativa correta. a) Os efeitos da aplicação do imposto unitário podem afetar apenas o consumidor. b) Uma curva de oferta perfeitamente elástica implicará no repasse parcial do ônus tributário aos consumidores via aumento de preços. c) Um imposto muito elevado resulta em um peso morto também muito elevado, mas a arrecadação do governo é pequena, pois o imposto reduz sensivelmente o tamanho do mercado. d) Em um mercado monopolista, o imposto ad-valorem propicia uma arrecadação de tributos menor do que aquela oriunda do imposto unitário. e) A aplicação dos impostos diretos, que admitem repasse, afeta a disposição de oferta dos proprietários de trabalho e capital, na medida em que a incidência tributária valoriza o trabalho e a poupança e desvaloriza o consumo. A resposta correta a essa questão é apresentada pela ESAF como a letra c. De fato, uma alíquota muito elevada de impostos propicia um grau de ineficiência elevada na economia. Isso garante a veridicidade da primeira parte da questão 53. Já a segunda parte nem sempre e verdadeira, o que, no entanto, não torna falso o item c. Possivelmente um imposto elevado sobre um produto de demanda totalmente inelástica não venha reduzir sensivelmente o tamanho do mercado desse bem. Mas essa seria uma exceção à regra. Em geral, impostos elevados reduzem o mercado de um determinado produto. Além disso, a arrecadação do governo poderá ser reduzida também por outros fatores como a sonegação de impostos (no caso de alíquotas elevadas). Vejamos as demais questões:
2 Item a está incorreto por que os efeitos da aplicação de um imposto unitário (ou mesmo ad valorem) podem afetar também o produtor. Item b uma curva de oferta perfeitamente elástica pressupõe um mercado imperfeito onde quase a totalidade do imposto será absorvida pelo consumidor (o repasse não é apenas parcial). Item d regra geral, o que define o potencial do imposto ad valorem é alíquota aplicada. A elasticidade da oferta e da demanda determinará sobre quem incidirá o maior ônus. É possível que em uma situação especial a assertiva d esteja correta, por exemplo quando a alíquota ad valorem for muito inferior a um determinado imposto específico. Item e essa questão está cheia de equívocos. Regra geral, são os impostos indiretos e não os diretos que admitem repasse. Além disso, a incidência tributária não valoriza trabalho e poupança. Na verdade existe uma redução da oferta de trabalho com a incidência de tributação e uma redução na poupança no caso de alíquotas crescentes sobre aplicações financeiras. Questão 54- Afirma-se que o conceito de tributo, de forma resumida, é sempre um pagamento compulsório em moeda, forma normal de extinção da obrigação tributária. No tocante ao conceito de tributo, no Brasil, aponte a única opção falsa. a) O imposto é de competência privativa, atribuída pela Constituição Federal. b) A taxa tem como fato gerador o exercício regular do poder de polícia ou sua utilização efetiva ou potencial de serviço público, específico e divisível, prestado ou colocado à disposição do contribuinte. c) O imposto é considerado uma receita corrente e se origina da obrigação social dos cidadãos de contribuírem para a manutenção da coisa pública. d) A receita tributária é composta, exclusivamente, por impostos e taxas. e) A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos ao do imposto, nem ser calculada em função do capital das empresas. Essa é uma questão que pode ser considerada fácil e, nesse caso, deverá apresentar um índice elevado de acertos. Não há a menor dúvida quanto ao erro exposto no item d. Tributos, conforme o direito tributário e as finanças públicas, é composto de impostos, taxas e contribuições de melhoria. Dessa forma definese a chamada receita tributária. As demais assertivas estão todas corretas já que reproduzem conceitos dispostos no Código Tributário Nacional. 55- Do ponto de vista da eficiência econômica e da competitividade dos produtos brasileiros nos mercados doméstico e internacional, há enormes entraves fiscais que precisam ser eliminados. Aponte a opção falsa no que concerne a esses entraves fiscais.
3 a) O efeito da tributação que desonera as operações financeiras. b) A tributação dos bens de capital. c) O pesado ônus sobre as exportações. d) O peso dos impostos que incidem sobre matérias primas e demais insumos utilizados no processo de produção. e) Correção de injustiças derivadas da regressividade dos tributos. A resposta a essa questão é apresentada como o item a, ou seja (e de acordo com a ESAF), não representa entrave fiscal a desoneração (retirada) de tributação sobre operações financeiras. Na verdade, refere-se essa questão a subsídio e não a tributação e, na opinião desse autor, está correto afirmar que subsídio não representa entrave fiscal. Os itens b, c e d, de fato, representam entraves fiscais para a economia pois tornam a produção nacional menos competitiva. Já o item e representa muito mais um entrave social do que um entrave fiscal no sistema tributário nacional. Na verdade, se o imposto indireto e regressivo representa a principal fonte de receitas no Brasil e a tributação vem a cada ano batendo recordes na arrecadação, é forçoso afirmar que a regressividade tributária no Brasil representa um entrave fiscal para a economia. Representa, sem dúvida, um problema social na medida em que tributa as classes menos favorecidas. Mas não pode ser considerado tecnicamente ineficiente, do ponto de vista econômico. De qualquer forma, não vejo aqui elementos suficientes para a sugerir a anulação da questão, e, portanto, concordo com o item considerado correto para a questão 55. Questão 56- Com relação às transações tipicamente fiscais, às Necessidades de Financiamento do Setor Público (NFSP) e à Dívida Pública, identifique a única opção errada. a) As transações tipicamente fiscais são aquelas que afetam diretamente o resultado da administração pública, especialmente as que envolvem fluxos registrados nos orçamentos. b) A Lei de Responsabilidade Fiscal exige que sejam apurados dois resultados fiscais: resultado primário e resultado operacional. c) No Brasil, as NFSPs (Necessidade de Financiamento do Setor Público) são medidas pelo conceito acima da linha, a partir de mudanças no valor do endividamento público.
4 d) Segundo a ótica de apuração da Dívida Líquida do Setor Público pelo conceito abaixo da linha identificam-se as posições patrimoniais e suas alterações anuais. e) As NFSPs correspondem à variação nominal do endividamento do setor público não financeiro junto ao sistema financeiro e ao setor privado, doméstico ou do resto do mundo. De fato, existe aqui um problema que, certamente poderia levar a anulação da questão. Existem pelo menos dois itens errados nessa questão 56. O primeiro é a letra b. Não existe na Lei de Responsabilidade Fiscal exigência para apuração do resultado operacional, mas do resultado nominal, junto do resultado primário. Além desse item, também está errado o item c, apresentado como resposta para a questão 56. Na verdade, o conceito das Necessidades de Financiamento do Setor Público no Brasil é usualmente medido pelo conceito abaixo da linha, quando a análise é feita a partir da variação da dívida líquida. Os demais itens estão corretos, não havendo maiores questionamentos a respeito. 57- Com relação à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), não se pode afirmar que: a) os instrumentos preconizados pela LRF para o planejamento do gasto público são os mesmos adotados na Constituição Federal: Plano Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias e Lei do Orçamento Anual. b) a LRF traz uma nova noção de equilíbrio às chamadas contas primárias, traduzido no Resultado Primário equilibrado. c) a partir da vigência da LRF, a concessão dos chamados incentivos fiscais deverão atender, não só o que dispuser a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), mas ainda demonstrar que a renúncia dela decorrente foi considerada ao se estimar a receita do orçamento e que não afetará as metas fiscais previstas na LDO. d) a LRF atribui, à contabilidade pública, novas funções no controle orçamentário e financeiro, garantindo-lhe um caráter mais gerencial. e) o Anexo dos Riscos Fiscais introduzidos pela LRF destaca fatos que impactarão os resultados fiscais estabelecidos para os exercícios seguintes. De fato, não há dúvidas em relação à opção incorreta (item e ). Ocorre que é o Anexo de Metas Fiscais e não o Anexo de Riscos Fiscais que deve identificar resultados fiscais para exercícios seguintes, nos termos do artigo quarto, parágrafo primeiro da Lei de Responsabilidade Fiscal LRF.
5 Já as demais afirmativas estão todas corretas não havendo dúvidas quanto à sua validade. Questão 58- Observando-se o comportamento das finanças públicas, no Brasil, a partir de 1999, não se pode afirmar que: a) houve profunda reversão do desempenho fiscal do governo, que passou a apresentar, a partir de então, superávits primários expressivos. b) o ajuste fiscal foi fortemente concentrado na elevação das receitas de impostos não-cumulativos. c) a existência de superávits primários seria necessária para permitir a absorção de choques na economia, liberar a taxa de juros para ser usada para fins de política monetária e permitir a redução da dívida pública ao longo do tempo. d) houve a aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal, com a imposição de limites de gastos com pessoal para os três níveis de governo. e) o fator previdenciário, implementado em novembro de 1999, visou adequar o benefício ao tempo médio de recebimento do benefício (expectativa de sobrevida), à idade e ao tempo de contribuição. Os itens a, c e d referem-se as medidas de ajuste fiscal implantadas no Brasil a partir de 1999 e que foram sacramentadas pela Lei de Responsabilidade Fiscal a partir de maio de Realização de superávits primários e controle de gastos com pessoal passaram a ser peças fundamentais na busca pelo ajuste fiscal em nível federal, estadual e municipal. Poderia haver dúvidas quanto aos itens b e e visto tratarem-se de matéria que exigiria um volume importante de leituras na área de direito previdenciário, matéria incluída no concurso da receita federal. Na verdade o que sustenta a assertiva b como item incorreto (e portanto a resposta da questão 58) é o fato de que o ajuste fiscal concentrou-se muito mais no controle do gasto e na geração de superávits primários do que na elevação de receitas a partir de impostos não-cumulativos como o IPI e o ICMS. De fato, o incremento das receitas ocorreu no período o que justifica inclusive a realização de resultados primários positivos mas o ajuste não foi fortemente concentrado na elevação das receitas públicas conforme asseverado no item b. Essa é uma que podemos qualificar como difícil, na medida em que envolve conhecimentos não apenas de finanças públicas, conforme apresentado no edital para o concurso, mas também de Economia Brasileira.
6 Questão 59- A Lei n /64 classifica a receita segundo as categorias econômicas em receitas correntes e de capital e define as fontes que compõem cada categoria. Posteriormente, face à necessidade de melhor identificação dos ingressos nos cofres públicos, o esquema inicial foi desdobrado em subníveis que formam o código identificador de receita. Indique o desdobramento não pertinente. a) alínea b) subalínea c) rubrica d) elemento e) subfonte Essa questão considerada tecnicamente como fácil vem de certa forma redimir o item anterior. Não poderá haver dúvida de que elemento refere-se a classificação da despesa e não da receita pública, o que torna não pertinente o item d. As demais classificações, todas elas, dizem respeito à classificação da receita pública. Questão 60- Sabendo-se que um sistema tributário é um conjunto de normas constitucionais de natureza tributária, indique a opção falsa com relação às mudanças no Sistema Tributário Brasileiro. a) Na reforma tributária de 1964/67, entraram em vigor dois impostos sobre o valor adicionado (IVA): o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias (ICM), respectivamente. b) A Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), nos moldes atuais, foi sempre um tributo muito importante para o fomento do setor produtivo. c) Em 2001, foi instituída a contribuição de intervenção no domínio econômico (CIDE). d) Houve um retrocesso na tributação sobre o valor adicionado, pois o IPI e o ICMS ficaram cada vez mais específicos e complexos, perdendo os atributos típicos dessa classe de impostos. e) Ao longo das décadas de 70 e 80, a tributação cumulativa foi gradualmente ampliada, por meio da criação do Programa de Integração Social (PIS), do Fundo de Investimento Social (FINSOCIAL, atualmente COFINS) e na década de 90, o Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira (atualmente CPMF). Trata-se de uma questão armadilha na medida em que induz o estudante ao erro, logo na primeira assertiva.
7 Uma leitura rápida pode sugerir que o IVA (Imposto sobre Valor Adicionado) foi introduzido em nosso país na reforma tributária de 1964/1967, o que tornaria o item a falso, sendo, portanto a resposta para a questão 60. Ocorre que a assertiva a afirma que o IPI e o ICM, que de fato são impostos sobre valor adicionado, foram introduzidos pela reforma tributária de 1964/1967, o que está correto. Por outro lado, a CPMF não representa tributo de fomento para o setor produtivo, mas antes um entrave, em geral, como qualquer novo tributo. Essa, de fato é a afirmação falsa e a resposta para a questão 60 letra b. Ressalte-se que a palavra sempre constante do item b destaca uma expressão normalmente indicativa de erro nas diversas questões em concursos públicos. Edson Ronaldo Nascimento eronaldo@uol.com.br
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