Fatores que Contribuem no Processo da Fisioterapia
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- Pedro Lucas Osório Fragoso
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1 Secção 1 Fatores que Contribuem no Processo da Fisioterapia 1.1 A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA E DO BRINCAR NA FISIOTERAPIA Elcinete Wentz de Moura Priscilla do Amaral Campos e Silva Lina Silva Borges Santos
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3 1.1 A importância da família e do brincar na fisioterapia Elcinete Wentz de Moura Priscilla do amaral Campos e Silva Lina Silva Borges Santos Você verá que emoção começa agora. Agora é brincar de viver. Não esquecer, ninguém é o centro do universo, assim é maior o prazer... Guilherme Arantes A FAMILIA PARTICIPANDO NA FISIOTERAPIA O processo de reabilitação ganha verdadeiro significado através da presença efetiva da família, pois é através dela que a criança estabelece suas primeiras e mais importantes relações, obtendo experiências que serão a base para suas relações do dia a dia e de seu futuro. A família é de fundamental importância neste processo, pois é ela que possui o conhecimento da rotina da criança, de suas necessidades, dificuldades e vontades. É a família o membro mais importante da equipe, e para tal, ela deve estar envolvida já no início do processo, sendo a ela disponibilizado tempo e espaço para, colocar ao fisioterapeuta suas expectativas frente a reabilitação de sua criança. Agindo assim, com certeza, haverá um bom desenvolvimento da criança, tornando-a uma pessoa ativa, participativa, e com autonomia. A interação fisioterapeuta/família deve estar baseada sobre o tripé: respeito mutuo/confiança/responsabilidade, para que assim ocorra a troca de informações que contribuem para a definição dos objetivos funcionais possíveis na realidade motora, cognitiva, sensorial e social em que esta criança se encontra. Agindo assim as dificuldades do dia a dia dessa família e criança serão transformadas de acordo com as possibilidades e expectativas mutuas.
4 fisioterapia Aspectos clínicos e práticos da reabilitação reabilitação família comunicação/confiança/trabalho em conjunto O planejamento e os objetivos do tratamento devem ser traçados em conjunto com a família, pois as expectativas frente ao diagnóstico, prognóstico e a potencialidade de reabilitação desta criança, nem sempre estão condizentes com a possibilidade do trabalho da fisioterapia. Com o intuito de equalizar os objetivos, nos baseamos na Classificação Internacional de Funcionalidade CIF (aprovada em 2001 na 54ª Assembleia Mundial de Saúde da OMS e traduzida para o português do Brasil em 2003 pelo Centro de Classificações de Doenças da Faculdade de Saúde Pública da USP) que tem se mostrado uma poderosa ferramenta para a reabilitação e reintegração, no momento em que se avalia ou reavalia um paciente e leva-se em conta o conjunto de fatores composto por: funções e estruturas do corpo, atividades e participação, fatores ambientais. Ou seja, quando pensamos em reabilitar ou habilitar e reintegrar ou integrar o indivíduo em seu contexto social, pensa-se em trabalhar estruturas do corpo para que elas executem determinadas funções visando a realização e participação em atividades, em determinados ambientes e condições ambientais. TAREFA CRIANÇA COMPORTAMENTO MOTOR AMBIENTE O fisioterapeuta deve fazer uso de testes específicos para definir metas funcionais que norteie seu trabalho nas dificuldades e habilidades existentes, podendo orientar os familiares frente ao trabalho que será desenvolvido e ainda se necessário, sugerir a intervenção de outros profissionais de reabilitação. Como é o caso das expectativas e demandas que trazem as famílias que apresentam dificuldades de aceitação da deficiência, a psicologia pode promover com seu trabalho o fortalecimento desta família, para que o processo de reabilitação possa existir e transcorrer dentro de expectativas e demandas condizentes ao contexto proposto pela equipe de reabilitação. A família não deve assumir o papel do terapeuta e sim se tornar um colaborador neste processo, usando das orientações e/ou informações adquiridas através desta relação com o fisioterapeuta, para proporcionar a funcionalidade objetivada por este profissional, um exemplo desta é o uso dos manuseios demonstrados em terapia e vivenciados em casa, com o objetivo de transpor estes movimentos para as atividades diárias das crianças. Agindo assim, a família favorece que o processo se torne mais eficaz, devido a frequência de repetição destes movimentos, pois o segredo da boa estimulação é aproveitar as situações do cotidiano, para incorporação dos mesmos. Como exemplo é o uso destas orientações sendo utilizadas: na troca de roupas/fraldas, no banho, alimentação e transporte no colo ou carrinho. O foco da família que possui uma criança com necessidade especial, não deve ser somente no processo de reabilitação, mas se faz necessário que esta consiga oferecer também vivências com participação 4
5 A importância da família e do brincar na fisioterapia ativa nos contextos social, educacional, religioso e de lazer aumentando a sua performance global e não somente motora. O aprendizado necessário para a atuação frente aos contextos acima citados para uma criança com necessidade especial, se fortalece em um ambiente acolhedor, afetivo, estimulador e com capacidade de lidar com as ansiedades que todo o processo de reabilitação desencadeia. Cabe a equipe que atende esta criança e sua família, juntamente com o fisioterapeuta, a busca de estratégias/meios, para que este ambiente se mantenha ou se transforme em um ambiente saudável, dando a criança a real possibilidade de demonstrar todas as suas capacidades (Figuras a 1.1.5) Figuras a Fotos de crianças com suas famílias. Família participando na fisioterapia. 5 5
6 fisioterapia Aspectos clínicos e práticos da reabilitação O BRINCAR NA FISIOTERAPIA O brincar é a forma infantil de aprender e uma válvula de escape para a necessidade inata de atividade. É o negócio ou a carreira profissional da criança. Nela a criança envolve-se com a mesma atitude e energia que nos engajamos em nosso trabalho. Para a criança a recreação é uma incumbência séria que não deve ser confundida com diversão ou uso ocioso do tempo. Recreação não é leviandade. É uma atividade intencional Alessandrini, 1949, p Figuras a Nestas fotos vemos o brincar livre. 6
7 A importância da família e do brincar na fisioterapia O fisioterapeuta que é um profissional engajado em um processo de reabilitação, trabalhando em equipe, promove juntamente com esta o respeito ao espaço da criança, familiarizando-se e aprendendo sobre o desenvolvimento percepto, cognitivo e motor da criança, utilizando assim das atividades do brincar de acordo com sua faixa etária, buscando despertar e/ou manter seu interesse. A criança necessita de envolvimento na atividade proposta, e este acontece através do uso de brinquedos e brincadeiras, que vão promover uma resposta motora mais ativa, condição essencial dentro do trabalho fisioterapêutico. O brincar é uma ocupação infantil significativa e fundamental para a criança e deve ser usada de forma estimulante durante as terapias, contudo devemos estar alerta quanto a escolha do brinquedo, tamanho, forma e função do mesmo dentro da atividade proposta, para que a resposta seja eficaz (Figuras a ) Figuras a Crianças na fisioterapia realizando a atividade de brincar de acordo com sua idade e motivação. 12 Podemos usar da atividade do brincar para trabalharmos a estabilidade, onde para tal necessitamos que a criança fique relativamente imóvel, assim devemos envolvê-la o suficiente na brincadeira com objetos e tarefas que estimulam a permanência da criança na postura exigida Os terapeutas precisam oferecer uma variedade de atividades de brincar onde possa ser conseguido os objetivos relacionados ao ganho e/ou manutenção desta estabilidade (Figuras a ). 7
8 fisioterapia Aspectos clínicos e práticos da reabilitação Figuras a Atividades que visam estabilidade das posturas com uso de brinquedo para manter a motivação e interesse. 15 Na intenção do deslocamento o brinquedo pode ser usado como um meio motivador para ganhar a atividade motora proposta, dando sentido a este deslocamento e despertando maior interesse da criança para adquiri-lo, agindo assim o processo terapêutico não torna-se puramente motor, pois o trabalho do fisioterapeuta não deve se restringir a atos motores, mas sim conter significado funcional porque, o processo de reabilitação deve ser estruturado visando a funcionalidade e independência da criança para que possa ser conseguido a integração junto a família, escola, e comunidade. Cabe então ressaltar uma verdade da fisioterapia: as atividades motoras devem ser integradas na vida diária das crianças (Figuras a ). Ser funcional é ser prático, ou seja, realizar atividades, mover-se. A prática ocorre através da repetição dos atos, por isso é importante integrar os movimentos realizados em terapia nas atividades do dia a dia. As terapias devem ser prazerosas para as crianças, para que tenhamos respostas eficazes e produtivas dos objetivos propostos. Geralmente o fisioterapeuta se depara com o choro nas terapias; as atividades do brincar podem servir como mediadores, para que este comportamento não se torne uma situação impeditiva de alcance de objetivos, pois com o choro a criança deixa de vivenciar as atividades e isto restringe sua capacidade de ação sobre o ambiente. Com isto o fisioterapeuta precisa ter suficientemente estratégias de ações, que possam propiciar que a criança retome a satisfação de se mover, de brincar, de agir. As crianças com necessidades especiais gastam mais tempo em algumas atividades do brincar devido a algumas limitações físicas que interferem no tempo de resposta motora; no entanto, isto pode não interferir no comportamento lúdico. São pelas brincadeiras e jogos que as crianças com necessidades especiais vivenciam situações prazerosas advindas do brincar e da exploração dos objetos e meio. O desafio da descoberta de suas possibilidades de ação, da interação e exploração do espaço, dos objetos e pessoas que a cercam são os elementos que contribuem para a manutenção do interesse frente ao processo de reabilitação que ela está sendo submetida O brincar torna-se, uma oportunidade para verificar como a criança se relaciona com a sua disfunção, o que envolve a questão do ajustamento às suas reais condições 8
9 A importância da família e do brincar na fisioterapia Figuras a Uso de atividades que proporcionam dissociação, rotações e deslocamento. 20 de desempenho, da sua motivação para melhorar ou superar as dificuldades (Kato, 1986). O fisioterapeuta deve observar atentamente a criança durante a avaliação e nas terapias, valorizando o que ela já consegue realizar de acordo com suas dificuldades e estimular as novas aquisições motoras e cognitivas sempre em busca de maior funcionalidade. A criança mostrará seus interesses e o quanto necessita de auxílio para o desenvolvimento das atividades propostas. A condução do tratamento é um processo terapêutico, mas o interesse da criança é intrínseco, por isso é tão importante saber despertar este interesse. Dar funcionalidade através da brincadeira, para crianças motoramente mais comprometidas, acaba nos parecendo paradoxo, porém na Instituição nos valemos dos atendimentos conjuntos com o setor de Terapia Ocupacional, com o objetivo de facilitar posturas e promover o controle muscular, para propiciar 9
10 fisioterapia Aspectos clínicos e práticos da reabilitação a aquisição das atividades da vida diária e o brincar, possibilitando a seleção de estímulos motores, sensoriais, cognitivos, e ainda o uso de adaptações, de acordo com a idade da criança, queixas familiares, dando oportunidade de execução, das mesmas em todos os ambientes que ela está inserida (Figuras e ). Crianças com necessidades especiais já tem seus padrões de desenvolvimento descritos na literatura, porem o que torna a reabilitação um trabalho diferencial é a busca e compreensão das particularidades do desenvolvimento de cada criança como um ser singular a fim de estimular suas potencialidades com motivação, mostrando o quanto é gratificante este processo de aprendizagem.... a brincadeira permite resgatar o elemento cultural que envolve os aspectos motor, sensorial, cognitivo, social e afetivo, assim como, possibilita a interação mãe e filho, ao mesmo tempo em que torna a criança sujeito de sua história. Lorenzine MV Figuras e Atendimentos conjunto de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Bibliografia Béziers MM, Hunsinger Y. O bebê e a coordenação motora. 2ª edição. Summus editorial. Darrah J, Law M, Pollock N. Family - Centered Functional Therapy - A Choice for Children with Motor Dysfunction. Inf Young Children. 2001;13(4): Guimarães AEO, Pereira EC, Emel MLG. A brincadeira simbólica nas situações lúdicas de crianças com necessidades especiais e crianças normais. Temas sobre desenvolvimento Maio/Junho;11(62). Parham D, Fazio LS. A recreação na terapia ocupacional pediátrica. 1ª edição. São Paulo: Ed. Santos, Santos LSB, Silva PAC. Fisioterapia e Terapia Ocupacional como grandes aliados. Vida Especial Março/Abril;1(1):23. Criação Comunicações. Souza AMC, Ferrareto I. Paralisia Cerebral - Aspectos práticos. São Paulo: Memmon, Teixeira E, Sauron FN, Santos LSB, Oliveira MC. Terapia Ocupacional na Reabilitação Física. 1ª edição. São Paulo: Roca Editora, Lorenzini MV. Brincando a Brincadeira com a criança deficiente: novos rumos terapêuticos. 1ª edição. São Paulo: Editora Manole,
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