AUMENTO DA PRODUTIVIDADE PODE DIMINUIR A EMISSÃO DE GASES DO EFEITO ESTUFA
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- Jonathan Azevedo Borja
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1 AUMENTO DA PRODUTIVIDADE PODE DIMINUIR A EMISSÃO DE GASES DO EFEITO ESTUFA A agropecuária é um dos setores que mais contribuem com as emissões de gases do efeito estufa (GEE), sendo que 80% é proveniente da criação de animais. Somente a pecuária bovina responde por 11% do total das emissões globais e por 61% dos gases emitidos pelo setor agropecuário. (FAO, 2006). Segundo Cerri (2009), nos últimos 15 anos, o aumento de emissões da pecuária foi de quase 34%. Ferreira e Rocha (2004) afirmam que somente a pecuária de leite no Brasil corresponde a 6,6% da matriz de emissões de CO 2 -equivalente, resultantes da fermentação entérica e manejo dos dejetos. Neste cenário, o Brasil acaba sendo alvo das atenções da comunidade internacional, visto que possui o maior rebanho bovino comercial do mundo, com 171,6 milhões de cabeças, de acordo com o Censo Agropecuário de 2006 do Instituto Brasileiro de Geografia a Estatística (IBGE). O instituto também constatou que atualmente, num total de 5,1 milhões de propriedades, a pecuária bovina está presente em mais de 50% dos estabelecimentos agrícolas, o que mostra a representatividade dessa atividade no setor agropecuário brasileiro. Os painéis realizados pelo Cepea/CNA nos principais estados produtores mostram que a baixa lotação é explicada pelos baixos investimentos, principalmente na manutenção das pastagens (controle de pragas/daninhas, calagem e adubação). Somente 30% dos produtores de leite realizam, e na grande maioria fazem apenas o aceiro do pasto, o que leva à diminuição da vida útil e baixa produtividade dessas áreas. Considerando que o fator ambietal é cada vez mais importante nos dias de hoje, torna-se necessário a diminuição das emissões dos GEE do setor, e uma das principais maneiras difundidas para mitigação do mesmo é a intensificação da produção, ou por melhorias das pastagens ou por maior utilização de concentrado. A intensificação das pastagens é uma boa forma de contornar esta situação, já que os ganhos de produtividade podem vir com técnicas de manejo, sem a necessidade de grandes investimentos iniciais. Entretanto, é necessário que se tenha um bom acompanhamento gerencial da propriedade, aliado à assistência técnica de qualidade, enfatizando o controle dos custos e elaboração de indicadores técnicos para que sejam tomadas as decisões mais acertadas e haja melhor alocação dos recursos. Dessa forma, é possível tornar a atividade economicamente viável no longo prazo e inserida no contexto de preservação ambiental. FAO FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION. Livestock`s long shadow: environmental issues and options. Net Rome, Disponível em: < Acesso em: set IBGE. Pesquisa Pecuária Municipal Disponível em: < Acesso em: set FERREIRA FILHO, J.B.S.;ROCHA, M.T. Avaliação econômica de políticas públicas visando redução das emissões de gases dos efeito estufa no Brasil, Disponível em: < Acesso em: set CERRI, C.C.; MAIA, S.M.F.; GALDOS, M.V., CERRI, C.E.P.; FEIGL, B.J.;BERNOUX, M. Brazilian greenhouse gas emissions: The importance of agriculture and livestock. Scientia Agricola, Piracicaba, v.66, n.6, p , November/December, 2009.
2 PREÇOS DOS FERTILIZANTES SEGUEM EM ALTA E PODER DE COMPRA DO PRODUTOR DIMINUI 9% EM UM ANO As compras de fertilizantes utilizados para formação e manutenção de pastagens e canavial e para produção de silagem normalmente são realizadas entre maio e setembro, devido ao início do período de chuvas em meados de outubro na maior parte do Brasil. Assim, a partir de julho, o produto costuma ser mais barato devido à menor procura, ocasionada pela seca inerente à época. Bom para o produtor de leite, já que há menos disputa pelo produto com produtores de grãos, por exemplo. Em agosto, a tonelada da uréia custou, em média, R$ 1.370,00 em Goiás, R$ 1.370,88 em Minas Gerais, R$ 1.350,00 no Paraná, R$ 1.100,00 no Rio Grande do Sul, R$ 1.266,60 em Santa Catarina e R$ 1.250,60 em São Paulo, estados que compõem a pesquisa do Cepea em parceria com a CNA. Na média dos estados pesquisados, o valor do produto foi R$ 1.284,68 (referente ao mês de agosto), 1% maior que o mês anterior. Já na comparação com o mesmo mês do ano passado, a uréia valorizou 35%. A média ponderada pelos seis estados pesquisados pelo Cepea (citado acima) em agosto foi de R$ 0,8083/litro, 0,7% mais elevada que a observada no mês anterior. Na comparação com agosto do ano passado, o produtor foi remunerado 23% melhor (valores nominais). Dessa forma, em média, o produtor brasileiro necessitou de 1.589,4 litros de leite para adquirir uma tonelada de uréia, mantendo-se no mesmo patamar do mês passado. No entanto, em relação ao mês de agosto do ano passado mesmo com a valorização do leite, o poder de compra do produtor diminuiu 9%. Tais dados evidenciam a necessidade do produtor planejar melhor suas compras. Nesta análise, comprando nos meses de maio/julho, quando geralmente o preço do leite é maior e o da uréia é menor, a economia seria cerca de 80 litros por tonelada do fertilizante se comprado em julho/agosto, o que representa uma economia de 5%. Gráfico 1. Preço médio da tonelada de uréia e sua relação de troca por leite.
3 R$ 1.400, ,0 R$ 1.200, ,0 1600,0 R$ 1.000, ,0 R$/tonelada R$ 800,00 R$ 600, ,0 1000,0 800,0 Litros de Leite R$ 400,00 600,0 R$ 200,00 400,0 200,0 R$ - 0,0 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 mai/10 jun/10 jul/10 ago/10 set/10 out/10 nov/10 dez/10 jan/11 fev/11 mar/11 abr/11 mai/11 jun/11 jul/11 ago/11 Preço Líquido Médio - BRASIL RELAÇÃO DE TROCA Fonte: Cepea/CNA FERTILIZANTES ENCARECEM CUSTOS EM AGOSTO Pelo terceiro mês consecutivo, o Custo Operacional Efetivo (COE), que representa todo o dispêndio do produtor, e o Custo Operacional Total (COT), que engloba todos os gastos do produtor juntamente com o pró-labore e as depreciações de máquinas, implementos, animais de serviço, manutenção de forrageiras e benfeitorias, apresentaram pequena alta na média ponderada pelos estados de GO, MG PR, RS, SP SC e BA. Em agosto, o COE e COT aumentaram 0,5% e 0,4%, respectivamente. Esse incremento ocorreu devido ao encarecimento dos principais fertilizantes, como uréia, super simples e cloreto de potássio, influenciando nos custos com forrageiras perenes e anuais. Quando comparado a agosto de 2010, os custos aumentaram de forma mais expressiva: 6,3% para o COE e 5% para o COT. Tabela 1. Variação de preços de fertilizantes de julho-agosto/11 e entre agosto de 2010 e Variação Super Simples Uréia KCl Mensal 2% 1% -1% Anual 30% 35% 25% Fonte: Cepea
4 No estado goiano, entre julho e agosto o COE e o COT tiveram altas de 0,7% e 0,5%, respectivamente. No mesmo período, a maioria dos insumos não apresentou grandes alterações. O maior aumento encontrado foi com silagem, de 2,4%, seguido por alimentação concentrada, com aumento de 1,2%. Custos com a mineralização do rebanho tiveram queda de 2,3% no período entretanto, este insumo possui pequena representatividade nos custos do produtor. Quando comparados a agosto/10, o COE e o COT apresentaram aumentos de 2,4% e 2,5%, respectivamente. Em agosto, Minas Gerais foi o estado dentre os pesquisados pelo Cepea a apresentar maior aumento do COE e do COT: 1,2% e 1,1%. Este incremento se deu em especial ao aumento dos custos com alimentação concentrada em 3,8%, sendo este insumo o responsável pelo maior dispêndio do produtor 29% do COE. Custos com medicamentos e sal mineral seguiram com quedas de 1,1% e 0,5%, respectivamente. Frente ao mesmo período de 2010, o COE aumentou 6% e o COT 5%.. O estado paranaense foi o único a apresentar redução nos custos do produtor frente a julho: houve queda de 1,2% no COE e 1% no COT. A redução foi decorrente da queda no preço do concentrado em 4,8%, insumo com maior participação nos custos do produtor. Custos com forrageiras perenes e anuais seguram em alta, com aumentos de 7% e 2,5%, respectivamente. Quando se comparado ao mesmo período de 2010, o COE aumentou 9,6% e o COT 7,9%. No Rio Grande do Sul, o COE e o COT tiveram pequenos aumentos de 0,3% e 0,2%, respectivamente, entre julho e agosto. Custos com forrageiras perenes e manutenção de forrageiras anuais foram os que tiveram maiores aumentos: 2,7% e 1,4%. Custos com a alimentação concentrada seguiram em baixa, com recuo de 0,4%. Frente a agosto/10, COE e COT apresentaram aumentos de 4,7% e 3%, respectivamente. Em São Paulo, o COE e o COT aumentaram em 0,4% e 0,8% em agosto frente ao mês anterior. Custos com suplementos minerais e medicamentos foram os que tiveram maiores altas (2,5% e 2,2%, respectivamente); entretanto, ambos possuem pequena representatividade nos custos do produtor. A alimentação concentrada também seguiu em alta, com aumento de 0,5% entre julho e agosto Em relação a agosto de 2010, o estado paulista apresentou o maior encarecimento dos custos:, 9,8% para o COE e 6,9% para o COT. No estado catarinense, COE e COT aumentaram 0,3% e 0,2%, respectivamente, entre julho e agosto. No mesmo período, os custos com medicamentos, mineralização do rebanho e alimentação concentrada seguiram alta, com aumentos de 1,9%, 1,7% e 0,6%. Já os custos com silagem tiveram, em média, queda de 2,2% no período. Os demais insumos se manteve em patamares estáveis. CLIMA NO SUL DESACELERA CAPTAÇÃO; PREÇO SEGUE FIRME A oferta de leite relativamente estável em julho, devido ao clima desfavorável no Sul, e também à entressafra no Sudeste e Centro-Oeste, sustentou os preços em agosto. O valor médio pago aos
5 produtores em agosto (referente à produção entregue em julho) seguiu no mesmo patamar dos meses anteriores, com leve aumento de 0,6% frente ao pagamento de julho, a R$ 0,8698/litro (preço bruto) média ponderada dos estados de RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA. O preço médio de agosto foi 18% superior ao do mesmo período do ano passado, em termos reais (valores deflacionados pelo IPCA de julho/11). Em agosto de 2010, os preços estavam em queda, por conta do aumento da produção no período. O Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-Leite) desacelerou na região Sul em julho. Na média ponderada pela produção dos três estados, houve aumento de apenas 1,7% de junho para julho. O motivo para o menor ritmo de aumento foi o clima desfavorável na região (geadas e frio intenso), que prejudicou a produção de pastagens. De modo geral, agentes consultados pelo Cepea no Sul do País comentam que a produção desta safra de inverno de 2011 deve ser inferior à estimada anteriormente, ficando semelhante à do ano passado inicialmente, agentes tinham expectativa de que a safra de inverno deste ano fosse de 10% a 15% superior à de No Rio Grande do Sul, onde o impacto do clima na produção de leite foi maior, o Índice de captação caiu 0,5% no acumulado deste ano (até julho) em relação a igual período do ano passado. O clima seco no Sudeste e Centro-Oeste e os custos em alta também limitaram a produção de leite nessas regiões. No geral, o ICAP-Leite aumentou 1% em julho, considerando-se a média Brasil (sete estados). No acumulado de 2011, o Índice reduziu 2,2% frente ao mesmo período do ano passado o recuo foi bastante influenciado pela forte retração da oferta em Goiás, de 15% no período. Para setembro, agentes do setor consultados pelo Cepea acreditam que o mercado deve seguir firme. No segmento de leite cru (mercado spot comercialização entre as empresas), os preços têm se sustentado pela menor oferta de matéria-prima, o que acirra a disputa pelo leite entre os laticínios. Vale lembrar que o mercado spot funciona como um termômetro para o mercado de leite ao produtor. Gráfico 2: ICAP-L/Cepea Índice de Captação de Leite JULHO/11 (Base 100=Junho/2004)
6 Patamar de Julho de ,09 131,80 127, jun/04 set/04 dez/04 mar/05 jun/05 set/05 dez/05 mar/06 jun/06 set/06 dez/06 mar/07 jun/07 set/07 dez/07 mar/08 jun/08 set/08 dez/08 mar/09 jun/09 set/09 dez/09 mar/10 jun/10 set/10 dez/10 mar/11 jun/11 Fonte: Cepea-Esalq/USP ICAP-L/CEPEA-Esalq/USP IBGE - PTL Gráfico 3: Série de preços médios pagos ao produtor - deflacionada pelo IPCA (média de RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA) 1,05 1, ,95 0, R$/liyto 0,85 0, ,75 0,70 Média 2001 a ,65 0,60 0,55 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Fonte: Cepea-Esalq/USP
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