Diagnóstico do arranjo produtivo local das indústrias têxteis do município de Imperatriz-MA
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- Giovanna Graça Bentes
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1 Diagnóstico do arranjo produtivo local das indústrias têxteis do município de Imperatriz-MA Erica Ribeiro de Sousa Simonetti 1 Monica Franchi Carniello 2 Marilsa de Sá Rodrigues 3 Edson Aparecida de Araujo Querido Oliveira 4 Resumo O artigo apresenta o diagnóstico do Arranjo produtivo Local das indústrias têxteis do município de Imperatriz (MA). A pesquisa, quanto à abordagem, é qualitativa e quantitativa, e com relação ao nível é descritiva exploratória, com delineamento bibliográfico e de campo. Foram aplicadas entrevistas aos empresários do arranjo produtivo local. A amostra contou com a participação de 37 gestores das indústrias têxteis. Os resultados da pesquisa apontam a inexistência de alianças ou parcerias entre as empresas do setor de indústrias têxteis no município de Imperatriz (MA). Conclui-se que o arranjo produtivo é de baixo conteúdo tecnológico e não promove a interação interfirmas, embora promova empregos diretos e indiretos. Recebimento: 30/7/2013 Aceite: 27/8/ Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional (UNITAU) Universidade de Taubaté - ericcaribeiro@hotmail.com 2 Doutora em Comunicação e Semiótica (PUCSP). Docente do Mestrado em Planejamento e Desenvolvimento Regional e Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional da Universidade de Taubaté. Rua Expedicionário Ernesto Pereira, 225, Centro, Taubaté - SP, Brasil. monicafcarniello@gmail.com 3 Doutora em Administração (MACKENZIE). Docente do Mestrado em Planejamento e Desenvolvimento Regional e Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional da Universidade de Taubaté. 4 Doutor em Organização Industrial (ITA). Docente do Mestrado em Planejamento e Desenvolvimento Regional e Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional da Universidade de Taubaté. edson@unitau.br
2 Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional 251 Palavras-chave: Desenvolvimento Regional; Arranjo produtivo local; Indústrias têxteis Diagnostic of local productive arrangement of the textile industries of the city of Imperatriz (MA) Abstract This study presents the diagnosis of Local Productive Arrangement of the textile industries of the city of Imperatriz (MA). The research approach is quantitative, and the level is descriptive exploratory design with bibliographic and survey. Interviews were applied to 37 managers of the textile companies of the local productive arrangement. The results of the research show that there is no alliances or partnerships between companies in the textile industries in the city of Imperatriz-MA. We conclude that the productive arrangement is low technological content and does not promote inter-firm interaction, despite promotes direct and indirect jobs. Keywords: Regional Development; Local Productive Arrangement; Textile industries
3 252 Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional Introdução O artigo aborda conceitos relacionados ao desenvolvimento regional por meio da promoção dos arranjo s produtivos locais (APLs); a importância do desenvolvimento endógeno, que considera as forças internas de cada região; e a participação da sociedade nessa promoção. O desenvolvimento regional, partindo do aproveitamento das potencialidades de cada região, tem efeitos de encadeamento, gerando externalidades positivas e influenciando outras regiões. Esta pesquisa foi realizada no Município de Imperatriz, no Estado do Maranhão, onde estão concentradas várias empresas de pequeno porte atuando no setor industrial têxtil. Procurou-se caracterizar essas empresas, que configuram um arranjo produtivo local, de acordo com o IPEA; o tipo de arranjo ; bem como os incentivos recebidos para seu crescimento. O objetivo geral do artigo foi descrever e analisar o arranjo produtivo local das indústrias têxteis do Município de Imperatriz, no Estado do Maranhão. Revisão de literatura Os arranjos produtivos locais (APLs) são definidos como aglomerações de empresas que atuam em torno de uma atividade produtiva. Essas empresas podem ser complementares, fornecer insumos e equipamentos, prestar consultoria e serviços, comercializar, entre outros, todas reunidas em um mesmo espaço geográfico: um município, um conjunto de municípios ou região. Essas empresas possuem uma identidade cultural e um vínculo, mesmo que fraco, de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si e com outros atores locais e instituições públicas ou privadas de treinamento, promoção e consultoria, escolas técnicas e universidades, instituições de pesquisa, desenvolvimento e engenharia, entidades de classe e instituições de apoio empresarial e de financiamento (ALBAGLI; BRITO, 2002). Segundo Costa (2010, p. 128), As aglomerações produtivas passam a ser entendidas como organizações heterogêneas que aprendem, inovam e evoluem, e nas quais os conhecimentos externos e os fluxos de informações assumem importância fundamental na fertilização cruzada dos agentes; nos spillovers de conhecimento, que
4 Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional 253 potencializam a localidade um efeito sinérgico positivo; e no bojo do relacionamento e da interdependência entre empresas e destas com outras instituições locais responsáveis pela pesquisa, desenvolvimento e difusão de conhecimento tecnológico. De acordo com o conceito, a premissa básica para se configurar um Arranjo produtivo é a aglomeração, quando há um número significativo de empresas em torno de uma mesma atividade produtiva. Os APLs podem acontecer nas seguintes formas empíricas (SANTOS; DINIZ; BARBOSA, 2004, p. 37): aglomerado setorial: de tamanho relativamente grande com importante presença de médias ou pequenas empresas; aglomerado de empresas ou subunidades: com enfoque criativo de forma geral ou que exerce atividades de pesquisa e desenvolvimento; aglomerado de empresas ou subunidades: que necessitam de proximidade entre cliente-fornecedor para facilitar desenvolvimento conjunto, troca de conhecimentos ou readequação de condições de fornecimento; aglomerado de empresas: que se beneficiam da imagem mercadológica regional; e aglomeração que se beneficia de cooperação institucionalizada: com forte apoio de entidades governamentais, que oferece serviços complementares importantes ou capazes de induzir a reação do APL a ameaças ou oportunidades. De acordo com Becantinni (2002 apud CROCO; DINIZ 2006). Os condicionantes básicos para o surgimento dos Arranjo s produtivos são: - existência de um complexo de valores, conhecimentos instituições e comportamento contrário ao do processo da grande empresa fordista, genericamente industrial e massificadora; - uma estrutura produtiva diversificada, formada ao mesmo tempo por fábricas, pequenas empresas, artesanato, trabalho domiciliar e autoprodução familiar; e - uma estrutura creditícia disposta a financiar iniciativas menores e promissoras. Não obstante, pelo lado da demanda há uma condição geral, que é uma população que possui necessidade de produtos diferenciados, que teria dificuldade de satisfazer a essas necessidades
5 254 Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional pelas grandes fábricas. Esses dois fatores conjugados facilitam a aglomeração de empresas menores. Os APLs, por seu dinamismo, são considerados polos de crescimento quando realmente há uma interação entre os atores econômicos do processo, e são capazes de influenciar uma região, pois as empresas participantes tornam-se competitivas, aumentando sua produção, gerando emprego e renda. Logo, outros setores são beneficiados (ANDRADE, 1987). Costa (2010) descreve que as empresas aglomeradas podem ser de aspecto vertical ou horizontal. Os APLs de conformação vertical apresentam uma estrutura mais complexa, formada pela interação e cooperação de agentes em diferentes elos da cadeia produtiva local. Já os de aspecto horizontal [...] ocorrem com empresas localizadas no mesmo elo da cadeia produtiva e podem ser ligações diretas ou mediadas por associações empresariais (COSTA, 2010, p. 206). Os Arranjos produtivos podem ser classificados de acordo com fatores pontuais, tais como (SEPLAN, 2012): agrupamento de sobrevivência informal: a atividade econômica é predominantemente informal, representada por grupos de pequenos produtores autônomos ou por grupos familiares; agrupamento de vantagem comparativa: agrupamento de micro, pequenas e médias empresas, muitas delas informais, que agregam reduzido valor aos fatores básicos da região; agrupamento de modelo tradicional de crescimento: formado por pequenas e médias empresas que normalmente convivem com algumas grandes empresas, mas com pouco relacionamento entre elas. Apesar de agregar algum valor aos produtos e ocuparem posições importantes no mercado são desprovidas de estratégias sustentáveis de crescimento; agrupamento de alavancagem competitiva: micro e pequenas empresas convivem com empresas de grande porte, atuando em diversas etapas da cadeia produtiva, algumas se destacam no mercado interno, mas têm dificuldade para inserir-se no mercado externo; agrupamento baseado em empresa-âncora: trata-se de um conjunto de pequenas e médias empresas que fornecem produtos/serviços para uma, ou mais, grandes empresas (âncora), geralmente nacionais. Há uma forte cooperação vertical entre os fornecedores e a empresa-âncora; agrupamento dependente de logística exportadora: formado por empresas de grande e médio porte, com competitividade produtiva de nível mundial, resultado de condições naturais propícias e de
6 Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional 255 desenvolvimento tecnológico, mas com presença no mercado externo aquém do seu potencial; agrupamento de base tecnológica: formado normalmente por empresas de micro, pequeno e médio portes, provenientes de incubadoras estabelecidas em universidades, que convivem com unidades maiores e atuam em setores intensivos em tecnologia e carecem de consolidação nos mercados interno e externo; e agrupamento de alta tecnologia: normalmente com a presença de uma empresa-âncora que estrutura uma cadeia produtiva global, apoiada por micro, pequenas e médias empresas, para elaborar produtos de alta complexidade, atendendo os mercados interno e externo. Lastres e Cassiolato (2003) classificam os APLs da seguinte forma, conforme o Quadro 1.
7 256 Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional Dimensão territorial Quadro 1: Classificação de APLs Constituem recorte específico de análise e de ação política, definindo o espaço onde processos produtivos, inovativos e cooperativos têm lugar, tais como: município ou áreas de um município; conjunto de municípios; microrregião; conjunto de microrregiões, entre outros. A proximidade ou concentração geográfica, levando ao compartilhamento de visões e valores econômicos, sociais e culturais, constitui fonte de dinamismo local, bem como de diversidade e de vantagens competitivas em relação a outras regiões. Conhecimento tácito Verificam-se processos de geração, compartilhamento e socialização de conhecimentos, por parte de empresas, organizações e indivíduos. Particularmente de conhecimentos tácitos, ou seja, aqueles que não estão codificados, mas que estão implícitos e incorporados em indivíduos, organizações e até regiões. Governança Refere-se aos diferentes modos de coordenação entre os agentes e atividades que envolvem da produção à distribuição de bens e serviços, assim como o processo de geração, disseminação e uso de conhecimentos e de inovações. Existem diferentes formas de governança e hierarquia nos sistemas e Arranjo s produtivos, representando formas diferenciadas de poder na tomada de decisão menos formalizada. Diversidade de atividades e atores econômicos, políticos e sociais Envolvem a participação e a interação não apenas de empresas que podem ser desde produtoras de bens e serviços finais até fornecedoras de insumos e equipamentos, prestadoras de serviços, comercializadoras, clientes, entre outros - e suas variadas formas de representação e associação, como também de diversas outras organizações públicas e privadas voltadas para formação e capacitação de recursos humanos; pesquisa, desenvolvimento e engenharia; política, promoção e financiamento. Incluem-se, portanto universidades, organizações de pesquisa, empresas de consultoria e de assistência técnica, órgãos públicos, organizações privadas. Inovação e aprendizado interativos O aprendizado interativo constitui fonte fundamental para a transmissão de conhecimentos e a ampliação da capacitação produtiva e inovativa das empresas e outras organizações. A capacitação inovativa possibilita a introdução de novos produtos, processos, métodos e formatos organizacionais, e é essencial para garantir a competitividade sustentada dos diferentes atores locais, tanto individuais como coletivamente. Grau de enraizamento Envolve as articulações e o envolvimento dos diferentes agentes dos APLs com as capacitações e os recursos humanos, naturais, técnico-científicos, financeiros, assim como com outras organizações e com o mercado consumidor local. Elementos determinantes do grau de enraizamento geralmente incluem: o nível de agregação de valor, a origem e o controle das organizações e o destino da produção: local nacional e estrangeiro. Fonte: Adaptado de Lastres e Cassiolato (2003, p. 4-5) Segundo Lastres e Cassiolato (2003), a formação de arranjo s e sistemas produtivos locais encontra-se geralmente associada à trajetória histórica de construção de identidades e de formação de vínculos territoriais, regionais e locais, a partir de uma base social, cultural, política e econômica comum. São mais propícios a desenvolverem-se em ambientes favoráveis à interação, à cooperação e à confiança entre os atores. A ação de políticas, tanto públicas como
8 Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional 257 privadas, pode contribuir para fomentar e estimular tais processos históricos de longo prazo. As aglomerações podem ser agrupadas em três modalidades (PIETROBELLI, 2003): arranjo geográfico (casual) de empresas: com ocasionais elos interfirmas, nenhuma ou escassa experiência de cooperação, e instituições locais inexistentes ou fracamente desenvolvidas; distritos industriais Marshallianos (italianos): com transações interfirmas mais fluídas, práticas de cooperação muito mais robustas, instituições locais mais desenvolvidas e efetivas, economias de escala em âmbito do distrito, possibilitadas pela substancial especialização dos empreendimentos, pela profunda integração entre atividades econômicas e pelo tecido sociocultural local; e redes de empreendimentos: com alguma forma de liderança predominante. Podem configurar-se como: centro-radial; líderesseguidores; ou plataforma-satélite, com o líder fornecendo os serviços estratégicos. A partir dessa classificação é possível identificar os arranjos produtivos e entender suas relações, aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais, com foco em um conjunto específico de atividades econômicas que apresentam vínculos mesmo que incipientes. Os APLs geralmente envolvem a participação e a interação de empresas que podem ser desde produtoras de bens e serviços finais até fornecedoras de insumos e equipamentos, prestadoras de consultoria e serviços, comercializadoras e clientes, entre outros, e suas variadas formas de representação e associação. Incluem também diversas outras instituições públicas e privadas voltadas à formação e capacitação de recursos humanos, como escolas técnicas e universidades; pesquisa, desenvolvimento e engenharia; política, promoção e financiamento (CASSIOLATO; LASTRES, 2003). Há na literatura diversos tipos de APLs, mas Enright (1996 apud CUNHA, 2002) faz a distinção de acordo com a formação geográfica e o grau de envolvimento: clusters ou aglomerados industriais: formados pelo conjunto de indústrias interligadas pela relação comprador e fornecedor; clusters ou aglomerados regionais: formados pela aglomeração geográfica de firmas que se situam próximas umas das outras;
9 258 Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional distritos industriais: formados por firmas envolvidas em processos de produção interdependentes, pertencentes ao mesmo segmento industrial, envolvidas com a comunidade local e delimitadas pela distância da viagem diária dos seus trabalhadores; e redes de negócios: formadas por várias firmas que mantêm comunicação e interação, com certo nível de interdependência, não operando necessariamente numa mesma indústria, nem estão geograficamente concentradas num mesmo espaço. Castro (2009) classifica os APLs em incipientes, em desenvolvimento, e desenvolvidos: arranjo s incipientes: quando não há interesse por parte da iniciativa privada nem do setor público, ocasionando a falta de integração de interesses. A base produtiva é bem rudimentar, há uma carência no âmbito financeiro e também são arranjo s desarticulados, carentes de lideranças legitimadas. Falta integração entre as empresas, o poder público e a iniciativa privada, e uma visão mais ampla para o empresariado. Não há centros de pesquisa ou de profissionalização que poderiam contribuir para elaborar/ programar novos processos produtivos; arranjo s em desenvolvimento: a sua atuação promove uma força de atração de novos empreendimentos, motiva os empresários a realizarem investimentos, tornando-os competitivos. São organizados em classes, com o foco sempre no regional e não no individual. Seu processo de desenvolvimento é reconhecido, possibilitando a atração de novas empresas e incentivando os empreendedores locais a também participarem da geração de renda do novo movimento empresarial. Novas atividades econômicas relacionadas com o Arranjo produtivo começam a surgir e há uma demanda por maior competitividade ao longo da cadeia produtiva e também por serviços; e arranjo s desenvolvidos: há uma estrutura ampla e complexa, uma interação que promove cooperação e aprendizagem, gerando uma inovação e competitividade. Os arranjo s classificados como de Terceiro Nível apresentam-se mais bem articulados, de importância para o desenvolvimento local pela capacidade de atrair novas empresas, fornecedores, prestadores de serviços, e banco, entre outros. Suas lideranças atuam, principalmente, em entidades de classe, com relacionamentos formais. O Quadro 2 apresenta as aglomerações industriais que foram classificadas de acordo com sua importância para o desenvolvimento regional.
10 Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional 259 Quadro 2: Classificação dos APLs de acordo com sua importância para o Desenvolvimento Regional Núcleo de desenvolvimento setorial-regional Corresponde aos sistemas que se destacam duplamente: pela sua grande importância tanto para o desenvolvimento local ou regional como para o respectivo setor ou classe de indústria. Vetores Avançados Possuem grande importância para o setor (na produção e no emprego), mas que, por estarem diluído num tecido econômico muito maior e mais diversificado, têm pouca relevância para o desenvolvimento econômico local. Vetor de Desenvolvimento Local São importantes para uma região, mas não têm participação expressiva no setor principal a que estão vinculados. Tratase, em geral, de polos regionais em atividades cuja produção é geograficamente bastante dispersa. Embrião de Arranjo s produtivos Possui pouca importância para o seu setor e convive, na região, com outras atividades econômicas. Justamente por serem embrionários, são mais complexos de identificar estatisticamente. Fonte: Adaptado de Castro (2009, p.87) Os APLs, quando bem desenvolvidos, são catalisadores do desenvolvimento de suas regiões e costumam ter instituições que lideram, cooperativamente com os governos locais, ações de programa participativo e cooperação. Marshall (1982 apud SOUZA, 2005) já havia formulado em sua teoria econômica as seguintes bases para os estudos referentes ao tema APLs: organização: gerenciamento das diferentes formas de administração dos problemas comuns; inter-relação entre diversos organismos (sistemas): interdependência entre os diversos setores do Arranjo ; subdivisão do trabalho: a realização das diferentes partes do trabalho realizado no Arranjo, com vistas ao objetivo final; integração: reconhecimento da necessidade de um trabalho conjunto, com vistas a reduzir custos e melhorar o desempenho produtivo; hereditariedade: a transferência do conhecimento filosófico e tecnológico entre as diferentes gerações, proporcionando condições para o progresso contínuo; educação: a transferência de informações que propiciem condições aos diversos atores participantes do Arranjo no sentido de que tenham condições de fazer a avaliação e incorporação de novos conhecimentos;
11 260 Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional relação entre as classes sociais e os processos industriais: incorporação, pela Sociedade, dos diferentes processos industriais; especialização e uniformidade de processos: troca de experiências que levam a uma uniformidade de objetivos dentro do Arranjo ; influência do comércio exterior no local: processo de inserção do Arranjo no mercado global; e desenvolvimento tecnológico: permite o desenvolvimento dos atores do Arranjo no sentido da obtenção do conhecimento sobre as novas tecnologias. Cada APL tem suas características específicas, sua história de origem, o ambiente socioeconômico e a complexidade, diferenciandose também pelo seu nível de desenvolvimento. Método A pesquisa é de abordagem quantitativa por buscar traduzir, por meio de números, opiniões e informações para classificá-las e analisá-las, utilizando para isso recursos e técnicas estatísticas (SILVA; MENEZES, 2005). Com relação ao objetivo, a pesquisa é do tipo descritivoexploratório, pois apresenta como foco a necessidade de redefinir um problema a fim de proporcionar melhor visão ou torná-lo mais específico, considerando que o problema pode ser amplo e pouco esclarecido, por descrever os arranjo s produtivos locais das indústrias têxteis no Município de Imperatriz (MA). É exploratória por ter como pretensão analisar esses APLs no que tange ao seu desempenho atual. O universo de Indústrias Têxteis de vestuário e artefatos de tecidos no Município de Imperatriz, segundo dados da FIEMA, envolve 58 indústrias, representando 74,3% do total da Região Tocantina, que compreende 16 municípios. O universo da pesquisa até dezembro de 2011 correspondia a um total de 58 indústrias, compreendendo micro, pequenas, médias e grandes empresas. A amostra da presente pesquisa é de 37 indústrias. O cálculo amostral considerou um erro amostral de 10%. Os questionários foram aplicados aos gestores das empresas que compõem o APL. Resultados e discussão A economia imperatrizense é movimentada principalmente pelo setor terciário. A partir da última década do século XX, o setor terciário consolidou-se como o mais importante da economia
12 Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional 261 imperatrizense, respondendo, a partir de 2002 por 78,8% do PIB Municipal. Os setores secundário e primário são um pouco mais modestos e representam 16,7% e 5,5% da economia do município de acordo com o IBGE (2010). Nesse contexto está situado do APL estudado, que se configura, quanto ao porte da empresa, conforme o Gráfico 1. Gráfico 1: Classificação segundo o porte da empresa Fonte: Dados primários De acordo com o Gráfico 1, verifica-se a predominância de microempresas. Esse APL, de acordo com a classificação dos Arranjo s produtivos mencionado pela SEPLAN (2012), como agrupamento de modelo tradicional de crescimento, por ser formado por micro e pequenas empresas que normalmente convivem com algumas grandes empresas, mas com pouco relacionamento entre elas. Embora esse APL seja pequeno comparando com outros arranjo s produtivos do Brasil, é de suma importância para o Município por sua capacidade de produção, pela geração de emprego e renda e pela possibilidade de formação de elos na cadeia produtiva. O tempo de atuação das empresas no mercado é fundamental para perceber a sustentabilidade na atuação desse Aglomerado, informação explicitada no Gráfico 2.
13 262 Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional Gráfico 2: Tempo de atuação das empresas Fonte: Dados primários Observa-se no Gráfico 2 que a maioria das empresas está atuando há mais de dez anos no mercado, o que demonstra certa estabilidade das empresas que compõem o APL. Os recursos humanos nos APLs são insumos imprescindíveis para o crescimento das empresas e o Gráfico 3 mostra o número de funcionários no ano de criação das empresas. Gráfico 3: Número de funcionários no ano de criação da empresa Fonte: Dados primários A Tabela 1 apresenta a quantidade de funcionários no ano 2012, o que permite traçar a evolução da empresa em relação ao ano de
14 Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional 263 criação, no que tange ao número de funcionários. Verifica-se que a maioria das empresas está com a capacidade de mão de obra acima de oito pessoas. Quantidade de Funcionários Tabela 1: Relação do número de empresas e número de funcionários Frequência (Quantidade de Empresas) Percentual Percentual Válido Percentual Acumulado 1 2 5,4 5,4 5, ,7 2,7 8, ,7 2,7 10, ,4 5,4 16, ,4 5,4 21, ,8 10,8 32, ,7 2,7 35, ,7 2,7 37, ,4 5,4 43, ,7 2,7 45, ,1 8,1 54, ,4 5,4 59, ,4 5,4 64, ,7 2,7 67, ,7 2,7 70, ,7 2,7 73, ,8 10,8 83, ,1 8,1 91, ,1 8,1 100,0 Total ,0 100,0 Fonte: Dados primários O Gráfico 4 apresenta os percentuais de empresas que possuem atividades cooperativas com outras empresas.
15 264 Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional Gráfico 4: Empresas que possuem atividades cooperativas Fonte: Dados primários Quanto à relação empresa com atividades cooperativas com outras empresas, verifica-se que 78,38 % afirmaram que não mantêm nenhuma atividade de cooperação, compras conjuntas, nem compartilhamento de tecnologia e informação e 21,62% afirmaram que possuem algum tipo de atividade cooperativa. Diante desse percentual pode-se classificar, de acordo com a tipologia versada por (PIETROBELLI, 2003), como um arranjo geográfico casual de empresas: com ocasionais elos interfirmas, nenhuma ou escassa experiência de cooperação, e instituições locais inexistentes ou fracamente desenvolvidas. Verifica-se, também, a ausência das vantagens ativas ou dinâmicas, que são obtidas com o acúmulo e intercâmbio do conhecimento tácito, a criação de relações de confiança, a cooperação e a diminuição dos custos de transação. Não há um intercâmbio sistemático de informações produtivas, tecnológicas e mercadológicas obtido com a interação com outras empresas, com cursos e feiras desenvolvidas pelos empresários do arranjo, o que impossibilita a aprendizagem e inovação. As ações conjuntas entre os participantes de um arranjo são o diferencial para o seu crescimento. Atividades coletivas voltadas para vender mais, diminuir custos, ou produzir políticas públicas, locais de incremento da qualificação da mão de obra ou da infraestrutura, promovem o aumento da competitividade e determinam a dinâmica de desenvolvimento local do arranjo (GTP, 2011). Nota-se que são quase ínfimas as ações coletivas no arranjo produtivo das indústrias têxteis em Imperatriz. Percebe-se que há
16 Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional 265 ausência de ações conjuntas baseadas na confiança entre os agentes, o que é o fator determinante para a potencialização das externalidades, gerando um ambiente propício para que ocorra efetivamente um arranjo produtivo de forma a incrementar a competitividade local. De acordo com Nonaka e Takeuchi (1997), o conhecimento tem duas dimensões: epistemológica, que é o conhecimento tácito e o explícito; e ontológica, considerada os níveis de entidades criadoras do conhecimento: individual; grupal; organizacional; e interorganizacional, entre outras formas. O modelo dos autores designa que o conhecimento é criado e expandido pela interação social entre o conhecimento tácito e o conhecimento explícito, num processo que eles chamam de conversão do conhecimento. Essa conversão é um processo social entre indivíduos e não está confinado dentro de um indivíduo. A capacitação em conjunto e a informação e conhecimento adquiriram status de insumo e recursos estratégicos (ALBAGLI, 2003). Como descrito por Brito (2002): hoje também já é consolidada a visão de que as práticas de capacitação e aprendizado resultam na intensificação do ritmo de introdução de inovações e ganhos de eficiência que reforçam a competitividade (BRITO, 2002, p. 2). A geração de novos conhecimentos e sua introdução e difusão no sistema produtivo são processos que conduzem ao surgimento de inovações, consideradas essenciais para o processo de desenvolvimento e competitividade (ALBAGLI, 2003). Com relação às práticas sociais foi explicitado aos empresários que seria qualquer prática considerada social, como doação e trabalho voluntário, entre outras. Os resultados estão demonstrados no Gráfico 5.
17 266 Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional Gráfico 5: Empresas que apoiam algumas atividades sociais Fonte: Dados primários Observa-se, pelos dados do Gráfico 6, que a maioria, isto é, 81,08%, respondeu que não desenvolve nenhum tipo de prática social, e apenas 18,92% afirmaram que praticavam atividades sociais. Dentre essas práticas estão ajuda a igrejas e ao Lar São Francisco, entre outras instituições. De acordo com a história do surgimento do arranjo produtivo verifica-se que o Arranjo em si é uma prática social, e que estava no seu bojo a inclusão social por meio da mobilização para o trabalho. Atualmente embora não tenha consciência desse fato, a contratação de pessoas com escassa experiência e promoção da capacitação desse colaborador na própria empresa se configura uma prática social, haja vista que levará um tempo para a empresa ter um retorno do trabalho desse indivíduo. A política de capacitação dos funcionários é de essencial importância para a melhoria e o aumento da produção. As empresas questionadas, 43,24%, não oferecem nenhum tipo de capacitação aos funcionários; 32,43% capacitam seus funcionários com os cursos oferecidos pelo SEBRAE; e 18,92% se utilizam de cursos diversos para o aprimoramento do conhecimento dos seus colaboradores. Apenas 5,41% capacitam seus funcionários internamente, e os próprios empresários fazem essa capacitação, conforme ilustrado no Gráfico 6. Verifica-se que nesse APL é predominante o conhecimento tácito, de acordo com Nonaka e Takeuchi (1997).
18 Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional 267 Gráfico 6: Programa de capacitação dos funcionários Fonte: Dados primários Na visão de Marshall (1982 apud SOUZA, 2005), o ensino técnico já era visto como um aspecto importante para o desenvolvimento tecnológico no interior dos APLs, facilitando a troca de experiências entre os diferentes atores dos arranjo s. A origem dos insumos das empresas tem uma relação direta com fatores como disponibilidade, preço, qualidade, e prazo de entrega. Em Imperatriz há fornecedores apenas para pequenas quantidades. As malharias que vendem a malha ou tecido ainda são muito poucas. Há também falta de aviamentos em larga escala nos armarinhos e um número restrito de lojas especializadas em máquinas do setor. Por isso, a matéria prima utilizada na produção é proveniente de diversos estados brasileiros. O Gráfico 7 demonstra os locais em que as indústrias adquirem sua matéria prima.
19 268 Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional Gráfico 7: Origem da matéria prima utilizada Fonte: Dados primários Fica evidente a ausência de algumas vantagens competitivas, como ganhos na redução dos custos de transportes, pois o mercado consumidor fica em outras regiões, em São Paulo e Santa Catarina, onerando o custo da logística. De acordo com Santos; Diniz; Barbosa (2004, p. 37), o APL pesquisado é classificado como aglomerado de empresas ou subunidades, pois necessita de proximidade entre cliente-fornecedor para facilitar desenvolvimento conjunto, troca de conhecimentos, ou readequação de condições de fornecimento. Ainda para Machado (2003), a aglomeração geográfica por si só não possibilita a eficiência coletiva. Para haver essa eficiência são necessários, entre outros prepostos, o aparecimento de fornecedores de matérias-primas, componentes e máquinas. No que tange à tecnologia utilizada, o questionamento aos empresários é se consideram a tecnologia que utilizam na produção atualizada, se utilizam o melhor do mercado. Os resultados estão apresentados no Gráfico 8.
20 Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional 269 Gráfico 8: Nível de atualização tecnológica Fonte: Dados primários Convém ressaltar que essa percepção dos gestores é baseada no conhecimento que possuem sobre as tecnologias existentes no mercado, considera-se o conhecimento que eles têm sobre essas novas tecnologias. De acordo com a tecnologia utilizada e a quantidade de maquinário e mão de obra disponível foi questionada, aos empresários, a capacidade produtiva da empresa em termos de faturamento, referente à quantidade de peças produzidas por mês, multiplicada pelo preço de venda. O Gráfico 9 apresenta a capacidade produtiva do setor.
21 270 Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional Gráfico 9: Capacidade produtiva do setor Fonte: Dados primários Observa-se, pelo Gráfico 11, que 18,90% responderam que a capacidade produtiva da empresa está em torno de R$ 10 mil mês; 8,11% faturam cerca de R$ 20 mil; e 8,11% dos entrevistados não tinham conhecimento do seu faturamento. Embora seja o menor percentual, é um dado significativo saber que há no APL empresas que não têm controle financeiro, requisito indispensável para a gestão de qualquer empresa. Há uma variedade no que tange à diversificação de produtos produzidos, tais como: camisetas, uniformes esportivos, escolares e profissionais, peças íntimas, boné, bolsas e abadas, como se verifica no Gráfico 10.
22 Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional 271 Gráfico 10: Principais produtos produzidos Fonte: Dados primários A comercialização desses produtos ocorre no comércio local e no interestadual, conforme demonstrado no Gráfico 11.
23 272 Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional Gráfico 11: Principais produtos produzidos Fonte: Dados primários Asseveram Cassiolato e Lastres (2003) que os Arranjo s produtivos têm em seu bojo diversas instituições públicas e privadas voltadas para formação e capacitação de recursos humanos, como escolas técnicas e universidades; pesquisa, desenvolvimento e engenharia; política, promoção e financiamento. No APL pesquisado, entretanto, não há parcerias com institutos de pesquisa e universidades. Embora haja instituições no Município de Imperatriz, tais como o Serviço Nacional da Indústria (SENAI), Serviço Nacional do Comércio (SENAC) e Serviço de Apoio a Micro e Pequena Empresa (SEBRAE), as indústrias têxteis não utilizam os serviços do SENAI e nem do SENAC de forma organizada e em conjunto. Percebe-se que são poucas as representações específicas para esse setor que apoiam o Arranjo. Apesar de o Município já ser considerado um polo educacional, não há nenhuma instituição de ensino e pesquisa que dê suporte ao Arranjo produtivo, seja na pesquisa, ensino ou extensão. Com o intuito de obtenção de informações e para a formação de mão de obra não há uma organização entre as empresas na busca de parcerias, tanto entre elas e nem entre elas e as universidades, as entidades de classe e o setor público, parcerias essas que podem
24 Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional 273 contribuir para o aumento da competitividade das empresas locais e criar significativas vantagens para o setor produtivo local. Já com o SEBRAE há um projeto de parceria, que tem a duração de três anos. Por meio do Projeto há um acompanhamento em todas as áreas das empresas participantes. Em relação às metas a serem cumpridas, as ações do SEBRAE podem sem resumidas em ofertas de cursos, incentivo à participação de feiras e eventos do ramo, visitas técnicas e consultorias coletivas. É indispensável, para o desenvolvimento dos Arranjo s produtivos, o conhecimento disseminado desse ator do conhecimento. Destaca-se a relevância do papel da informação na forma do sucesso dos APLs, integrando o mix informacional, a existência de infraestrutura educacional, disponibilidade de serviços de informação, e grau de interação tácita ao grau de territorialização estabelecido por Cassiolato e Szapiro (2003). Para que haja um desenvolvimento do arranjo produtivo é preciso haver parcerias, tanto pública quando privada, e disseminação de conhecimento de forma conjunta. Percebe-se, diante dos resultados, que o arranjo produtivo local das indústrias têxteis em Imperatriz configura-se como um arranjo incipiente, geográfico, casual, de empresas com ocasionais elos interfirmas, escassa experiência de cooperação e instituições locais fracamente desenvolvidas. Pode-se conceituar as indústrias têxteis como um agrupamento de modelo tradicional de crescimento, formado por pequenas e médias empresas que normalmente convivem com algumas grandes empresas, mas com pouco relacionamento entre elas. Apesar de agregar algum valor aos produtos e ocuparem posições importantes no mercado, são desprovidas de estratégias sustentáveis de crescimento. De acordo com Andrade (1987), para os APLs serem considerados polos de crescimento deverá haver uma interação entre os atores econômicos do processo, já que são capazes de influenciar uma região, pois as empresas participantes tornam-se competitivas, aumentando sua produção, gerando emprego e renda. Consequentemente outros setores serão beneficiados. A partir dos dados primários, verifica-se que o APL de indústrias têxteis de Imperatriz é uma aglomeração produtiva informal, pois é composta por PMES com baixo nível tecnológico; capacidade de gestão precária; mão de obra com baixo nível de qualificação; e ausência de um sistema contínuo de aprendizado. O Quadro 3 apresenta a classificação do Arranjo produtivo das Industrias Têxteis de Imperatriz baseada na tipologia dos APLs,
25 274 Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional versada por (PIETROBELLI, 2003), e as características inerentes aos APLs de acordo com Lastres e Cassiolato (2003) Quadro 3: Classificação e principais características do APL Tipo geográfico (casual) de empresas: com ocasionais elos interfirmas, nenhuma ou escassa experiência de cooperação, e instituições locais inexistentes ou fracamente desenvolvidas; Dimensão territorial Há um recorte do espaço geográfico em Imperatriz- MA, em que estão concentradas as indústrias têxteis. Conhecimento tácito A disseminação do conhecimento nas empresas participantes do APL é de forma tácita, ou seja, aqueles que não estão codificados, mas que estão implícitos e incorporados em indivíduos,. Governança A governança é feita pelo SINDICORT, embora existam poucas ações em prol do APL, e a participação das empresas nas ações do sindicato são pequenas Especialização produtiva Verifica-se o conhecimento das pessoas sobre a atividade econômica principal; Inovação e aprendizado interativos Não verifica-se o aprendizado interativo Há uma considerada capacitação inovativa em que pese de forma individual e não coletivamente Grau de enraizamento Existe poucas articulações e é ínfimo o envolvimento dos diferentes agentes Fonte: Dados primários Considerações finais Os Arranjo s produtivos locais podem acontecer de forma induzida ou natural, mas para que haja o seu desenvolvimento necessitam de apoio. São notórias as vantagens que esses Arranjo s trazem para as empresas participantes, como fonte geradora de vantagens competitivas, de aprendizagem coletiva, cooperação e inovação. Com os APLs há diminuição do risco para as empresas e para os trabalhadores, tudo isso gerado pelo aproveitamento das sinergias. O todo é maior que as partes: sozinhas as empresas participantes, por mais que se esforcem, terão menores chances de sucesso. Entre outras vantagens, os APLs geram economia de escala e melhoram a especialização produtiva, o que estimula e contribui para o desenvolvimento regional.
26 Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional 275 Para tanto, é necessário o envolvimento e a sintonia das organizações de apoio, o que não é tarefa simples para a geração de um cenário positivo dentro do escopo abordado. Para que ocorram todos os benefícios que os arranjo s produtivos podem oferecer é necessário que haja apoio tanto público como privado, que estimule a cooperação, o aprendizado e a inovação. Esses aspectos são fundamentais para gerar o desenvolvimento econômico local, por propiciar emprego, renda e progresso tecnológico. A endogenia é útil e vista como força propulsora no desenvolvimento regional, no Município de Imperatriz, apesar de sua potencialidade econômica, a atual lógica econômica impõe uma estrutura que tem mantido apenas a sua condição de entreposto comercial, o que não garante a sustentabilidade da sua condição de cidade hegemônica regional. A região dotada de arranjo s produtivos estrategicamente direcionados para desenvolvê-la internamente teria as melhores condições de atingir um desenvolvimento acelerado e equilibrado. Com o APL há um aperfeiçoamento da atividade produtiva que é inerente à Região, tanto em relação aos aspectos econômicos quanto sociais, e interatividade entre as pessoas. Percebe-se, primeiramente, a especialização e a vantagem econômica de certa produção, e posteriormente as vantagens desse aglomerado. Há um despertar entre os atores em prol das vantagens geradas e as possíveis vantagens que possam ocorrer mediante as ações implementadas. A partir disso ocorrem os investimentos em pesquisa, desenvolvimento, capital, capacitação da mão de obra, e consultorias para a diminuição de custos, entre outras ações que possam garantir o crescimento e o desenvolvimento do aglomerado, ocasionando o aumento de emprego e renda, a inclusão social, qualificação de pessoas, e aumento da arrecadação para o Município. As palavras chaves, quando se mencionam Arranjo s produtivos Locais, são cooperação e inovação. As empresas deixam de perceber as outras empresas como concorrentes e passam a vê-las como cooperadas na troca de experiência, no desenvolvimento da inovação, expansão e modernização da base produtiva, ocasionando as vantagens competitivas com o incremento do capital social oriundo da integração dos atores locais. Nesse contexto, os projetos públicos são decisivos para o aproveitamento dos elementos endógenos elencados na Região para, a partir disso, promover o desenvolvimento, assim como o bom aproveitamento das potencialidades exclusivas do Município, para
27 276 Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional haver um desenvolvimento econômico e social, com redução das desigualdades sociais e regionais. Com essa pesquisa foi possível diagnosticar o arranjo produtivo local das indústrias têxteis do Município de Imperatriz, no Estado do Maranhão. Observa-se que se caracteriza como um Arranjo produtivo Incipiente, por não haver atividades de cooperação entre as empresas. A proximidade geográfica não foi utilizada para competir e cooperar, com isso não são aproveitadas todas as vantagens que um aglomerado pode gerar. Como esse é o primeiro estudo referente ao APL no Município, espera-se que seja utilizado como fonte de pesquisa e complementado com estudos que verifiquem se o APL possibilita o desenvolvimento da Região e/ou a inclusão social da população, traçando, até mesmo, um comparativo com outros arranjo s produtivos das indústrias têxteis do Brasil, analisando as diferenças e semelhanças. Referências ALBAGLI, S.; BRITO, J. (org.). Glossário de arranjos e sistemas produtivos e inovativos locais. São Paulo: Redesist, ALBAGLI, S. Informação, territorialização e inteligência local. In: Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação (ENANCIB). Belo Horizonte: ECI/UFMG, ANDRADE, M. C. Espaço, polarização e desenvolvimento: uma introdução à economia regional. 5. ed. São Paulo: Atlas, BRITO, J. Cooperação tecnológica e aprendizado coletivo em redes de firmas: uma sistematização de conceitos e evidências empíricas. Niterói: UFF, CASSIOLATO, J. E.; SZAPIRO, M. Uma caracterização de arranjos produtivos locais de micro e pequenas empresas. In: LASTRES, H. M. M.; CASSIOLATO, J. E.; MACIEL, M. L. (orgs.). Pequena empresa: cooperação e desenvolvimento local. São Paulo: Relume Dumará, CASSIOLATO, J. E.; LASTRES, M. H. O foco em arranjos produtivos e inovativos locais de micro e pequenas empresas. In: LASTRES; J. E.; CASSIOLATO, M. L. Pequenas empresas: cooperação e desenvolvimento local. Rio de Janeiro, Relume Dumará, 2003a. CASTRO, L. H. Arranjo produtivo local. Brasília: SEBRAE, 2009.
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