MANEJO INICIAL DE FRANGOS DE CORTE 0 A 21 DIAS DE IDAD
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1 MANEJO INICIAL DE FRANGOS DE CORTE 0 A 21 DIAS DE IDAD MARCOS ANTONIO DAI PRÁ 1, PATRÍCIA GIOVANA HOEPERS 2 1 Médico Veterinário, M.Sc., Consultor Técnico Corporativo Brasil Foods S/A. Av. Arthur Oscar, 870. CEP Serafina Corrêa, RS. Brasil. marcos.pra@brf-br.com 2 Médica Veterinária, M.Sc., Supervisora do Laboratório de Saúde Animal Brasil Foods S/A. R. Ipanema, CEP Uberlândia, MG. Brasil. patricia.hoepers@brf-br.com INTRODUÇÃO: O manejo inicial dos frangos de corte compreende as práticas necessárias para assegurar bom desempenho do alojamento aos 21 dias de idade das aves. Este é o período em que o produtor tem mais trabalho com o manejo, sendo de extrema importância e decisivo para garantir o ganho de peso e a eficiência alimentar desejados na idade de abate. Falhas no manejo dos primeiros dias pode comprometer de maneira decisiva o resultado econômico da criação. O planejamento de uma criação deve iniciar bem antes do alojamento dos pintos na granja, mais precisamente no início do período do intervalo sanitário. A preparação do aviário obrigatoriamente deve iniciar pelo tratamento da cama de forma que haja a eliminação dos patógenos do lote anterior. Na sequência a preocupação deve se concentrar na ambiência, fornecimento de ração, água, temperatura, renovação do ar no interior da instalação, manejo da cama e destino da mortalidade. INTERVALO SANITÁRIO: O manejo da cama e a preparação da instalação para o recebimento de um novo lote de frangos de corte é de fundamental importância para o bom desempenho das aves. Logo que
2 o lote for abatido devemos iniciar os procedimentos de vazio sanitário. O produtor deve começar pela retirada das sobras de ração dos comedouros e dar o destino correto, em seguida fazer o controle de pragas como roedores e insetos (Dai Prá et al., 2009). Em aviários de frangos de corte normalmente o período de intervalo sanitário é curto (abaixo de 20 dias), em função disso a lavagem de equipamentos cortinas e telas não é recomendada, pois a umidade favorece a proliferação de patógenos. A limpeza a seco apenas com retirada do pó tem se mostrado mais efetivo na redução de problemas sanitários. A queima das penas também faz parte dos procedimentos de intervalo sanitário, o cano da pena apresenta ótimas condições para a permanência de patógenos pois contém proteínas e sangue. A partir disso passamos ao tratamento da cama, existem várias formas de fazer o procedimento, Alcalinização com a aplicação de cal virgem na dose de 600 gramas por m² em camas com até 12 cm de espessura, Enlonamento com a cama espalhada no piso e Fermentação por enleiramento coberta ou não com lona. De acordo com Dai Prá et al em casos onde é necessário um procedimento mais agressivo devido a problemas sanitários principalmente aqueles causados por Salmonella, ou onde temos um vazio mais alongado podemos associar dois tratamentos simultâneos, mas sempre seguindo a mesma ordem (Enlonamento + cal virgem) ou (Fermentação por enleiramento + mais cal virgem). Após o tratamento da cama deve-se organizar a área de biosseguridade que preferencialmente deve ser com uma cerca de tela e portão com acesso exclusivo. A área de biosseguridade ajuda a preservar a integridade sanitária do plantel que está alojado no aviário. Este local deve ser limpo e apenas pessoas que manejam as aves podem circular livremente. Com todos os procedimentos do intervalo sanitário realizados devemos preparar o aviário para receber os pintinhos.
3 PREPARAÇÃO DO AVIÁRIO: Para o recebimento dos pintinhos é necessário preparar a área do pinteiro que é o local onde ocorre o alojamento, normalmente se recomenda que esta área não ocupe mais do que 30% do aviário. O uso de círculos de proteção não é obrigatório quando se trabalha com pinteiro fechado tendo cortinas duplas e tablado na parte superior. Neste modelo cria-se um ambiente de temperatura mais uniforme que facilita o manejo. AQUECIMENTO: O manejo do aquecimento deve proporcionar temperatura adequada para as aves, lembrando sempre que o frio prejudica o desempenho, mas temperatura em excesso também causa transtornos no desenvolvimento. De acordo com Macari et al. (1994), as aves não possuem capacidade de termoregulação desenvolvida, o que ocorre somente de 10 a 15 dias de idade, necessitando, portanto, de cuidados extras e de uma fonte externa de calor para manter a temperatura corporal constante ao redor de 41 C. Furlan (2006) observou que pintinhos criados em temperaturas de 32, 25 e 20 C, constatou que aqueles criados na fase inicial em temperatura abaixo da zona de conforto (20 C) tiveram consumo de ração menor do aqueles criados na temperatura dentro da zona de conforto (32 C). A temperatura corporal das aves situa-se na faixa de 41 e 42 C. Para manter-se nesta faixa, a temperatura ambiental efetiva de acordo com Casuce (2011), deve ser manejada de tal forma que na fase inicial de vida as aves devem ser criadas na faixa de 30 a 32 C. VENTILAÇÃO: A renovação de ar no pinteiro deve ocorrer de forma sistemática. O acúmulo de gases principalmente Gás Carbônico e amônia são prejudiciais à saúde das aves, diminuindo consideravelmente o consumo de ração e em consequência o ganho de peso afetando diretamente a conversão alimentar, além de facilitar o aparecimento de sintomas respiratórios nas aves. Ventilar o pinteiro é necessário para eliminar o excesso de gases, mas esta ação não pode baixar a temperatura do ambiente, é necessário introduzir ar fresco no aviário para repor oxigênio, assim como extrair amoníaco e umidade. O fluxo de ar deve se deslocar naturalmente pela zona superior do aviário, para evitar o efeito direto sobre os animais, de maneira que o ar fresco externo se misture com o ar interno mais quente antes de alcançar
4 as aves. O objetivo é então estabelecer no aviário um fluxo lento de ar, evitando toda corrente fria ou muito rápida em contato com as aves. O que importa é a diferença entre a temperatura exterior e a que necessitam as aves, não a que percebe uma pessoa no aviário. As aves mais jovens requerem ambiente mais aquecido, produzem menos amoníaco e consomem menos oxigênio que aves maiores. A quantidade de ar a renovar no inverno por razão higiênica é pequena, sendo necessárias apenas superfícies reduzidas de entrada e saída; é importante que o fluxo de ar não incida diretamente sobre as aves. O problema da ventilação por cortinas durante período frio, é que o ar admitido por pequenas aberturas entra com pouca velocidade e em seguida desce ao nível do solo esfriando o ambiente ao nível das aves causando condensação, com conseguinte umedecimento da cama. Isso ocorre porque o ar frio é mais pesado que o ar quente e a tendência é abaixar e não subir. Ao mesmo tempo, o ar quente que se encontra mais acima acarreta diferença de temperatura no local, causando maior tensão nas aves (Cobb Vantres, 2012). COMEDOUROS: O fornecimento de ração na fase inicial em comedouros convencionais dificulta o acesso das aves, para isso deve-se achar alternativas que facilitem o consumo. Os comedouros convencionais devem estar acessíveis desde o alojamento das aves para que as mesmas se acostumem com o equipamento, mas o fornecimento de ração em bandejas ou mesmo em pedaços de papel estendido sobre a cama deve ser uma alternativa a ser considerada. O uso destes equipamentos alternativos facilita o consumo do alimento na fase inicial de vida das aves melhorando o desempenho (Cobb Vantres, 2012). BEBEDOUROS: O acesso a água pelos pintinhos deve ser facilitado para que não ocorra o aparecimento de aves desidratadas que aumenta consideravelmente a mortalidade inicial e a desuniformidade do lote. O uso de bebedouros convencionais pendulares ou nipple devem ser regulados de forma a facilitar o consumo de água pelas aves. O consumo de água em regra é duas vezes o consumo de ração (Barbosa et al. 2014). A qualidade da água é um item que deve ser observado pelos avicultores, o tratamento com cloro é fundamental, as aves suportam tranquilamente consumir água com 5 ppm de cloro
5 residual. Além de descontaminar a água, o cloro evita a formação de biofilme nos encanamentos que predispõe o surgimento de problemas sanitários. AQUECIMENTO: O aquecimento das aves pode ser realizado através de campânulas a gás ou a lenha, que são os modelos mais utilizados na avicultura. É fundamental que o sistema de aquecimento seja acionado no mínimo três horas antes da chegada dos pintos, para que o ambiente esteja aquecido a 32 C, que é a temperatura ideal para o alojamento, ou seja dentro da zona de conforto térmico. De acordo com Albino et al. (2009) a associação de aquecimento a gás com suplementação de aquecimento a lenha propicia um ambiente agradável quando se usa pinteiro com cortina dupla e tablado, onde toda a área que estão as aves a temperatura é uniforme. Quando usamos círculos de proteção podemos usar apenas aquecimento a gás, mas este modelo funciona bem nos primeiros 3 a 4 dias de vida das aves. A partir do momento que começamos a liberar as aves do círculo de proteção a temperatura no ambiente de criação apresenta oscilação, onde temos zonas com temperatura ideal e zonas com temperatura abaixo da zona de conforto térmico, gerando problemas de desuniformidade nos lotes, pois as aves irão se concentrar nas áreas mais aquecidas aumentando a competição pela água e ração (Casuce, 2011). MANEJO DA CAMA: A cama é o local em que as aves vivem praticamente toda a sua vida, com apenas dois pequenos períodos em que não estão em contato com a mesma, no momento da eclosão na incubadora até a chegada ao aviário e do carregamento até a chegada ao frigorífico. Neste sentido a cama passa a ser fundamental para proporcionar o máximo de condições para o desenvolvimento das aves em termos de conforto e bem-estar, e para que possam expressar todo o potencial genético. A cama deve ser manejada de forma a evitar a produção de amônia e umidade. Estes dois fatores quando estão presentes predispõem ao
6 aparecimento de enfermidades que reduzem o ganho de peso e prejudicam a conversão alimentar (Dai Prá et al. 2015). Cabe ao avicultor realizar um manejo que corrija estes problemas, como melhorar a ventilação e fazer o revolvimento da cama para reduzir a umidade. O manejo correto da cama ajuda também a reduzir a incidência de calos de patas que é um problema que abre portas para uma série de enfermidades bacterianas que levam a um aumento da mortalidade e desuniformidade dos lotes. DESTINO DA MORTALIDADE: De acordo com Dai Prá et al, 2015, o uso das composteiras para destinar as carcaças de aves que morrem durante o ciclo de criação é a forma mais correta para evitar problemas ambientais e sanitários nas propriedades avícolas. As células de compostagem devem ser de alvenaria com piso para evitar infiltrações, a parte frontal deve ser fechada com tábuas de madeira. O manejo da compostagem é muito simples bastando apenas fazer camadas de aves mortas e cobrir com cama de aviário, tendo o cuidado de não encostar as carcaças nas paredes. BIBLIOGRAFIA: Albino, L. F. T., Santos, P. A., Baeta, F. T., Tinoco, I. F. F., Cecon, P. R. Avaliação dos sistemas a gás e a lenha para frangos de corte. Revista Ceres, 56(2) , Barbosa, T. M., Silva, F. L., Rodriz, C. G. Q., Oliveira, R. A., Navaro, R. D., Santana, A. P., Murata, L. S. A importância da água na avicultura, PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia, Londrina, V. 8, N. 19, Ed. 268, Art. 1785, outubro de Casuce, D. C., Determinação das faixas de conforto térmico para frangos de corte de diferentes idades criados no Brasil, Tese de Doutorado em Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Viçosa, Cobb Vantres Brasil Manual de manejo de Frangos de Corte, cobb-vantres.com, 66p, 2012.
7 Dai Prá, M. A., Corrêa, E. K., Roll, V. F., Xavier, E. G., Michele, D. C. L., Lourenço, F. L., Zanusso, J. T., Roll, A. P., Quicklime for controlling Salmonella spp. and Clostridium spp. In litter from floor pens of broilers. Ciência Rural 39, , Dai Prá, M. A., Mores, E., Trevisol, E., Roll, V. F., Roll, A. P., Corrêa, E. K., Luciara, B. C., Pablo, M. M., Guidoni, L. L. C. Poultry Litter: Use, reuse and disposal. Porto Alegre, Evangraf, 96 p Furlan, R. L., Influência da temperatura na produção de frangos de corte, Anais do Simpósio Brasil Sul de Avicultura, Chapecó SC, Macari, M.; Furlan, R.L.; Maiorka, A. Produção de frangos de corte. Campinas: FACTA, p
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