Posição estratégica Portugal promove-se no exterior

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1 10/6/2010 Posição estratégica Portugal promove-se no exterior Presidente da República, ministros, presidentes de administrações e representantes de várias entidades desdobram-se em convites, ora para viajar, ora para acolher delegações de vários países. O objectivo? Promover as potencialidades de Portugal junto de parceiros estratégicos. A visita do Presidente da República, entre os dias 4 e 7 de Julho, a Cabo Verde é o mais recente exemplo da promoção de Portugal noutros mercados. Os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, o Brasil e a China têm acolhido delegações portuguesas que procuram novas oportunidades de negócio e estreitamento de ligações. São mercados emergentes, com taxas de crescimento que se impõem e estão na base da realização de encontros, seminários, congressos, visitas oficiais de ministros e do estabelecimento de diversos acordos e protocolos de cooperação. Depois de, no discurso proferido aquando das comemorações do 25 de Abril, ter sublinhado a importância do papel do mar para a economia nacional, Cavaco Silva voltou a reforçar a sua intenção de estimular este sector num almoço oferecido pelo Presidente da República de Cabo Verde. Durante o seu discurso, referiu que Portugal ocupa um lugar cimeiro entre os parceiros comerciais de Cabo Verde, mas existem ainda complementaridades entre os

2 nossos países que podem e devem ser mais bem exploradas. De acordo com o Presidente da República, uma das áreas em que Portugal e Cabo Verde possuem abundantes recursos, com um enorme potencial, é o Mar, pelo que uma visão de futuro para a nossa cooperação implica necessariamente um maior aproveitamento do cluster marítimo de Cabo Verde, que resulta da sua condição arquipelágica e posição geográfica, nas rotas do Atlântico Sul. Estou convencido de que os nossos empresários poderão tirar partido dessa situação para utilizar Cabo Verde como plataforma de acesso a outros mercados e regiões, apostando, simultaneamente, no desenvolvimento e na consolidação de uma verdadeira economia do Mar. Uns dias antes, a 28 e 29 de Junho, o ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações deslocou-se a Moçambique. Na sua visita, António Mendonça fez-se acompanhar por vários representantes de organismos tutelados pelo seu ministério, nomeadamente do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), da Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário (EMEF), da ANA Aeroportos de Portugal, da Administração dos Portos do Douro e Leixões (APDL), do Instituto de Infra-Estruturas Rodoviárias (INiR), do Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos (IPTM) e do Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres (IMTT). Segundo uma nota oficial, a visita teve como objectivo fazer um ponto de situação relativamente às relações bilaterais nos sectores marítimo, portuário, rodoviário, ferroviário, aéreo e transportes e discutir as perspectivas de desenvolvimento de projectos comuns.

3 Do encontro com o ministro dos Transportes e Comunicações moçambicano, Paulo Zucula, resultou a assinatura de uma acta que estabelece o plano de actividades para a cooperação em áreas como a indústria naval e os transportes aéreos, marítimos e ferroviários, centrada na formação. António Mendonça reuniu ainda com o Ministro das Obras Públicas e Habitação, tendo homologado o protocolo estabelecido em Março (aquando da visita de José Sócrates a este país) entre o INiR e a moçambicana ANE (Autoridade Nacional de Estradas). O protocolo prevê o apoio à reformulação da legislação rodoviária de Moçambique, ao planeamento e gestão rodoviária e à formolação de contratos de concessão (e gestão e acompanhamento das mesmas). Ainda neste sector, e com o objectivo de estabelecerem contactos com empresas portuguesas que se vão posicionar para a requalificação das infra-estruturas de Moçambique, a tutela anunciou que António Mendonça convidou os ministros moçambicanos dos Transportes e Comunicações, Paulo Zucula, e das Obras Públicas e Habitação, Cadmiel Mutemba, a visitar Portugal em Setembro ou Outubro. Mais uma vez, o Mar não ficou esquecido, com o ministro a deslocarse ao porto de Maputo para aferir uma futura colaboração com Moçambique também para o sector portuário.

4 A aposta dos portos nacionais De resto, já em Maio o ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações se tinha deslocado a Angola. António Mendonça reuniu com o ministros dos Transportes angolano, Augusto da Silva Tomás e presidiu à cerimónia de assinatura de um Protocolo de Cooperação entre a Administração dos Portos do Douro e Leixões (APDL) e a Administração do Porto de Luanda. Com incidência nos domínios da estratégia, gestão e sistemas de informação ligados ao negócio portuário, o protocolo visa o estreitamento das relações tendo em vista o desenvolvimento e crescimento da actividade e, consequentemente, das economias de ambos os países. Em declarações à Agência Lusa, Matos Fernandes, presidente da APDL revelou que Leixões tem um dos mais relevantes centros de formação portuária dos países que falam português, seja qual for o continente, e tem recebido um grande número de formandos, especialmente de Angola. De acordo com o responsável, Leixões pelo que os números nos dizem, tem uma evolução muito grande nas exportações para Angola, sublinhando que, quanto melhor funcionarem os portos portugueses e angolanos mais fácil este pipeline de mercadorias se pode olear com vantagens para as economias dos dois países.

5 A APDL tem sido uma das entidades que mais tem promovido a internacionalização. Desenvolveu um projecto nesse sentido e tem vindo a realizar um ciclo de seminários no sentido de captar novos negócios e mercados. O primeiro evento foi dedicado ao Magrebe e realizou-se a 4 e 5 de Março. Nos dias 17 e 18 de Junho, as relações com os PALOP foram focalizadas, com a APDL a receber representantes dos portos de Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique e S. Tomé e Príncipe. Nessa ocasião, António Mendonça evidenciou que as administrações portuárias têm vindo a desenvolver um enorme trabalho de promoção dos portos no espaço ibérico e mundial e, apoiando-se no crescimento registado na movimentação de carga nos portos portugueses durante o primeiro quadrimestre deste ano, revelou que a aposta, em Portugal, está a ser ganha. O ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações sublinhou que este deveria ser o caminho e reafirmou: Os Países de Língua Oficial Portuguesa, incluindo o Brasil, estão também dotados de portos que, bem articulados entre si e com os portugueses, constituem uma rede de elevado potencial. Nesse mesmo sentido, anunciou a assinatura de um contrato entre a Associação dos Portos Portugueses e um consultor que tem por objectivo a produção de um estudo de oportunidades de negócio no sector do transporte marítimo.

6 Também o porto de Sines tem feito uma promoção relevante da sua infra-estrutura. A parceria estabelecida com o Porto de Santos, no Brasil, é exemplo disso. A Administração do Porto de Sines (APS) e a entidade gestora do Porto de Santos, a CODESP - Companhia Docas do Estado de São Paulo estabeleceram um acordo de cooperação no sentido de estudar e implementar novas linhas regulares marítimas, acções comerciais e promocionais conjuntas, operações e segurança portuária, tecnologias e fluidez de procedimentos e aspectos de segurança e ambientais. Segundo a APS, estas acções têm como objectivo criar condições para maximizar as trocas comerciais entre os dois países, através do tráfego de mercadorias entre os dois portos, bem como permitir o intercâmbio de know-how no âmbito do desenvolvimento das operações portuárias e aumento da competitividade de Sines e de Santos, enquanto hub ports de excelência e portas de entrada das regiões alargadas onde se inserem. A APS esteve também presente na ExpoShangai 2010, numa acção concertada com a aicep Global Parques e a PSA que teve o intuito de promover as potencialidades de Sines como A Porta Atlântica da Europa. Nesse sentido, realizaram-se dois seminários, nos dias 30 de Junho e 1 de Julho, no Centro de Negócios do Pavilhão de Portugal. Na altura, a PSA explicava que as duas sessões são subordinadas ao tema Sines A Porta Atlântica da Europa onde se realçará a posição estratégica de Sines, as oportunidades que serão abertas com a conclusão das obras de alargamento do Canal do Panamá que reforçam a posição de excelência do Porto nas rotas do Oriente e a vantagem competitiva de Sines pela existência de uma extensa área industrial e logística adjacente.

7 Conferências empresariais Nos dias 13 e 14 de Julho, o porto de Sines esteve presente no 1º Encontro Port Management, que se realizou em Luanda, sob o mote Os portos como peça fundamental da cadeia logística de transportes e produção. A ocasião serviu, mais uma vez, para a promoção dos factores de competitividade do porto de Sines, com o administrador João Farinha Franco a realizar uma apresentação sobre esta infra-estrutura. Já o porto de Lisboa participou, nos dias 29 e 30 de Abril, no 6º Congresso Nacional de Áreas Empresariais Inovar y Cooperar para Crecer con Excelencia, que decorreu no Palácio de Congressos de Mérida, Espanha. Organizado pela CEPE Coordinadora Española de Polígonos Empresariales, o evento teve como tema central a inovação e cooperação como estratégia de crescimento das empresas. Contou com a presença de gestores e presidentes de associações de parques logísticos e industriais, parques tecnológicos, representantes dos municípios e do governo, num total de mais de 300 pessoas provenientes de Espanha, Portugal, França e Reino Unido. Segundo a APL, o saldo desta participação foi muito positivo, permitindo ao porto de Lisboa assumir-se, cada vez mais, como uma porta de entrada e saída para o fluxo de mercadorias com destino/origem na grande região da Extremadura. A comitiva do porto de Lisboa integrou representantes das empresas T.M.B. Operações Portuárias SA e da Transitex, pertencentes à Comunidade do porto de Lisboa.

8 Num organização da AICEP Portugal Global Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal Lisboa acolheu o Encontro Empresarial para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e Países de Língua Portuguesa. O certame congregou mais de 500 empresários, sendo de sublinhar os contactos estabelecidos, mais uma vez, para os sectores dos portos, logística e infra-estruturas. No final do encontro, o presidente da AICEP, Basílio Horta, defendeu que, cada vez mais, Portugal tem de se assumir como uma plataforma entre o Brasil, a China e o continente africano. Sublinhou ainda a importância do porto de Sines para esta ligação atlântica e asiática. Nos dias 16 e 17 de Junho, o Centro Cultural de Belém recebeu a Conferência Access Africa Forum, que teve por objectivo fomentar os laços entre Portugal, os Estados Unidos e os PALOP. O evento foi organizado pelo U.S. Commercial Service, organismo oficial do Departamento de Comércio dos EUA responsável pela promoção das relações comerciais dos Estados Unidos, das exportações de bens e serviços e da captação de investimento directo estrangeiro.

9 A organização considera que Portuga se situa num ponto estratégico entre vários continentes, o que o torna num excelente mediador entre os EUA e estes mercados internacionais que são efectivamente promissores. Mais uma vez, Angola, Cabo Verde e Moçambique foram considerados como os mercados africanos com maior crescimento, sublinhando-se a importância que Portugal pode assumir pelas relações privilegiadas com estes países através da formulação de parcerias triangulares. Entretanto, o Presidente da República esteve também presente, nos dias 18 e 22 de Julho, em Angola. A visita oficial, irá incluir passagens pela Feira Internacional de Luanda e pelo Seminário Empresarial, onde fará o Discurso de Encerramento. Esta será mais uma oportunidade de Portugal promover a cooperação, as suas ligações, os seus serviços e infra-estruturas. Texto: Andreia Amaral Por: Fonte: