O Anima a Dor :as Imagens do Inconsciente entre a Psicologia e a Arte - O trabalho dealmir da Silva Mavignier no Hospital Engenho de Dentro-RJ

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1 O Anima a Dor :as Imagens do Inconsciente entre a Psicologia e a Arte - O trabalho dealmir da Silva Mavignier no Hospital Engenho de Dentro-RJ Maria Clara de Oliveira CardiaGalrão Universidade do Sagrado Coração, Bauru/SP maria_clara_galrao@yahoo.com.br Antonio Walter Ribeiro de Barros Junior Universidade do Sagrado Coração, Bauru/SP walter.junior@usc.br Comunicação Oral Pesquisa em Andamento Introdução.A elaboração deste trabalho, finalizado como Iniciação Científica no Programa de Pós-Graduação da Universidade do Sagrado Coração durante os anos de 2013 a 2014, procurou identificar os vínculos entre a arte e a afetividade, já que esta pode fazer florescer o inconsciente de cada indivíduo e, no caso, de alienados. Como figura de destaque, tem-se Almir da Silva Mavignier (nascido no Rio de Janeiro-RJ, em 1925), pois a sua presença em um hospital de doentes mentais fez com que se possa dividir o tempo em dois momentos: antes de Mavignier e depois de Mavignier. Antes, desesperança: homens e mulheres totalmente apagados, imersos nas profundezas da dor da negação de ser gente; depois, um novo alento para os doentes, uma luz em meio à escuridão. Fui arrebatado por seu carinho e simplicidade. Depois, observando atentamente algumas de suas obras, notamos a precisão e tantos outros valores estéticos para se chegar à simplicidade. (SOUZA, 2003, p.14 e 15). 1

2 E é com simplicidade e generosidade que Almir da Silva Mavigniersempre se mostrou pronto a atender, com precisão e desenvoltura, a todos que o procuram, seja através de s ou telefonemas, cartas, entrevistas; tanto que, na literatura sobre ele, há sempre o fator de aproximação com quem se dispõe a escrever sobre sua vida e suas obras. Para o entendimento da sequência e ápice do trabalho deste importante artista plástico, foram realizadas intensas, profundas pesquisas sobre o artista, em termos de tua trajetória de vida e nas artes, até para entender o ser humano vivo e verdadeiro, afável e protetor, que se manifestava nas suas ações dentro de um ateliê de pintura destinado a loucos. Neste sentido, são analisadas sua vida pessoal, as suas obras, sua carreira artística, os que o antecederam e os contemporâneos, ligados às várias correntes que mobilizaram as artes e pelas quais, Mavignier pode fundamentar todo seu trabalho, dentro de um vanguardismo que lhe é próprio. Apresentamos, ainda, o trabalho dos artistas do Ateliê de Pintura do Engenho de Dentro, suas histórias de vida e o desabrochar da arte neles; poucos, dentre centenas e centenas de pacientes, mas que foram resgatados e tiveram suas obras correndo o mundo, pela importância, pelo significado da parceria realizada entre um grande artista, que se despojou do interesse pessoal para a grande descoberta e aqueles que afundavam no abismo da loucura. No trabalho, constam, também: a história do Hospital do Engenho de Dentro, cujos antecedentes e, para tanto, foi incluída a personagem Doutora Nise Magalhães da Silveira ( ), psiquiatra da Seção de Terapia Ocupacional, do Centro Psiquiátrico do Engenho de Dentro. Ainda, para aprofundar este trabalho, são apresentados estudos sobre a Teoria Junguiana e a da Gestalt, importantes no pensar da Doutora Nise Magalhães da Silveira e do principal personagem deste trabalho: Almir da Silva Mavignier. 2

3 Materiais e Métodos: Através de uma pesquisa bibliográfica, apresentamos, em nossa Iniciação Científica, os aspectos mais importantes do trabalho da vida e obra Almir da Silva Mavignier, principalmente sua carreira artística, na qual foi consagrado famoso pintor e mestre do Design, transformando-se em um exemplo de personalidade humanitária e altruísta, principalmente através da preocupação de fazer da arte um elemento de resgate e valorização humana no trabalho com doentes do Hospital no Engenho de Dentro (RJ). Através da análise dos relatos, vídeos e obras sobre o trabalho no Engenho de Dentro, esta pesquisa demonstrou que a proposta do Ateliê de Mavignier era fundamentalmente voltada para a recuperação dos doentes, através das várias atividades artísticas, levando-os a maior grau de autonomia e interação social, melhorando o desempenho e reduzindo as desvantagens. Além disso, havia o objetivo generoso de que os pacientes sentissem que ali era um novo lar. Nossa pesquisa mostra como Almir aconselhava nos trabalhos, organizava as atividades de Pintura e Modelagem. Sua obra resgatou a dignidade humana dos pacientes através da sensibilidade e arte. Trata-se de uma revisão de literatura, onde foram pesquisados artigos e livros sobre arte, psicologia, psiquiatria e design. Utilizamos o banco de dados SCIELO, onde, no total se procedeu a analise diversos artigos científicos. Finalizando o rol de referenciais foram utilizadas ainda 12 literaturas da biblioteca. Ao final a revisão de literatura se compôs do total referências bibliográficas em português e inglês. Resultados: Nosso estudo mostrou que Mavignier necessitava de um trabalho que lhe garantisse o sustento e lhe possibilitasse pintar e o acaso o encaminhou ao Centro Psiquiátrico Nacional. Se, de início, fosse unicamente esse o seu interesse, logo depois, sua mente alerta e inovadora, percebeu a potencialidade artística dos doentes e a possibilidade do resgate das emoções acumuladas por muito tempo no inconsciente. 3

4 Mavignier personificou as figuras de: guardião, amigo, orientador, professor, curador, enfim, um terapeuta com várias funções, todas elas direcionadas a descobrir a personalidade criativa de cada um dos pacientes do Ateliê. Ele respeitava todas as manifestações artísticas e era um facilitador da criatividade que fazia surgir, a cada momento, em cada um. A arte contida em Mavignier, como pintor e cartazista, projeta as retículas para a frente, quando nelas acrescenta mais tinta, mais energia. A generosidade contida em Mavignier, projetava os clientes para a frente, acrescentando às suas pobres vidas, animo e coragem. Retículas e clientes, induzidos para a linha sem fim, do horizonte. Seu olhar diferente, colorista, deu vida, às vidas dos que conviviam com ele, no jogo das telas e pinceis, das tintas e do barro. Provou que o afeto é a chama que gera a energia vital. Assim, Mavignier não animou a dor a ser mais dor, mas, animou os pacientes do Ateliê de Pintura do Engenho de Dentro, a se animarem (anima = vida) a si próprios, em meio à dor. Palavras-Chave: Mavigner, Engenho de Dentro, Arte, Psicologia, Design, Inconsciente Referencias: AMARAL, Aracy (org.). Arte Construtiva no Brasil. 1ª Edição. São Paulo: Companhia Melhoramentos, Textos do Tropico de Capricórnio. V.1. Modernismo, Arte Moderna e Compromisso. São Paulo: Ed. 34, DIAS, P. B. Arte, loucura e ciência no Brasil: As origens do Museu de Imagens do Inconsciente. Dissertação (Mestrado em História da Ciências da Saúde) Rio de Janeiro, GALANTERNICK, Nina. Almir Mavignier, Memórias Concretas. Documentário. Coordenação de pesquisa e argumento de Glaucia Villas Bôas. Roteiro de Nina Galanternick e Glaucia Villas Bôas. Rio de Janeiro, 2006, 27 minutos JUNG, Carl Gustav. Modern man in search of a soul. Ed. Psycology Press, MAVIGNIER, Delmar. Docugrafias. Realização Museu Afro Brasil e Governo de São Paulo (Secretaria da Cultura). 5 minutos e 36 segundos. São Paulo,

5 NAME, Daniela. Almir Mavigner. 1ª Edição. Rio de Janeiro: Memória Visual Fotografia, Produção Editorial e Preservação de Acervos, 2013 SILVA, José Otávio Pompeu; REILY, Lucia. Marcas e Memórias: Almir Mavignier e o ateliê de pintura de Engenho de Dentro. São Paulo: Ed. Komedi, A psiquiatra e o artista: Nise da Silveira e Almir Mavignier encontram as imagens do inconsciente. Dissertação (Mestrado em Artes). Universidade Estadual de Campinas, SILVEIRA, N. da. O mundo das imagens. São Paulo: Ática, Jung: Vida e Obra. Rio de Janeiro: Ed. José Álvaro, 1968 SOUZA, Rubens de. Pontos de Mavignier: Almir da Silva Mavignier. Universidade de São Paulo, 2003 VILLAS BOAS, G. A estética da conversão: O ateliê do Engenho de Dentro e a arte concreta carioca. São Paulo. Encontrado em: Acesso: 25 de junho de