TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS SECRETARIA DE GESTÃO ADMINISTRATIVA COORDENADORIA DE COMPRAS, LICITAÇÕES E CONTRATOS SEÇÃO DE LICITAÇÕES

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1 TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE MINAS GERAIS SECRETARIA DE GESTÃO ADMINISTRATIVA COORDENADORIA DE COMPRAS, LICITAÇÕES E CONTRATOS SEÇÃO DE LICITAÇÕES PAD nº /2012 PREGÃO ELETRÔNICO N.º 133/2012 Senhora Diretora-Geral, Para a o registro de preços para futuras aquisições de mobiliários diversos (com instalação), conforme Termo de Referência incluído no doc. nº /2012, alterações consolidadas nos docs. nº /2012 e /2012 e autorização constante dos documentos nºs /2012 e /2012, foi providenciada a abertura de licitação na modalidade Pregão Eletrônico, tendo sido obedecidas as formalidades da Lei n.º , de 17 de julho de 2002, e dos Decretos n.º 5.450, de 31 de maio de 2005, e n.º 3.931, de 19 de setembro de 2001, com aplicação subsidiária da Lei n.º 8.666/93 e da Lei Complementar n.º 123/2006. O aviso contendo o resumo do edital foi publicado no Diário Oficial da União, Seção 3, e no Jornal Hoje em Dia, em 18 (dezoito) de outubro do corrente ano, conforme doc. nºs /2012 e /2012, respectivamente. A Ata de Realização do Pregão Eletrônico contendo as propostas das empresas licitantes e demais procedimentos correlatos consta do documento PAD nº /2012. I DOS FATOS A presente licitação foi realizada em lote único, sendo este destinado ao fornecimento e instalação de mobiliários diversos a fim de promover a modernização das Zonas Eleitorais do interior e dos Fóruns Regionais Eleitorais com uma nova tipologia mobiliária. Encerrada a etapa de lances e desclassificação de diversas empresas, sagrouse classificada para as etapas subseqüentes a empresa HOMEOFFICE MÓVEIS LTDA, a qual teve parecer favorável do setor técnico desta casa. A empresa ARTLINE INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MÓVEIS LTDA, ora recorrente, teve sua proposta analisada em sede extraordinária, conforme direito de petição reconhecido por esta E. Casa, sendo posteriormente recusada pelo setor técnico. Inconformada com a decisão manifestou intenção recursal a qual foi conhecida, posto atender às condições de admissibilidade, apresentando tempestivamente suas razões recursais. II- DAS RAZÕES APRESENTADAS PELA RECORRENTE 1

2 A recorrente ARTLINE INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MÓVEIS LTDA. pleiteia a reforma da decisão que a desclassificou e que declarou a empresa HOMEOFFICE MÓVEIS LTDA vencedora do referido Lote e, para tanto, em suas razões assevera que: ü O edital, em nenhum momento, houve por dissecar sobre quais seriam os critérios adotados para julgamento e aceitação dos certificados de acordo com as Normas da ABNT como visto acima, restringindo-se a exigir as normas para as quais os produtos devam ser certificados, e nada mais que isso., arrolando alhures, doutrina e jurisprudência; ü A forma mais prudente de interpretação ao subitem 6.24, parágrafo primeiro do instrumento convocatório é a de que devem ser aceitos certificados de acordo com o tipo de produto ofertado. Vale dizer, para mesas em formato L, podem ser apresentados quaisquer certificados de mesas em L, independente do tamanho, e assim por diante, confrontando-se os certificados de acordo com tipos de produtos pretendidos pela Administração. ; ü Diligenciou à ABNT, colacionando a citação:... informo que a Artline pode apresentar os laudos de ensaios e as certificação para medidas de mesas que não sejam exatamente iguais às dimensões estipuladas em determinada licitação, desde que esta dimensão esteja compreendida no intervalo que foi certificado. Salientamos que a aprovação das dimensões estabelecidas nos certificados emitidos pela ABNT se basearam no critério de famílias de produtos, nos quais os modelos mais críticos foram ensaiados e aprovados. ü É direito do licitante e dever do administrador Público que o julgamento do pregão seja feito de acordo com os princípios da licitação, estampados no artigo 3º da Lei 8.666/93, que é subsidiária à Lei do Pregão Eletrônico, in verbis: "Art. 3º - A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos. III DAS CONTRA-RAZÕES A empresa HOMEOFFICE MÓVEIS LTDA. apresentou, tempestivamente as contra-razões ao recurso aviado pela ora recorrente, alegando em apertada síntese que: ü A desclassificação da empresa ARTLINE INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MÓVEIS LTDA foi corretamente realizada por este Tribunal em atendimento ao princípio da vinculação ao instrumento convocatório; ü Cita doutrina e jurisprudência no sentido de corroborar o entendimento esposado acima; ü Ao final requer seja recebida suas contra-razões e mantida a desclassificação da recorrente com fulcro no princípio acima arrolado. IV - DA FUNDAMENTAÇÃO 1 DAS NORMAS EDITALÍCIAS E CRITÉRIOS DE JULGAMENTO A recorrente, após ampla participação no certame, alega não constarem do edital regras suficientes para julgamento e aceitação dos certificados e demais documentos exigidos pelo instrumento convocatório. 2

3 Consabido, as empresas que aderem a determinado certame, mormente às regras do pregão eletrônico, devem, previamente, firmar declaração de que estão de acordo com as normas do edital e que cumprem os requisitos de habilitação. Compulsando os autos do presente procedimento, dessume-se da tela visualização de propostas, a seguinte declaração, verbis: Pregão eletrônico 133/2012 UASG DECLARAÇÃO Declaro que estou ciente e concordo com as condições contidas no edital e seus anexos, bem como de que cumpro plenamente os requisitos de habilitação definidos no edital, referentes ao pregão nº 133/2012 da UASG TRE-TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL/MG. CNPJ: / ARTLINE IND E COM DE MOVEIS LTDA Aracaju, 30 de Outubro de (grifamos) Afirma ainda em sua proposta reformulada: 2 Declaramos conhecer a legislação de regência desta licitação e que os serviços serão executados de acordo com as condições estabelecidas no Edital, que conhecemos e concordamos em todos os seus termos. (grifei) Portanto, se discordasse das normas procedimentais prévia e devidamente publicadas nos meios físico e eletrônico, deveria, como demonstrou conhecer, ter solicitado pedido de esclarecimento a esta Casa, ou mesmo solicitado a impugnação ao edital. Entretanto, quedou-se inerte. Quando afirmamos que a empresa demonstrou conhecer os procedimentos de pedido de esclarecimento e de impugnação, estamos nos referindo, além da citada certidão e de sua proposta reformulada, às próprias RAZÕES DE RECURSO aviadas pela recorrente, quando aduz: À título exemplificativo, destacamos resposta a pedido de esclarecimento feito no âmbito do Pregão Eletrônico nº 26/2010, recentemente promovido pela Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro, onde exatamente este assunto foi tratado e esclarecido, senão vejamos... (sic) (grifei) E ainda: O mesmo ocorreu em pregão da Universidade de Brasília, cujo questionamento e respectiva resposta da Pregoeira seguem em anexo, ao final desta peça, por . (grifei) Portanto, a recorrente demonstra conhecer que existe via própria e hábil a fim de discutir as regras do edital, mas, conforme demonstrado aceitou tais regras, certificando a aceitação no sistema eletrônico e em sua proposta reformulada. 2 DOS LAUDOS E ANÁLISE TÉCNICA Aduz ainda a recorrente que a forma mais prudente de interpretação ao subitem 6.24, parágrafo primeiro do instrumento convocatório é a de que devem ser aceitos certificados de acordo com o tipo de produto ofertado. 3

4 Dessarte, colaciona diligência realizada à ABNT às suas razões, citando manifestação de um funcionário daquela entidade, salientando a seguinte informação:... informo que a Artline pode apresentar os laudos de ensaios e as certificação para medidas de mesas que não sejam exatamente iguais às dimensões estipuladas em determinada licitação, desde que esta dimensão esteja compreendida no intervalo que foi certificado. Salientamos que a aprovação das dimensões estabelecidas nos certificados emitidos pela ABNT se basearam no critério de famílias de produtos, nos quais os modelos mais críticos foram ensaiados e aprovados. Instado a se manifestar, o setor técnico desta Casa conclui: após análise do recurso apresentado pela empresa ArtLine, solicitando que possam ser apresentados laudos por "tipo" de produto ofertado, cumpre salientar que, conforme mencionado pela própria empresa no presente recurso, em consulta realizada à ABNT Certificadora, esta informou que é possível a apresentação de laudos que não sejam exatamente iguais às dimensões estipuladas para determinada licitação, desde que esta dimensão esteja compreendida no intervalo que foi certificado. Ocorre que os laudos apresentados pela ArtLine são bem específicos e foram emitidos para móveis com medidas fixas e não para mobiliário com dimensões definidas dentro de um determinado intervalo. (grifei) É sabido que todas as medidas informadas na análise que desclassificaram a empresa foram apresentadas, nos laudos, através de medidas definidas, diferentes das medidas especificadas no edital e o mobiliário apresentado na proposta da empresa. O laudo apresentado deixa bem claro que apenas o mobiliário caracterizado no mesmo está em conformidade com a norma e não é valido para uma família de produtos. (grifei) Desta forma, entendo não ser procedente a solicitação da empresa ArtLine. (grifei) Portanto, o parecer técnico persevera pelo não atendimento dos laudos apresentados pela recorrente. 3 DOS PRINCÍPIOS AFETOS AOS PROCEDIMENTOS LICITATÓRIOS 3.1 DA PROPOSTA MAIS VANTAJOSA Noutro giro, a recorrente alega que É direito do licitante e dever do administrador Público que o julgamento do pregão seja feito de acordo com os princípios da licitação, estampados no artigo 3º da Lei 8.666/93..., e, ao final, repisa o entendimento de que sua proposta é a mais vantajosa para a administração por ofertar valores mais baixos que o da recorrida. É que o critério de julgamento pelo menor preço, adotado na modalidade Pregão, não resulta necessariamente na escolha da proposta de menor valor, vedando-se a acolhida de proposta com um preço maior. A vantajosidade determinada no artigo 3º da Lei das Licitações espelha basicamente a busca por contratação que seja econômica e qualitativamente mais vantajosa, implicando, respectivamente, menor e melhor gasto de dinheiro público. É imperiosa a analise das propostas visando precisar seu efetivo atendimento ao instrumento convocatório e às demandas do interesse público. Para tanto, pode ele inclusive valer-se do auxílio do setor técnico, como, aliás, é corrente em todos os certames 4

5 no qual a análise da proposta demanda conhecimentos técnicos que extrapolam a competência do Pregoeiro. Situação ocorrente no presente caso. Portanto a vantajosidade não se resume à aceitação da proposta de menor valor, ou seja, melhor oferta não significa necessariamente menor preço, pois este último conceito deve ser interpretado à luz das exigências constitucionais de eficiência e economicidade, ou seja, o vencedor será necessariamente o licitante que atender a todas as condições do edital, ofertando produtos com propriedades essenciais e adequadas ao atendimento do interesse público e, cumulativamente, ofertar o menor preço. A busca obsessiva e desenfreada pelo menor preço pode conduzir a Administração à aquisição de bens e serviços impróprios ou inadequados, a ponto de comprometer o objetivo pretendido com a aquisição. Ao comprar mal ou inadequadamente, há um desperdício do dinheiro público, reduzindo a eficácia da atuação administrativa. Portanto, amparado pela análise técnica desta casa, conclui-se que os laudos encaminhados pela recorrente não atendem aos interesses e necessidades desta Administração, não podendo esta ocultar-se sob o "manto" do menor preço, acolhendo uma proposta incompatível com as necessidades técnicas peculiares ao certame. De acordo com o Prof. Marçal Justen Filho 1, A economicidade exige que o Estado desembolse o mínimo e obtenha o máximo e o melhor. (...) Mas a vantagem não se relaciona apenas e exclusivamente com a questão financeira. O Estado necessita receber prestações satisfatórias, de qualidade adequada. De nada serviria ao Estado pagar valor irrisório para receber objeto imprestável DA VINCULAÇÃO AO INSTRUMENTO CONVOCATÓRIO Repise-se, por fim, que o subitem 7.1 do instrumento convocatório dispõe acerca da impugnação ao edital, faculdade esta que não foi utilizada por nenhuma empresa interessada em participar do certame, depreendendo-se que o silêncio constitui obstáculo a posterior questionamento. Entendimento contrário traria insegurança jurídica ao procedimento, já que se poderia trazer aos autos, a qualquer momento, matéria cuja alegação deveria ser oportunamente arguída. Estabelecidos no edital os procedimentos e os critérios de julgamento das propostas, estes obrigam tanto as empresas proponentes quanto o órgão promotor da licitação, sendo vedada a utilização de qualquer procedimento ou critério diverso do que fora previamente estipulado, impedindo-se a mudança das regras no meio do jogo. Tanto na doutrina como na jurisprudência, é entendimento corrediço que o edital, no procedimento licitatório, constitui lei entre as partes e é instrumento de validade dos atos praticados no curso da licitação. Se descumprisse normas editalícias, a Administração frustraria a própria razão de ser da licitação e violaria os princípios que lhe são inerentes. Quanto à observância universal do princípio da vinculação ao edital nos processos de licitação, Hely Lopes Meirelles 2 afirmou: 1 FILHO, Marçal Justen. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos, 5.ª edição, São Paulo, Dialética, 1998, pp. 55, 59 e MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, Contratos Administrativos e Licitação. 20 ed. Malheiros, pp. 249 e 250). 5

6 "A vinculação ao edital é princípio básico de toda licitação. Nem se compreenderia que a Administração fixasse no edital a forma e o modo de participação dos licitantes e no decorrer do procedimento ou na realização do julgamento se afastasse do estabelecido, ou admitisse documentação e propostas em desacordo com o solicitado. O edital é a lei interna da licitação e, como tal, vincula aos seus termos tanto os licitantes como a Administração que o expediu." Desenvolvendo o tema, o citado professor destacou: "A vinculação ao edital significa que a Administração e os licitantes ficam sempre adstritos aos termos do pedido ou do permitido no instrumento convocatório da licitação, quer quanto ao procedimento, quer quanto à documentação, às propostas, ao julgamento e ao contrato. Em outras palavras, estabelecidas as regras do certame, tornamse obrigatórias para aquela licitação durante todo o procedimento e para todos os seus participantes, inclusive para o órgão ou entidade licitadora." Ainda acerca do princípio da vinculação ao instrumento convocatório, cumpre citar as lições da renomada administrativista Maria Sylvia Zanella de Pietro 3, que tão bem esclarece a situação versada: Trata-se de princípio essencial cuja inobservância enseja nulidade do procedimento. Além de mencionado no art. 3º da Lei 8.666, ainda tem seu sentido explicitado no art. 41, segundo o qual a Administração não pode descumprir as normas e condições, ao qual se acha estritamente vinculada, e o art. 43, inciso V, ainda exige que o julgamento e classificação das propostas se façam de acordo com os critérios de avaliação constantes do edital. Quando a Administração estabelece, no edital, as condições para participar da licitação e as cláusulas essenciais do futuro contrato, os interessados apresentarão suas propostas com base nesses elementos. Ora, se for aceita proposta ou celebrado acordo com desrespeito às condições previamente estabelecidas, burlados estarão os princípios da licitação, em especial o da igualdade entre os licitantes, pois aquele que se prendeu aos termos do edital poderá ser prejudicado pela proposta apresentada por outro licitante que os desrespeitou. Também estariam descumpridos os princípios da publicidade, da livre competição e do julgamento objetivo, com base em critérios fixados no edital. Portanto, se inadvertidamente aceitássemos como válidos os argumentos da recorrente quanto à modificação da forma de julgamento dos respectivos laudos, incorreríamos em burla ao princípio da vinculação ao instrumento convocatório, como alhures esclarecemos, e mais ainda, infringência direta ao princípio da isonomia, quando restariam prejudicados os demais licitantes que tiveram suas propostas desclassificadas pelos mesmos motivos. V - CONCLUSÃO Por todo o exposto, amparado pelos pareceres técnicos exarados por esta Casa, mantenho a decisão de desclassificação da empresa ARTLINE IND E COM DE MOVEIS LTDA. e submeto o recurso para análise e decisão da d. Diretoria-Geral, dando-se curso ao processo de acordo com a legislação em vigor. À consideração superior. Em 07 de dezembro de DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 5 ed. São Paulo: Atlas, 1995, pp

7 ALBERTO BARRA ROCHA Pregoeiro 7