ARTE E ARTESANATO: Implicações Conceituais e
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- Luiz Felipe Mascarenhas Franca
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1 ARTE E ARTESANATO
2 ARTE E ARTESANATO: Implicações Conceituais e Possibilidades S Pedagógicas
3 Conceitos e Funções da Arte
4 O que define o valor da Arte de uma época é o conceito de Arte que é subjacente a esse período. A História da Arte é construída a partir dos conceitos de Arte dos historiadores que a produzem. Principais Arte: teóricos e seus conceitos de
5 O Nascimento de VênusSandro Boticelli Para Herbert Read a Arte é uma forma de produzir coisas belas. O artista produz formas que agradam os olhos e despertam o sentimento de beleza. Para ele e para outros teóricos a Arte está estritamente ligada à Estética
6 Arnold Hauser entende a Arte como uma manifestação ideológica das classes sociais ou como uma experiência com a realidade. As obras de arte de acordo com essa concepção seriam manifestações das ideologias, como também um meio de contestação política. Nelson Leiner- 6ª Bienal do Mercosul
7 Ernst Gombrich enquadra-se na teoria representacional da Arte. Nessa concepção a Arte seria a representação de algo ausente. Para ele a arte é a maneira pela qual formas e símbolos são usados para sugerir e significar outras coisas para além delas mesmas. Casal Arnolfini- Jan Van Eick
8 Argan considera a Arte como expressão ou aspiração criativa. Ela seria a representação da criação do novo, do ainda inexistente. A obra não seria a representação de algo, mas uma nova forma no mundo. Juan Miró
9 Luigy Pareyson, no livro Problemas da Estética conceitua a Arte como um fazer, um conhecer e um exprimir. Para ele a Arte reinventa o fazer técnico no momento em que o artista produz uma obra, permite o conhecer por meio da contemplação e é um modo de expressão individual do artista ou de um povo. A Arte tem um fim em si mesma, não se presta a uma utilidade prática, seu fim é a contemplação. A liberdade guiando o povodelacroix
10 Conceitos e Funções do Artesanato
11 Inicialmente o que caracteriza o artesanato é a transformação da matéria-prima em objetos úteis. O artesão reproduz os objetos que chegam até ele através da tradição familiar ou cria novos de acordo com suas necessidades, utilizando para isso a habilidade manual. Fabricante de Cestos- Debret
12 O Artesanato surgiu no momento em que hábitos de vida na sociedade passaram a exigir maior produção de bens. Ele é uma manifestação da vida comunitária, onde são produzidos objetos de uso comum no lugar, seja com função utilitária, lúdica, decorativa ou religiosa. Ele também fica relacionado aos materiais disponíveis na região. O artesanato envolve criação, mas respeita a técnica aplicada e o material utilizado.
13 O Artesanato envolve aprendizagem da técnica, do modo de produção do objeto. Essa aprendizagem é informal, no ambiente familiar, na comunidade ou em cursos de curta duração. O artesão imprime traços de sua cultura nos objetos que produz. Muitas de suas tradições, como símbolos mágicos e crenças, ficam marcados em suas peças
14 Arte e Artesanato e suas Distinções
15 Jackson Pollock pintando Segundo Luigy Pareyson a Arte não é só fazer, Arte é também invenção, não é execução de algo já planejado com regras prontas. Ela é um tal fazer que enquanto faz inventa o por fazer e o modo de fazer. Nela concebe-se executando, projeta-se fazendo, encontra-se a regra operando, já que a obra existe só quando é acabada, nem é pensável projetá-la antes de fazê-la. O aspecto realizativo é intensificado, unido a um aspecto inventivo.
16 Há o problema em reconhecer a Arte em todas as atividades humanas e especificar a Arte propriamente dita como atividade distinta das demais. Sempre há Arte em toda atividade humana, pois em tudo há o aspecto inventivo e inovador, é um fazer com arte Adriana Varejão- 5ª Bienal do Mercosul Azulejos
17 A Arte enquanto atividade específica é uma forma realizada com nenhum outro fim que não seja por ela mesma, ela é uma nova forma no mundo, ela exige uma inovação radical, um incremento imprevisto à realidade. O único fim da Arte é ser admirada e pensada enquanto algo novo no mundo. Amilcar de Castro
18 Diante desse conceito percebe-se a distinção que há entre Arte e Artesanato, pois este necessita da técnica, do modo de fazer, enquanto a Arte subverte o próprio fazer, reinventa o modo de fazer. Uma vez, cada vez, todas as vezes Magdalena Atria
19 Os objetos de artesanato, na sua maioria, se destinam a uma utilidade prática, enquanto as obras de Arte são novas formas com o único fim de contemplação. No entanto há muitos objetos do artesanato que se destinam à pura contemplação, são também elementos de admiração para muitos grupos que normalmente não tem acesso a obras de Arte. Esses objetos, por sua vez, não são únicos enquanto forma, eles repetem uma técnica.
20 Arte e Artesanato e suas Relações na História
21 Por muito tempo não existiu a separação do artista e artesão. Para os gregos a Arte era técne, o que se referia a uma habilidade específica de efetuar determinadas tarefas e ofícios, quase sempre manuais. A função era mais prática e não uma criação superior. Vênus de Milo
22 Na idade média as obras de arte não tinham fins estéticos, mas catequéticos. As formas arquitetônicas, as imagens pictóricas e as esculturas tinham a finalidade de ensinar a fé cristã. O pintor ou escultor era apenas um artífice anônimo, um trabalhador manual.
23 Iluminura da Idade Média Tapeçaria da Idade Média
24 - A Arte se desenvolve nos mosteiros pelos próprios monges e artistas contratados. A Arte monástica foi a ilustração de livros religiosos, a Arquitetura, a Pintura, a Ourivesaria, a Tapeçaria, a Fundição de sinos e a fabricação de cerâmica. - As oficinas dos monges eram as escolas de artes da época. - O artista ainda era anônimo, o papel da Arte estava mais ligado ao artesão que ao artista, no sentido que era valorizado o trabalho que seguia a tradição e não aquele que era feito com pensamento criativo. - Com a riqueza dos monges, esses abandonaram as atividades manuais contratando proprietários laicos que passaram a aprender técnicas nas oficinas.
25 - Com a aprendizagem dos laicos são criadas as Lodges, que eram organizações cooperativas de artistas e artesãos contratados para a construção de igrejas e catedrais. Eram grupos que tinham os planos subordinados à igreja. - Mais tarde, com o aumento do poder aquisitivo dos burgueses, criam-se as Guildas, que eram associações de empreiteiros independentes, livres para usarem seus métodos de trabalho. Nessa época já era diferenciada a produção artística da manufatura vulgar. - Com as guildas as obras passam a serem feitas nas oficinas e depois transportadas ao local destinado. Isso faz com que as obras não sejam mais tão monumentais.
26 No Renascimento os artistas vão se diferenciando quanto ao estilo e passam a trabalhar em seus ateliers individuais. A partir daí vai existir a classificação de Artes Maiores e Menores, em que as atividades mais artesanais como a cerâmica e a tapeçaria ficam relegadas ao estatuto de Artes Menores por terem fins mais utilitários. Escola de Atenas- Rafael Sanzio
27 No século XIX com a invenção da fotografia e a ascenção da pintura abstrata a Arte incorpora a característica de subverção da técnica e isso a afasta ainda mais do artesanato, muito calcado no modo de fazer. Fotografia de Sebastião Salgado
28 Contrapondo esse conceito a Bauhaus( Primeira Escola de Design criada em 1919 na Alemanha) queria unir as artes e produzir artesanato e tecnologia. Esse projeto relacionava as Artes Visuais à Arquitetura, Design e Artesanato, o que gerou grandes conflitos na época. Prédio da Bauhaus
29 Na contemporaneidade vivemos a época do ecletismo e das múltiplas interlocuções. As linguagens artísticas se mesclaram de tal maneira que não podemos mais definir se uma obra é pintura, gravura ou fotografia. Os processos são múltiplos e mestiços.hoje processos artesanais são incorporados às produções de obras de arte com diferentes objetivos. Do ponto de vista técnico se pode dizer que não há arte sem artesania. Qualquer obra exige um conhecimento da manipulação da matéria e essa manipulação é direta, de forma artesanal. Trabalho da artista Karin Lambrecht
30 Processos Artesanais Na Arte Contemporânea
31 Beatriz Milhazes
32 A artista trabalha freqüentemente com formas circulares, sugerindo deslocamentos ora concêntricos ora expansivos. Na maioria dos trabalhos, prepara imagens sobre plástico transparente, que são descoladas, como películas, e aplicadas na tela por decalque. Aglomera as imagens, preenchendo o fundo e retocando a imagem final. Os motivos e as cores são transportados para a tela por meio de colagens sucessivas, realizadas com precisão. A transferência das imagens da superfície lisa para a tela faz com que a gestualidade seja quase anulada. A matéria pictórica obtida por numerosas sobreposições não apresenta, entretanto, nenhuma espessura: os motivos de ornamentação e arabescos são colocados em primeiro plano. O olhar do espectador é levado a percorrer todas as imagens, acompanhando a exuberância gráfica e cromática presente em seus quadros.
33 Vik Muniz
34 Muniz busca na fotografia a expressão para questões de representação da realidade, ligando-a ao desenho e à pintura, de forma não-convencional. Suas imagens suscitam no espectador a sensação de estranheza, e o questionamento da fotografia como reprodução fiel da realidade. Também inova ao estabelecer uma relação original entre o artista, a obra de arte e o espectador, que deve refletir mas também se deixar levar pelos mecanismos da ilusão.
35 Adriana Varejão
36 No fim da década de 1980, Adriana Varejão produz telas com espessas camadas de tinta, tendo como parâmetro as igrejas barrocas brasileiras e sua azulejaria. Posteriormente, passa a apropriar-se de imagens da história do Brasil, para comentar o processo de miscigenação no país e a violência do processo de colonização. A artista percorre, assim, o repertório de imagens relacionadas ao Período Colonial brasileiro: os azulejos, os mapas e os registros dos viajantes. Em outras obras, utiliza cacos de louça e pratos da Companhia das Índias, que são moldados e pintados pela artista. Adriana Varejão faz também incisões e suturas em suas telas, nas quais, por meio dos cortes, deixa entrever uma matéria interna, que tem a aparência de carne. Também reproduz em seus quadros fragmentos anatômicos, fazendo referências a esquartejamentos e canibalismo, em obras de grande densidade simbólica.
37 Nelson Leirner
38 Em 1964, o artista abandona a pintura e passa a trabalhar com elementos prontos, fabricados industrialmente. Recolhe objetos de uso e desloca seu sentido. Seus trabalhos estão entre a escultura e o objeto. A presença de elementos da cultura popular brasileira, marcante desde os anos 1960, cresce a partir da década de Em 1985, realiza a instalação O Grande Combate, em que utiliza imagens de santos, divindades afro-brasileiras, bonecos infantis e réplicas de animais. Pretende converter em arte o que é considerado banal. Desde o ano 2000, seu trabalho se apropria de imagens artísticas banalizadas pela sociedade de consumo. De maneira bem-humorada, lida com as reproduções da Gioconda [Mona Lisa], 1503/1506 de Leonardo da Vinci ( ) e a Fonte, 1917 de Marcel Duchamp ( ) como tema artístico. Sua obra está inserida dentro do conceito de colecionismo, no momento em que constrói suas obras pelo acúmulo de objetos da cultura de massa.
39 Frans Krajberg
40 Amplia o trabalho com escultura, iniciado em Minas Gerais, utilizando troncos e raízes, sobre os quais realiza intervenções. Viaja constantemente para a Amazônia e Mato Grosso e fotografa os desmatamentos e queimadas, revelando imagens dramáticas. Dessas viagens, retorna com raízes e troncos calcinados, que utiliza em suas esculturas. Na década de 1980, inicia a série Africana, utilizando raízes, cipós e caules de palmeiras associados a pigmentos minerais. A pesquisa e utilização de elementos da natureza, em especial da floresta amazônica, e a defesa do meio ambiente, marcam toda sua obra.
41 Magdalena Atria
42 Magdalena é uma artista Chilena que trabalha com o conceito de expansão da pintura. Seu trabalho é pintura como conceito, mas ele utiliza outros materiais para a sua construção. O trabalho exposto na 6ª Bienal do Mercosul era uma pintura em grandes dimensões em que ela utilizava massinhas de modelar enroladas como rocambole e fatiadas para montar a imagem na parede. Sua obra se relaciona ao artesanato, pois ela utiliza uma técnica para construir diferentes imagens e ela subverte o artesanato no momento em que ultrapassa os limites da pintura convencional criando um novo fazer pictórico.
43 Arte e Artesanato: Possibilidades Pedagógicas dessa Relação
44 - Identificação dos elementos de Arte, Artesanato e Cultura Popular da comunidade local. - Pesquisa histórico-cultural desses elementos. - Oficinas de elementos do artesanato local com pessoas da comunidade. - Artistas contemporâneos que utilizam elementos e processos do artesanato. - Subverção do artesanato. Construção de obras de arte com a utilização de elementos do artesanato. - Relatório do modo de produção de trabalhos artísticos, percebendo a artesania na obra de arte. - Produções artísticas artesanais baseadas em temas ou objetivos.
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